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 INSULINAS E ANTIDIABÉTICOS

Assim que o paciente é diagnosticado com diabetes é necessário mudanças no estilo de vida
para controlar DM1 e DM2 e prevenir as complicações. É necessário TERAPIA NUTRICIONAL
(alimentação saudável) e começar a praticar exercícios físicos regularmente.
Mudanças no estilo de vida: terapia nutricional (DIMINUIR consumo de carboidratos, de AG
saturados e trans pois esses AG podem se depositar na parede dos vasos sanguíneos
aumentando o risco de doenças cardiovasculares, e alimentos ultraprocessados), suprir as
necessidades nutricionais, obter-manter peso adequado do paciente, controle da glicemia, PA e
níveis séricos de lipídeos;
Incentivar paciente a consumir fibras solúveis e insolúveis (principalmente solúveis pois
diminuem o pico glicêmico pós prandial  fibras solúveis quando ingeridas interagem com
água e formam um gel  gel forma uma “camada” no intestino e diminui a absorção de
lipídeos, carboidratos...), proteínas (fornecem ATP e levam a secreção de insulina), AG
insaturados (abacate  aumenta produção de HDL  prevenção de dislipidemias) e alimentos
minimamente processados
Pacientes diabéticos que perdem cerca de 5 a 7% do peso conseguem melhorar o controle
glicêmico e diminuir as doses dos medicamentos antidiabéticos. Ao praticar atividades físicas
ao menos 2h30 por semana (20min por dia) ajuda também a controlar a glicemia.
 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DO DM
Objetivos: controlar concentração de glicose no sangue para prevenir os sinais, sintomas e as
possíveis complicações (macro e microvasculares)
1- INSULINOTERAPIA
Tratamento básico do DM1 e para alguns casos de DM2
Insulinas: atuais são humanas com diferentes modificações para aumentar ou retardar a
velocidade de absorção
Insulinas são aplicadas apenas VIA PARENTERAL pois é uma proteína, se administrasse VO
seria degradada no TGI.  administrações: intravenosa, intramuscular e subcutânea (principal
via de administração: menos dolorosa e o paciente pode fazer auto aplicar  no glúteo, coxa,
braço, região abdominal  alternando locais de aplicação)
Também há a opção de insulinas em canetas (agulhas mais finas, menos dolorosa, ajuste da
dose da insulina + fácil com a caneta, porém + CARO)
INSULINAS DE AÇÃO RÁPIDA (insulinas rápidas – ultrarrápida – ação curta – pós
prandial) e INSULINAS BASAIS (ação longa):
Paciente DM1 deve utilizar os dois tipos de insulina  de ação rápida antes das refeições
para mimetizar liberação endógena da insulina pancreática após alimentação (varia de 2-45min
antes das refeições, depende do tipo de insulina); de ação longa (administrada 1 a 2x ao dia) é
absorvida bem lentamente e mantém níveis basais mínimos de insulina no organismo do
paciente, necessária para conseguir fazer com que as células captem a glicose (mesmo em
jejum – glucagon libera glicose no sangue) e supra as necessidades energéticas também em
jejum, além disso, para prevenir a LIPÓLISE durante o período de jejum (piora o quadro de
diabetes) e a síntese de mais glicose que ocorre quando não tem insulina e a célula não
consegue captar glicose.

Só tem a insulina REGULAR no BR de ação rápida.


ASPARTE, GLULISINA, LISPRO e FIASP são de ação ultrarrápida.
NPH, DETEMIR, GLARGINA E DEGLUDECA são de ação longa (basal)
 Insulinas disponibilizadas pelo SUS: REGULAR e NPH
SUS até fornece as outras insulinas, mas somente em casos de o paciente, durante tratamento
com REGULAR e NPH, não conseguir se adaptar ao tratamento (não controlou a glicemia com
esses medicamentos, teve muito efeito adverso (principalmente hipoglicemia)

Insulina endógena:
proteína formada por 2 cadeias de aminoácido  uma de 20 aminoácidos e outra de 30
aminoácidos  interligadas por meio de pontes de sulfeto.

Insulina regular = insulina humana (não tem alteração na


cadeia de aminoácido) + ZINCO (aumenta estabilidade da insulina  tempo de validade)
Insulina de ação rápida  deve ser administrada via subcutânea 30-45min antes das
refeições. Leva 30-45 min para ser absorvida pois, ao ser administrada via subcutânea, essa
insulina forma agregados que devem se desfazer (solubilizar) e então passar pelas células do
tec. subcutâneo  endotélio  cair na corrente sanguínea e ser absorvida
NPH = humana + zinco + PROTAMINA
Quando a insulina está ligada a protamina, ela não consegue ser absorvida, mas
endogenamente algumas enzimas vão clivar essa ligação insulina-protamina  conforme a
insulina vai sendo liberada (desligada da protamina) ela fica livre, solubiliza e consegue ser
absorvida  processo demorado
Início de ação da insulina NPH = 2h, sendo liberada lentamente proporcionando níveis basais
com duração de ação de até 16h.

Insulinas ultrarrápidas são absorvidas em 10-15min


Para aumentar a velocidade de absorção dessas insulinas ocorreu modificações das cadeias
de aminoácidos na insulina.
Insulina Lispro = insulina humana com modificação na cadeia aminoác.  Lisina e prolina
invertidos na posição B 28 e 29
Insulina Asparte = insulina humana com modificação na cadeia de aminoácidos  aminoácido
28 da cadeia beta (prolina B28) substituído pelo ácido aspártico
Insulina Glulisina = insulina humana com modificação na cadeia de aminoácidos  Lisina
substitui asparagina B3 e ácido glutâmico substitui lisina B29 (aminoácido 29)
Insulina Fiasp = Asparte (inserção do ácido aspártico na cadeia de aminoácidos da insulina) +
vitamina B3 (deixa a molécula mais lipossolúvel)  absorvida em 2 minutos  pode ser
administrada junto da refeição.
Com essas modificações nas estruturas da cadeia de aminoácidos da insulina, as insulinas
ultrarrápidas ao serem administradas não formam AGREGADOS (ficam “soltas”, moléc. livres
para serem dissolvidas e absorvidas)

Basais = de ação longa


Insulinas Glargina, Detemir e Degludeca sofreram modificações nas cadeias de aminoácidos
de insulina para DIMINUIR a velocidade de absorção (sejam + lentamente absorvidas e com
tempo maior ação no organismo)
Insulina Glargina = adição de 2 argininas após B30 e substituição de asparagina por glicina
A21  Insulina Glargina em pH ácido (4) é solúvel e é assim que ela é comercializada  ao
administrar essa insulina no paciente (via subcutânea) ela encontrará um ambiente mais neutro
(+-7), ficando menos solúvel  demora para solubilizar e ser dissolvida e ai então, ser
absorvida  começa agir cerca de 4h, mas a duração dela é de 20-24h.
Insulina Detemir = ligação de um AG chamado ác mirístico na lisina B29  quando a insulina
está ligada nesse AG ela tem uma afinidade muito maior pela albumina tecidual e sérica 
para o fármaco conseguir ser absorvido e distribuído deve ser pequeno e estar livre de
proteínas plasmáticas (ex: albumina), dessa forma, se a insulina detemir tem afinidade maior
pela albumina, ela será distribuída e absorvida mais lentamente, e isso prolonga seu tempo de
ação.  começa a agir em 4h, mas o tempo de duração é de 20-24h
Insulina Degludeca = Deleção do último aminoácido da cadeia B (B30) e adição de AG em
B29  AG grande, formando multiagregados  muito mais difícil de ser solubilizada e
absorvida. Começa a agir em cerca de 4 a 6h, e a sua duração pode ir até 42h.

 INSULINA BIFÁSICA
Misturas contendo insulina rápida + insulina basal  50 a 75% NPH (ação longa) + 25 a 50%
regular (ação rápida)
Esquema terapêutico da insulina bifásica: administração de 2 a 3x ao dia
Vantagem: praticidade; Desvantagem: impossibilidade de ajuste (não consegue ajustar a
dosagem de insulina de ação rápida se comer muito, por exemplo, pois a dose é padrão),
hipoglicemia.

 ESQUEMA TERAPÊUTICO DM1 e DM2 insulinodependente

Principais efeitos adversos: hipoglicemia  cansaço, tontura, náusea, tremor, taquicardia


(simpático ativado), ganho de peso, alergia, lipo-hipertrofia (depósito de gordura subcutânea
nos locais que tem maior aplicação de insulina, já que insulina acumula gordura)
Hipoglicemiantes aumentam a secreção da insulina (DM1 não pode usar hipoglicemiantes pois
eles não produzem ou produzem uma quantidade muito baixa de insulina  não teria efeito
significativo)
Anti-hiperglicemiantes não aumentam a secreção de insulina, mas controlam a concentração
da glicose de outras formas, ex: inibindo a produção de glicose

 Classe de fármaco que inibe a produção da glicose: BIGUANIDA= METFORMINA


Metformina é o fármaco antidiabético de primeira escolha para tratar DM2 (+ utilizado), pois
comparando com outros fármacos disponíveis tem ótima eficácia (controle glicêmico), e
com menor risco de efeitos adversos. Além disso, a metformina ajuda na perda de peso
Dosagem: 0,5 a 1g 2x ao dia
Mecanismo de ação da METFORMINA  aumenta a atividade da proteinoquinase ativada
por 5’ monofosfato – PQAM (ativada durante o jejum ou durante exercícios físicos muito
intensos -> baixos níveis de ATP) que: aumenta captação de glicose nos músculos (ajuda a
reduzir a glicemia), diminui a gliconeogênese (síntese da glicose no fígado), diminui a
lipogênese (produção de lipídios no tec. adiposo)

Farmacocinética: excelente absorção VO (80% ou mais é absorvido) e distribuição, não é


metabolizada no fígado pois é eliminada de uma forma inalterada (não precisa ser
modificada para ser eliminada). Eliminação ocorre no néfron por um transportador
catiônico orgânico, que se liga à METFORMINA  manda para o lúmen  eliminada na
urina
Outros fármacos (ex: nifedipino, cimetidina e furosemida) também são eliminados pelo
TRANSPORTADOR CATIÔNICO ORGÂNICO no néfron, podendo haver interação
medicamentosa se o paciente usar metformina + algum desses fármacos (causando
acúmulo no organismo)  médico deve ajustar a dose dos fármacos nesses casos para
que não ocorra acúmulo e riscos de efeitos adversos.
 principais efeitos adversos
VITB12 (cobalamina) é cofator para várias reações  ajuda ativação e ação do ác. fólico,
(que é muito importante para síntese de DNA); ajuda na eliminação de metabólitos tóxicos
vindos da degradação de proteínas (homocisteína); ajuda na síntese de AG no SNC 
Dessa forma, a deficiência de vit B12 pode acarretar em problemas neurológicos,
hematológicos e cardíacos  paciente que usa regularmente METFORMINA deve
quantificar periodicamente a vit B12 para checar se não há deficiência e, caso tenha, fazer
reposição.
EFEITOS GASTROINTESTINAIS  náusea, cólica, vômito, enjoo.

 hipoglicemiantes 
aumentam a secreção de insulina  na DM2 um dos principais mecanismos responsáveis
pela doença é a resistência à insulina (paciente produz insulina, mas tem alguma falha na
interação da insulina com o receptor)  se ocorre AUMENTO da SECREÇÃO de
INSULINA, também haverá aumento da ativação dos seus receptores

 Classe das SULFONILUREIAS:


Principais: GLIBENCLAMIDA (SUS), GLICAZIDA (SUS), GLIPIZIDA, GLIMEPIRIDA
As sulfonilureias estimulam a secreção de insulina pelas células beta pancreáticas
Acaba de se alimentar  aumento dos níveis de glicose 
glicose vai para a célula beta pancreática e entra nessa cél. por meio do GLUT-2  após
entrar, gera ATP, que vai se ligar no canal de potássio-ATP fechando o canal  célula fica
mais positiva, o potássio não sai da célula  gerando potencial de ação  leva a abertura de
canais de Ca  Ca entra na célula beta pancreática e vai levar a fusão das vesículas contendo
insulina com sua membrana plasmática  liberação da insulina por EXOCITOSE
SULFUNIUREIAS inibem o canal de K+ /ATP da Cbeta se ligando na subunidade SUR1,
impedindo que o ADP se ligue a subunidade SUR1 e deixe o canal aberto  impede a abertura
do canal  acúmulo de potássio  gera potenciais de ação  abre canais de Ca  leva a
maior liberação da insulina

Sulfoniureias não são muito bem absorvidas na presença do alimento


Sulfoniureias a longo prazo, pode gerar insuficiência das CB por conta do aumento da função,
OU pode ocorrer tolerância (organismo diminui a expressão dos receptores para sulfoniureia 
canal de K+ / ATP
 GLP-1
Após ingesta de alimentos o GLP1 é liberado principalmente pelas células intestinais 
preproglucagon vai ser transformado em proglucagon e, posteriormente, transformado em
GLP1  GLP1 tem receptores nas células beta pancreáticas, estimulando a secreção de
insulina após refeição (hipoglicemiante) ; nas células alfa pancreáticas inibe a secreção de
glucagon, ajudando a diminuir a glicose no sangue.
GLP1 vai ser liberado para  diminuir/ retardar o esvaziamento gástrico (absorção da glicose
fica + lenta, ajudando a diminuir o pico glicêmico pós prandial); promove saciedade;
 GLP1 endógeno é degradado pela enzima DPP-4 em +- 2 minutos 
Há fármacos que vão atuar aumentando a atividade do hormônio GLP1 (peptídeo semelhante
ao glucagon – incretina) e que são resistentes a enzima, agindo por um período maior OU
fármacos que inibem a degradação do DPP-4
 Fármacos agonistas (análogos) do GLP-1
EXENATIDA e LIRAGLUTIDA  agonistas dos receptores de GLP-1 humano  com isso
ocorrerá

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