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ESTRATÉGIAS PARA MUDANÇA DE

HÁBITOS: TABAGISMO, ETILISMO E


ALIMENTAÇÃO

Fernanda Marques da Costa

Montes Claros - MG
Outrubro - 2023
O cuidado das condições crônicas na APS: hipertensos e diabéticos

• As transformações econômicas, políticas, sociais


e culturais produzidas pelas sociedades humanas
ao longo do tempo.

• Modificaram a maneira como sujeitos e


coletividades organizam suas vidas e elegem
determinados modos de viver.

• Isso influenciou diretamente nos padrões de


adoecimento.

(BRASIL, 2008)
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MENDES, Eugênio Vilaça. O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o imperativo da
consolidação da estratégia da saúde da família. 2012.
O cuidado das condições crônicas na APS: hipertensos e diabéticos

O Brasil, nesse
início de século

Transição
Transição demográfica Transição nutricional
epidemiológica
acelerada
singular

Tripla carga de Alimentos industrializados


doenças - doenças e caloricamente densos e
infecciosas e baratos, redução
generalizada da atividade
carenciais, causas física - que resultam em
externas e condições alterações nos padrões de
crônicas ocorrência das patologias

(MENDES, 2012; BRASIL, 2008)


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O cuidado das condições crônicas na APS: hipertensos e diabéticos

 No Brasil, as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)


constituem o problema e correspondem a cerca de 70% das
causas de mortes, atingindo fortemente os grupos mais
vulneráveis, como a população de baixa escolaridade e renda.

Fatores de
Bebida Inatividade Risco não
alcoólica física modificáveis:
Sexo
Idade
etnia
Fatores de Genética
Tabagismo Alimentação
risco pra inadequada
DCNT

Fatores de risco modificáveis, o que torna


possível sua prevenção.
(BRASIL, 2011)
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Fatores de Risco: Modificáveis

TABAGISMO

18,1% dos 12% das


homens mulheres

Compreendido como uma doença no grupo dos transtornos mentais e de


comportamento decorrentes do uso de substâncias psicoativas.

Possui mais 50 substâncias nocivas

O tabagismo está relacionado com várias doenças: 30% de todos os casos


de câncer (cavidade oral, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, cólon,
reto, fígado e vias biliares, rins, bexiga, colo de útero, vulva, leucemia
mieloide), 90% dos casos de câncer de pulmão....
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Câncer -Principal causa de morte evitável em todo o
mundo
cessação do tabagismo nos jovens, especialmente antes
dos 40 anos, está associada a um maior declínio de
mortalidade prematura.
O risco de morte por câncer de pulmão sofre redução de
30% a 50% em ambos os sexos após 10 anos sem fumar.

Abordagens rápidas, repetidas em


cada consulta e que reforçam a
necessidade de parar com o uso do
tabaco aumentam
significativamente as taxas de
abstinência.

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Mulheres que fumam e usam anticoncepcionais orais têm até 10 vezes
mais chance de ter infarto do miocárdio, embolia pulmonar.

O tabagismo pode afetar diretamente a secreção pancreática de


insulina

Efeitos nocivos em nível microvascular – complicações renais

O cigarro promove aumento direto na pressão


arterial por até 2 horas

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Mulheres fumantes têm risco relativo maior de desenvolver
doenças cardiovasculares do que os homens. Pode ser devido a um
efeito adverso da fumaça do tabaco sobre o estrogênio.

O risco de doença coronariana aumenta com o


número de cigarros fumados por dia, o número
total de anos de fumo e a precocidade da idade
em que se começou a fumar. E reduz,
significativamente, nos primeiros dois anos
após a cessação

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TABAGISMO

Nas pessoas com diabetes, o tabagismo causa aumento no risco de


doença macro e microvascular.

O cigarro também aumenta as concentrações de colesterol


total e LDL, diminui o HDL e aumenta a resistência à
insulina. Os fumantes, por um mecanismo ainda
desconhecido, apresentam maiores níveis glicêmicos.

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Tabagismo Passivo

O tabagismo passivo consiste na inalação da fumaça de derivados do tabaco


(cigarro, charuto, cigarrilhas, cachimbo e outros produtores de fumaça) por
indivíduos não fumantes que convivem com fumantes em ambientes
fechados. A fumaça dos derivados do tabaco é denominada poluição
tabagística ambiental (PTA).

Pessoas expostas cronicamente à PTA


têm risco 30% maior de desenvolver
câncer de pulmão e 24% maior de
desenvolver DCV do que as não
expostas

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O fumo passivo causa doenças sérias, inclusive fatais, em
adultos e crianças, além de contribuir para a diminuição
na fertilidade de homens e de mulheres.

Estima-se que um terço dos adultos –


no mundo – estão expostos ao
tabagismo passivo e que cerca de 40%
de todas as crianças também o estão.

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Dependência da Nicotina

• Dependência Física - responsável pelo surgimento dos sintomas da


síndrome de abstinência;
• Dependência psicológica - responsável pela sensação de ter no cigarro um
apoio ou mecanismo de adaptação para lidar com situações de estresse,
sentimentos de solidão, frustração, entre outros;
• Condicionamento - representado por associações habituais com o ato de
fumar, como fumar e tomar café, fumar e ingerir bebidas alcoólicas, fumar
após as refeições.
Aconselhamento aumenta em
até 22% a chance de
abstinência

Grupos
Operativos

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Como mensurar a dependência da Nicotina

Teste de Fargeström

Avalia a dependência de Nicotina

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Abordagem do Tabagismo

Eixo fundamental - a abordagem cognitivo-comportamental, que tem a


finalidade de orientá-lo sobre os riscos do tabagismo e os benefícios de parar
com o fumo, bem como motivá-lo no processo de cessação do tabagismo,
fornecendo orientações para lidar com a síndrome de abstinência, a
dependência psicológica e os condicionamentos.

A abordagem cognitivo-
comportamental, com a
farmacoterapia, é o método mais eficaz
para a cessação do tabagismo.

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Controle Medicamentoso

Nicotínicos: são medicamentos de primeira linha e incluem adesivo de


nicotina, goma de mascar e pastilha. Devem ser utilizados somente
após o paciente parar de fumar.

Não nicotínicos: representados pela bupropiona.

Podem ser utilizados de forma conjunta.

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Uso abusivo do álcool

Dependência variam de 9% a 12% da população adulta


A partir do consumo diário médio de 30 g de etanol, quantia
contida em duas doses de destilados, em duas latas de cerveja ou
em dois copos de vinho, há definido e exponencial aumento da
pressão arterial em homens.

Consumo saudável

Menos de 210 g/semana para homens e menos de 140 g/semana para


mulheres

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Binge Drink

Pode aumentar significativamente


eventos de descontrole dos níveis
pressóricos

O abuso de álcool pode trazer prejuízos aos tratamentos das doenças


crônicas. Além dos efeitos da bebida em si, usuários que abusam de
álcool costumam ter dificuldade para uso regular das medicações,
fato estimulado pela crença de que após o consumo de álcool não se
deve fazer uso delas.

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Estilo Alimentar

Os hábitos e as atitudes que contribuem para o aumento do sobrepeso


corporal, especialmente associado ao aumento da obesidade visceral, alto
consumo energético e excesso ou deficiência de nutrientes associados ao
padrão alimentar baseado em alimentos industrializados.

Excesso de peso, dislipidemia, mau controle glicêmico e padrão alimentar com


consumo excessivo de gordura saturada e pouca ingestão de frutas e vegetais .

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Orientações Nutricionais

Abordagem Nutricional para Adultos

• Atender às necessidades nutricionais;


• Perder peso nos casos de sobrepeso e obesidade;
• Melhorar o controle glicêmico;
• Melhorar o perfil lipídico;
• Manter a pressão arterial em níveis adequados;
• Manter o prazer da alimentação, restringindo os alimentos
indicados com base nas evidências;
• Prevenir e/ou retardar os agravos;
• Melhorar a saúde e o bem-estar geral

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Durante a consulta todas as pessoas
com diagnóstico recente ou em
tratamento de doenças crônicas
serão submetidas ao exame físico, à
avaliação antropométrica para o
diagnóstico do estado nutricional e à
breve anamnese dos hábitos
alimentares.

Recordatório
Alimentar

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Orientações

Como investigar:

• Quantas refeições realiza por dia?


• Quanto consome de alimentos ricos em fibras como pães integrais, cereais
integrais, arroz integral, farelos de aveia ou de trigo, semente de linhaça,
feijões, entre outros?
• Qual o consumo diário de frutas e/ou vegetais (número de porções/dia)?
• Qual o consumo de carnes (tipo e forma de preparo) e ovos por semana?
• Qual o consumo diário de leite e derivados?
• Qual a quantidade de latas de óleo utilizadas por mês? Para quantas pessoas?
• Qual o consumo de sal e de alimentos com alto teor de sódio?
• Consome açúcar ou alimentos ricos em carboidratos em grande quantidade?

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Avaliação antropométrica e identificação do padrão
alimentar

IMC = Peso (kg) /Altura2 (m))

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Avaliação antropométrica e identificação do padrão
alimentar

CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL

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Sal e Sódio

• Há forte correlação entre a ingestão excessiva de sal e a elevação da


pressão arterial.
• A atual recomendação é o consumo máximo de 5 g diários de sal (o
equivalente a 2.000 mg ou 2 g de sódio), o que corresponde a uma colher
de chá de sal .

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Atividade Física

O sedentarismo é estimado como a principal causa de 21% a


25% de câncer de mama e de colo, 27% de diabetes e 30% de
doenças isquêmicas do coração.

A atividade física regular está associada à diminuição do risco


de desenvolver condições crônicas como diabetes, hipertensão
arterial, câncer de colo e retal , câncer de mama e depressão.

A adoção de um estilo de vida ativo, com hábitos mais


saudáveis, é considerada prevenção primária para as doenças
crônicas e contribui para o controle de diversas doenças.

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Mudança Comportamental
• Propicia o desenvolvimento da responsabilidade e o exercício da
autonomia ao indivíduo para viver de maneira mais digna e humana.

• Ajuda o indivíduo a tomar decisões e a desenvolver habilidades para


cuidar de si, emancipando-o.

• O indivíduo precisa estar motivado. A motivação é frequentemente


associada a processos que instigam, apontam direção e promove a
mudança de comportamento.

Educação em Saúde
MUDANÇA COMPORTAMENTAL
Para mudar
precisa passar
Modelo transteórico pelas 5 etapas.
Ferramentas de Educação em Saúde

Grupo Operativo.

Roda de Conversa.

Jogos Terapêuticos e Dinâmicas de Grupo: Abordagem do


Lúdico.

Oficinas.
O cuidado das condições crônicas na APS: hipertensos e diabéticos

 O cuidado realizado pela equipe de saúde da família em relação às


DCNT deve considerar o risco e a vulnerabilidade dos pacientes,
de acordo a estratificação de risco, de modo que a assistência a
saúde seja programada de acordo com as suas necessidades, que
variam conforme o risco, o que inclui
as consultas de cuidado continuado e de demanda
espontânea,
as atividades coletivas,
os atendimentos em grupo,
os procedimentos de enfermagem,
os exames,
os medicamentos, entre outros.

(BRASIL, 2014)
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O cuidado das condições crônicas na APS: hipertensos e diabéticos

 É importante acolher adequadamente o usuário com doenças


crônicas.

Responder a
Organizar seu sua
necessidade
acompanhamento atual

Verificar a sua
adesão ao
tratamento

 É imprescindível que a equipe de saúde da família adote o


modelo de atenção às condições crônicas, que pode ser dividido
em cinco níveis, que tem como lema:
“Por que fazer mais do mesmo se não está alcançando os objetivos
esperados?”

(BRASIL, 2014; MENDES, 2012)


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APLICAÇÃO DO MCCP

APLICAÇÃO DO PTS

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O cuidado das condições crônicas na APS: hipertensos e diabéticos

REFERÊNCIAS
 DUNCAN, Bruce Bartholow, Chor Dóra, Aquino Estela M L, Bensenor Isabela M, Mill José
Geraldo, Schmidt Maria Inês et al . Doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: prioridade
para enfrentamento e investigação. Rev. SaúdePública [serial on the Internet]. 2012 Dec
[cited 2014 Jan 17] ; 46( Suppl 1 ): 126-134. Available from:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
89102012000700017&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102012000700017.

 DUNCAN, B.; SCHMIDT, M. I.; GIUGLIANI, E. R. J. Medicina ambulatorial: condutas


de atenção primária baseada em evidências. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

 MENDES, Eugênio Vilaça. O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o
imperativo da consolidação da estratégia da saúde da família. / Eugênio Vilaça Mendes.
Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2012. 512 p.: il.

 SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão.


Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 95, n. 1, p. 1-51, 2010. Suplemento 1.

 YOKOTA, Renata Tiene de Carvalho, ISER, Betine Pinto Moehlecke, ANDRADE, Romildo
Luiz Monteiro et al. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças e agravos não
transmissíveis em município de pequeno porte, Brasil, 2010. Epidemiol. Serv. Saúde, mar.
2012, vol.21, no.1, p.55-68. ISSN 1679-4974.

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