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Georgia Avila – ATM 24 – Monitoria de Biofísica 1º Semestre

Módulo 1 Diferentes Tipos de GLUTs


Tópicos Abordados: Insulinoindepentes: GLUT 1: eritrócitos,
P Membrana Plasmática não dependem da placenta, tecido fetal
P Glicose Insulina para que a GLUT 2: céls. ß
P Diabetes Mellitus tipos 1 e 2 glicose entre na célula pancreáticas, rins,
P Transporte de Substâncias via Membrana à livre influxo fígado
P Osmolaridade conforme o gradiente. GLUT 3: neurônios
P Hemodíalise e Insuficiência Renal GLUT 5: jejuno,
P Equilíbrio de Gibbs-Donnan e Edema transporta frutose
P Transporte Ativo Insulinodependentes: GLUT 4: músculos
ficam armazenados estriados esqueléticos
1) Membrana Plasmática em vesículas no e tecido adiposo!
interior da célula e só
são exteriorizados
para a MP para se
tornarem ativos
mediante estímulo
insulínico.

Passo a passo para a Liberação e Ação da Insulina


Liberação
É a membrana que delimita o meio intracelular, 1. Estado alimentado: alta de glicose no
separando-o do meio extracelular e controlando o sangue. Essa glicose entrará na célula ß
fluxo de substâncias entre esses meios. pancreática por difusão através do GLUT 2
(insulino-independente).
Características 2. Mais glicose na célula = mais Ciclo de Krebs
• É anfifílica, mas com maior caráter apolar, = maior produção de ATP.
sendo constituída por uma bicamada de 3. ATP bloqueia canais vazantes de Potássio,
fosfolipídeos. Permeabilidade seletiva! que são ATP dependentes à acúmulo de
• Possui canais proteicos para o trânsito de cargas positivas dentro da célula, gerando
substâncias polares (água, íons...) à sua despolarização.
Proteínas Transmembranas 4. Alteração na polaridade da célula gera
• Presença de Glicocálix: estrutura formada abertura de canais de Cálcio voltagem-
de glicoproteínas e glicolípideos com dependentes, o que gera influxo desse íon
função de: na célula.
o Proteção da célula contra atritos 5. Cálcio promove a fusão das vesículas que
mecânicos contêm insulina na membrana plasmática
o Reconhecimento célula-célula à à liberação do hormônio na corrente
rejeição de órgãos transplantados sanguínea.
ocorre por divergências de
glicocálix.

2) Glicose
A Glicose é uma molécula grande e polar que não
consegue atravessar livremente a membrana
plasmática à necessita de proteínas
carregadoras, as GLUTs!

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Ação • Polifagia: fome excessiva


1. Insulina chega aos MEE e ao Tecido • Perda de Peso: glicose não consegue
Adiposo e se liga ao receptor TYR entrar na célula, de forma que o indivíduo
(Tirosina), estimulando sua fosforilação consome outras reservas energéticas,
(TYR-PO4). como gordura e massa muscular.
2. Esse evento promove o recrutamento
(exteriorização) das vesículas contendo Sintomas crônicos da DM
GLUT4, ativando-os. • Problemas cardiovasculares
(aterosclerose, obstrução de vasos)
• Retinopatias (cegueira e catarata)
• Problemas de cicatrização
• Neuropatias, Nefropatias
** A grande maioria dessas complicações está
relacionada à capacidade da Glicose de glicar
proteínas, ou seja, ligar-se a elas e fazer com que
percam sua funcionalidade (ex: hemoglobina
glicada = perda de capacidade de transportar
gases; colágeno glicado = destruição de capilares,
compromete transporte sanguíneo para as
extremidades à pé diabético).
3. Aumenta o influxo de glicose nas células
desses tecidos, aumentando a formação Diabetes Mellitus Tipo 1
de reservas energéticas: à Doença autoimune em que as células ß do
a. Lipogênese no Tecido Adiposo pâncreas são destruídas, inviabilizando a
b. Glicogênese nos MEE produção de insulina.
à Acomete indivíduos jovens (10-14 anos)
Uso de Insulina como Doping à Tratamento com reposição insulínica + dieta e
A insulina aumenta a entrada de glicose nas exercício físico.
células musculares, exacerbando o Ciclo de Krebs
e consequentemente, a produção de ATP à maior Diabetes Mellitus Tipo 2
disponibilidade energética para os músculos, Paciente não responde adequadamente à Insulina
melhor desempenho na atividade física. por um defeito na ligação Insulina – Receptor TYR.
à Tardia/senil
**Nos Túbulos Renais e no Intestino Delgado à Geralmente decorre de má alimentação,
existe o transportador SGLT (cotransportador de sedentarismo, obesidade à causam inflamação!
Glicose e Na+). **Pessoas inflamadas produzem o TNF-a (Fator
de Necrose Tumoral), que compete com o PO4
3) Diabetes Melitus pela ligação com o TYR, impedindo a formação do
Sintomas clássicos da DM = 4 Ps (agudos) complexo TYR-PO4 e, consequentemente, a
• Poliúria: excesso de glicose no rim exteriorização dos GLUT4 à hiperglicemia!
(hiperglicemia à entrada maciça via
GLUT2) faz com que parte dela seja Fases do DM2
excretada na urina, “arrastando” água à 1. Hiperinsulinemia Compensatória:
aumenta o volume de urina. Pâncreas precisa secretar mais Insulina
• Polidipsia: sede causada pela grande para os tecidos conseguirem responder.
eliminação de urina (desidratação) e pelo 2. Esgotamento da capacidade de síntese de
aumento da osmolaridade do plasma, o Insulina pelas células ß à gera
que ativa o centro da sede no Hipotálamo hiperglicemia.
(não se preocupem com isso agora)
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3. Uso de hipoglicemiantes orais, como a controlando a glicemia à objetivo principal é


Gybenclamida, para induzir a produção retardar a exaustão pancreática.
pancreática de insulina. Esse fármaco Também estimulam a eliminação do íon
promove fechamento dos canais vazantes Sódio, que “puxa” água à diminui pressão
de Potássio (assume função análoga ao arterial, diminui risco de hipertensão.
ATP – rever item 3 da Liberação de Insulina) Ø Possíveis efeitos colaterais: infecções do
**A longo prazo, isso provoca a exaustão trato urinário e genital (glicose em excesso
metabólica do Pâncreas. propicia a proliferação de bactérias).
4. Insulinodependência: indispensável a
administração de insulina. **Deve ser usado com algum outro medicamento
que induza a entrada de glicose nas células
Efeitos Colaterais da DM2 (insulina, hipoglicemiantes orais), se não a
1. Sem o recrutamento dos GLUT4, que é concentração de glicose intracelular permanece
induzido pela insulina, a glicose se acumula deficitária, já que o inibidor de SGLT2 só modifica
na corrente sanguínea e falta nos MEE e no a concentração plasmática de glicose.
Tecido Adiposo.
2. As células insulinoindependentes
(neurônios, rim...), então, absorvem
glicose em excesso.
3. Produção de subprodutos da glicose,
como o SORBITOL (álcool). Esse aumenta a
concentração do meio intracelular e
promove entrada maciça de água, gerando
a lise das células à lesões periféricas e
nefropatias.

Hipoglicemia por Excesso de Insulina


A administração de insulina gera flutuações na
glicemia, que são prejudiciais ao organismo como **Diabete Insipidus: relacionada a uma patologia
um todo. na secreção do ADH pelo Hipotálamo, que faz com
Ø O líquor do SNC naturalmente tem que o paciente produza grandes volumes de urina
concentração menor de glicose, para que à não tem nada a ver com os GLUTs ou com o
essa entre facilmente no encéfalo por Pâncreas.
diferença de concentração.
Ø Quando é administrada insulina em 4) Transporte de Substâncias via Membrana
excesso, a glicose do sangue vai para os Plasmática
tecidos insulinodependentes, causando
uma hipoglicemia. Nesse cenário, a glicose
sai do encéfalo para suprir a necessidade
dos outros tecidos, causando uma
neuroglicopenia (convulsões,
supersaturação neuronal).

Ação de Inibidores de SGLT2 como Tratamento


para DM2
Os inibidores de SGLT2 atuam nos Túbulos Renais,
diminuindo a reabsorção renal de glicose e
aumentando sua eliminação na urina,

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Transporte Passivo P Exemplo das Hemácias:


Mantém um equilíbrio ideal com o meio
extracelular sem gasto energético à a favor do
gradiente. Íons atravessam a membrana pelos
canais proteicos.

Tipos de Canais Transportadores da Membrana


Íons Direção
Uniporter 1 Única
Antiporter/ 2, Contrária;
Contratrans- simultaneamente um sai,
porte / outro entra • Hemácia em meio hipertônico: perde água
Trocadores à crenação
Simporter/ 2, Mesma; os • Hemácia em meio hipotônico: entrada de
Cotransporte simultaneamente dois saem água à turgidez e hemólise
ou os dois
entram **Soro caseiro: água + glicose + íon Sódio. Possui
essa composição devido aos cotransportadores
SGLT1 do intestino, que operam com a
Glicose/Na+ simultaneamente. A água tem
objetivo de hidratar o paciente.

5) Osmolaridade
MOLARIDADE X Nº DE ÍONS em que uma molécula
ou agregado iônico pode se dissociar quando em
solução aquosa.
Difusão
Passagem do soluto do meio hipertônico para o A osmolaridade da célula é 0,3 OSM. Para que não
meio hipotônico. ocorram distúrbios osmóticos, a osmolaridade do
• Simples: ocorre através de poros, canais plasma e das soluções fisiológicas é a mesma,
proteicos ou por lipossolubilidade na assim impedindo o fluxo osmótico entre as
membrana. soluções.
• Facilitada: ocorre através de proteínas **Soro fisiológico: qualquer solução cuja
carreadoras/transportadoras. É o caso do osmolaridade é 0,3 OSM (= do plasma),
transporte da Glicose, mediado pelos geralmente composta de 0,9g NaCl/100ml H2O.
GLUTs.
Exemplos:
Osmose Considerar que substâncias iônicas se dissociam
Passagem do solvente (geralmente água) do meio em água e substâncias moleculares não.
hipotônico pro meio hipertônico até igualarem-se Glicose 1M à 1 x 1 = 1 OSM
as concentrações. Depende da osmolaridade. Ureia 1M à 1 x 1 = 1 OSM
NaCl 1M à 1 x 2 = 2 OSM
CaCl2 1M à 1 x 3 =3 OSM
HCO3Na 1M à 1 x 2 = 2 OSM

Distúrbios envolvendo a Osmolaridade


Plasma com osmolaridade maior do que a célula:
haverá fluxo de água da célula para o plasma, que
está hipertônico.
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• Exemplo: Diabetes à hiperglicemia Importante: o líquido de diálise, como um todo,


aumenta OSM plasmática à poliúria, possui osmolaridade igual à do plasma para que
polidipsia, desidratação e coma não haja fluxo osmótico. O que muda são as
hiperosmolar diabético. concentrações das diferentes substâncias, as quais
se equilibrarão até o valor desejado através da
Plasma com osmolaridade menor do que a célula: difusão.
haverá fluxo de água do plasma para a célula, que
está hipotônico. Complicações da Insuficiência Renal
• Exemplo: Hemácia à sofrerá turgidez e Anemia Hemolítica: ureia (apolar), que está em
hemólise. excesso no sangue, entrará nas células por difusão
e “puxará” água consigo à hemólise.
6) Hemodiálise e Insuficiência Renal
A Hemodiálise é um procedimento feito Deficiências dos hormônios produzidos no Rim:
em pacientes com insuficiência renal, os quais não • Eritropoetina: estimulante da eritropoese
conseguem filtrar o sangue à acúmulo de (produção de glóbulos vermelhos). Sua
metabólitos tóxicos (ureia, creatinina, K+). ausência pode causar anemia.
O sangue passa por um líquido de diálise • Calciferol: hormônio que estimula a
com diferentes concentrações de várias absorção de Cálcio no intestino para
substâncias, sendo filtrado por processos de fortalecer os ossos. Sua ausência pode
difusão. gerar osteoporose.
**Coloca-se então uma concentração maior de
Cálcio no líquido de diálise para suprir a carência
desse íon.

Distúrbios de pH: como o rim não consegue


eliminar as excretas, o que inclui o íon H+, o pH
sanguíneo fica reduzido (ácido). Isso gera altíssimo
consumo do íon bicarbonato para manter o pH
ideal.
**Também se utiliza o líquido de diálise para repor
Líquido de Diálise o íon bicarbonato.
Líquido por onde passará o sangue do paciente, o
qual opera através do seguinte mecanismo: ! Composição do Líquido de Diálise
P Substâncias que querem ser mantidas no P Glicose e água à concentração igual à do
sangue (boas para o paciente – Glicose, plasma sanguíneo = mantidos
íons) à concentração no líquido igual à do P Uréia, Creatinina, Potássio e demais
plasma, não há fluxo! metabólitos tóxicos à concentração
P Substâncias que precisam ser excretadas menor que a do plasma sanguíneo =
(metabólitos tóxicos) à concentração eliminados
menor no líquido de diálise e maior no P Íon Cálcio, íon Bicarbonato à
sangue à substâncias se difundirão do concentração maior que a do plasma
sangue para o dialisante, sendo sanguíneo = repostos
eliminadas
P Substâncias que se deseja acrescentar ao 7) Equilíbrio de Gibbs-Donnan
sangue (carência ou desequilíbrio) à Define como se dá o equilíbrio entre a mistura de
concentração maior no líquido de diálise e íons e as moléculas permeáveis e impermeáveis à
menor no sangue à substâncias se membrana plasmática.
difundirão do líquido para o sangue. As proteínas são moléculas estáticas à não
conseguem sair da célula. Como são carregadas
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negativamente, acabam por provocar o também para a esquerda para igualar as cargas
movimento de outros íons. Isso causará alterações elétricas.
tanto de gradiente de concentração quanto de
gradiente elétrico, de modo que os íons se 5. A B
movimentarão a fim de tentar balancear esses 12 Na+ 8 Na+
gradientes. Saldo 2 Cl- 8 Cl- Saldo
Elétrico 0 Elétrico 0
10 Prot.
Passo a passo para o Equilíbrio Dinâmico
1. Apesar da neutralização do gradiente elétrico,
A B ainda há dois gradientes de concentração, como
10 Na+ 10 Na+ em 3. Já que o potencial eletroquímico do Cloro é
0 Cl- 10 Cl- maior, então ele que se movimenta de B à A.
10 Prot.
6. A B
Sódio está em iguais concentrações – sem
gradiente, sem passagem. 12 Na+ 8 Na+
Saldo 3 Cl- 7 Cl- Saldo
A proteína não pode passar, então resta o Cloro,
Elétrico -1 10 Prot. Elétrico +1
que se difundirá conforme o gradiente.

2. A B O gradiente elétrico levaria o Sódio para a


esquerda; já o gradiente de concentração o levaria
10 Na+ 10 Na+ para a direita. Prevalece o gradiente elétrico, que
1 Cl- 9 Cl- é mais forte.
10 Prot.
7. A B
A passagem do Cloro cria um gradiente elétrico
negativo no recipiente A, que “puxará” o Sódio 13 Na+ 7 Na+
Saldo 3 Cl- 7 Cl- Saldo
para tentar equilibrar as cargas. Elétrico 0 Elétrico 0
10 Prot.
3. A B
11 Na+ 9 Na+ EQUILÍBRIO DINÂMICO!!
1 Cl- 9 Cl- Nessa situação, o Sódio será levado para a direita
10 Prot. pelo gradiente de concentração e estabelecerá um
gradiente positivo, o qual provoca passagem
Assim, formam-se dois gradientes: um que levaria também de um íon Cloro para a direita a fim de
o Sódio para a direita; e um que levaria o Cloro neutralizar essa carga à isso fica se repetindo
para a esquerda (ambos por concentração). Mas o sucessivamente, já que estamos em equilíbrio
potencial eletroquímico do Cloro é maior, então dinâmico.
ele que se movimenta.
Tá, e qual a moral desse inferno?
4. A B Isso ocorre constantemente no nosso corpo, pois
11 Na+ 9 Na+ as proteínas presentes nas células e no plasma
Saldo Saldo sanguíneo exercem o que chamamos de pressão
2 Cl- 8 Cl-
Elétrico -1 Elétrico +1 oncótica, que nada mais é do que uma pressão
10 Prot.
osmótica exercida pelas proteínas sobre os íons e
Como o Cloro continuou se movimentando para a a água, que conseguem atravessar as paredes dos
esquerda, o gradiente elétrico negativo em A capilares em direção ao sangue.
permaneceu, causando a passagem do Sódio

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Em situações fisiológicas, a pressão oncótica tem incapacidade renal de filtrar o sangue,


como objetivo equilibrar a quantidade de líquido gerando retenção de líquidos.
que sai dos capilares com a que entra.
8) Transporte Ativo – Bomba de Sódio e Potássio
Edema

É o acúmulo de água no líquido intersticial em um


determinado local do corpo devido a
desequilíbrios de pressão oncótica.

Isso ocorre em situações em que há diminuição


das proteínas do plasma (desnutrição,
proteinúria...). Assim, há uma diminuição da
pressão oncótica (hipotensão oncótica), que se
torna menor do que a pressão arterial,
ocasionando entrada de água nos tecidos pelo
gradiente de pressão. A bomba de Na+/K+ é o principal exemplo de
Transporte Ativo no nosso organismo.
Entende-se por transporte ativo todo aquele que
Entrada
¯ Proteínas
¯ Pressão PA >
de Água vai contra o gradiente de concentração,
Oncótica Pressão
do plasma
do Plasma do Plasma
no necessitando, portanto, de energia proveniente
Interstício
da quebra do ATP para ocorrer.

3 Na+ PARA FORA, 2 K+ PARA DENTRO!


Outras Causas de Edema
Ø Hipertensão Arterial: Pressão Arterial
maior do que o normal não será A concentração de Sódio é maior fora do que
suficientemente contrabalanceada pela dentro da célula, portanto a tendência natural
Pressão Oncótica do plasma à entrada de seria o Sódio entrar. Já o potássio está em maior
água no interstício. concentração dentro da célula, então sua
Ø Patologias Hepáticas: o Fígado é o maior tendência seria sair.
produtor de proteínas plasmáticas do Porém, é de extrema relevância a manutenção
corpo. Quando esse órgão sofre dessa diferença de cargas, porque:
alterações, essa produção é • Gera uma voltagem elétrica negativa
comprometida, alterando a pressão dentro das células e positiva fora,
oncótica do plasma e gerando edema. produzindo um potencial elétrico que é
o Cirrose imprescindível para a transmissão das
o Hemocromatose: doença sinapses nervosas.
caracterizada pela absorção • Controla o volume celular, impedindo que
excessiva de Ferro no intestino, o as células inchem até sofrer lise
qual se deposita em vários tecidos,
sobretudo no hepático. Esse íon A Bomba é realizada pela proteína
estimula a produção de radicais transmembrana Na+/K+ ATPase, a qual
livres, que lesam o tecido e transporta ativamente os íons. O funcionamento
provocam uma fibrose progressiva, enzimático dessa proteína, que é responsável por
que inclui perda da funcionalidade. decompôr ATP em ADP, produzindo energia,
Ø Glomerulonefrite: processo inflamatório depende do íon Mg++.
nos glomérulos renais que provoca edema
e hipertensão arterial devido à Alterações no Funcionamento da Bomba
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Intoxicação por Cianeto à o cianeto bloqueia a Porém, se impedirmos o gasto de ATP da célula, é
cadeia respiratória, impedindo a produção de ATP possível postergar essa falência, mantendo o
e o funcionamento da bomba. órgão viável para ser transplantado por um
Uso da Digoxina à fármaco utilizado para determinado período de tempo.
tratamento de insuficiência cardíaca. Funciona a Para isso, utiliza-se o Líquido de
partir do seguinte mecanismo: Preservação de Órgãos para Transplante! Esse
P Digoxina impede a saída de Na+ da célula líquido iguala as concentrações de Sódio e
através do bloqueio da Na+/K+ ATPase. Potássio dos meios intra e extracelular, parando
P Aumenta a concentração intracelular de a bomba Na+/K+ à não há gradiente.
sódio, inibindo o gradiente de
concentração que estimula o antiporter Bomba Na+/K+
Sódio-Cálcio K+ = 140
P Então, o trocador sódio-cálcio K+ = 140 Na+ = 12
(literalmente, troca os íons à entrada de 3 Na+ = 12
Na+ por 1 Ca++ que sai da célula) é
Célula
inativado e o Cálcio para de sair da célula Líquido de
P Aumenta a concentração intracelular de Preservação
Cálcio, que é essencial para a contração do
miocárdio *Gelo também ajuda a aumentar a durabilidade
P Aumenta a força de contração, dos órgãos – baixa temperatura diminui atividade
aumentando o débito cardíaco e celular.
diminuindo a frequência cardíaca (bate Nós, como futuros médicos, temos o dever de
mais forte, bombeia mais sangue, diminui conhecer e informar outros a respeito do
a necessidade de batimentos por minuto) transplante de órgãos. Se você deseja ser doador
de órgãos, informe sua família. #1salva8
Hiponatremia à baixos níveis de Sódio no sangue ! Nem toda doação de órgãos precisa ser póstuma
provocados por fatores variados (uso de ecstasy, à é possível doar medula óssea em vida para
anticoagulantes...). O sangue fica hipotônico em ajudar pacientes com leucemia e linfoma. Acesse
relação ao interstício, gerando entrada de água redome.inca.gov.br/doador para mais
nos tecidos à formação de edemas, inclusive informações sobre o cadastramento de medula.
edema cerebral, ¯ volume sanguíneo, ¯ PA
Potencialização do Efeito da Bomba – Doping
Hipercalemia à altos níveis de K+ no sangue. Em Ilegal Legal
situações fisiológicas, a concentração de potássio 1. Insulina à rever 4. Creatina à efeito
intracelular é muito maior do que a sua final do item 2 anabolizante, ­ massa
concentração plasmática, e isso proporciona a muscular
manutenção dos potenciais de membrana que são 2. Eritropoetina (EPO) 5. Treino em altas
necessários para que ocorram as sinapses, as à aumenta produção altitudes à baixa
contrações cardíacas e etc. Quando a de hemácias, pressão de O2 no ar à
concentração plasmática de K+ se eleva, as aumentando a hiperventilação e falta
concetrações intra e extracelulares desse íon oxigenação tecidual de O2 à ­ eritropoese
ficam mais próximas, o que diminui a eficiência da (hiperglobulia com-
bomba, provocando arritmias e até mesmo parada pensatória)
cardíaca. 3. Transfusão Podem causar (2,3,5):
sanguínea à infusão • hiperviscosidade do
Bomba de Sódio e Potássio X Transplante de de hemácias. sangue
Órgãos • tromboses, AVC,
A tendência dos órgãos é se degenerarem infarto
fora do corpo, por vez que cessa a oxigenação.
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Questões do Módulo 1 10. Há um simporter Glicose/Na+ no rim. Bloquear


Retiradas das provas disponibilizadas pelo Prof. esse simporter poderia ser usado no tratamento
Jarbas de Oliveira. de alguma patologia? Como funciona? Quais os
1. Um atleta durante uma competição de possíveis efeitos colaterais?
levantamento de peso fez uso de insulina como
“doping” e teve convulsões. 11. Por que os pacientes com cirrose terminal
a. Por que ele usou insulina? ficam muito inchados?
b. Por que ele convulsionou?
12. Se uma pessoa não possui patologia alguma e
2. Pacientes com DM2 tomam hipoglicemiantes resolve tomar digoxina por conta própria, o que
orais no início da doença. Como funciona esse aconteceria com a sua pressão arterial – aumenta,
medicamento e que tipo de efeito colateral trará a diminui ou não sofre alterações? Por quê?
longo prazo?
13. Ao fazer o líquido de diálise, o fabricante
3. Por que pacientes com obesidade representam cometeu um erro e não colocou sódio no líquido
a maioria dos pacientes com DM2? Explique o (o normal seria colocar 140 mmol/L). Que
mecanismo. problema isso poderia acarretar ao paciente e por
quê?
4. Uma pessoa está com sódio muito baixo no
plasma (hiponatremia). Que tipo de influência isso 14. O líquido de preservação de órgãos para
teria sobre a osmolaridade do plasma (aumenta, transplantes possui a característica de manter os
fica igual ou diminui) e o que isso poderia acarretar níveis de ATP do órgão a ser transplantado por
ao paciente? Justifique sua resposta mais tempo. Como isso ocorre?

5. Por que o paciente com síndrome nefrótica 15. Por que o paciente com DM apresenta
(perda excessiva de proteína na urina) apresenta poliúria?
edema?
16. Quanto você pesaria de NaCl para fazer 1L de
6. A digoxina é utilizada para pacientes que uma solução hiperosmolar (hipertônica) em
possuem doença cardíaca. Diga qual a doença e relação ao plasma? Mostre os cálculos e justifique.
como funciona esse medicamento. (Na = 23g; Cl = 35g)

7. Dê um exemplo de um erro praticado durante a 17. Uma pessoa com DM2 toma o hipoglicemiante
hemodiálise que pode ser prejudicial para o oral Gybenclamida. Qual o efeito colateral a longo
paciente e explique o mecanismo. prazo do uso desse medicamento? Justifique.

8. Fundamentalmente, como funciona o líquido de 18. Por que as células insulino-independentes dos
preservação de órgãos para transplantes para que pacientes diabéticos acabam por se lesionar com
o tecido a ser transplantado poupe ATP. o passar dos anos (caso típico de retinopatia
diabética)?
9. a) Calcule a osmolaridade de uma solução
de NaCl a 2g%. 19. Os pacientes com insuficiência renal crônica
possuem deficiência do íon Cálcio. Você poderia
b) Se fosse empregada em um indivíduo fazer uma reposição desse íon durante o processo
normal, o que aconteceria com a célula de hemodiálise? Justifique sua resposta.
(ficaria igual, incharia ou secaria)?
Justifique sua resposta e apresente
cálculos. (NaCl - peso molecular = 58g)

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5. Porque a proteinúria diminui as proteínas do


Gabarito Questões do Módulo 1 plasma e, assim, diminui sua pressão oncótica.
1. a) O atleta utilizou insulina pois esse hormônio Nessa situação, a pressão arterial torna-se maior
aumenta a entrada de glicose nos músculos, do que a pressão oncótica do plasma, ocasionando
aumentando a geração de ATP à mais energia entrada de água no interstício por gradiente de
para a contração muscular, melhoria da pressão à edema.
performance.
b) O atleta convulsionou porque, com o uso de 6. Insuficiência Cardíaca. A Digoxina aumenta a
insulina, houve entrada maciça de glicose nos concentração intracelular de Sódio através da
tecidos insulinoindependentes (MEE, Adiposo). ligação com a ATPase (impede sua expulsão pela
Assim, ocorreu uma hipoglicemia, e a glicose bomba). Com isso, a célula ativa outro mecanismo
então sai do encéfalo e vai em direção ao plasma de expulsão de sódio – o trocador Na+/Ca++, o que
por difusão à falta glicose no encéfalo à provoca entrada de Cálcio nas células cardíacas,
convulsões, supersaturação neuronal, íon que é essencial para a contração do miocárdio
neuroglicopenia. à aumenta a força de contração.

2. Os hipoglicemiantes orais, como a 7. Se o íon K+ estiver excessivamente concentrado


Gybenclamida, funcionam “obrigando” o Pâncreas no líquido de diálise, poderá provocar uma
a continuar produzindo insulina, mesmo depois de hipercalemia no paciente, a qual provoca diversos
saturado. Eles atuam fechando os canais vazantes efeitos colaterais potencialmente letais, como
de Potássio da célula ß pancreática (análogo ao arritmias cardíacas ou parada cardíaca.
ATP), o que, depois de vários eventos, culmina
com a exocitose das vesículas de Insulina. A longo 8. O líquido de preservação de órgãos funciona
prazo, esse medicamento provoca a exaustão com base no princípio de igualar as concetrações
metabólica do Pâncreas, isso é, sua incapacidade intra e extracelular de Na+ e K+, parando a bomba
total de produzir Insulina e, portanto, de sódio e potássio e preservando o ATP celular,
insulinodependência. prolongando a viabilidade dos órgãos.
Também pode se responder citando os Inibidores
de SGLT-2, que aumentam a excreção de glicose na 9. a)
urina e, portanto, reduzem a glicemia. Seus efeitos 2g – 100ml
colaterais são poliúria (mais glicose no túbulo 20g – 1000ml = 1L
renal à aumenta osmolaridade à aumenta
entrada de água) e maior suscetibilidade a 1 mol – 58g
infecções do trato genitourinário. X mol – 20g
X = 0,34 mol = MOLARIDADE
3. Porque os pacientes obesos são inflamados e,
então, produzem o TNF-a (Fator de Necrose OSMOLARIDADE = 0,34 mol x 2 (NaCl se dissocia
Tumoral), que compete (e vence) com o Fosfato em Na+ e Cl-)
para a ligação com o receptor TYR, impedindo sua OSM = 0,68
fosforilação e, consequentemente, a cascata
metabólica que provoca o recrutamento dos b) A célula murcharia, já que a osmolariadde
GLUT4, causando hiperglicemia. celular é de 0,3OSM, ou seja, menor do que a da
solução (0,68 OSM). Assim, haveria fluxo osmótico
4. Com a hiponatremia, a osmolaridade do plasma da menor para a maior osmolariadade, causando
diminui, o que pode causar edema generalizado perda de água das células para o meio à
(osmolaridade do plasma menor que a do murcham.
interstício à entrada de água à edema). Com
isso, haveria diminuição do volume sanguíneo, 10. O bloqueio desse simporter pode ser utilizado
levando à hipotensão. no tratamento de Diabetes Melitus, pois ele
12
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diminui a reabsorção renal de glicose, 16. A solução de NaCl, para ser hiperosmolar em
aumentando sua excreção na urina e assim relação ao plasma, deve ter osmolaridade > 0,3.
diminuindo a glicemia. Um possível efeito Em 58g de NaCl temos 1 mol de moléculas, que se
colateral é a maior suscetibilidade a infecções do dissociarão em 2 mols de íons (1Na+ e 1 Cl-).
trato genitourinário, já que a maior concentração Portanto:
de glicose na uretra pode gerar a proliferação de 58 g – 2 mols
bactérias. X g – 0,3 mol
2X = 0,3 x 58
11. Pois a cirrose acarreta perda de função X = 8,7g
hepática, e, consequentemente, prejuízo à RESPOSTA: X > 8,7 g de NaCl
produção de proteínas plasmáticas. Assim, há
queda da pressão oncótica do plasma, que se 17. Hipoglicemiantes orais como a Gybenclamida
torna menor do que a pressão arterial. Sendo estimulam a secreção de insulina pelas células ß
assim, PA > P. Oncótica do Plasma, o que gera pancreáticas mesmo após a sua saturação. Atuam
entrada de água no interstício à edema. como o ATP, fechando os canais vazantes de
12. Sua pressão arterial aumenta, já que a potássio e despolarizando a célula. Após a
Digoxina aumenta a força de contração cardíaca despolarização, abrem-se canais voltagem-
através do bloqueio da bomba de Sódio e Potássio. dependentes de Cálcio, gerando entrada desse íon
Assim, aumentam os níveis intracelulares de Sódio na célula, o qual promove a fusão das vesículas
e a célula ativa outro mecanismo de saída desse contendo insulina à MP e, então, sua liberação. O
íon – o trocador Na+/Ca++, que coloca Sódio para efeito colateral a longo prazo dos
fora em troca de Cálcio para dentro. Com o hipoglicemiantes orais é a exaustão metabólica do
aumento do Cálcio, aumenta a força de contração Pâncreas, ou seja, perda total da sua capacidade
do miocárdio e, consequentemente, a pressão de sintetizar insulina, fazendo com que o paciente
arterial. se torne insulinodependente.

13. O paciente pode perder sódio, já que a 18. As células insulinoindependentes dos
tendência é o íon se difundir do meio mais pacientes diabéticos se lesionam com o tempo
concentrado para o menos concentrado, e assim pois, diante da hiperglicemia que esses tendem a
tornar-se hiponatrêmico. A hiponatremia pode desenvolver, tais células recebem aporte
provocar diversos efeitos danosos ao organismo, excessivo de glicose. Diante disso, ocorre
como o edema generalizado, já que o sangue se produção de subprodutos da glicose, como o
torna menos concentrado do que o interstício e, Sorbitol (álcool) que aumenta a osmolaridade da
portanto, há entrada de água nos tecidos e célula e promove, então, entrada de água,
consequente perda de volume sanguíneo à culminando com a lise das células e,
hipovolemia, hipotensão. consequentemente, com lesões periféricas como
as retinopatias.
14. Resposta na questão 8
19. O íon cálcio poderia sim ser reposto durante a
15. Pois, em pacientes diabéticos, que estão Hemodiálise. Basta colocá-lo no líquido de diálise
constantemente hiperglicêmicos, haverá entrada com uma concentração maior do que a do sangue
excessiva de glicose nos túbulos renais via GLUT2 do paciente que o íon se difundirá do meio
(insulinoindependente). Assim, haverá grandes hipertônico para o hipotônico, resolvendo a
quantidades de glicose no túbulo renal, o que deficiência de Cálcio do paciente.
aumenta a osmolaridade desse meio em relação
ao sangue, ocasionando entrada de água no
túbulo e, assim, poliúria.

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MÓDULO 2 3) Potencial de Ação na Célula Nervosa e


Tópicos Abordados: Músculoesquelética
P Concentrações Iônicas É a inversão da polaridade da célula mediante a
P Potencial de Membrana (Repouso) chegada de um estímulo, provocada
P Potencial de Ação em Nervos e Músculos principalmente pela entrada de íons Sódio.
P Potencial de Ação Cardíaco
P Condução do Potencial de Ação Em situações fisiológicas = +45 mV
P Distúrbios Eletrolíticos
P Sinapses Nervosas Para que o potencial de ação ocorra, o
P Neurotransmissores estímulo precisa ser suficientemente intenso para
P Receptores Sensoriais levar o potencial da fibra de -90 para -60 mV.
Quando esse valor for atingido, haverá
1) Concentrações Iônicas abertura maciça de canais de Sódio voltagem-
dependentes e, assim, grande influxo de Sódio,
Meio Intracelular Meio Extracelular levando a polaridade da célula à +45 mV à
PROCESSO DE DESPOLARIZAÇÃO
- + *Quanto mais a voltagem vai aumentando, mais
Na+ = 12 Na+ = 140 canais de sódio voltagem-dependentes vão se
K + = 140 K+=4 abrindo à permite uma despolarização cada vez
Cl- = 4 mais rápida a partir dos -60mV.

Por diferença de concentração (difusão): Potássio


tende a sair; Sódio tende a entrar.

2) Potencial de Membrana
É a diferença entre as cargas elétricas do meio
intra e extra celular, a qual é mantida pelo fluxo de
íons para dentro e para fora da célula.

Em situações fisiológicas = - 90 mV

O Potássio é o principal íon envolvido na


manutenção do potencial de membrana: ele tende
a sair para o meio extracelular por difusão através
Limiar Mínimo Excitatório
dos canais vazantes de potássio, tornando o meio
intracelular negativo em relação ao meio externo. Para desencadear um potencial de ação, um
Para isso, a bomba Na+/K+ é muito importante: impulso deve ter uma intensidade mínima – o
Ø É ela que mantém essa diferença de Limiar Mínimo Excitatório. Esse limiar se dá
concentrações, propiciando a quando a entrada de íons de sódio na célula
continuidade da saída de K+ e a excede a saída de íons de potássio. É variável entre
consequente manutenção do potencial; os tipos celulares, mas geralmente é de -60mV.
Ø Contribui criando um déficit de íons Lei do Tudo ou Nada
positivos no interior à 3Na+ para fora, Caso o impulso não atinja o limiar, ele não será
2K+ para dentro à excesso de cargas transmitido! Ou o impulso atinge o limiar e é
negativas na parte interna da membrana transmitido integralmente, ou a transmissão é
Nesse estado, a célula não está transmitindo interrompida.
impulsos. Sua membrana está POLARIZADA.
Após atingir o valor de +45mV, os canais de
entrada de Sódio se fecham. Ocorre, então,
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abertura dos canais vazantes de Potássio, que Ø Anestésico Local (Xilocaína): um corte
colocam as cargas positivas para fora da célula, cutâneo, por exemplo, causaria
reestabelecendo a polaridade à PROCESSO DE despolarização do músculo, provocando
REPOLARIZAÇÃO dor. O anestésico local funciona
bloqueando os canais de Na+, impedindo
Então, as fases de um Potencial de Ação em a célula de despolarizar, ainda que haja
Nervos e Músculos são: estímulo à sem dor
1. Célula está em Potencial de Repouso até a Ø Epilepsia: sobrecarga de estímulos,
chegada de um estímulo. gerando abertura exacerbada de canais de
2. Despolarização à célula vai de -90mV sódio = muita despolarização. Essa
para -60mV (limiar mínimo). Então, abrem- desigualdade iônica causa a convulsão.
se vários canais de entrada de sódio e a o Ácido Volpróico (tratamento) à
voltagem aumenta rapidamente. bloqueia canais de Na+
3. Célula atinge +45mV à canais de sódio se
fecham, canais vazantes de potássio se 4) Potencial de Ação Cardíaco
abrem. O potencial de ação cardíaco tem algumas
4. Repolarização à célula tem a polaridade diferenças em relação ao potencial de ação dos
reestabelecida pela saída de K+. nervos e das placas motoras, já que esse órgão
5. Retorno ao Potencial de Repouso à precisa de impulsos elétricos rítmicos que causem
Bomba de Na+/K+ reestabelece as contrações rítmicas. Para isso, o Coração possui
concentrações desses íons, normalizando a um sistema de condução nervosa altamente
voltagem da célula. complexo.
NóNó sunusal
Sinoatrial
Nóaurículo-ventricular
Nó Atrioventricular

Em qualquer Potencial de Ação, o tempo entre a Feixe de His

Despolarização e a Repolarização é chamado de


Rama esquerda
Período Refratário (Absoluto). Nesse intervalo,
qualquer outro estímulo que chegue na fibra não Vías internodais

será transmitido, independentemente de sua Rama dereita

intensidade, pois os canais de Sódio estão


inativados por voltagem e não poderão ser
reabertos até o reestabelecimento do Potencial de
Repouso. Fibras de Purkinje

• Período Refratário Relativo: momento em A frequência da despolarização cardíaca é


que o Potencial de Repouso ainda não foi determinada pelo Nó Sinoatrial (NSA,
totalmente atingido, mas alguns canais de Sódio marcapasso), já que este tem a capacidade de se
já estão passíveis de serem ativados. Para que o auto-despolarizar à é altamente permeável ao
estímulo consiga desencadear um Potencial de íon Sódio.
Ação nesse período, ele precisa ser mais forte do
que o normal (supralimiar). Cada despolarização = um batimento
Em média 60-70 vezes por minuto
Algumas correlações clínicas
Ø Drogas bloqueadoras dos canais de O Nó Atrioventricular (NAV) é responsável
potássio fazem com que não ocorra por gerar um atraso na condução elétrica, a fim de
repolarização e a célula permaneça com que dê tempo dos átrios terminarem de se
potencial de +45mV à constante estado contrair antes de os ventrículos começarem.
de contração, o que pode levar a paradas
cardiorrespiratórias **A contração do miocárdio é dependente do íon
**A abertura dos canais de Sódio é importante Cálcio, já que ele promove a interação entre a
para sentirmos dor!
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actina e a miosina. Então, há a participação de 4.célula


Platô:despolarizada
ocorre entrada pordemais
íonstempo
Cálcio por
à
dois tipos de canais na despolarização cardíaca: canais lentos que mantêm
mais tempo para a contração cardíaca. a célula
canais de sódio voltagem-dependentes e canais de despolarizada por mais étempo
a. O platô também causado mais
à pela
cálcio também voltagem-dependentes. tempo para a contração
lentidão dos canais cardíaca.
vazantes de K+ =
a.repolarização
O platô tambémlenta àé causado pela
o Cálcio cria
Trajeto do Impulso no Miocárdio lentidão
uma dos canais
resistência à saídavazantes de K+
de Potássio.
Nó Sinoatrial à Átrios à Nódulo = repolarização
2. Repolarização: lenta à o Cálcio
fluxo progressivo de
Atrioventricular à Feixe de His à Fibras de cria uma resistência à saída de
Potássio para fora da célula, fechamento
Purkinje (saem do feixe) à Ventrículos dos canaisPotássio.
de Cálcio.
3. Ação da Bomba Na+/K+: normaliza as
concentrações iônicas na célula

Cálcio que entra no Platô se junta ao Cálcio


residual que já está dentro da célula cardíaca, cuja
concentração é mantida pelo antiporter
Sódio/Cálcio, para promover a contração à a
quantidade de cálcio dentro do miócito é o que
determina a força de contração cardíaca.

*Caso do jogador Serginho: coração com


hipertrofia de Ventrículo Esquerdo à estímulo tem
Fases do Potencial de Ação Cardíaco que percorrer um trajeto maior, mais demorado
para despolarizar/repolarizar (maior período
refratário) à taquicardia de reentrada (batimento
precoce dos átrios) à parada cardíaca que levou
ao óbito.

Cálcio X Insuficiência Cardíaca


Nessa patologia, é preciso aumentar a
força de contração do coração. Para isso, deve-se
aumentar a quantidade de Cálcio
intracelular, ou aumentando a entrada de cálcio,
ou aumentando o valor do cálcio residual.
• Para aumentar a entrada de Cálcio na
despolarização, o potencial de repouso
4. Célula está em Potencial de Repouso até a teria que ficar mais negativo (de -90 para -
1. chegada
Célula está emestímulo.
de um Potencial de Repouso até a 100, por exemplo), mas para isso teríamos
chegada de um estímulo.
5. Despolarização: após atingido o limiar, que diminuir a concentração de Potássio
2. ocorre
Despolarização:
abertura dosapós
canaisatingido
rápidos deo limiar,
Sódio no meio extracelular (aumentaria a
ocorre abertura dos canais rápidos
e canais lentos de Cálcio, que geram influxo de tendência do Potássio sair da célula por
Sódio,cátions,
desses que geram
levandogrande
a célulainfluxo desse
à +45mV. difusão, tornando a célula mais negativa),
cátion,da
6. Início levando a célula à +45mV.
Repolarização: não ocorre o que é muito perigoso.
3. repolarização
Início da Repolarização:
imediata na célula nãocardíaca.
ocorre • Assim, opta-se por modificar o Cálcio
repolarização
Ocorre uma imediata
rápidana célula
e cardíaca.
pequena residual, administrando DIGOXINA, a qual
Ocorre uma precoce
repolarização rápida devido
e pequena ao aumenta o cálcio intracelular. (o
repolarização precoce
fechamento dos canais de Sódio. devido ao mecanismo de ação da Digoxina já foi
fechamento
7. Platô: segue dos canais de
ocorrendo Sódio. de íons
entrada explicado no Módulo 1, item 8).
Cálcio pelos canais lentos, que mantêm a

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4) Condução do Potencial de Ação Os potenciais de ação ocorrem somente nos


Fibras Amielinizadas Nodos de Ranvier e são conduzidos de nodo a
A condução ocorre de forma contínua, por nodo à CONDUÇÃO SALTATÓRIA
fluxo de corrente. Determinado local é atingido • Vantagens:
pelo estímulo e sofre despolarização; então, as P Maior rapidez na transmissão do impulso
correntes locais vão abrindo canais de Sódio e P Economia energética à como a
despolarizando as áreas adjacentes até que toda a despolarização ocorre só em determinados
fibra esteja despolarizada. Não precisa, pontos do axônio, há menos troca iônica à
necessariamente, ser linear! bomba tem que trabalhar menos para
reestabelecer as concentrações de Na+ e
K+

5) Distúrbios Eletrolíticos
São variações patológicas das concentrações de
íons dentro e fora da célula, as quais podem gerar
diversos problemas ao funcionamento do
organismo.

Distúrbios envolvendo o íon Potássio


Hipercalemia
É o aumento da concentração sérica de Potássio
acima de 5,5 mEq/L (normal é 4).
Exemplo: Insuficiência Renal à Rins não excretam
corretamente o Potássio. Vejamos o que isso
provoca:
Ø A diferença entre as concentrações de
Potássio é o que determina o potencial de
repouso da célula, já que ele possui
tendência natural de sair do meio intra
para o extracelular, deixando a célula
Fibras Mielinizadas negativa (-90mV).
Os axônios são fibras mielinizadas, isso é, Ø Se há uma maior concentração de Potássio
possuem bainha de mielina, a qual é composta fora da célula, a tendência do Potássio de
por esfingomielina, um isolante elétrico, ou seja, sair por difusão diminui, provocando
impermeável a quase nenhum íon. aumento do potencial de repouso (vai de
Entre as porções mielinizadas, existem -90mV para -76mV).
pequenas porções não mielinizadas e permeáveis Ø Assim, o potencial de ação fica com menor
aos íons, os Nodos de Ranvier, e é através deles amplitude! Ao invés de ir de -90 para +45
que acontece a despolarização nessas fibras. (135mV de amplitude), vai de -76 para +45
(121mV de amplitude) à há menos
entrada de íon cálcio na célula cardíaca!
Ø Não haverá força suficiente para a
contração à parada cardíaca.

O quadro pode ser revertido por:


P Hemodiálise de urgência
P Injeção de Insulina: vai ativar a bomba e
promover entrada do Potássio em excesso

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na célula, normalizando seu nível 6) Sinapses Nervosas


plasmático. É a comunicação entre um neurônio e outros tipos
celulares, incluindo outros neurônios, a fim de
Hipocalemia transmitir impulsos nervosos. Pode ser de dois
É a diminuição da concentração sérica de Potássio tipos:
abaixo de 3,5 mEq/L.
Exemplo: Uso de Diuréticos à maior eliminação Sinapse Elétrica
de Potássio na urina.
Ø Se há uma menor concentração de
potássio no meio extracelular, aumenta a
sua tendência de sair da célula por difusão
Ø Potencial de repouso fica mais negativo (-
90 para -110mV) à torna-se mais difícil
provocar um potencial de ação, a célula se
torna menos excitável.
Ø Repolarização se torna mais lenta, já que
aumentou a amplitude do potencial de
ação. As sinapses elétricas são a transmissão do
Ø Provoca sintomas como fadiga e paralisia potencial elétrico de forma desordenada e
muscular, diminuição de reflexos, etc. bilateral em uma junção GAP à há comunicação
física entre os elementos pré e pós sinápticos,
O quadro pode ser revertido por: permitindo a continuidade do fluxo de corrente.
P Reposição de Potássio e Magnésio (a P São mais rápidas do que as sinapses
hipocalemia é secundária à hipomagnesia químicas.
à o uso de diuréticos aumenta a excreção P Exemplo: condução cardíaca, vias de
de Mg++, o que diminui a eficiência da reflexo
bomba! Assim, o potássio sairá da célula
por difusão e não conseguirá retornar pela Sinapse Química
bomba, gerando sua eliminação renal à
hipocalemia)

Distúrbios envolvendo o íon Sódio (provavelmente


não cairão na prova)
Hipernatremia
É o aumento da concentração sérica de Sódio
acima de 145 mEq/L.
Causa aumento da osmolaridade do plasma à
perda de água pelas células , desidratação celular
à irritabilidade, agitação, convulsão... As sinapses químicas ocorrem através de
mediadores químicos, os neurotransmissores.
Hiponatremia
É a diminuição da concentração sérica de Sódio Elemento Pré Fenda Elemento Pós
abaixo de 135 mEq/L. Sináptico Sináptica Sináptico
Diminui osmolariade do plasma à entrada de
água no interstício à edema generalizado, Contém e libera os Possui receptores para
neurotransmissores o neurotransmissor
inclusive edema cerebral.
Quantidades baixas de Sódio no plasma podem P Predominam no corpo humano
ser insuficientes para o desenvolvimento da P Ocorrem de forma ordenada e unilateral
despolarização!
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Georgia Avila – ATM 24 – Monitoria de Biofísica 1º Semestre

P Dependendo do receptor localizado no *Sinapse Química é altamente dependente de


elemento pós sináptico, podem ser: Cálcio à o bloqueio de canais de Cálcio torna-se
o Excitatórias: promovem a entrada uma forma importante de inibir as sinapses. Isso
de cátions na célula para pode ser realizado, por exemplo, com Magnésio
despolarizá-la. (antagonista do Cálcio).
o Inibitórias: promovem a abertura
de canais de entrada de cloreto ou Após sua liberação, os neurotransmissores:
abertura de canais de saída de P Ou são degradados na própria fenda
potássio para hiperpolarizar a sináptica, caso haja enzima que degrade;
célula (deixá-la negativa e menos P Ou são recaptados pelo neurônio pré-
excitável). sináptico para serem reutilizados ou
degradados
Liberação dos Neurotransmissores P Ou são fagocitados por células da glia
Os neurotransmissores são substâncias de alto (astrócitos) para serem digeridos
peso molecular, sendo assim impermeáveis à MP, P Exemplo: degradação da acetilcolina
necessitando sofrer exocitose para serem ocorre sempre na fenda sináptica, pela
liberados. Ficam armazenados nos botões enzima acetilcolinesterase (ACHE)
sinápticos (vesículas) do terminal sináptico.
1. Chegada do potencial de ação ao terminal O importante é que os neurotransmissores não
sináptico permaneçam na fenda, pois isso pode alterar a
2. Despolarização do terminal duração da sinapse. Isso também pode ser alvo de
3. Abertura de canais de Cálcio voltagem- fármacos, como os inibidores da ACHE.
dependentes
4. Cálcio promove ativação de algumas Tipos de Receptores
enzimas Ø Ionotrópicos: quando o neurotransmissor
5. Enzimas ativadas promovem ancoragem se liga no receptor, promove a imediata
das proteínas transportadoras dos botões abertura de canais iônicos, podendo ser:
sinápticos ao terminal do neurônio o Excitatório: atua nos canais
6. Exocitose dos neurotransmissores, que catiônicos (Na+, Ca+...) à
vão para a fenda sináptica para encontrar despolarização
o elemento pós-sináptico o Inibitório: atua nos canais de
7. Neurotransmissor se liga no receptor e cloreto (entrada) ou nos canais de
promove a abertura de canais de Sódio potássio (saída) à
8. Despolarização do elemento pós-sináptico hiperpolarização.
= novo potencial de ação = continuidade da
transmissão do estímulo Ø Metabotrópicos: neurotransmissores
ativam uma via de segundos mensageiros
(uma cascata de reações) que, ao final,
culminam com a abertura dos canais
iônicos ou com alterações na síntese
proteica da célula, por exemplo. Efeito
mais duradouro. Também podem ser
inibitórios ou excitatórios. (Exemplo:
receptores ligados à Proteína G)

Antagonista Agonista
Bloqueiam os Estimulam os
receptores, inibindo a receptores,
sinapse. reforçando a sinapse.
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7) Neurotransmissores Ø Miastenia Gravis: doença autoimune em


Acetilcolina que há degradação dos receptores
colinérgicos, o que causa paralisia gradual
Acetil-CoA + Colina = Acetilcolina ascendente. O tratamento é feito pela
inibição da ACHE (­ tempo da Ach na
Possui efeitos contrários no muscúlo fenda, ­ probabilidade de ela encontrar
esquelético e no músculo cardíaco, já que os um receptor viável).
receptores são diferentes. É degradada na fenda
sináptica pela enzima ACHE (Acetilcolinesterase), Toxina Botulínica: age dentro do terminal pré-
e a colina é recaptada pelo elemento pré-sináptico sináptico, impedindo que o Cálcio ative o sistema
para ser reutilizada. enzimático de ancoragem dos botões sinápticos
*A inibição da proteína que faz a recaptação de à não ocorre sinapse, não ocorre contração
Colina é uma forma de diminuir a produção de muscular = paralisia flácida. Quadros de Botulismo
Acetilcolina. são críticos pois podem levar à parada
respiratória.
Ação da Acetilcolina na Placa Motora/Junção
Neuromuscular – Músculo Esquelético Ação da Acetilcolina no Músculo Cardíaco

Neurotransmissor Abertura de canais


Neurotransmissor Receptor Entrada de Sódio com Receptor vazantes de K+ =
Acetilcolina Nicotínico efeito excitatório Acetilcolina Muscarínico inibição

A Acetilcolina tem efeito excitatório sobre os A Acetilcolina tem efeito inibitório sobre o
músculos esqueléticos, promovendo a sua músculo cardíaco, promovendo uma bradicardia.
contração.
• Receptor Nicotínico: ionotrópico, promove • Receptor Muscarínico: é metabotrópico, ligado
abertura de canais de Sódio. à Proteína G. Ativa uma cascata metabotrópica
Ø Antagonista Colinérgico: Curare à que culmina com a abertura de canais vazantes de
bloqueia o receptor, inibindo a contração K+, hiperpolarizando a célula e inibindo-a.
muscular e promovendo, assim, uma Ø Antagonista Muscarínico: Atropina à
paralisia flácida. É utilizado promove aumento da Frequência Cardíaca.
majoritariamente em procedimentos Antigamente era usado junto à Adrenalina
cirúrgicos, em associação a anestésicos para reverter paradas cardíacas.
gerais (mas NÃO É ANESTÉSICO!).
Liberação da Acetilcolina
Algumas correlações clínicas (importante) Ocorre mediante estímulo do seio carotídeo ou
Inibição da Acetilcolinesterase: faz com que a Ach do arco aórtico (barorreceptores), os quais
permaneça mais tempo na fenda, promovendo notificam o Nervo Vago acerca da necessidade
um estado contínuo de contração muscular. (ou não) de liberar a Acetilcolina.
Ø Gás Sarin / Organofosforados: inibem a
ACHE. Gera, então, a fadiga do diafragma Fisiologicamente, a Ach é liberada, por
por excesso de estímulo, provocando exemplo, após um exercício físico vigoroso, em
parada respiratória e, depois, parada que houve aumento da FC. Os barorreceptores
cardíaca. detectam esse aumento e notificam o N. Vago,
o A ação do Gás Sarin pode ser que promove liberação de Ach e diminuição da FC
revertida pela inibição pré- até a normalidade.
sináptica (administração de
Magnésio para bloquear o canal de Algumas correlações clínicas
Cálcio) ou pela inibição pós- Gás Sarin: no coração, levaria a uma bradicardia
sináptica (Antagonista Colinérgico). violenta. Mas, antes, ocorre a parada respiratória.
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Síncope Vaso-Vagal: caracterizada pela Glutamato


hipersensibilidade dos barorreceptores, causando Neurotransmissor excitatório prevalente
desmaios frequentes. no cérebro. Se liga à vários receptores, incluindo o
Barorreceptor ativado estimula o N. Vago à libera NMDA, o qual faz o controle do influxo de Cálcio
Ach à bradicardia súbita à desmaio. nas células.
Tem efeito tóxico quando liberado em
Manobra Vaso-Vagal: massagem das Carótidas excesso por permitir influxo exacerbado de Cálcio
para estimular o barorreceptor e aumentar a na célula, o que pode ativar sistemas enzimáticos
liberação de Ach à utiliza-se em casos de relacionados à apoptose, levando à perda
taquicardia em que se precisa estabilizar a FC. neuronal.

Dopamina **Cocaína e Mecanismo do Vício: essa droga


Pertence ao grupo das catecolaminas, impede a degradação da Dopamina pela MAO,
assim como a Adrenalina e Noradrenalina. É aumentando seu tempo de permanência na fenda.
sintetizada pela substância nigra do encéfalo. Isso causa estresse oxidativo por super-
Está relacionada ao controle motor, ao excitabilidade no neurônio pela liberação de
humor e ao sistema de recompensas (Sistema Glutamato pelo neurônio vizinho. A célula que foi
Límbico), provocando sensação de prazer à super-excitada morre pela infusão excessiva de
drogas viciantes aumentam a atividade da Ca++ induzida pelos neurônios glutamatérgicos.
dopamina. Para evitar a morte desses neurônios, ocorre um
processo de Down Regulation (diminui a
Via de Síntese das Catecolaminas quantidade de receptores para Dopamina) – isso
Fenilalanina à Tirosina à L-Dopa à Dopamina faz com que o indivíduo tenha que usar uma dose
à Noradrenalina à Adrenalina cada vez maior para ter o mesmo efeito de
recompensa à vício.
É degradada pela enzima MAO-B
(pertence ao grupo das MAO – Mono Amino Depois de um tempo de abstinência de cocaína
Oxidases, que degradam as catecolaminas). Essa essas sinapses são recuperadas, visto que a
enzima está presente no terminal pré-sináptico: a expressão dos receptores volta ao normal. Esse
dopamina será recaptada para ser degradada. processo é lento e normalmente se administra um
• Inibidores da MAO (I-MAO): inibem a antidepressivo que atue em outros receptores até
MAO-B, diminuindo a degradação da que as sinapses sejam reestabelecidas.
Dopamina e prolongando seu tempo de
permanência na fenda. É muito importante GABA
em casos nos quais há problema com os Neurotransmissor inibitório presente no
receptores dopaminérgicos, podendo ser cérebro cujo mecanismo de ação está relacionado
usado para tratar alguns casos de ao aumento da entrada de Cloro e da saída de
Depressão. Potássio nas células nervosas.
A vitamina B6 é importante na conversão
Mal de Parkinson do Glutamato em GABA (é cofator da enzima da
Caracterizado pela degeneração da via). Caso haja uma deficiência dessa vitamina,
substância nigra (perda da capacidade de secretar pode haver diminuição da síntese de GABA e
Dopamina), provocando sintomas como acúmulo de Glutamato, podendo provocar
oligodiscinesia, tremores, irritabilidade, etc. convulsões.
Essa patologia é tratada através da • Receptores do GABA: tem por finalidade
administração de L-Dopa (apolar, permeável à hiperpolarizar a célula.
Barreira Hematoencefálica), precursora da Ø GABA-A: receptor que, ao se ligar ao
Dopamina (polar, impermeável à BHE). neurotransmissor, permite abertura de
canais de entrada de Cloreto.
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Ø GABA-B: receptor que, ao se ligar ao Antidepressivos como a Fluoxetina inibem


neurotransmissor, permite abertura de a receptação da Serotonina, fazendo com que ela
canais de saída de Potássio. permaneça mais tempo na fenda, aumentando
sua atividade.
Agonistas Gabaérgicos
Potencializam seu efeito inibitório. 8) Receptores Sensoriais
Farmacologicamente, podem ser utilizados para A percepção de sinais dentro e fora do
parar uma convulsão (antiepiléticos), visto que nosso corpo é mediada por receptores sensoriais,
inibem o SNC. os quais detectam os variados estímulos e os
Exemplos: transmitem para o SNC.
Ø Álcool: se liga aos receptores GABA-A. Os receptores possuem sensibilidades
Inibe efeitos excitatórios do Glutamato e diferenciadas – isso é, cada um de seus tipos é
interage com as vias dopaminérgicas, específico para estímulos de diferentes naturezas.
incentivando o sistema de recompensa. Cada um desses estímulos será levado para áreas
Inibe áreas do cérebro como o Córtex Pré- específicas do cérebro, onde serão processados.
Frontal, que regula o comportamento. Dividem-se em:
Ø Barbitúricos (soníferos) P Mecanorreceptores: detectam
Ø Benzodiazepínicos (ansiolíticos) compressão mecânica; tato,
Cada uma dessas substâncias possui seus próprios barorreceptores que detectam pressão
receptores específicos e não precisam competir arterial, audição e equilíbrio.
entre si por sítios de ligação. Assim, seu uso
Mecanorreceptores da pele
concomitante é extremamente perigoso, pois a
inibição (hiperpolarização) é somatizada, podendo
levar ao coma e até à morte.

Convulsões de Abstinência
Quando o indivíduo apresenta consumo
crônico de álcool, de barbitúricos e de
benzodiazepínicos, que são agonistas do receptor
do GABA, possui uma ativação exacerbada desses
receptores. Em resposta a isso, o organismo ativa
o mecanismo de down-regulation (diminuição do
número de receptores), reduzindo a sensibilidade. P Termorreceptores: detectam variações de
Assim, quando há abstinência dessas temperatura; frio e calor.
substâncias, os níveis fisiológicos de GABA não P Nociceptores: receptores da dor,
serão suficientes para inibir os neurônios detectam danos químicos ou físicos no
adequadamente, já que a sensibilidade a esse tecido
neurotransmissor estará reduzida. Então, o P Receptores Eletromagnéticos: detectam a
neurônio não inibido acaba apresentando uma luz que incide na retina; visão, cones e
super-excitabilidade devido ao desequilíbrio entre bastonetes.
a ação do GABA (inibitório) e do Glutamato P Quimiorreceptores: são responsáveis pelo
(excitatório – sua ação predomina nesse cenário), olfato e pela gustação, além de detectarem
o que causa as convulsões. a concentração de gases e a osmolariadade
do nosso sangue.
Serotonina X Depressão
A Serotonina é um neurotransmissor Potencial Gerador
relacionado ao humor, ao libido e às emoções.
Está envolvido na fisiopatologia de algumas
É a despolarização da membrana do receptor.
doenças psiquiátricas como a depressão.
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Se a despolarização atingir o limiar local, Ø Receptores Fáscicos: receptores de


poderá estimular a fibra nervosa adjacente, adaptação rápida. Assim, só são
provocando uma cascata de Potenciais de Ação e estimulados quando há variação na força
transmitindo a informação ao SNC. do estímulo.
(Pensem no ato de colocar uma calça:
quando se coloca a calça, inicialmente a
pessoa sente que está de calça, pois a calça
está exercendo pressão na pele. Depois de
um tempo, não percebemos mais. Só
iremos sentir de novo ao tirar a calça,
quando a pressão será liberada e o
receptor voltará a responder).
• Mecanorreceptores do Tato
• Quimiorreceptores do Olfato
Os receptores podem ser excitados de (parcialmente)
diversas formas. Um exemplo é o Corpúsculo de
Pacini (mecanorreceptor tátil), que é excitado Dor
através da deformação causada pela mudança de É um estímulo aplicado nas terminações nervosas
pressão, a qual distende a membrana do receptor livres. Pode ser induzida diretamente
e abre canais de Sódio. (estimulação direta do nervo) ou indiretamente
Quanto maior a intensidade da força de (através de um processo inflamatório, por
estímulo no receptor, maior será o Potencial exemplo).
Gerador e, assim, maior será sua chance de atingir
o limiar e provocar um Potencial de Ação. Anestesia e Analgesia
• Anestésico Local: bloqueia canais de
Adaptação dos Receptores Sódio, impedindo a despolarização e a
Quando é aplicado um estímulo sensorial sensação de dor.
contínuo em um receptor, após responder por um • Anestésico Geral: pessoa perde a
certo tempo, ele se acomodará – isso é, a consciência devido à liberação excessiva
frequência de potenciais de ação diminuirá de GABA no SNC = coma induzido por
progressivamente até não haver mais resposta. excesso de hiperpolarização.
Porém, isso não ocorre da mesma forma • Analgésico: elimina a interpretação do
com todos os receptores: estímulo da dor sem que haja perda de
Ø Receptores Tônicos: são receptores de consciência.
adaptação lenta, os quais detectam o Morfina: age nos receptores
estímulos de intensidade contínua durante opioides, modulando a percepção
todo o tempo em que o estímulo estiver da dor. Induz a liberação de
sendo aplicado e transmitem essa dopamina.
informação ao SNC. **A morfina é um agonista opioide exógeno, mas
• Mecanorreceptores do aparelho o nosso corpo também produz algumas
vestibular (equilíbrio), da visão e da substâncias capazes de mascarar a dor: as
audição endorfinas e encefalinas (opioides endógenos).
• Barorreceptores das Artérias (nunca Elas também auxiliam na liberação de Dopamina.
podem parar de detectar a PA)
• Quimiorreceptores do seio carotídeo e ** A Heroína também é um opioide, mas seu uso
arco aórtico (precisam notificar SEMPRE o é mais relacionado à hiperativação das vias
SNC acerca das concentrações dos gases dopaminérgicas, proporcionando sensação de
no sangue e etc). prazer.
• Nociceptores (da dor)
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QUESTÕES DO MÓDULO 2 causados por animais aquáticos, os baiacus-lisos


Retiradas das provas disponibilizadas pelo Prof. da família Tetrodontidae são os mais consumidos.
Jarbas de Oliveira. A tetrodotoxina é encontrada nas vísceras
1. Uma pessoa sofre de anorexia e tem pouca (especialmente gônadas, fígado e baço) e na pele
ingesta de K+. Que consequências isso trará para a do peixe. A toxina age bloqueando o lócus
concentração extracelular de Potássio desse extracelular dos receptores de sódio voltagem
indivíduo e para o potencial de repouso de suas dependente. Qual a causa da morte?
células? Justifique.
5. Há dois tipos possíveis de miastenia gravis:
2. Sobre o período refratário, assinale V ou F. adquirida e congênita. A forma adquirida nada
a. ( ) durante o período refratário absoluto, mais é do que uma doença autoimune, em que os
nenhum estímulo será capaz de anticorpos atacam células e tecidos saudáveis do
desencadear outro potencial de ação organismo por engano, confundindo-os com
b. ( ) no período refratário relativo, um agentes invasores. Já a forma congênita acontece
estímulo de maior intensidade será capaz quando os anticorpos produzidos pela mãe
de desencadear um novo potencial de ação passam para o feto por meio da placenta. Se for do
c. ( ) o período refratário deve-se ao tempo tipo autoimune, a resposta imunológica se volta
em que os canais de potássio levam para contra os componentes da placa motora
voltar ao seu estado inicial, após um responsável pela transmissão do estímulo nervoso
período de inativação que faz o músculo se contrair. Baseado no
d. ( ) os canais vazantes de potássio se mecanismo estudado em aula, proponha um
fecham durante o período refratário do tratamento para o paciente com miastenia gravis.
potencial de ação, o que é responsável pela Explique o tratamento proposto (não pode ser
repolarização da membrana imunomoduladores).
e. ( ) o período refratário define a frequência
máxima de potenciais de ação que um 6. A convulsão é um período clínico anormal
neurônio pode gerar, uma vez que tem resultante de uma exacerbada descarga elétrica,
sempre o mesmo tempo definido para um repentina ou anormal no encéfalo. Esse termo é
mesmo neurônio usado para designar um sintoma; já epilepsia é um
termo que indica a recorrência de crises
3. A ouabaína é um fármaco que inibe a atividade convulsivas. As causas de convulsão são diversas,
da Bomba Na+/K+/ATPase. Qual o efeito dessa como: abstinência após a utilização excessiva de
droga sobre a atividade elétrica da célula? algumas substâncias (álcool, medicamentos para
dormir, tranquilizantes...). Qual seria o possível
4. O baiacu ou peixe-bola (pufferfish, boxfish) é um mecanismo para essas convulsões?
peixe ósseo de distribuição cosmopolita. No Japão,
por exemplo, o fugu, nome popular do peixe, é um 7. Explique o mecanismo do vício e associe com a
prato caro e preparado por cozinheiros treinados e utilização de ritalina pelos estudantes para
licenciados. Apesar dos cuidados na preparação, melhorar seu desempenho escolar.
envenenamentos fatais por fugu são comuns no
Japão, ocorrendo cerca de 50 mortes anualmente. 8. Porque o excesso de potássio extracelular pode
A ingesta de carne de baiacu pode ser acidental ou matar uma pessoa? Explique o mecanismo.
intencional (tentativa de suicídio). A intoxicação
por baiacus possui alta taxa de mortalidade. 9. A pele representa um importante órgão
Intoxicações por baiacus são mais comuns no sensorial, pois nela encontramos diversas células
Sudeste Asiático, Taiwan, China e Japão, mas sensoriais que são capazes de receber
também há relatos de casos nos EUA e na informações a respeito da dor e pressão (ex:
Austrália. No Brasil, onde existem poucos estudos Paccini). Diga quais desses dois receptores
clínicos sobre os envenenamentos e traumas
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sensoriais se acomodam e como funciona esse Health do Brasil, de julho de 2012 a julho de 2013
processo. foram comercializadas 2,75 trilhões de caixas com
metilfenidato. Especialistas afirmam que os
10. Como funcionam os anestésicos locais? números podem indicar a prescrição desnecessária
Explique o mecanismo para que a pessoa não sinta do medicamento. Na opinião de Ligia Sena, que
dor. tem pós-doutorado em Farmacologia, o
diagnóstico, muitas vezes, é baseado apenas em
11. Pacientes que usam diuréticos devem ser relatos de pais e educadores que consideram as
suplementados com sulfato de magnésio + crianças “agitadas”, “curiosas”, ou “que falam
potássio. Qual seria a explicação? Justifique demais”. “Hoje a gente está imerso em uma
sociedade altamente medicalizada em que os
12. O que ocorre com o potencial de ação caso seja problemas naturais do dia a dia são vistos como
administrada uma droga que impeça a abertura doença. Hoje a gente não diz ‘estou triste’, diz
dos canais de K+? Esboce um gráfico. ‘estou deprimido’. Não tem mais crianças
espontâneas, ativas, brincalhonas, tem crianças
13. A intoxicação pelo gás SARIN pode trazer que hiperativas”, defende. Segundo ela, o consumo de
tipo de complicação ao indivíduo? Justifique ritalina pode fazer com que as crianças fiquem
conforme o mecanismo sináptico. Faça um mais focadas no que estão fazendo, mas podem
desenho/esquema para explicar. desenvolver alguns efeitos colaterais, como
tremores, insônia e taquicardia. Explique esses
14. Se uma célula estiver em um período refratário efeitos colaterais.
relativo ela irá responder a um novo esímulo. Qual
a importância disso para o coração? Justifique 17. Pacientes com insuficiência renal podem
apresentar potássio extracelular elevado, o que
15. Crises convulsivas e epilepsia ocorrem em indicaria uma hemodiálise de urgência. Porque
crianças com mais frequência do que em qualquer essa situação é considerada muito crítica?
outra faixa etária. De forma similar às crises
convulsivas, as lesões nutricionais que acontecem Respostas
precocemente podem afetar profunda e
permanentemente a maturação do SNC. A
vitamina B6, também chamada de piridoxina,
desempenha funções no organismo como
proteger os neurônios e produzir
neurotransmissores. Como você trataria essas
crianças? Explique conforme o mecanismo
sináptico visto em aula.

16. Quando indicado corretamente, o


metilfenidato, conhecido pelo nome comercial de
Ritalina, ajuda a melhorar a concentração e o
poder de memorização, a curto prazo. A médio
prazo, facilita as funções executivas, como poder
de abstração, noção espaço-temporal, capacidade
de planejamento, organização e iniciativa.
Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa dos
Usuários de Medicamentos, de 2000 a 2008, a
venda de caixas de metilfenidato saltou de 71 mil
para 1.147.000, um aumento de e 1.615%. De
acordo com dados fornecidos pela consultoria IMS

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F – No período refratário, os canais vazantes de


potássio permanecem abertos, sendo
responsáveis pela repolarização da membrana.
V

3. A oubaína desativa a bomba e, assim, os íons


que antes estavam sendo mantidos em
concentrações contrárias ao gradiente vão se
equilibrar por difusão. Isso anula a diferença de
concentração de Potássio entre os meios intra e
extracelular, a qual é responsável por manter o
potencial de repouso. Assim, o potencial de
repouso vai se tornar menos negativo à célula se
torna mais excitável, porém a amplitude do
potencial de ação diminui, levando à perda de
força de contração cardíaca.

4. A toxina faz com que os canais de sódio não


sejam abertos, impedindo a realização do
potencial de ação e a transmissão nervosa.
Inicialmente o paciente apresenta fraqueza
muscular, e fadiga, mas depois o quadro evolui
para uma parada respiratória.

5. Pacientes com Miastenia Gravis podem ser


tratados com inibidores da ACHE, fazendo com
que a Acetilcolina fique mais tempo na fenda
sináptica, o que aumenta a probabilidade de ela
encontrar um receptor viável e provocar a
contração muscular.

6. As convulsões de abstinência acontecem


porque, quando a pessoa está fazendo uso crônico
GaBARITO Questões do Módulo 2 dessas substâncias, que são agonistas do GABA, o
1. A concentração plasmática de potássio desse organismo acaba ativando o mecanismo de down-
indivíduo se tornará baixa (Hipocalemia). Como regulation para evitar excesso de inibição nesse
esse íon tem tendência de sair da célula, essa indivíduo, diminuindo a sensibilidade ao GABA.
tendência ficará ainda maior, o que diminuirá o Quando a pessoa entra em abstinência, os níveis
potencial de repouso da célula, fazendo com que fisiológicos liberados de GABA não são suficientes
fique mais difícil excitá-la e provocar um potencial para sensibilizar a quantidade reduzida de
de ação. Quadro provoca sintomas como fadiga receptores, de modo que não conseguirá
muscular, prostração, etc. contrabalancear a ação excitatória do Glutamato,
que irá causar hiper-excitação e provocará
2. V convulsões.
V
F – Período refratário deve-se ao tempo que os 8. O excesso de potássio extracelular pode levar ao
canais de Potássio levam para voltar ao seu estado óbito pois nessa situação as concentrações intra e
inicial após um período de ativação à na extracelular se tornam mais próximas, diminuindo
repolarização, estão abertos e ativados. a saída de potássio da célula por difusão. Assim, o

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potencial de repouso aumenta (torna-se menos 13. O gás sarin inibe a Acetilcolinesterase, fazendo
negativo), diminuindo também a amplitude do com que a Acetilcolina fique mais tempo na fenda
potencial de ação. Nas células cardíacas, isso sináptica e com que haja estimulação crônica do
implica diminuição da entrada de Cálcio durante a diafragma, que entrará em fadiga e provocará
despolarização, diminuindo a força de contração parada respiratória.
do Coração e podendo levar à parada cardíaca.
14. A importância do Período Refratário Relativo
9. Dentre os receptores de pressão e da dor, o que no Coração é pela possível ocorrência de
se acomoda é o da pressão. Isso ocorre quando há taquicardia de reentrada. Quando o coração
aplicação de um estímulo contínuo. Após possui uma hipertrofia, o estímulo demora mais
responder por um tempo, o receptor vai para percorrer todo o sistema de condução, o que
gradativamente diminuindo a frequência de leva a um atraso. Assim, antes de que esse
potenciais de ação disparadas, parando de processo se conclua as partes iniciais do sistema
estimular o nervo. Só haverá resposta quando de condução já estarão em P.R Relativo e poderão
houver variação da intensidade do estímulo. ser estimuladas, causando o batimento precoce
dos átrios = taquicardia de reentrada.
10. A abertura de canais de sódio é muito
importante para que sintamos dor, afinal, a dor 15. Crianças que procuram atendimento com
não passa de uma despolarização das terminações quadros de epilepsia devem ser tratadas com
nervosas livres. Assim, os anestésicos locais atuam substâncias inibidoras do SNC (agonistas
bloqueando os canais de Sódio, impedindo a gabaérgicos). Porém, deve-se investigar se a causa
despolarização e, por conseguinte, a sensação de dessas convulsões não está relacionada à
dor. deficiência de Vitamina B6 (a qual está relacionada
à síntese do GABA, já que é cofator da enzima
11. A explicação para isso é que o uso de diuréticos GAD, que converte Glutamato à GABA) e, se sim,
acarreta maior eliminação do íon Magnésio, o que deverá ser suplementada.
acaba prejudicando o funcionamento da bomba
Na+/K+ ATPase. Assim, o Potássio sai da célula 17. Resposta na questão 9.
pelos canais vazantes e não consegue retornar
pela bomba, o que fará com que esse íon seja As questões 7 e 16, relacionadas ao Uso da
eliminado pelos Rins, causando uma hipocalemia Ritalina, deverão ser respondidas com base no
à necessário suplementar tanto o Mg quanto o artigo discutido em aula.
K+.
Bibliografias
12. Com drogas bloqueadoras dos canais de K+, o HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton &
potencial de ação tem duração aumentada, Hall Tratado de Fisiologia Médica. 13. ed. Rio de
aumentando o período refratário e aumentando o Janeiro: Elsevier, 2017 – Capítulo 4: O Transporte
tempo de contração. de Substâncias através das Membranas Celulares.

RODRIGUES DE OLIVEIRA, Jarbas; H. WACHTER,


Paulo; ... – Biofísica : para ciências biomédicas - 4.
ed., 1ª reimp. – Porto Alegre : EDIPUCRS, 2016.

Uso de Digoxina na Insuficiência Cardíaca Crônica


com Disfunção Sistólica do Ventrículo Esquerdo –
Diretrizes Clínicas do Complexo Hospitalar
Universitário Professor Edgard Santos

Anotações Pessoais de Aula – Georgia Avila

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