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Diabetes Mellitus Tipo 1

O que é?/ Causas


É uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina,
hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo.
A insulina é um hormônio que tem a função de quebrar as moléculas de
glicose(açúcar) transformando-a em energia para manutenção das células do
nosso organismo. O diabetes pode causar o aumento da glicemia e as altas
taxas podem levar a complicações no coração, nas artérias, nos olhos, nos rins
e nos nervos. Em casos mais graves, o diabetes pode levar à morte.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, existem atualmente, no
Brasil, mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença, o que
representa 6,9% da população nacional. A melhor forma de prevenir é
praticando atividades físicas regularmente, mantendo uma alimentação
saudável e evitando consumo de álcool, tabaco e outras drogas.
Comportamentos saudáveis evitam não apenas o diabetes, mas outras
doenças crônicas, como o câncer.
A diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença crônica derivada da deficiência
insulínica e da hiperglicemia, ocasionada pela destruição das células beta
pancréaticas produtoras de insulina (DIMEGLIO; EVANS-MOLINA; ORAM,
2018). A destruição dessas células ocasiona aumento da glicemia plasmática,
desencadeando sintomas como a poliuria e a polidpsia. Quando os níveis de
glicemia plasmática não são normalizados através do tratamento, complicações
vasculares podem surgir (KATSAROU et al, 2017).
A DM1 é causada por uma reação onde o sistema imunológico ataca as
células beta das ilhotas pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina.
Em consequência disso, o organismo produz pouca ou nenhuma quantidade
desse hormônio. As causas desse processo autodestrutivo ainda não foram
compreendidas em sua totalidade, mas acredita-se que seja desencadeada a
partir de uma combinação entre suscetibilidade genética e fatores ambientais,
tais quais infecções virais, toxinas ou condições alimentares (INTERNACIONAL
DIABETES FEDERATION, 2017).
A diabetes é desencadeada por fatores genéticos, como a expressão de HLA,
IDDM2, CTLA4 e PTPN22, e, de acordo com teorias, também está relacionada
com a exposição ou a ausência de exposição à infecções virais e substâncias
tóxicas, bem como a ingestão de determinados alimentos e a deficiência de
vitamina D.
O quadro patogênico da DM1 possui quatro estágios, sendo eles: quadro pré-
clínico, onde o organismo passa a gerar uma resposta autoimune contra as
células beta, produtoras de insulina, causando uma diminuição progressiva da
resposta insulínica ao aumento da glicose plasmática; o início da diabetes
clínica; fase de remissão transitória; estágio com presença de complicações
agudas, crônicas e morte (SOUSA; ALBERNAZ; SOBRINHO, 2016).
Fatores Ambientais A patogenesia da DM1 também está relacionada com
fatores ambientais, que incluem infecções virais, exposição a toxinas e a
nutrientes específicos. Contudo, muitos dos efeitos advindos desses fatores
ainda não foram elucidados (PASCHOU et al, 2018).
Infecções virais: Essa teoria tem como base que os vírus, especialmente
enterovírus, têm a capacidade de induzir autoimunidade contra as ilhotas
pancreátricas, a destruição de células beta e a redução da produção de
insulina, desencadeando o quadro de DM1 (ESPOSITO et al, 2019).
Teoria da Higiene: Essa teoria, controversa a anterior, indica que a diminuição
da exposição a estímulos ambientais, como infecções virais, aumenta a
predisposição para doenças autoimunes, como a DM1. Os agentes infecciosos
são responsáveis por exercer um mecanismo de defesa que protege os
indivíduos contra doenças autoimunes (JAKOBSEN; SZEREDAY, 2019).
Exposição: A exposição do indivíduo à substâncias tóxicas para as células
betas é considerado um dos mecanismos de lesão tecidual causadores da
diabetes. (SOUSA; ALBERNAZ; SOBRINHO, 2016). Essas substâncias tóxicas
indutoras da diabetes podem ser de origem medicamentosa ou de agentes
químicos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2019).
Fatores relacionados à nutrição: A ingestão de determinados alimentos de
forma precoce, como glúten e leite, sugere que possa predispor casos de DM1.
Estudos experimentais constataram que a ingestão de glúten poderia favorecer
o surgimento de DM1, especialmente em crianças menores de quatro meses
de idade. Além deste, a ingestão de leite bovino tem demonstrando relação
com a DM1 em crianças, devido aos complexos proteicos diferentes. O leite
materno, apesar disso, demonstra um efeito protetivo quanto à DM1
(ESPOSITO et al, 2019).
Outros fatores Fatores relacionados à Vitamina D: A vitamina D desempenha
funções fundamentais no metabolismo da glicose, atuando diretemente nas
células beta pancreáticas. A deficiência desta está relacionada com o
desenvolvimento da DM1 (OLIVEIRA et al, 2016). Um grande número de
estudos demonstrou que a deficiência de vitamina D está presente em
pacientes com DM1 e com quadros de autoimunidade contra as ilhotas
pancreátricas (ESPOSITO et al, 2019). Além disso, a deficiência de vitamina D
também está ligada com a resistência à insulina (OLIVEIRA et al, 2016).

Fontes:
Diabetes Mellitus Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-
br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/diabetes Acesso em: 15/11/2023, às 17:00h
SILVA, Amanda Ellen Costa Da et al.. Diabetes mellitus tipo 1: fatores
desencadeantes, aspectos imunopatológicos. Anais IV CONBRACIS...
Campina Grande: Realize Editora, 2020. Disponível em:
<https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/72169>. Acesso em: 15/11/2023
17:10

Sinais e Sintomas
Os fatores causais do DM1 mesmo não sendo completamente conhecidos, são
relacionados com a predisposição genética e fatores ambientais (AMERICAN
DIABETES ASSOCIATION, 2019). Os sintomas clássicos de diabetes são:
poliúria, polidipsia, polifagia e perda involuntária de peso (os “4 Ps”). Os sinais
mais comuns de diagnóstico são: fome permanente, fadiga (falta de energia,
cansaço), perda de peso, enurese/poliúria, polidipsia, visão embaçada e nível
elevado de glicose no sangue (IDF, 2020).
O DM1 pode ocasionar diversas complicações crônicas e agudas. Dentre as
crônicas estão a retinopatia, nefropatia e neuropatias. Em relação às agudas
podem ocorrer hiperglicemia, cetoacidose e hipoglicemia (PRIGOL; KRAHL,
2019).
A hiperglicemia se caracteriza pelos níveis elevados de glicose no sangue com
valores acima de 126 mg/dl em jejum e acima de 200 mg/dl até duas horas
após uma refeição, podendo evoluir para complicações mais graves como a
CAD, caracterizada pela presença de corpos cetônicos circulantes e
geralmente com uma glicemia acima de 250 mg/dl (SBD, 2019; HAAK et al,
2019). Segundo Hockenberry et al (2014), náuseas, vômitos, baixo nível de
consciência, taquicardia, taquipneia, desidratação, respiração profunda e dor
abdominal são alguns sintomas da CAD.
De acordo com a SBD (2019), a hipoglicemia é a diminuição da glicemia
apresentando valores menores que 70 mg/Dl sendo classificada em três níveis:
- Nível 1: glicemia ≤ 70mg/dL, ≥ 54 mg/dL apresentando sintomas como tremor,
suor, palidez, etc.
Nível 2: glicemia < 54mg/dL apresentando sintomas como visão embaçada,
sonolência, dor de cabeça, alterações de comportamento, etc.
- Nível 3: estado grave em que o indivíduo apresenta problemas cognitivos e
físicos necessitando da ajuda de outra pessoa para melhora.

Fontes:
Diabetes Mellitus Tipo 1 no contexto da escola: Um estudo de casos Trabalho
de Conclusão de Curso, disponível em:
https://bdm.unb.br/bitstream/10483/30183/1/2021_AndersonDeFariaMartins_tcc
.pdf , acessado em: 15/11/2023 às 17:50h
CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA, MINISTÉRIO DA SAÚDE - DIABETES
MELLITUS Cadernos de Atenção Básica - n.º 16, disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diabetes_mellitus.PDF , acesso
em: 15/11/2023 às 18:00h

Tratamento e Prevenção
O tratamento da diabetes melitus tipo 1 é baseado em três pilares principais:
administração de insulina, monitoramento regular dos níveis de açúcar no
sangue e planejamento alimentar adequado.

1. Administração de insulina: A insulina é essencial para controlar os níveis


de açúcar no sangue em pacientes com diabetes tipo 1. Existem
diferentes tipos e formas de insulina disponíveis, incluindo injeções
múltiplas diárias ou o uso de bombas de insulina. O objetivo é imitar a
secreção natural de insulina pelo pâncreas.

2. Monitoramento dos níveis de açúcar no sangue: Os pacientes com


diabetes tipo 1 precisam monitorar regularmente seus níveis de açúcar
no sangue para ajustar a dose de insulina e garantir um controle
adequado da glicemia. Isso pode ser feito por meio de testes de glicemia
capilar ou o uso contínuo de sensores de monitoramento da glicose.

3. Planejamento alimentar: Uma alimentação equilibrada e adequada é


fundamental para controlar a diabetes tipo 1. Os pacientes devem ter
uma dieta balanceada, com controle do consumo de carboidratos e
açúcares, e distribuição adequada das refeições ao longo do dia.

Embora essas sejam as abordagens padrão para o tratamento da diabetes tipo


1, é importante destacar que cada indivíduo pode ter necessidades e respostas
diferentes. Portanto, é fundamental que o tratamento seja personalizado e
supervisionado por profissionais de saúde especializados.

A DM1 sendo geralmente diagnosticada durante a infância e/ou adolescência,


existem aspectos que se desenvolvem na desenvoltura da criança e do
adolescente a partir da convivência com a DM1 e dificuldades que são
enfrentadas por conta da mesma.
As tarefas diárias necessárias para o autocuidado, muitas vezes, provocam
aborrecimentos na criança, dificultando o adequado manejo da doença. A dor
referida para a realização do teste de glicemia capilar pode contribuir para que
as crianças o evitem, deixando, assim, um importante cuidado de lado.
Crianças relatam, inclusive, que o medo da autoaplicação da insulina é um
sentimento que deve ser enfrentado diariamente.

O cuidado relacionado à dieta também se constitui em um desafio para as


crianças. Lidar com o desejo de comer doces e com a culpa por não resistir a
esse desejo são exemplos de barreiras para o autocuidado. No ambiente
escolar, essa situação pode ser intensificada, já que a criança é forçada a
comer um lanche adequado à sua condição e que, geralmente, é trazido de
casa. Além disso, a pausa para o lanche escolar é um momento que favorece a
interação grupal entre as crianças e, consequentemente, seus lanches,
contribuindo para aumentar esse desafio. Apesar dessas dificuldades, o
controle glicêmico e dietético são responsabilidades que, gradativamente, as
crianças, na faixa etária dos 8-11 anos, devem começar a assumir, a princípio,
dividindo-as com seus pais, e, com o tempo, sob a própria supervisão das
crianças. Para o início desse processo de responsabilização, ter alguém que
lembre a criança, para ela realizar a monitorização da glicemia capilar e a
aplicação da insulina, discutir com ela o que seria bom ou não para evitar as
variações glicêmicas, como também em relação aos doces recebidos na
escola, auxilia-a no manejo da doença, atingindo, assim, um bom perfil
glicêmico. Nesta fase, a manutenção dos valores dos testes glicêmicos dentro
dos limites de normalidade é vista, pela criança, como fator positivo. Porém, há
a necessidade de o profissional de saúde se atentar para a possibilidade de a
manutenção da glicemia em parâmetros adequados estar relacionada muito
mais à aceitação da criança, pela família e equipe de saúde, que ao tratamento
e controle da doença.

Na perspectiva das crianças, o conhecimento sobre a doença, o autocuidado, o


cotidiano escolar, o apoio da família, de amigos e dos profissionais de saúde
podem influenciar, de forma negativa ou positiva, o manejo da doença. No
cuidado dessa clientela, os profissionais de saúde, em especial o enfermeiro,
devem estar atentos para a avaliação desses aspectos, de modo a identificar
prioridades de atenção e estratégias eficazes e criativas que potencializem os
aspectos positivos e diminuam as lacunas que dificultam o adequado manejo
da doença. Conceitos teóricos sobre desenvolvimento infantil, promoção de
saúde, enfermagem familiar e aspectos específicos do cuidado da pessoa com
diabetes precisam ser acessados e agregados ao plano de cuidado, a ser
elaborado e avaliado conjuntamente com todos os envolvidos.
Ademais alguns pesquisadores observaram que adolescentes com DM1 têm
mais dificuldades para manter suas atividades, como estudar e participar de
eventos sociais, pois estes normalmente envolvem consumo de alimentos que
não podem fazer parte de sua dieta. Essas condições dificultam a adesão ao
tratamento do DM1 por esses adolescentes, mas o suporte social pode atuar
como fator de proteção para o controle glicêmico.

Nesse sentido, comportamentos de autocuidado, tais como a frequência de


monitorização da glicemia e a quantidade de injeções de insulina, podem ser
influenciados por estressores sociais e econômicos. Portanto, lidar de forma
adaptativa com os estressores da doença e das condições de vida pelos
adolescentes pode favorecer a adesão ao tratamento, com consequências para
o controle glicêmico e para a qualidade de vida desses indivíduos.

Para esses adolescentes, o principal estressor relacionado ao cuidado do


diabetes é a condição de sofrer com a hipoglicemia, o que pode ter relações
com a maior adesão ao monitoramento de glicemia. O sentimento de culpa em
relação ao não cumprimento da dieta e das orientações feitas pela equipe de
saúde, associado à cobrança dos pais, acabam por gerar ansiedade ou
depressão, principalmente naqueles adolescentes mais velhos, possivelmente
por buscarem maior autonomia e assumirem maior responsabilidade pelo seu
tratamento.

Fontes:
https://www.scielo.br/j/reeusp/a/7GbdWwkxRX3t5z8fgTJ8f3N/?format=pdf
Acesso em 14/11/2023 às 17:20.
https://repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/16304/2/ADOLESCENTES_
COM_DIABETES_MELLITUS_TIPO_1_ESTRESSE_COPING_E_ADESAO_A
O_TRATAMENTO.pdf Acesso em 14/11/2023 às 17:20.

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