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APG 04 - Homeostase e os seus

mecanismos de regulação
1. Explicar a homeostase e como os fatores internos e externos influenciam ela.

2. Explicar os mecanismos de compensação com a manutenção da homeostase.

Homeostasia
Um meio interno relativamente estável. - Claude Bernard 1800

Fatores ambientais que afetam as células (osmolaridade, temperatura e pH) e


“substâncias para as necessidades celulares” (nutrientes, água, sódio, cálcio, outros
íons inorgânicos, oxigênio, bem como “secreções internas com efeitos gerais e
contínuos”). As “secreções internas” de Cannon são os hormônios e outras
substâncias químicas.

O meio interno é mantido dentro de uma faixa ou intervalo de valores, e não em um


valor exato ou fixo.

homeostasia

homeo - (significando parecido ou similar)


stase - nessa situação indica uma condição, e não um estado estático

O corpo monitora seu estado interno e toma medidas para corrigir perturbações que
ameacem a sua função normal.
Se o corpo não consegue manter a homeostasia das variáveis críticas listadas por
Walter Cannon, então a função normal é interrompida e um estado de doença, ou
condição patológica, pode desenvolver-se.

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As doenças são caracterizadas em dois grupos gerais de acordo com sua origem:
aquelas em que o problema surge a partir de uma insuficiência interna ou falha de
algum processo fisiológico normal, e aquelas que se originam de alguma fonte
externa.

Desde que todas as condições controladas do corpo permaneçam dentro de certos


limites estreitos, as células do corpo funcionam eficientemente, a homeostasia é
mantida e o corpo permanece saudável. Se um ou mais componentes do corpo
perder sua capacidade de contribuir para a homeostasia, o equilíbrio normal entre
todos os processos corporais pode ser perturbado. Se o equilíbrio homeostático for
moderado, pode ocorrer um distúrbio ou uma doença; se for grave, pode ocorrer
morte.

Um distúrbio é qualquer anomalia de estrutura ou função. Já doença é um termo


mais específico para uma enfermidade caracterizada por um conjunto reconhecível
de sinais e sintomas.

Quando a homeostasia é perturbada, o corpo tenta ativar um mecanismo


compensatório.

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O meio intracelular (LIC) e o extracelular (LEC)
O líquido extracelular (LEC) funciona como um meio de transição entre o ambiente
externo de um organismo e o líquido intracelular (LIC), encontrado no interior das
células. Como o líquido extracelular é uma zona de tamponamento entre as células
e o mundo externo, os processos fisiológicos elaborados evoluíram para manter a
composição do LEC relativamente estável.

Quando a composição do líquido extracelular varia além do seu intervalo normal de


valores, são ativados mecanismos compensatórios para tentar fazer o líquido

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retornar ao estado normal.

O homeostasia depende do balanço de massa


O corpo humano é um sistema aberto que troca calor e matéria com o ambiente
externo. Para manter a homeostasia, o corpo deve manter o balanço de massa. A
lei do balanço de massa diz que se a quantidade de uma substância no corpo deve
permanecer constante, qualquer ganho deve ser compensado por uma perda igual.

Em geral, a água e os nutrientes entram no corpo pela ingestão de comida e de


bebida que são absorvidas pelo intestino. O oxigênio e outros gases e as moléculas
voláteis ingressam via pulmões. Algumas poucas substâncias químicas
lipossolúveis ingressam no meio interno atravessando a barreira formada pela pele.

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Homeostasia não significa equilíbrio
Em um estado de homeostasia, a composição de ambos os compartimentos do
corpo é relativamente estável. Essa condição é um estado de estabilidade dinâmica.
O termo dinâmico indica que as substâncias estão constantemente se movendo de
um lado para outro entre os dois compartimentos. Em um estado de estabilidade
não há movimento efetivo (líquido) de substâncias entre os compartimentos.

Entretanto, estado de estabilidade não é o mesmo que equilíbrio. Equilíbrio implica


que a composição dos comparti- mentos corporais seja idêntica. Se examinarmos a
composição do LEC e do LIC, veremos que as concentrações de muitas
substâncias são diferentes nos dois compartimentos.

o LEC e o LIC encontram-se em um estado de desequilíbrio relativamente estável.


Para os seres vivos, o objetivo da homeostasia é manter um estado de estabilidade
dinâmica entre os compartimentos do corpo, e não tornar os compartimentos iguais.

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SISTEMAS DE CONTROLE E
HOMEOSTASIA

Para manter a homeostasia, o corpo humano monitora certas funções-chave, as


quais devem permanecer dentro de um intervalo de operação específico se o corpo
deseja se manter saudável.

Essas importantes variáveis reguladas são mantidas dentro de seu intervalo


aceitável (normal) por mecanismos de controle fisiológico ativados se a variável se
distanciar muito do seu ponto de ajuste, ou valor ótimo.

Na forma mais simples, todos os sistemas de controle possuem três


componentes

FEEDBACK
Um sistema de retroalimentação ou alça de retroalimentação é um ciclo de eventos
em que o estado de uma condição corporal é monitorado, avaliado, alterado,
remonitorado, reavaliado e daí por diante. Cada variável monitorada, como a
temperatura corporal, a pressão arterial ou o nível de glicose sanguínea é chamada
condição controlada. Qualquer perturbação que modifique uma condição controlada
é chamada de estímulo. Um sistema de retroalimentação inclui três componentes
básicos: um receptor, um centro de controle e um efetor.

1. Um receptor - monitora modificações em uma condição controlada e envia


informações (influxo) para um centro de controle. Essa via é chamada via
aferente, uma vez que o influxo flui para o centro de controle. Tipicamente, o
influxo ocorre na forma de impulsos nervosos ou sinais químicos.

2. Um centro de controle no corpo, por exemplo, o encéfalo - estabelece a faixa


de valores em que uma condição controlada deve ser mantida (setpoint, ponto
de ajuste), avalia o influxo que recebe a partir dos receptores e gera comandos
de saída quando eles são necessários. A saída do centro de controle
tipicamente ocorre como impulsos nervosos, hormônios ou outros sinais
químicos. Essa via é chamada via eferente.

3. Um efetor - é uma estrutura corporal que recebe efluxos do centro de controle e


provoca uma resposta ou um efeito que modifica a condição controlada.

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Praticamente todos os órgãos ou tecidos do corpo podem se comportar como
efetores.

Em um sistema de retroalimentação, a resposta do sistema “alimenta


retroativamente” com informações que modificam uma condição controlada de
algum modo, seja diminuindo-a (retroalimentação negativa) ou aumentando-a
(retroalimentação positiva).

1. um sinal de entrada;

2. um controlador, ou centro integrador, que integra a informação aferente e inicia


uma resposta apropriada;

3. um sinal de saída que produz uma resposta.

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Os sistemas de controle reflexo de longa distância são mais complexos do que esse
modelo simples. Entretanto, eles podem processar informação de múltiplas fontes e
possuir uma saída que atua sobre múltiplos alvos.

O controle local está restrito a um tecido


Uma célula próxima ou um grupo de células detecta a mudança em suas
imediações e responde, normalmente com a liberação de alguma substância
química. A resposta fica restrita à região onde a mudança ocorreu – por isso o
termo controle local.

Um exemplo de controle local pode ser observado quando a concentração de


oxigênio em um tecido diminui. → mensageiro químico para a parede do vaso
relaxar → O relaxamento da musculatura aumenta o diâmetro (dilata) do vaso,
aumentando o fluxo sanguíneo para o tecido e, consequentemente, levando mais
oxigênio àquela área.

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O controle reflexo utiliza sinalização de longa
distância

As alterações que se distribuem por todo o corpo, isto é, de natureza sistêmica,


necessitam de sistemas de controle mais complexos para a manutenção da

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homeostasia.

O termo controle reflexo será utilizado para se referir a qualquer via de longa
distância que utilize o sistema nervoso, o sistema endócrino ou ambos.

Um reflexo fisiológico pode ser dividido em duas partes: uma alça de resposta
e uma alça de retroalimentação.

O aquecedor e o ar-condicionado têm controle antagônico sobre a temperatura da


casa, pois trabalham em direções opostas. Situações similares ocorrem no corpo
humano quando duas divisões do sistema nervoso ou dois hormônios distintos têm
efeitos opostos sobre um único alvo.

O que impede o aquecedor de levar a temperatura da água para valores


extremamente elevados, digamos, 50°C?

A solução é uma alça de retroalimentação, na qual a resposta “retroalimenta” o


sistema, influenciando a entrada da via reflexa.

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As alças de retroalimentação negativa são homeostáticas

Na maioria dos reflexos, as alças de retroalimentação são homeostáticas – isto é,


são programadas para manter o sistema no ponto de ajuste ou próximo dele,
fazendo a variável manter-se relativamente estável. O quão bem um centro
integrador consegue manter a estabilidade depende da sensibilidade do
sistema.

O resultado final é uma variável regulada que oscila ao redor do ponto de ajuste.

Nos sistemas fisiológicos, alguns sensores são mais sensíveis do que outros. Por
exemplo, os sensores que disparam os reflexos para conservação de água são
ativados quando a concentração do sangue aumenta apenas 3% acima do normal,
mas os sensores para baixos níveis de oxigênio no sangue não respondem até que
o nível de oxigênio tenha diminuído 40%.

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Uma via em que a resposta se opõe ou remove o sinal é conhecida como
retroalimentação negativa. As alças de retroalimentação negativa estabilizam a
variável regulada e, assim, auxiliam o sistema na manutenção da homeostasia.

As alças de retroalimentação positiva não são homeostáticas

Em uma alça de retroalimentação positiva, a resposta reforça o estímulo, em vez de


reduzi-lo ou removê-lo.

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A resposta leva a variável regulada para valores ainda mais afastados do valor
normal. Isso dá início a um ciclo vicioso de aumento contínuo da resposta, deixando
o sistema temporariamente fora de controle. Como a retroalimentação positiva
intensifica a resposta, esse tipo de retroalimentação necessita de alguma
intervenção ou evento externo à alça para que a resposta seja interrompida.

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O controle antecipatório permite que o corpo se
antecipe a uma mudança

As alças de retroalimentação negativa podem estabilizar uma função e mantê-la


dentro de uma faixa normal, mas são incapazes de impedir que a mudança que
desencadeou o reflexo seja produzida. Entretanto, alguns reflexos se
desenvolveram para permitir que o corpo possa prever que uma mudança está
prestes a acontecer, é controle antecipatório.
Ex. reflexo da salivação.

Cada variável regulada possui um intervalo normal dentro do qual a variável pode
oscilar sem ativar um mecanismo de correção. Nos sistemas fisiológicos, os pontos
de ajuste de diversas variáveis reguladas são diferentes de pessoa para pessoa.

Os fatores que influenciam os pontos de ajuste de um sujeito para uma determinada


variável incluem os ritmos biológicos normais, hereditariedade e as condições às
quais a pessoa já se habituou.

Variáveis reguladas que mudam de modo previsível e produzem padrões de


repetição, ou ciclos de mudanças, são chamadas de ritmos biológicos ou biorritmos.
Ex. RITMO CIRCADIANO

Os pesquisadores observaram que indivíduos autodenominados “matutinos”


possuem ritmos de temperatura específicos que, no início da manhã, a
temperatura corporal subir antes da hora do despertar, de modo que esses
sujeitos saem da cama prontos para enfrentar os desafios daquele dia. Por outro
lado, “pessoas noturnas” podem ser forçadas pelos horários escolares e horários
de trabalho a saírem da cama enquanto a temperatura corporal ainda está no
seu ponto mais baixo, antes de o corpo estar preparado para desenvolver as
atividades diárias.

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