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APG 21 Yasmim Bastos – 3º Período

Neoplasias Pulmonares
Roteiro:  Fase S (síntese): síntese de DNA, formação de
 Processo de carcinogênese dois conjuntos separados de cromossomos
 Neoplasias pulmonares:  Fase II (gap 2): outra fase de crescimento e
preparação - verifica se o DNA foi replicado
 Etiologia corretamente e sintetiza as proteínas
 Epidemiologia necessárias para a divisão celular.
 Fisiopatologia  Fase M (mitose): divisão nuclear e do
 Manifestações clínicas citoplasma – formação de duas células filhas
 Diagnóstico idênticas. Dividida em: prófase, metáfase,
 Exames complementares anáfase e telófase.
 Relação neoplasias-tabagismo  G0 (Gap 0, fase quiescente): fase em que
algumas células entram após a fase G1,
quando não precisam sofrer divisão ou estão
Carcinogênese em estado de dormência. Podem continuar a
realizar funções metabólicas normais, mas
Câncer: doença multifatorial resultante de processos não se preparam para a divisão celular.
de diferenciação e crescimento celular alterados.
Neoplasia: “crescimento novo” – anormal e
“autônomo” (não há controle regulador)
Componentes da renovação e diferenciação celular:

 Proliferação (divisão celular): crescimento -


adicional ou de substituição- de novas células
 Diferenciação: mecanismo de especialização
a cada divisão mitótica.
 Apoptose: morte celular programada –
mecanismo de eliminação de células
senescentes, com DNA danificado ou
indesejadas.

Ciclo celular
Eventos que ocorrem durante a divisão celular –
duplicação da informação genética.
4 fases – G1, S, G2 e M:

 Fase 1 (gap 1, G1): fase de crescimento e


preparação - cresce em tamanho e sintetiza
proteínas necessárias para a replicação do
DN. Momento de avaliação de condições
necessárias para continuar o ciclo.

Controle do ciclo celular:


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 Ponto G1/S: monitora danos ao DNA NEOPLASIAS


 Ponto G2/M: impede a mitose se a replicação
“Crescimento novo” – anormal e “autônomo” (não há
do DNA não está completa.
controle regulador completo – pode requisitar suporte
Ciclinas: proteínas que controlam a entrada e a endócrino)
progressão das células mediante o ciclo celular. Se
É um termo geral que descreve um crescimento
conectam às CDK.
celular anormal
CDK: proteínas chamadas quinases dependentes da
Tumor: termo mais específico que se refere à massa
ciclina (CDK). Fosforilam proteínas-alvo específicas.
resultante da proliferação celular anormal. Um tumor
Os complexos de ciclina-CDK são regulados pela pode ser causado por uma neoplasia ou por outras
ligação de inibidores de CDK (CKI). condições, como inflamação ou edema.

Proliferação X Diferenciação Classificação geral:


Baseia-se no julgamento do potencial comportamento
Proliferação celular: processo de aumento no clínico de um tumor.
número de células por divisão mitótica. As taxas de
reprodução celular variam muito. Benigno -> quando suas características micro e
macroscópicas são consideradas relativamente
Classificação celular pela capacidade proliferativa: inocentes, indicando que este permanecerá
localizado, sendo tratável com a remoção
 Labéis: alta capacidade proliferativa (epitélio)
cirúrgica. Em geral, usa-se o sufixo -oma
 Estáveis: proliferam ao estímulo
(fibroblastos) Maligno -> indica que a lesão pode invadir e
 Perenes: não se dividem e não se regeneram destruir estruturas adjacentes, disseminar-se para
(neurônios) locais distantes (metástases) e levar à morte.

Diferenciação: processo de especialização celular -


resulta em uma célula com características estruturais, Componentes básicos dos tumores:
funcionais e tempo de vida específicos. Parênquima: constituído por células neoplásicas.
O processo é regulado por uma combinação de Determina seu comportamento biológico
processos internos (expressão de genes específicos e Estroma: tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e
estímulos externos). células inflamatórias derivadas do hospedeiro.
O que diferencia as células? São os genes específicos Atua como fonte de suporte e nutrição –
que são expressos e o padrão específico de expressão crescimento.
gênica.

Tumores malignos – nomenclatura:

 Originam de tecidos mesenquimais


CARACTERÍSTICAS NEOPLÁSICAS
“sólidos” ou seus derivados: sarcomas
 Distúrbio genético causado por alterações no  Originados a partir das células
DNA (por exposição ou espontânea) mesenquimais sanguíneas são chamadas
 Alterações genéticas são hereditárias (passam leucemias ou linfomas.
para as células-filhas)  As neoplasias malignas das células
epiteliais são chamadas carcinomas
 As mutações e alterações epigenéticas
 Os carcinomas que crescem em padrão
conferem às células cancerosas marcas ou
glandular são chamados adenocarcinomas
características.
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Características: Genes associados ao câncer:

 Diferenciação E Anaplasia Hiperatividade – proto-oncogenes: genes normais


 Invasão Local que se tornam oncogenes causadores de câncer
 Metástase quando sofrem mutação
• Codificam proteínas celulares normais, como
Diferenciação: extensão na qual as neoplasias se fatores de crescimento, receptores e moléculas de
assemelham às células parenquimatosas de origem, sinalização de fator de que promovem o
tanto morfologicamente como funcionalmente crescimento celular.

Anaplasia: perda da diferenciação


Eventos genéticos que conduzem à formação ou à
Invasividade: se há invasão ou destruição dos tecidos ativação do oncogene:
circundantes
• translocações cromossômicas
Metástase: disseminação de um tumor para locais que • amplificação do gene – hiperexpressão
são anatomicamente distantes do tumor primário
↳ Vias: (1) semeadura dentro das cavidades Hipoatividade - genes supressores de neoplasia:
do corpo; (2) disseminação linfática ou por serem menos ativos, criam um ambiente que
(3) disseminação hematogênica. promove o desenvolvimento do câncer.
• gene do retinoblastoma (RB): impede a divisão
Exemplo: celular
• gene TP53: se torna ativo em células com DNA
danificado para iniciar apoptose

Eventos genéticos que conduzem à perda de função


do gene supressor de neoplasia: “dois eventos”
• Mutação pontual em um dos alelos de um
cromossomo particular
• Segundo evento, que envolve o outro alelo do
gene.

Vias molecular e celular


• Defeitos no reparo do DNA

ETIOLOGIA
Rede causal multidimensional
Mecanismos genéticos e moleculares envolvidos na
transformação de células normais em células
cancerosas que se entrelaçam a fatores externos
(idade, hereditariedade e agentes ambientais) que
contribuem para o desenvolvimento e a progressão do
câncer.

• Defeitos nas vias de sinalização do fator de


crescimento.
Patogênese -> dano genético ou mutação
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Ocorre mutações em genes que controlam as vias  agentes microbianos.


de sinalização
As proteínas envolvidas nas vias de sinalização Quimíco
exercem seus efeitos por meio de quinases,
enzimas que fosforilam proteínas, os quais sofrem
mutações, provocando a desorganização do
crescimento e da proliferação celulares. Mudanças químicas:
formação de radicais
livres
• Evasão da apoptose
Defeitos na morte celular programada

• Evasão da senescência celular.


As células cancerosas se caracterizam pela
imortalidade devido a níveis elevados de
Reparo defeituoso
telomerase, que impede o envelhecimento e a
senescência celulares.

• Desenvolvimento de angiogênese sustentada

Angiogênese fornece os vasos sanguíneos


necessários à sobrevivência

Por radiação:
Ionizante: causa quebra do cromossomo,
translocações cromossômicas e mutações pontuais,
que podem afetar os genes associados ao câncer e,
assim, coordenar a carcinogênese.
• Os raios UV: induzem a formação de dímeros de
pirimidina dentro do DNA, o que causa mutações que
podem dar origem a carcinomas de células escamosas
e melanomas da pele.

CARCINOGÊNESE Oncogênese Viral e Microbiana


Iniciação: exposição a agente carcinogênico A oncogenicidade do HPV está relacionada com a
expressão de duas oncoproteínas virais, E6 e E7, que
Promoção: o crescimento desregulado e acelerado das
se ligam aos supressores de tumor p53 e RB,
células transformadas
respectivamente, neutralizando sua função.
Progressão: aquisição de características malignas
pelas células neoplásicas.
NEOPLASIAS PULMONARES
Agentes carcinogênicos:
 Conceito
 substâncias químicas
 energia radiante
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O câncer de pulmão, ou carcinoma broncogênico, é 85% dos pacientes com câncer de pulmão
uma neoplasia maligna proliferativa com origem no apresentam histórico de tabagismo e
epitélio respiratório primário aproximadamente 50% sendo ex-fumantes
(cessação há no mínimo 12 meses)
É dividido em dois grupos histológicos principais:
Risco maior: 20-30 maços-ano

• Exposição ao amianto:
Câncer de pulmão
O amianto é uma substância química encontrada em
materiais de construção, isolamento e outros produtos
industriais. A exposição ao amianto pode aumentar o
De não pequenas De pequenas Outros (sarcomas, risco de câncer de pulmão.
células (CPNPC) células (CPPC) linfoma)

• Exposição à radiação:
85% dos cânceres A exposição à radiação, como a radiação de raios-X,
pode aumentar o risco de câncer de pulmão.
 Epidemiologia

A principal causa de morte relacionada ao câncer


globalmente • Exposição a produtos químicos:

Neoplasia mais comum em homens, porém vem A exposição a produtos químicos, como arsênio,
aumentando sua incidência e mortalidade em cromo, níquel, alcatrão de carvão e outros produtos
mulheres. Essa diferença é reflexo dos padrões de químicos usados em processos industriais, pode
iniciação e cessação do tabagismo aumentar o risco de câncer de pulmão.

Os aumentos mais dramáticos na incidência e na


morte por câncer de pulmão globalmente ocorrem na • Histórico familiar de câncer de pulmão:
China – aumentou em 4 vezes
Pessoas com parentes de primeiro grau (pais, irmãos
No Brasil, o câncer de pulmão é a segunda neoplasia ou filhos) com câncer de pulmão têm um risco
maligna mais comum em homens e mulheres, aumentado de desenvolver a doença.
perdendo apenas para o câncer de próstata e mama,
respectivamente. Na Região Sul, são observadas as
taxas de incidência mais elevadas para homens e
• Poluição do ar:
mulheres
A exposição a poluentes atmosféricos, como poluição
Mundialmente, o câncer de pulmão é o segundo mais
do ar em áreas urbanas, pode aumentar o risco de
incidente, com 2,2 milhões de casos novos, o que
câncer de pulmão.
corresponde a 11,4% de todos os tipos de câncer.
Entre homens, ocupa a primeira posição e, entre as
mulheres, a terceira.
• Doença pulmonar pré-existente:
Pessoas com doença pulmonar pré-existente, como
 Fatores de risco doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou
fibrose pulmonar, têm um risco aumentado de
• Tabagismo: O tabagismo é o fator de risco mais desenvolver câncer de pulmão.
importante para o câncer de pulmão. O risco

• Exposição ao radônio:
aumenta com o número de cigarros fumados por
dia e com a duração do hábito de fumar.
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O radônio é um gás radioativo que pode se acumular • Tumor maligno indiferenciado sem as
em áreas fechadas, como casas, e aumentar o risco de características citológicas
câncer de pulmão. • Núcleos grandes, nucléolos proeminentes e
muito citoplasma
• Idade avançada:
O risco de câncer de pulmão aumenta com a idade. A
Carcinoma de pequenas células:
maioria dos casos de câncer de pulmão é
diagnosticada em pessoas com mais de 65 anos. • Associação com tabagismo
• Perda de função de genes supressores
• Agressivo
 Etiologia
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o
 Fisiopatologia
câncer de pulmão como tumores que surgem do
epitélio respiratório (brônquios, bronquíolos e Os oncogenes da patogênese do câncer pulmonar são
alvéolos). os da família ras, myc, Bcl-2, HER-2/neu.
• Ras: H-ras, K-ras, N-ras -> ativados por
mutações, ocorrem em 30% dos
adenocarcinomas
• Mys: a-myc, L-myc e N-myc (hiperatividade)
-> carcinoma de pulmão em células pequenas
• HER-2/neu: ativado CPCNP
• Bcl-2: codifica proteína que inibe apoptose –
hiperexpressão

 Manifestações clínicas

 CPPC: pequenas células – 15%


 CPNPCs: adenocarcinoma, carcinoma escamoso e
carcinoma de grandes células – 85%

Adenocarcinoma:
• Subtipo mais comum
• Houve aumento na sua incidência
• Dividido em pré-invasivo, minimamente
invasivo e invasivo
• Oncogênese relacionada a componentes de
via de sinalização e receptores do fatores de
crescimento

Carcinoma de células escamosas:


• Associado à fumaça do tabaco e deleções
genéticas
• Ocorre com frequência mais alta de mutações
no TP53

Carcinoma de grandes células:


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aditivos químicos, que fazem parte da fumaça


do cigarro. 

O tabaco contém cerca de 60 substâncias


cancerígenas.
A grande maioria pertence a três grupos:
1) hidrocarbonetos aromáticos policíclicos,
2) aminas aromáticas
3) nitrosaminas, estas últimas relacionadas com a
Pulmão preto: alcatrão
nicotina.
A nicotina não é uma substância que causa
 Diagnóstico diretamente o câncer. Entretanto, a nicotina participa
da carcinogênese por atuar como intermediária de
O diagnóstico do câncer de pulmão geralmente macromoléculas pela sua nitrosação, produzindo
envolve uma combinação de exames clínicos, como resultado nitrosaminas (compostos químicos
radiológicos e patológicos. Os principais métodos de cancerígenos produzidos a partir de nitritos e aminas)
diagnóstico incluem: específicas do tabaco.
• Exame físico As nitrosaminas derivadas da nicotina formam-se
• Radiografias de tórax: identificar lesões nos durante o procedimento da cura do tabaco,
pulmões, como tumores ou nódulos e consequentemente, são encontradas na fumaça do
monitorar o crescimento de uma lesão ao tabaco.
longo do tempo.
• Tomografia computadorizada (TC): São quatro as principais nitrosaminas do tabaco:
frequentemente usada para determinar o
1) NNK2 – 4-(metilnitrosamina)-1-(3-piridil)-1-
tamanho, a localização e a extensão de um
butanona;
tumor pulmonar.
• Biópsia: Durante a biópsia, uma amostra de 2) NNN – N’-nitrosonornicotina;
tecido é retirada do tumor e examinada em
laboratório para determinar se as células são 3) NAB – N’-nitrosoanabasina;
cancerosas ou não. 4) NAT – N’-nitrosoanabatina.
• Testes de função pulmonar: Esses testes
podem ser usados para determinar o estágio As nitrosaminas encontradas em maior quantidade são
do câncer e avaliar a saúde pulmonar geral do NNK2, NNN e NAT
paciente.

A nitrosamina NNK2 possui, entre todas, o maior


CIGARRO e CANCER potencial cancerígeno, demonstrado em estudos em
ratos nos quais produz câncer no pulmão.
A nicotina estimula os receptores colinérgicos
de nicotina no cérebro, liberando dopamina e É importante mencionar que todas as nitrosaminas
podem ser detectadas em amostras de urina e na saliva
outros neurotransmissores, o que ativa o
de fumantes.
sistema de recompensa do cérebro durante
atividades prazerosas, de forma semelhante à Além de participar dos elementos constantes no
da maioria das outras drogas viciantes tabaco, provocando câncer nos tabagistas, as
nitrosaminas NNK2 e NNN encontram-se em maior
As pessoas fumam para suprir a dependência proporção na fumaça ao redor da ponta do cigarro, o
de nicotina, mas simultaneamente inalam que contribui com a poluição da atmosfera ambiental
centenas de carcinógenos, gases nocivos e e o mais relevante, constituem importantes agentes
cancerígenos para os fumantes passivos.
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A nitrosação acontece durante a cura do tabaco e no Referências:


ato de fumar, entretanto, existem evidências de sua
formação endógena no organismo. Nesse sentido, por  Patologia básica de Robbins, cap 6 de
algumas reações químicas da nicotina no fígado, Neoplasias 10ª ed
podem se formar precursores cancerígenos no
pulmão.  Cecil 26ª ed cap 182 da seção 16
 Porth parte 2 cap 6
As nitrosaminas também podem ser formadas pela
nitrosação da cotinina, que é o principal metabólito da  Site do INCA: documento de 2023 sobre
nicotina existente normalmente em todos os a estimativa de incidência de câncer no
tabagistas.
brasil
Por outro lado, a propriedade angiogênica da nicotina
favorece o desenvolvimento do câncer por meio da
proliferação e amplificação da rede de vasos para
nutrir as células cancerosas. Existe uma relação entre
o volume do tumor, o número de células e a rede
vascular, ou seja, propicia a multiplicação mais rápida
das células neoplásicas e sua disseminação.
Descobertas recentes mostraram que o gene CYP2A6
tem a propriedade de ativar as nitrosaminas do tabaco.
Existem tabagistas que consumem uma grande
quantidade de cigarros, passando por aqueles que
fumam habitualmente até os que fumam de maneira
esporádica. Devido ao grande polimorfismo desse
gene, a metabolização da nicotina pode ser muito
variada e, portanto, também o consumo de tabaco.
Essa diversidade está associada ao risco de câncer,
principalmente de câncer do pulmão. Tabagistas que
possuem o gene que consumem muito tabaco têm
maior risco de câncer do pulmão; ao contrário, nos
casos que o gene está ausente, as pessoas fumam
menos, o que reduz o risco de doença.
Nos tabagistas, uma forma pela qual o tabaco
desencadeia o câncer do pulmão, seria a interação da
nicotina com os receptores de nicotina sobre as
células epiteliais e as células que no futuro serão
cancerosas. Além disso, a nicotina provoca
dependência física e psíquica, o que faz que o
tabagista fume cada vez mais e, com isso, introduz no
organismo substâncias cancerígenas, além das
nitrosaminas. Cada tragada de fumaça do cigarro
introduz no organismo 4 trilhões de radicais livres.

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