Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SP 3.5 – “Diabesidade”
Tipo 1A
O diagnóstico do tipo 1A pode ser confirmado pela identificação de certos anticorpos no sangue do indivíduo.
Esse subtipo é o mais encontrado e pode ser desencadeado por fatores ambientais, além dos genéticos. Assim,
observa-se que existem alguns marcadores já conhecidos, por exemplo, o anticorpo anti-ilhota (ICA), o
autoanticorpo anti-insulina (IAA), o anticorpo descarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD65), o anticorpo
antitransportador de zinco (Znt8) e o anticorpo antitirosina-fosfatase IA-2 e IA-2B, os quais são encontrados já
no estágio pré-diabético, precedendo a hiperglicemia durante um longo período.
Tipo 1B
DM1B ou idiopático, é atribuída aos casos de DM1 nos quais os autoanticorpos não são detectáveis na
circulação. O diagnóstico apresenta limitações e pode ser confundido com outras formas de DM diante da
negatividade dos autoanticorpos circulantes, de modo concomitante com a necessidade precoce de
insulinoterapia plena. As recomendações terapêuticas são as mesmas do DM tipo 1A e não há evidências de
riscos distintos para as complicações crônicas entre os subtipos.
O fígado é responsável por produzir mais ou menos 90% de glicose no estado do jejum, e 2/3 vão ser utilizados
por tecidos não dependentes da insulina, destacando o sistema nervoso central. Os tecidos dependentes da
insulina, a musculatura esquelética e o fígado irão utilizar o restante do terço. Acontece a liberação da insulina
pelas células beta do pâncreas.
Exemplo de tecidos insulinodepentes: tecido muscular, adiposo, diafragma, aorta, hipófise anterior, glândulas
mamárias e lente dos olhos.
Os transportadores de glicose (GLUT) 1 e 3 são considerados responsáveis pelo transporte de glicose até o
cérebro. Como o transporte mínimo de glicose deverá mantido ao órgão, os seus transportadores de glicose são
independentes de insulina. O GLUT1 é expresso nas células endoteliais, o que é responsável pelo transporte de
glicose através da barreira hemato-encefálica. Já o transportador GLUT3 proporciona o transporte da glicose do
astrócito ao neurônio.
Expressão de GLUT1 relaciona-se com o crescimento do cérebro, sendo este transportador mais abundante na
infância e fase de desenvolvimento, já o GLUT3 está associado à maturação funcional, quanto mais maduro e
evoluído maior a expressão deste transportador.
Os GLUT4 são os transportadores insulina-dependente, mais abundante nas membranas celulares do
músculo esquelético, cardíaco e tecido adiposo.
No fígado
A insulina inibe glicogenólise e gliconeogênese e estimula síntese de glicogênio, na musculatura esquelética
estimula a: captação de glicose e síntese de glicogênio, no tecido adiposo estimula a captação de glicose e
redução da liberação de ácidos graxos e síntese de triglicerídeos. Também estimula a entrada de aminoácidos
nas células para promover a síntese proteica. O transportador possui a menor cinética da família dos GLUT, mas
grande afinidade.
Músculo Esquelético
O GLUT4 é o principal transportador de glicose presente no músculo esquelético, e é encontrado e armazenado
no meio intracelular. A contração desse músculo juntamente com o aumento das taxas de insulina no sangue
estimula a ação do GLUT4 e a captação de glicose, através de diversas cascatas de sinalização. Isso ocorre,
porque a contração muscular e o esforço físico provocam uma formação da adenosina monofosfato (AMP), que
vai interferir no processo e favorece um aumento na taxa de transcrição do GLUT4 e, com isso, uma maior
translocação do mesmo.
As vesículas transportadoras de GLUT4 podem ser divididas em dois grupos: as vesículas que são
receptores positivos para transferrina (transportadora de ferro) e fazem parte de compartimentos endossomais, e
as vesículas que são receptores negativos para transferrina e não são endossomais, provavelmente fazendo parte
de um compartimento específico do GLUT4. O uso de cada tipo de vesícula requer um estímulo específico. A
vesícula positiva para transferrina vai ser utilizada mediante contrações musculares, ao passo que a vesícula
negativa é ativada pela presença de insulina em grandes concentrações e pelo exercício físico.
Músculo Cardíaco
O transportador GLUT4 está presente no músculo cardíaco, no meio intracelular (assim como no músculo
esquelético e adipócitos), e sua ação é estimulada pela combinação de exercícios físicos e presença de insulina
no sangue. O estado de jejum também pode ser favorável a ação do GLUT4, já que quando o metabolismo se
encontra nessas condições, o outro transportador encontrado no músculo cardíaco (GLUT1) estará em baixa
concentração, e o GLUT4 permanece em concentrações normais. O GLUT4 é constantemente translocado entre
o meio intracelular e a membrana plasmática, para facilitar a difusão de glicose para o meio intracelular (ou para
fazer exocitose).
Tecido Adiposo
O tecido adiposo é responsável por regular a homeostase da glicose e a massa gorda corporal, e é capaz de se
relacionar com diversos tecidos e órgãos. Em adipócitos com problemas funcionais, pode haver uma expressão
desregulada de GLUT4 e um aumento na captação de glicose, o que favorece o acúmulo de gordura no
organismo e pode levar o indivíduo a um quadro de obesidade. Já em células com redução da expressão do
GLUT4, a captação de glicose pelo adipócito é reduzida, mas o armazenamento de gordura continua ocorrendo
normalmente.
Hiperglicemia
Hiperglicemia é um termo médico que significa glicose alta no sangue. Uma glicose em jejum acima de 100
mg/dL já é considerada alta para pacientes sem diabetes. Ela é o resultado da ausência ou redução da produção
de insulina pelo organismo ou da utilização inadequada da insulina pelas células do corpo. É importante lembrar
que os níveis glicêmicos também podem estar alterados em situações de estresse associado a doenças, como
infecções ou inflamações e ainda a problemas emocionais.
A síndrome hiperglicêmica hiperosmolar não-cetótica também é uma complicação aguda e é caracterizada por
um estado de hiperglicemia grave (superior a 600 mg/dl a 800 mg/dL) acompanhada de desidratação e alteração
do estado mental. Dentre as complicações associadas à hiperglicemia crônica, estão a retinopatia, neuropatia,
nefropatia, cardiopatia e o pé diabético.
Ocorre mais comumente em pacientes com diabetes tipo 1, mas também acontece em pacientes com diabetes
tipo 2. É uma emergência médica, e acontece quando os níveis de açúcar (glicose) no sangue do paciente
diabético encontram-se muito altos e estão acompanhados do aumento da quantidade de cetonas no sangue
também. O primeiro passo para que uma pessoa com diabetes entre em cetoacidose é a falta de insulina em seu
organismo. A insulina é responsável por fazer com que a glicose que está na corrente sanguínea entre nas células
do nosso corpo e gere energia.
Quando há falta de insulina, duas situações simultâneas ocorrem: o nível de açúcar no sangue vai aumentando e
as células sofrem com a falta de energia. Para evitar que as células parem de funcionar, o organismo passa a usar
os estoques de gordura para gerar energia. Só que nesse processo em que o corpo usa a gordura como energia,
formam-se as cetonas.
As cetonas são substâncias ácidas que vão desequilibrar o Ph do sangue, ou seja, vão causar um desequilíbrio na
composição sanguínea, que se não for tratado pode levar até ao coma e à morte. Como os pacientes diabéticos
tipo 1 não produzem insulina, a cetoacidose é uma complicação mais comum nestes pacientes. Mas nos
pacientes com diabetes tipo 2 ela também pode ser vista, principalmente durante uma infecção ou quando os
pacientes não aplicam corretamente as doses de insulina, infelizmente.
Para prevenir a cetoacidose diabética, alguns cuidados são importantes:
→ Aplicação correta das injeções de insulina
→ Realização das medidas da glicemia capilar com o glicosímetro
→ Acompanhamento médico regular
→ Controle alimentar para evitar alimentos com alto teor de açúcar e que podem levar à cetoacidose
Retinopatia diabética
A retinopatia diabética é a causa mais comum de cegueira em adultos nos EUA. Caracteriza-se, inicialmente,
por microaneurismas nos capilares da retina (retinopatia de fundo) e, mais tarde, por neovascularização
(retinopatia proliferativa) e edema macular. Não há sinais ou sintomas iniciais, mas eventualmente se
desenvolvem turvação focal, descolamento de retina e vítreo e perda parcial ou total da visão; a velocidade de
progressão é altamente variável.
Nefropatia diabética
A nefropatia diabética é a principal causa de doença renal crônica nos EUA. Caracteriza-se por espessamento da
membrana basal glomerular, expansão mesangial e esclerose glomerular. Essas alterações causam hipertensão
glomerular e declínio progressivo da taxa de filtração glomerular. Hipertensão sistêmica pode acelerar a
progressão. A doença é habitualmente assintomática até que se desenvolve síndrome nefrótica ou insuficiência
renal.
Neuropatia diabética
A nefropatia diabética é um dos problemas com maior destaque no Diabetes Mellitus. Seu processo é de longa
duração e possui caráter progressivo, podendo evoluir para a insuficiência renal terminal. A nefropatia diabética
é dividida em 3 fases: a fase de hiperfiltração, a de microalbuminúria e a de macroalbuminúria.
A primeira fase caracteriza-se pelo aumento da taxa de filtração glomerular, sendo uma fase longa e possível
reversão tendo o foco o controle glicêmico e da pressão arterial. Na segunda fase, há a presença de
microalbuminúria, podendo existir algum grau de comprometimento renal, porém não é obrigatório. Aqui
começam a aparecer as primeiras lesões histológicas. Na macroalbuminúria, conhecida como terceira fase,
possuindo albuminúria maior que 300mg, lesões histológicas graves, tendo um surgimento de fibrose
periglomerular. As lesões nessa fase são irreversíveis e as medidas terapêuticas visam apenas à desaceleração do
processo de progressão. O órgão pode reduzir sua função lentamente, porém, de forma progressiva, até a
paralisação total.
Pé diabético
Pé diabético é uma complicação do diabetes caracterizada por alterações nos membros inferiores em diabéticos
descompensados. Na maioria das vezes ocorre a formação de úlceras que podem ter várias causas, dentre elas
neuropática, vascular e infecciosa. A polineuropatia diabética (PND) acomete 50% dos diabéticos. Nos estágios
mais avançados a polineuropatia leva a insensibilidade e deformações. O pé diabético é a causa de 85% das
amputações de membros inferiores do Sistema público de saúde.
O quadro clínico difere de acordo com a origem das complicações. No caso de complicação neuropática, ocorre
queimação, alteração de sensibilidade e formigamento. Na complicação vascular há redução do fluxo sanguíneo,
o pé fica pálido, com pulso reduzido e a pele fina. Em complicações de cunho infeccioso, os sintomas incluem
dor, edema e hipersensibilidade.
2- Durante o jejum aumenta a atividade lipolítica (hidrólise dos triacilgliceróis em glicerol e ácidos gordos) no
tecido adiposo e a maioria dos órgãos (nomeadamente os músculos e o fígado) usa os ácidos gordos como
combustível preferencial. Contudo, os eritrócitos e, em grande medida, os neurónios dependem do catabolismo
da glicose para a síntese de ATP. Embora a glicogenólise hepática (formação de glicose a partir do glicogénio
armazenado no fígado) seja, durante as primeiras horas de jejum, pelo menos tão importante como a
gliconeogênese no processo de produção da glicose que é vertido no sangue, à medida que o tempo de jejum
aumenta a gliconeogênese vai sendo cada vez mais importante. Após 12-15 horas de jejum cerca de metade da
glicose produzida pelo fígado provém da gliconeogênese e a outra metade da glicogenólise.
3- Quer na glicogenólise quer na gliconeogênese forma-se glicose-6-fosfato e a formação de glicose só pode
ocorrer por hidrólise deste composto. Porque a enzima responsável por este processo (glicose-6-fosfátase1)
existe no fígado, no rim e no intestino delgado (enterócitos) são estes os órgãos responsáveis pela manutenção
de níveis de glicemia compatíveis com a atividade dos neurônios e dos eritrócitos durante o jejum. O fígado
tem, neste contexto, um papel mais importante que o rim e muito mais importante que o intestino. O GLUT 2 é
o transportador (uniporter) para a glicose que está presente na membrana citoplasmática destes órgãos: quando a
concentração de glicose é maior no citoplasma que no plasma sanguíneo a glicose sai das células e o contrário
acontece na condição inversa.
Os eritrócitos e os músculos produzem continuamente lactato. No caso dos músculos esta produção aumenta
marcadamente aquando do exercício físico: os músculos dependem da glicólise anaeróbia para realizarem
esforços que consomem ATP a uma velocidade maior que a velocidade de formação de ATP na fosforilação
oxidativa. O lactato vertido no sangue pode, no fígado e no rim, ser convertido em glicose e por isso se diz que o
lactato é um composto glicogênico.
A esmagadora maioria dos aminoácidos (as excepções são a lisina e a leucina) também são substratos da
gliconeogênese. Em jejum aumenta a hidrólise das proteínas endógenas e o esqueleto carbonado da maioria dos
aminoácidos libertados no processo hidrolítico pode gerar glicose no fígado. Neste contexto a alanina é
particularmente importante e, por razões didáticas, destacaremos também o papel do glutamato.
A hidrólise dos triacilgliceróis endógenos está aumentada no jejum e gera glicerol e ácidos gordos. O glicerol é,
como primeiro passo da sua transformação em glicose, fosforilado no fígado. Os ácidos gordos de cadeia par (os
mais abundantes) não são substratos da gliconeogénese mas tem um importante papel no processo. A sua
oxidação leva à formação de acetil-CoA e ATP. (i) A acetil-CoA, cuja concentração aumenta no fígado em
situações de jejum [3], é, simultaneamente, um ativador alostérico da carboxilase do piruvato (gliconeogênese;
ver equação 5) e, via ativação da cínase da desidrogenase do piruvato, um inibidor da oxidação do piruvato e,
consequentemente, da oxidação da glicose. O ATP gerado no catabolismo dos ácidos gordos fornece a energia
necessária para a gliconeogênese e para as outras atividades do hepatócito.
6.1 Consequências
Psicológicos
A Síndrome Metabólica (SM) é um conjunto de fatores de risco para doenças cardiovasculares relacionados a
um estilo de vida não saudável. Alguns estudos apontam a presença de complicações psicológicas como
depressão, ansiedade e estresse nestes pacientes.
O estresse, por sua vez, pode ser definido como uma reação normal do organismo com componentes
psicológicos, físicos, mentais e hormonais, reação esta por vezes necessária para manter a sobrevivência do
mesmo (Lipp, 2000). Momentos estressantes, persistentes podem conduzir a alterações no sistema nervoso
simpático e ao aumento na produção de cortisol, estando associados a um maior risco de SM (Raikkonen,
Matthews & Kuller, 2007; Rosmond, 2005). Considerando a relação entre aspectos emocionais, como o grau de
estresse emocional, e as doenças cardiovasculares, torna-se importante que os mesmos sejam avaliados,
acompanhados e tratados a partir de intervenções multiprofissionais que conduzam a uma redução significativa
dos fatores de risco (Scherr et al., 2010).
A fim de prevenir e/ou tratar tanto os sintomas psicológicos quanto os aspectos físicos associados à SM, a
mudança de estilo de vida configura-se como a principal intervenção não medicamentosa. Essa mudança inclui
alterações no padrão alimentar, adoção da prática regular de exercício físico, além do cuidado com o uso de
tabaco e álcool e a redução do estresse. (Pitsavos, Panagiotakos, Weinem & Stefanadis, 2006; Sociedade
Brasileira de Cardiologia, 2005).
Diante de uma doença de características crônicas, faz-se necessário que a família sofre um processo de
ajustamento em seu contexto, são adequações que irão englobar os interesses sociais nas práticas cotidianas que
estão relacionadas com a qualidade de vida desejada para o diabético5 . Portanto, a família negocia a sua
atenção no cuidado com o indivíduo diabético, como também com outros papéis e obrigações de divulgar as
informações sobre a doença mantendo meios que facilitam as relações sociais apesar das exigências que a
doença impõe . A família tem uma grande função no apoio emocional, mental, afetivo e no suporte físico de
cada familiar adoecido, formando uma rede de apoio no qual cuida e são cuidados. Sendo visualizada como um
núcleo de acolhimento, cuidado e atenção a esses portadores.
Para que esse processo ocorra é preciso considerar as experiências do portador e seus familiares a respeito do
conhecimento da DM. Os indivíduos portadores da diabetes deixam claro que são indivíduos completos, na sua
própria visão global 5 . Alguns autores dizem que conviver com a doença e suas demandas, com perspectiva de
atingir o controle reflete em tarefas que exercem influências sobre a pessoa e seus familiares, designados a se
adequarem à nova realidade, com o intuito de gerenciar cuidados relacionados à doença.
A família ao participar efetivamente do enfrentamento de uma doença crônica, através de estímulos emocionais
e comportamentais, auxilia no desbloqueio e reduz a resistência em relação à doença, dando ao paciente a
interpretação real dessa vivência. Este suporte familiar permite a compreensão das mudanças relacionadas de
hábitos, a fim de facilitar a adesão ao tratamento, recuperação e melhora na qualidade de vida. Desse modo, a
família e o portador devem se inserir em propostas educativas sobre a DM, a fim de observar as orientações
alimentares, levando em consideração os aspectos econômicos, culturais e sociais, que atendam às necessidades
acerca da qualidade e quantidade dos alimentos. Quanto maior o apoio da família e a sua participação no
tratamento do paciente, mais rápido será a aceitação da doença.
8.1 Hiperdia
O Programa Hiperdia tem por objetivo cadastrar e acompanhar todos os pacientes hipertensos e diabéticos a fim
de que através do cuidado especial consigamos fazer um controle das doenças e garantir uma melhor qualidade
de vida aos pacientes. Quando o paciente é atendido nas Unidades de Saúde do município ou no Pronto Socorro
da Santa Casa e é identificado o problema, os mesmos são encaminhados para o Hiperdia.
Os pacientes são cadastrados no Programa e passam a ser acompanhados pela equipe multidisciplinar de acordo
com a necessidade individual de cada um. A linha de cuidado do Programa conta com os seguintes
atendimentos:
• Atendimento médico Atendimento de enfermagem;
• Assistência Fisioterápica Assistência Odontológica;
• Acompanhamento Nutricional Avaliação Oftalmológica;
• Atividade Física Assistência Farmacêutica;