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Yasmim Bastos - 3º Período

Parasitoses
APG 17

Objetivos:

✸ Identificar os principais helmintos que parasitam os seres humanos (platelmintos e


nematelmintos)
✸ Descrever o ciclo biológico dos parasitas migratórios que passam pelo sistema respiratório
✸ Compreender as respostas imunológicas e manifestações clínicas dos helmintos
migratórios.

Helmintos

Helmintologia – vem do grego “helmins” (verme)


Possui parasitos distribuídos nos filos:
e “logos” (estudo).
Platyhelmintes, Nematoda e Acanthocephala.
Verme -> grupo de metazoários com corpo
↳ Grupos ::
alongado – achatado (platelmintos) ou cilíndricos
(nematelmintos) que vivem em diferentes Trematódeos
Platelmintos
ambientes e com ciclos biológicos complexos Cestoides

Helmintos -> termo genérico que se refere a esses


Nematelmintos
vermes
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Platelmintos
Características:
↳ Simetria bilateral
↳ Corpo achatado ventrodorsalmente
↳ Acelomados (sem cavidades)
↳ Ausência de sistema circulatório
↳ Sistema digestivo incompleto
Importância médica: parasitismo frequente
nas regiões tropicais e subdesenvolvidas.
DIVISÃO

CESTODA
Platelmintos

Características dos cestoides ou tênias:


Catenulida Monogenea

Rhabditophora Neodermata Trematoda • Morfologia:

Cestoda Corpo alongado e segmentado em


forma de fita dividido em três partes:
escólex colo e estróbilo
TREMATODA • Digestão e excreção:
Características dos trematódeos: Sistema digestivo ausente (digestão
por difusão)
• Morfologia:
• Sistema respiratório:
Corpo foliáceo não segmentado e duas
Não possui
ventosas, uma anterior (boca) e uma
ventral (acetábulo). * Subclasses importantes: Pseuphyllidea e
Cyclophyllidea
• Digestão e excreção:
Sistema digestivo incompleto -> a boca é a
única abertura e ânus ausente.
• Sistema respiratório:
Não possuem -> anaeróbicos ou difusão
(respiração tegumentar)
Daremos enfoque aos gêneros de
interesse médico Taenia, Hymenolepis,
*Subclasse importante: Digenea Echinococcus e Diphyllobothrium
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Nematelmintos

Filo Nematoda Nematódeos de interesse médico:


↳ Vermes cilíndricos 1. Nematódeos intestinais: que realizam
↳ Formas parasitárias e de vida livre ciclo pulmonar: Ascaris lumbricoides,
Duas classes: Adenophorea e Secernentea Ancylostoma duodenale, Necator
americanus e Strongyloides stercoralis;
que não realizam ciclo pulmonar:
Características: Enterobius vermicularis e Trichuris
• Corpo cilíndrico e não segmentado trichiura.
• Simetria bilateral
2. Nematódeos acidentais para o ser
• Cavidades internas preenchidas por
humano: Toxocara canis, T. cati,
líquido com função de esqueleto Ancylostoma caninum e A. braziliense.
hidrostático (pseudocelomados)
• Ausência de sistema circulatório e de 3. Nematódeos não intestinais: Wuchereria
ventosas bancrofti, Onchocerca volvulus
• Presença de sistema digestivo
completo.
• Corpo revestido por uma camada Foco:
acelular (cutícula) lisa (sem cílios)
(maior resistência) ↳ A. lumbricoides
↳ A. duodenalis
↳ N. americanus
Os nematódeos de interesse médico podem
ser transmitidos ao homem pela via fecal/oral,
por penetração de larvas na pele (via
transcutânea ou percutânea) ou através de
vetores.
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Principais helmintos de interesse médico

Platelmintos

Trematoda Cestoda

Schistosoma Taenia Echinoccocus Hymenolepis

Mansoni
Solium Granulosus Nana

Japonicum
Saginata

Haematobium

Nematelmintos

Secernentea

Ascarididae Ancylostoma Necator

Ascaris
A. duodenale N. americanus
lumbricoides
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ROTEIRO
✸ Ciclo biológico dos parasitas migratórios Ascaris Lumbricoides
de ciclo pulmonar
Nematelminto/ nematódeo

ASCARIS LUMBRICOIDES Morfologia


✸ Morfologia Estudo observando suas fases evolutivas (ciclo
✸ Ciclo biológico biológico) – macho, fêmea, ovo
✸ Epidemiologia Formas adultas: longas, robustas, cilíndricas,
✸ Transmissão extremidades afiladas
✸ Patogenia
Tamanho depende do número de parasitas e
✸ Diagnóstico estado de nutrição do hospedeiro
✸ Controle
Machos

ASCYLOSTOMA DUODENALE • 20-30cm, cor leitosa, boca com três


lábios e dentículos (serrilha)
✸ Morfologia • Apresenta testículo fusiforme e
✸ Ciclo biológico extremidade posterior encurvada para
✸ Epidemiologia a face ventral que o diferencia da
✸ Transmissão fêmea
✸ Patogenia Fêmeas
✸ Diagnóstico
• Maiores, 30 a 40cm e mais robustas
✸ Controle
• Apresentam ovários, útero, vagina e
vulva
STRONGLOIDES STERCORALIS • Extremidade posterior retilínea
✸ Morfologia Ovos
✸ Ciclo biológico
• Brancos que ficam castanho devido
✸ Epidemiologia contato com fezes
✸ Transmissão • Grandes, ovais e com cápsula espessa,
✸ Patogenia o que o confere resistência
✸ Diagnóstico
✸ Controle
BIOLOGIA

ECHINOCOCCUS GRANULOSUS
Hábitat
✸ Morfologia
✸ Ciclo biológico Encontrados no intestino delgado,
✸ Epidemiologia principalmente jejuno e íleo
✸ Transmissão Se prendem à mucosa com seus lábios ou
✸ Patogenia migram pela luz intestinal
✸ Diagnóstico
✸ Controle
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Ciclo biológico Condições climáticas são importantes


Monoxênico- realiza seu ciclo em um único
hospedeiro
Fêmea produz cerca de 200.000 ovos por dia
(nem todos são férteis)
• L1 (Larva 1) -> formada no ovo
• Depois de 1 semana vira L2 e logo em
seguida L3, forma infectante
• Permanecem no solo até a ingestão

• Ingestão -> L3 atravessa o trato


digestivo e eclodem no intestino
delgado (estimulados por fatores
ambientais, como Ph, temperatura e
Transmissão
CO2 e ação do suco gástrico)
• Ingestão de água contaminada com L3
• Migração -> atravessam a parede • Superfícies e alimentos contaminados,
intestinal e vão para os vasos linfáticos devido a sua grande capacidade de
e veias aderência e resistência a lavagem
• Invadem o fígado depois de 18h da
infecção
• 2-3 dias chegam ao coração direito
• 4-5 vão para os pulmões

Após 8 dias vira L4 -> rompem os capilares e


vão para os alvéolos e viram L5
Ciclo pulmonar ou ciclo
Sobem pela arvore brônquica e chegam até a de Loss
faringe, onde podem ser expelidas.
Pode desencadear uma síndrome com
pneumonite, edemaciação dos alvéolos, tosse
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
e febre, denominada de Síndrome de Löeffle
Tornam-se adultas depois de 20-30 dias de
Pode iniciar suas manifestações clínicas a
infecção e se reproduzem.
partir do ciclo pulmonar do parasito, com a
síndrome de Löeffler.
EPIDEMIOLOGIA • Manifestações transitórias:
Helminto mais frequentes em países despercebidas ou confundidas com
subdesenvolvidos outras infecções do trato respiratório.
• Gravidade: relacionada ao estado
Estimativa de prevalência de 30% -> 1,5
nutricional e imunológico do
bilhões de pessoas
hospedeiro e à carga parasitária.
Mais prevalente na Ásia, África e 8% na
Ámerica Latina
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• Em infecções diminutas, pode haver


discreta alteração inflamatória na ↳ Saneamento básico
mucosa intestinal podendo ocorrer
diarreia e má absorção de nutrientes, ↳ Diagnóstico e tratamento dos
especialmente vitamina A; em crianças infectados
isto pode impactar o ↳ Tratamentos em massa de
desenvolvimento. habitantes de áreas endêmicas
com drogas ovicidas
• Infecções maciças podem acarretar:
↳ Distensão ↳ Educação em saúde (sanitária)
↳ Dor abdominal ↳ Medidas de higiene adequada
dos alimentos, tratamento da
↳ Obstrução intestinal
água e higiene pessoal
↳ Localizações ectópicas, podendo os
vermes adultos ser encontrados
nos dutos biliares, pancreático e no
apêndice cecal (áscaris errático)
↳ Complicações, a exemplo da
obstrução do canal colédoco e
apendicite

DIAGNÓSTICO

✸ Clínico:
Pouco sintomática, depende da quantidade de
vermes infectando

✸ Laboratorial:
Pesquisa de ovos nas fezes – Método de Kato-
Katz

↳ Quantificação dos ovos (grau de


parasitismo)
TRATAMENTO

↳ Uso de derivados benzoimidazólicos


(mebendazol, albendazol), ivermectina
e nitazoxanida.
↳ Casos de obstrução intestinal podem
ser tratados com a administração de
piperazina e óleo mineral, com a
expulsão dos vermes, ou necessitar de
remoção cirúrgica.

CONTROLE
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Ancilostomose
Os vermes adultos alimentam-se de sangue,
Ancilostomas: sendo as maiores quantidades diárias
ingeridas por A. duodenale, levando o
hospedeiro à anemia ferropriva que será tão
Família Gênero Espécie mais intensa quanto maior for a carga
parasitária
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA

• A. duodenale: “Velho mundo”


• A ancilostomose humana se Predomina em regiões temperadas
caracteriza pela presença de vermes
• N. americanos: “Novo Mundo”
adultos machos e fêmeas de A.
Regiões tropicais, temperaturas altas
duodenale, N. americanus ou A.
ceylanicum no intestino delgado do
homem, CLASSIFICAÇÃO
• Se encontram aderidos à mucosa Família: Ancylostomidae
intestinal através de suas cápsulas
bucais providas de dentes (gênero Subfamília: Ancylostominae (dentes) e
Ancylostoma) ou lâminas (gênero Bunostominae (lâminas)
Necator).
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ANCYLOSTOMAS L4, caracterizando o ciclo pulmonar ou ciclo


de Looss.
As larvas L4 alcançam a luz dos alvéolos e
fazem o percurso ascendente (bronquíolos →
brônquios → traqueia e glote), sendo
deglutidas e chegando ao intestino delgado
onde, após nova muda, originam os vermes
adultos.
Após atingirem a maturidade sexual, ocorre a
cópula e a fêmea faz a postura de ovos que
serão eliminados nas fezes dando início a um
novo ciclo.
✸ Ciclo biológico O período pré-patente (período entre a
Duas fases: infecção e o encontro de ovos nas fezes do
hospedeiro) é de 7 a 8 semanas.
• primeira (exterior, vida livre)
• segunda (hospedeiro)
✸ Epidemiologia
Vermes adultos machos e fêmeas cópulam:
postura de ovos não embrionados no Ocorre principalmente em crianças >6anos,
intestino delgado = lançados no ambiente adolescentes e adultos
através das fezes No Br, mais frequente: necator americanos
Somente no solo, sob condições ideais de
temperatura, oxigenação e umidade, sofrerão
✸ Transmissão
embrionia, formando uma larva de primeiro
estágio que eclode ainda no solo. Via oral ou transcutânea (maior efetividade)
Esta larva sofre duas mudas no solo até atingir
o estágio larvário L3, que permanece por
✸ Patogenia
longos períodos no solo, sob condições ideais
de umidade e temperatura. Lesões vasculares: sinais flogísticos no local de
entrada (dermatite pruriginosa)
Termotropismo e tigmotropismo positivos
(resposta à estímulo do calor e toque) =
encontro do hospedeiro no qual penetrará
através da pele e mucosas, realizando
movimentos serpentiformes e por intermédio
da liberação enzimas que auxiliam esta
penetração.
O processo leva cerca de 40min e, após esse
tempo, as larvas L3 podem ser encontradas na
derme, alcançando, em seguida, os capilares.
Alterações pulmonares pouco usuais (tosse,
Através da circulação, passam pelo fígado, febrícula (febre baixa)
coração direito e chegam aos pulmões, onde
passam por nova muda transformando-se em
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Sinais e sintomas evidentes intestinais: sulfato ferroso para suplementação de


ferro.
↳ Náusea
↳ Vomito ↳ Controle de cura deve ser realizado
com novos exames parasitológicos de
↳ Indisposição
fezes aos 7, 14 e 21 dias após o
↳ Cólica
tratamento.
↳ Dor

Fase aguda: migração de larvas e instalação


dos vermes adultos
Fase crônica: verme adulto causando anemia,
deficiência nutricional (sinais primários e
secundários)
Amarelão (doença de unha de ferro): é uma
forma grave de anemia causada pela
deficiência de ferro no organismo, associada à
infecção por ancilostomos.
↳ O nome da doença se deve à
aparência amarelada da pele e das
mucosas em decorrência da falta de
ferro no sangue. O amarelão pode
causar fadiga, falta de ar, palpitações,
fraqueza muscular e alterações na pele
e nos cabelos.

✸ Diagnóstico
Coletivo (análise da população) ou individual
(clínica do paciente)
Exame de fezes: presença de ovos

✸ Tratamento
↳ Uso de albendazol, mebendazol ou
nitazoxanida.
↳ Orientações sobre ter uma
alimentação com aporte de ferro e
proteínas, pode requerer o uso de
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Strongyloides stercoralis

O helminto apresenta diferentes estágios:


fêmeas partenogenéticas (parasitárias), ovos,
larvas em diferentes fases e adultos machos e
fêmeas de vida livre

CICLO BIOLÓGICO
Este nematódeo apresenta três tipos de
indivíduos adultos: macho haploide (n),
fêmea diploide (2n) e fêmea partenogenética
(3n).
Os dois primeiros são de vida livre habitando
o solo, onde copulam e podem originar larvas
triploides que, ao atingirem o terceiro estágio
(larva L3 de esôfago filarioide), penetram na
pele ou mucosas do ser humano, onde Pelo fato da eclosão da larva ocorrer ainda no
evoluirão e se tornarão partenogenéticas interior do hospedeiro, situações que
(3n); este processo é chamado de ciclo favoreçam a transformação larvária ainda
indireto ou de vida livre. internamente, podem favorecer a
Observa-se assim que o indivíduo que parasita autoinfecção interna ou externa do
o intestino delgado, é a fêmea hospedeiro quando as larvas triploides
partenogenética. atingirem seu estágio infectante L3

Por partenogênese, a fêmea parasita origina


ovos que, no momento da postura, já são TRANSMISSÃO
larvados.
↳ Transcutânea ou pela mucosa
A eclosão da larva ocorre ainda no interior do ↳ Auto-infecção externa: larvas na região
hospedeiro sendo, então esta, a forma a ser perianal
eliminada nas fezes do indivíduo infectado. ↳ Auto-infecção interna: penetram na
mucosa intestinal
Se a constituição genética da larva for
haploide ou diploide, esta completará seu
ciclo de vida no solo, conforme anteriormente MANIFESTAÇÕES
descrito.
✸ Cutânea: em pontos de penetração
Se for triploide, ao atingir o estágio L3 Na reinfecção: hipersensibilidade
filarioide, estará apta a penetrar a pele ou
mucosas do ser humano, caracterizando o ✸ Pulmonar: Tosse, febre, dispneia,
ciclo direto ou partenogenético. crises asmatiformes.
Mais grave: Loeffler, edema,
pneumonia
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✸ Compreender as respostas
imunológicas

ANCYLOSMIDAE

✸ Reposta a penetração na pele


✸ Entrada na corrente sanguínea: IgG e
IgE e eosinoflia sistêmica
✸ Trato pulmonar: resposta de perfil Th2
– induz produção de células linfoides
inatas (ILC2) e macrófagos (M2) ->
limitar o crescimento parasitário
✸ Produção de citocinasm IFN-Y e IL-12
✸ Fase aguda: IgG, IgA, IgM

STRONGYLOIDES

✸ IgG, IgA (modulação e eliminação das


larvas), IgM e IgE

Referências
Parasitologia Humana Básica de Bachur –
Capítulo 3
Parasitologia - Fundamentos e Prática Clínica
de Rodrigo Siqueira-Batista – Parte 3,
capítulos 37, 42 e 59
Microbiologia Médica de Murray – 9 ed-
Seção 7 Capítulo 45
Parasitologia Humana de Neves, 13 ed, Cap
29, 30, 32

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