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Mellitus
SUMÁRIO
1. Introdução e Epidemiologia................................................................................... 3
2. Fisiologia.............................................................................................................. 4
3. Fisiopatologia e Classificação............................................................................... 8
4. Fatores de Risco.................................................................................................. 11
5. Quadro Clínico..................................................................................................... 12
6. Complicações...................................................................................................... 15
7. Diagnóstico........................................................................................................ .16
8. Tratamento.......................................................................................................... 19
9. Decisão Terapêutica............................................................................................ 30
Referências.........................................................................................................................41
1. INTRODUÇÃO E EPIDEMIOLOGIA
Diabetes Mellitus 3
MAPA MENTAL INTRODUÇÃO
12 milhões no
brasil
Distúrbio do
“Perda de mel DIABETES
metabolismo
na urina” MELLITUS
intermediário
Hiperglicemia
persistente
causada por um
ou ambos:
↓ Ação da ↓ Produção
insulina insulina
2. FISIOLOGIA
Diabetes Mellitus 4
GLP-1 (Glucose-Like Peptide 1) e o GIP (Glucose-dependent Insulinotropic Peptide),
que são capazes de aumentar a resposta pancreática à glicose, liberando mais
insulina.
A partir disso o que a insulina faz é se ligar ao seu receptor nas células do corpo
e induzir a translocação de vesículas contendo a proteína GLUT- 4 para a membrana
plasmática e o que essa proteína faz é justamente servir de canal para que a glicose
adentre na célula.
Mas, no final das contas, por que é tão importante a glicose entrar na célula? Por
dois motivos principais: a) é isso que permite a ocorrência da glicólise (principal-
mente nos hepatócitos e miócitos), que é o processo através do qual esse substrato
é utilizado como principal fonte de energia para as atividades celulares; e b) porque é
através disso que os hepatócitos conseguem pegar o excesso de glicose e armaze-
ná-lo sob a forma de glicogênio (glicogenogênese).
Por outro lado, a insulina também estimula que parte desse excedente de glicose
passe por um processo conhecido como lipogênese, que consiste em transformá-la
em ácido graxo para que esse seja direcionado aos adipócitos, onde serão transfor-
mados em triglicérides.
Diabetes Mellitus 5
Contrainsulínicos e Estado de Jejum
Já os hormônios contrainsulínicos são quatro:
GLUCAGON
(produção: células
alfa do pâncreas);
ADRENALINA
(produção: medula
suprarrenal);
CORTISOL
(produção: córtex
suprarrenal);
GH
(produção:
adenohipófise).
Diabetes Mellitus 6
GLICOGENÓLISE GLICONEOGÊNESE
Beleza, mas como ele consegue fazer isso? Basicamente através de dois proces-
sos: a glicogenólise e a gliconeogênese.
Além disso, os hormônios contrainsulínicos também atuam sobre os lipídios esti-
mulando o processo de lipólise, que consiste em quebrar os triglicérides para liberar
ácido graxo e esses, então, poderem ser utilizados pelas células como fonte de ener-
gia através da beta-oxidação.
Perceba que, no final das contas, o grande objetivo tanto do glucagon quanto da
insulina é manter constante o nível de glicose no sangue. E por que isso é tão impor-
tante? Por conta dos neurônios! O que acontece é que essas células não conseguem
utilizar outros elementos como fonte de energia, então o corpo precisa dar um jeito
de sempre ter glicose disponível no sangue. Contudo, outra característica importante
dessas células é que elas não precisam da insulina para absorver a glicose (elas o
fazem de forma independente), de modo que tanto uma hiper quanto uma hipoglice-
mia acaba afetando o funcionamento dos neurônios e é justamente por isso que a
gente precisa tentar manter nosso nível glicêmico constante.
Diabetes Mellitus 7
3. FISIOPATOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO
Quando a gente entende toda essa fisiologia por trás do metabolismo intermedi-
ário e lembra que o problema da diabetes mellitus está na ação insulínica, a gente
consegue concluir que o organismo do paciente diabético vai se comportar o tempo
inteiro como se ele estivesse no estado de jejum. Calma. Vamos organizar isso direi-
to na nossa cabeça.
Lá no começo a gente definiu que a DM é decorrente de um problema na produção
ou na ação da insulina. Beleza, só que no final das contas tudo vai levar a uma mes-
ma situação: a glicose não vai entrar na célula. Dessa forma, independentemente do
nível glicêmico que estiver no sangue, como a célula não está tendo substrato para
produzir energia, o corpo entende que a pessoa está em jejum e aí aumenta a ativida-
de dos hormônios contrainsulínicos, estimulando a glicogenólise, a gliconeogênese e
a lipólise.
Contudo, existem vários mecanismos que podem levar a um quadro como esses
e é justamente em cima dessa diferença que a gente consegue classificar a diabetes
em vários tipos.
DM tipo 1
No Brasil, diabetes tipo 1 corresponde a cerca de 5-10% dos casos, o que repre-
senta uma média de 30.000 brasileiros acometidos - fazendo com que nós sejamos
o 3º país no mundo em prevalência de DM tipo 1.
A DM tipo 1 é uma doença autoimune e poligênica na qual os linfócitos T CD8+
invadem as ilhotas pancreáticas e atacam seletivamente as células beta, destruindo
‑as. O que leva, então, a uma produção insuficiente ou nula de insulina.
A base patológica dessa doença parece estar em questões genéticas, uma vez
que cerca de 90% dos diabéticos tipo I apresentam alterações nos genes do HLA
(Antígeno Leucocitário Humano) - o MHC do homem - podendo ser o HLA-DR3 ou
HLA-DR4. No entanto, vale comentar que nem todos os indivíduos com essas alte-
rações desenvolveram DM, o que sustenta a ideia de que, além de fatores genéticos,
há também fatores ambientais (ainda não dominados) que influenciam os rumos da
doença.
A DM tipo 1 ainda pode ser subdividida em A e B, sendo que a diferença entre elas
em que na 1A são detectados autoanticorpos no sangue, enquanto na 1B, por sua
vez, essa detecção não é possível e ela é tida como idiopática.
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DM tipo 2
A DM tipo 2, por sua vez, é a forma mais comum da doença, correspondendo a
cerca de 90-95% dos casos. Mas aí, diferente do que vimos na 1, a DM tipo 2 não é
uma doença autoimune. Na verdade, ela se trata de um problema de bases genéticas
que é precipitado por fatores ambientais e que pode se caracterizar por uma defi
ciência de secreção ou pela resistência insulínica (principal).
Ainda não se sabe ao certo o que provoca essa resistência nas células, no entan-
to, ela costuma estar associada a alguns fatores de risco - especialmente a obesida-
de visceral (central), uma vez que a gordura abdominal gera citocinas inflamatórias
que dificultam a ação da insulina sobre os tecidos.
Mas independente disso, a questão toda é que, como a insulina não está atuando
de forma eficiente, o corpo responde provocando hiperplasia e hipertrofia nas células
beta, no intuito de aumentar muito a oferta de insulina e, assim, compensar a sua
ineficiência e colocar a glicose para dentro da célula.
Em uma fase inicial, isso até que dá certo e o paciente consegue manter seu nível
glicêmico normal. Contudo, esse estado de hiperprodução acaba levando as células
beta a entrarem em exaustão e com o tempo elas vão parando de funcionar - é jus-
tamente por isso que, nos estágios mais avançados, a DM 2 começa a se asseme-
lhar com a DM 1, afinal elas se igualam no que tange à quantidade de células beta
funcionantes.
DM Gestacional
Obviamente, a DM gestacional é aquela que se desenvolve durante o período da
gravidez, mas o que não é tão óbvio assim é o porquê disso ser uma questão.
Bem… o que acontece é que na gravidez ocorre o desenvolvimento da placenta,
que é um órgão capaz de produzir uma série de hormônios com efeito hiperglice-
miante. Então, por si só, a gravidez já é uma condição potencialmente diabetogênica
e isso, quando se associa com outros fatores de risco, acaba levando à diabetes.
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Outros tipos de DM
Já entre as outras causas de DM (menos frequentes) estão os defeitos genéticos,
as doenças pancreáticas, infecções, entre outros. Desses, o mais comum (e o único
que iremos abordar aqui) é o MODY (Maturity-Onset Diabetes of the Young), que con-
siste em uma doença genética de herança autossômica dominante, mas que não é
autoimune. Na verdade, a DM MODY altera a produção de alguns fatores que interfe-
rem na regulação da glicose e é justamente em cima disso que eles são classifica-
dos em seis grupos:
CLASSIFICAÇÃO GENE
Mody 1 HNF4A
Mody 4 IPF1
Mody 5 HNF1B
Mody 6 NEUROD1
FISIOPATOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO
Seletivo
células Beta.
Diminui produção
insulina
Invasão
linfocitca das Alterações nos
Obesidade Histórico familiar
ilhotas genes do HLA
pancreáticas
Mais comum
Doença Caráter Resistência Fatores de risco
(90-95%
autoimune genético insulínica associados
dos casos)
Evolui a longo
5-10% Tipo II
Tipo I prazo com
dos casos
componentes
da DM I
Alteração
MODY Outros tipos Gestacional apenas durante
gravidez
Tende a Efeito do
LADA resolver após lactogênio
gestação placentário
Fonte: Elaborado pelo autor.
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4. FATORES DE RISCO
OUTRAS DOENÇAS
RESISTÊNCIA INSULÍNICA
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5. QUADRO CLÍNICO
DM tipo 1
Por conta da própria fisiopatologia de ser uma doença autoimune, a DM tipo I aca-
ba se manifestando mais cedo, de modo que a grande maioria dos pacientes com
essa condição é diagnosticada ainda criança ou adolescente (geralmente entre os
10-15 anos).
E normalmente eles são magros (lembre que a obesidade está relacionada com a
resistência insulínica da DM 2) e vão desenvolver um quadro agudo e clássico, apre-
sentando os típicos quatro Ps da diabetes:
Então, vamos entender cada um deles. Pensa: se o paciente é diabético, ele tem
uma hiperglicemia, daí, com mais glicose no sangue, mais glicose é excretada atra-
vés da urina. E como ela é uma substância osmoticamente ativa, o paciente acaba
perdendo mais água através do trato urinário (poliúria). A partir daí, ele começa a de-
sidratar e é isso que explica o aumento da sensação de sede (polidipsia).
Por outro lado, o fato de as células não estarem recebendo glicose para produzir
energia é interpretado pelo corpo como sendo um estado de jejum, levando, então,
ao aumento da sensação de fome (polifagia). Além disso, esse mesmo estado de
jejum também acaba estimulando os hormônios contrainsulínicos que, entre outras
coisas, promovem a lipólise, levando à perda ponderal.
Diabetes Mellitus 12
É importante nos atentarmos também que por vezes o paciente DM 1 vai ter uma
destruição grande e rápida das células beta, de modo que 1/3 deles podem iniciar o
quadro já com cetoacidose diabética.
Por fim, temos que essas pacientes costumam apresentar uma glicemia > 200
mg/dl com presença de autoanticorpos (ICA, IAA, Anti‑GAD65, Anticorpo Antitirosina
‑Fosfatase IA‑2 e IA‑B2, Znt8…) e também não respondem bem aos antidiabéticos
orais e sem insulina vão acabar desenvolvendo cetoacidose.
Além disso, uma última característica da DM 1 é o peptídeo C < 0,1 ng/dl ou au-
sente. Só para a gente entender melhor isso, o peptídeo C é um componente da pró
‑insulina que é liberado quando ocorre a quebra dessa molécula. No entanto, como
aqui praticamente não há produção do hormônio, os níveis de peptídeo C são geral-
mente indetectáveis.
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DM tipo 2
A primeira grande diferença entre a DM 1 e a DM 2 é o estereótipo do paciente.
Aqui, cerca de 80% dos pacientes são obesos pois, como vimos, a obesidade está
relacionada à resistência insulínica. Mas, além disso, como essa condição costu-
ma ocorrer de forma mais progressiva e assintomática, o diagnóstico acaba sendo
tardio, por volta dos 45 anos - que é quando o paciente começa a apresentar os sin-
tomas clássicos (4 Ps) e também as complicações (sendo a principal, o estado hipe-
rosmolar não cetótico).
Nesses pacientes normalmente nós vamos encontrar uma glicemia < 200 mg/dl,
sem autoanticorpos, mas com peptídeo C (> 0,1 ng/dl). Além disso, esses pacientes
ainda costumam responder bem a antidiabéticos orais e dificilmente evoluem para
uma cetoacidose.
DM tipo MODY
Só a título de curiosidade já que esses são casos mais raros: a DM tipo MODY
costuma se apresentar como uma mistura entre os tipos 1 e 2. Do tipo 1 ela traz a
ausência de autoanticorpos e o estereótipo do paciente jovem e magro. Já da DM 2
ela traz o quadro de manifestações. É por isso que é muito difícil identificar uma DM
MODY e, por vezes, o paciente acaba recendo o diagnóstico errado.
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6. COMPLICAÇÕES
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OLHOS (FUNDOSCOPIA)
PÉS
Teste do monofilamento
+1
Sensibilidade Reflexo
Vibração (com
diapasão ou (tornozelo)
biotensiômetro) Dolorosa
7. DIAGNÓSTICO
Glicemia de Jejum
Nesse exame, basta o paciente ficar em jejum por oito horas e depois será colhida
uma amostra de seu sangue para avaliar o nível glicêmico.
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IDEAL PRÉ-DIABETES DIABETES
A partir disso tudo, a gente acaba se perguntando: e qual exame devo pedir?
Bem… a primeira coisa que a gente tem que ter em mente é que para podermos
fechar o diagnóstico de DM é necessário a gente obter dois exames laboratoriais
alterados e aí, de maneira prática, a gente pode escolher qualquer um dos três que
vimos, pois eles têm poder diagnóstico muito semelhante - no entanto, como a gli-
cemia em jejum é mais barata e mais fácil de ser realizada, ela acaba sendo a nossa
primeira opção. E aí, na segunda vez, a gente pode repetir o mesmo exame já solici-
tado ou então pedir para que seja feito um dos outros dois.
Diabetes Mellitus 17
Caso o primeiro exame indique um quadro de pré-diabetes, o recomendado é
que o segundo exame solicitado seja um TTGO, pois aí nós vamos sobrecarre-
gar o pâncreas para ver se ele realmente está funcionando bem.
2 Exames 2 Exames
normais alterados
No máximo é Diagnóstico de
Pré-Diabético Diabetes
Glicemia
4Ps + aleatória ≥
200 mg/dl
= Diagnóstico
de DM
Diabetes Mellitus 18
em uma fórmula específica. Contudo, apesar de muito bom para detectar a predispo-
sição, é um exame bem caro e que não está disponível no SUS.
Rastreio
Chegado até aqui a gente já aprendeu como diagnosticar um paciente quando a
gente suspeita de DM, no entanto, como nós vimos, parte deles podem ficar assinto-
máticos por muitos anos. E aí? Como a gente para rastrear os pacientes com a doen-
ça? Inicia aquele esquema de diagnóstico com todo mundo? Não!
De acordo com as diretrizes mais atuais, a gente só deve fazer o rastreio de DM
em pacientes que tenham ao menos um desses dois critérios:
Obesidade +1
Idade ≥ 45
fator de risco
anos
(mínimo)
8. TRATAMENTO
E para fechar tudo sobre a diabetes, nós precisamos aprender como tratar o nos-
so paciente e isso envolve a adoção de uma terapia não medicamentosa e também a
administração de drogas orais e/ou até mesmo insulina.
Mas vamos com calma entender cada uma dessas nossas opções.
Tratamento Farmacológico
O tratamento farmacológico, por sua vez, consiste na administração de drogas
antidiabéticas e ele ganha bastante espaço quando a MEV sozinha não é suficiente
para dar conta de controlar a DM e também para manter a estabilização clínica após
o controle com a insulina.
Diabetes Mellitus 19
Com isso em mente, então, temos que existem oito principais classes de medica-
mentos disponíveis para o tratamento da diabetes e, para ficar didático, vamos dividi
‑los em quatro grupos com base na ação que exercem no corpo:
Sensibilizadores à Biguanidas
insulina Glitazonas
Inibidores de DPP-IV
Outros
Análogos da GLP-1
1. Sensibilizadores à Insulina
Compondo esse grupo estão duas classes de drogas que atuam promovendo a
diminuição da resistência insulínica (dentre outras coisas).
Biguanidas
A única representante dessa classe é a metformina, que, aliás, é o medicamento
mais utilizado no tratamento de pacientes diabéticos, uma vez que ela está indicada
para todos os pacientes DM 2 que não tenham contraindicação.
Obs. Inclusive, a metformina pode ser prescrita para os pré-diabéticos que tenham pelo me-
nos dois fatores de risco para DM. Por que isso? Para que ele tenha mais tempo para esperar
os efeitos da MEV.
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• Diarreia
• Empachamento
Glitazonas
Também conhecida como tiazolidinadiona (TZD), essa classe de fármacos tem
como principal representante a poliglitazona, que é a nossa segunda opção de droga
quando o paciente tem contraindicação ou não respondeu bem à metformina.
Já com relação à sua ação, temos que essa droga possui um efeito genômico
(ou seja, vai demorar semanas para agir): ela vai atuar sobre um receptor nuclear
conhecido como PPAR-γ (peroxisome proliferator-activated receptor-γ), que está re-
lacionado aos tecidos adiposo e muscular, promovendo o metabolismo da glicose e
também a produção de adipócitos.
Em cima disso, a gente percebe que a ação do fármaco sobre esse receptor, além
de diminuir a resistência insulínica nos tecidos adiposo e muscular, também está
relacionada a uma maior formação de adipócitos (e, por isso, ganho de peso) nas
regiões periféricas do corpo.
Visto isso, temos que as principais contraindicações para seu uso são:
• Insuficiência cardíaca (NYHA III ou IV)
• Insuficiência hepática
• Gravidez
Efeitos Adversos
• Edema (por isso a contraindicação para IC)
• Insuficiência cardíaca
• Ganho de peso (piora adesão ao tratamento)
• Infecção em trato respiratório alto
• Sinusite/faringite
Sulfonilureias
Essa classe de drogas, juntamente com a das biguanidas, é uma das mais utiliza-
das no tratamento de pacientes diabéticos e as suas principais representantes são:
Primeira geração
Tolbutamida
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Segunda Geração
Gliclazida
Glibenclamida
Terceira geração
Glimepirida
Glinidas
Sendo representada principalmente pela repaglinida e pela nateglinida, essa clas-
se de medicamentos atua de forma muito semelhante às sulfonilureias: promovem a
secreção de insulina pelo mesmo mecanismo de ação.
A diferença entre elas é apenas o tempo de meia vida das drogas, que é bem menor
no caso das glinidas. Dessa forma, o seu uso deve ser sempre antes de alguma refei-
ção, para que ela consiga reduzir a glicemia pós-prandial - é por isso que a sua princi-
pal indicação é em casos de pacientes que não têm horário fixo para as refeições.
Diante disso, conseguimos perceber que as glinidas atuam apenas sobre os mo-
mentos de pico de insulina, mas não sobre o nível basal desse hormônio, de modo
que essas drogas não podem ser utilizadas isoladamente.
Obs. Além disso, também não podem ser prescritas juntamente com uma sulfonilureia, afi-
nal o mecanismo de ação das duas é o mesmo.
Diabetes Mellitus 22
No que tange às contraindicações, tem-se apenas uma: gravidez.
Efeitos Adversos
• Hipoglicemia (em menor intensidade do que nas sulfonilureias)
• Ganho de peso
Inibidores de DPP-IV
Essa classe é representada principalmente por três fármacos: vildagliptina, sita-
gliptina e saxagliptina e ação deles se baseia em inibir a enzima DPP-IV, cuja função
é degradar as incretinas que foram liberadas após a alimentação.
A partir disso, sem sofrer degradação, as incretinas têm o seu efeito prolongado, ou se-
ja: há um maior estímulo à liberação de insulina (mas dependente da presença de glicose).
Por conta desse seu mecanismo, esses medicamentos estão pouco relacionados
à hipoglicemia e também não possuem muitas contraindicações, no máximo aler-
gias - mas, no geral, são bem tolerados.
Contudo, é importante destacar que eles são bem caros e não estão disponíveis
no SUS, de modo que acabam não sendo utilizados na prática - exceto se a gente
considerar que a prática é a clínica particular, obviamente.
Efeitos Adversos
• Nasofaringite
• Cefaleia e/ou tontura
• Diarreia
Análogos da GLP-1
Sendo representada pela exenatida e pela liraglutida, principalmente, essa classe
de medicamentos atua mimetizando uma das incretinas (no caso: o GLP-1) e, assim,
estimulando a liberação de insulina.
A sua administração deve ser subcutânea - diferente de todas as outras drogas
que vimos até aqui (que são orais) - e o seu efeito depende dos níveis de glicose, ou
seja: se a glicemia estiver baixa, elas não atuam, o que implica dizer que o risco de
hipoglicemia é muito baixo! Além disso, uma outra vantagem dessa classe é que os
medicamentos conseguem reduzir bastante o peso e inclusive são usados no trata-
mento de obesidade, até porque praticamente não há contraindicações para seu uso
- de novo: no máximo alergias (mas também são bem tolerados).
Efeitos Adversos
• Náuseas
• Possibilidade de pancreatite aguda injetável
Diabetes Mellitus 23
TRATAMENTO
Não
Rápida (regular) Prandial Insulinoterapia Biguanidas Glitazonas
farmacológico
Inibidores de Sensibilizadores
Acarbose Outros TRATAMENTO Tobutamida Gliclazida
a-glicosidases à Insulina
Secretagogos Secretagogos
Inibidores de
Dapaglifozina dependentes independentes Sulfoniureias Glibenclamida
SGLT-2
da glicose da glicose
Análogos da Inibiores de
Liraglutida Glinidas Glimepirida
GLP-1 DDP-IV
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4. Outros
Inibidores de SGLT-2
Essa classe é representada pela dapaglifozina, um medicamento que atua inibin-
do uma proteína renal conhecida como SGLT-2 e o que essa proteína faz é reabsorver
a glicose do filtrado. Ou seja, inibindo a sua ação, a gente aumenta a glicosúria e,
consequentemente, reduz os níveis glicêmicos do paciente - o que também favorece
a perda de peso. Como contraindicações, temos:
• Candidíase recorrente
• Comprometimento renal severo (o rim já não está funcionando muito bem, en-
tão o medicamento não terá qualquer efeito)
Efeitos Adversos
• Glicosúria
• Maior risco de ITU (já que haverá uma maior concentração de glicose no trato
urinário)
Inibidores de α-Glicosidases
Tendo como único represente a acarbose, essa classe de medicamentos atua
impedindo a ação da enzima α-glicosidase, que atua no intestino quebrando as
moléculas de carboidrato para facilitar a sua absorção. Assim, sem o efeito dessas
enzimas, a absorção de açúcar é retardada e a glicemia, ao invés de fazer um pico
pós-prandial, vai se alargar e aí esse padrão se aproxima da capacidade de secreção
de insulina dos pacientes diabéticos (que é mais tardia e menos intensa) - ou seja:
diferente do que vimos até agora, o que esse medicamento faz não é adaptar a insu-
lina do paciente aos níveis de glicose, mas adaptar a absorção de glicose aos níveis
de insulina que ele pode oferecer!
Como contraindicação, temos apenas:
• Gravidez
• Doença inflamatória intestinal
Efeitos Adversos
• Flatulência (o aumento de glicose no intestino favorece a ação de bactérias, de
modo a produzir gases)
• Distensão abdominal
• Dor abdominal
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5. Insulinoterapia
A nossa outra opção de tratamento é a administração de insulina no subcutâneo,
mas, para a gente entender melhor essa terapêutica, precisamos relembrar aquele
gráfico de insulina que vimos lá no início.
Bem… nesse gráfico a gente consegue ver que a insulina tem uma concentração
basal que se mantém ao longo de todo o dia, porém, apresenta picos após as princi-
pais refeições do dia e a gente precisa ter isso em nossa cabeça porque na insulino-
terapia o objetivo é criar uma associação quemimetize esse gráfico.
Dessa forma, há dois grupos de insulina:
• Basal
• Prandial
Insulina Basal
Fisiologicamente falando, a insulina basal é aquela que se mantém em níveis
constantes ao longo de todo o dia e aí, para mimetizar o seu efeito, nós podemos uti-
lizar insulinas de:
Ação prolongada/lenta
Glargina
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Detemir
Degludeca
Ação intermediária
NPH
Obs. A degludeca tem efeito durante mais de 24 horas e o maior benefício disso é que se
cria um intervalo de proteção em relação ao horário da tomada do medicamento, de modo que
o paciente pode se atrasar um pouco e ainda assim terá seu nível de insulina basal garantido.
NPH
Diferente das opções anteriores, a NPH é uma insulina de ação intermediária,
tendo efeito por apenas 12 horas (ou seja, serão necessárias, no mínimo, duas apli-
cações por dia: uma de manhã e outra de noite) e ela também possui um pico signi-
ficante, o que a afasta do que seria considerado fisiológico. Contudo, essa é a única
opção de insulina basal disponibilizada pelo SUS, de modo que acaba sendo mais
frequentemente utilizada do que as demais.
Insulina Prandial
Já a insulina prandial, por sua vez, é a responsável por fazer o pico após as refei-
ções e depois ceder para voltar aos níveis basais. Então, nesse caso, o paciente pre-
cisa fazer uso dessas insulinas antes de cada refeição principal.
Ação ultrarrápida
Lispro
Aspart
Glulisina
Diabetes Mellitus 27
Ação rápida
Regular
Regular
Já a insulina regular, que possui ação rápida, é aquela que demora um pouco para
surtir efeito (então precisa ser aplicada 45 minutos antes da refeição) e ainda tem
um tempo de ação mais longo, formando picos mais alargados e diferentes do que
considerado fisiológico.
Contudo, essa é a única insulina prandial que está disponível pelo SUS e, portanto,
acaba sendo a mais utilizada no cenário brasileiro.
Só para a gente terminar de organizar as coisas na nossa cabeça: o tratamento
ideal através da insulinoterapia é aquele que melhor se aproxima do que é conside-
rado fisiológico. Em cima disso, o melhor seria associar uma insulina basal de ação
prolongada (como a glargina) com uma insulina prandial ultrarrápida. Perceba que
nessa terapia o gráfico de insulina formado seria bem semelhante ao fisiológico que
já vimos:
Diabetes Mellitus 28
No entanto, em se tratando de SUS, a única opção de tratamento com insulina que
está disponível é a associação entre uma insulina basal de ação intermediária (NPH)
com uma insulina prandial de ação rápida (regular). Como podemos ver abaixo, o
gráfico final acaba diferindo um pouco do fisiológico, no entanto, ainda assim é um
tratamento eficaz no controle da DM.
DURAÇÃO DO
INSULINA INÍCIO DE AÇÃO PICO DE AÇÃO EFEITO
TERAPÊUTICO
Longa Duração
Ação ultralonga
Ação intermediária
Ação rápida
Ação ultrarrápida
Diabetes Mellitus 29
9. DECISÃO TERAPÊUTICA
Beleza, a gente viu um monte de opção e um monte de fármacos que podem ser
empregados no controle da DM. Mas no final das contas, o que é mesmo que a gen-
te usa?
Vamos com calma porque a escolha do tratamento depende do tipo de diabetes!
Pré-Diabetes
Caso a gente identifique que o paciente está em um quadro de pré-diabetes, a
principal medida a ser adotada é a orientação quanto à MEV. É preciso orientar o
paciente não só no que tange à realização de atividades físicas, mas também com
relação a importância de se ter uma alimentação saudável, evitando, em especial, o
consumo de carboidratos.
E já dá para entrar com medicamentos aqui? Então…de todos os medicamentos
disponíveis para controle da DM, apenas a metformina mostrou conseguir reduzir o
desenvolvimento de diabetes - e só em pacientes com menos de 60 anos! Isso quer
dizer que a gente vai prescrever metformina para todos os pré-diabéticos? Não! A
indicação fica restrita a casos específicos como:
• Obesidade grau II (IMC > 35)
• História de DM gestacional
• HbA1c aumentada > 6% (mesmo com MEV) DM tipo 2
Bem…toda vez que a gente for pensar na terapia de uma paciente com DM 2, é im-
portante levar em consideração 4 perguntas-chave:
1 – Tem insulinopenia?
Caso o paciente tenha insulinopenia (4 Ps), nós precisaremos passar para ele
um secretagogo ou então iniciar uma insulinoterapia - mas essa última só pode ser
considerada caso o paciente se enquadre em pelo menos das seguintes indicações
específicas:
Falência terapêutica Glicemia > 300 mg/dl
Diabetes Mellitus 30
Agora, se o paciente estiver com uma resistência insulínica, aí vamos precisar
passar a metformina e/ou a poliglitazona.
De maneira prática, então, se o paciente DM 2 for assintomático ou tiver apenas
sintomas leves e uma glicemia < 200 mg/dl, provavelmente ele só tem a resistência
insulínica, mas ainda consegue compensar isso através do aumento da secreção
desse hormônio, então para eles a gente pode começar com uma monoterapia usan-
do metformina ou poliglitazona.
Por outro lado, se ele já chegar com uma glicemia entre 200-300 mg/dl e com
manifestações (só que não graves), aí é porque, além da resistência, ele também já
deve estar começando a reduzir produção de insulina, então junto com metformina/
poliglitazona, a gente deve indicar o uso de um secretagogo - que na maioria das ve-
zes será uma sulfonilureia ou uma glinida, exceto se o paciente tiver acima do peso.
Mas e se o paciente estiver com glicemia > 300 mg/dl e com manifestações gra-
ves? Bem, aí ele já entra naquela indicação para insulinoterapia que vimos lá em
cima!
Por fim, as duas últimas perguntas não são para definir qual classe será usada,
e sim para ajudar a escolher qual é a melhor droga em cada situação. No caso de
pacientes com um maior risco de hipoglicemia, como é o caso dos idosos e dos pa-
cientes com demência ou algum acometimento cardiovascular, é importante a gente
avaliar bem se vamos passar uma sulfonilureia ou uma glinida, por exemplo.
Manifestações Manifestações
leves moderadas
Glicemia < 200 mg/dl Glicemia 200-300 mg/dl
Metformina ou
Metformina ou
poliglitazona +
poliglitazona
Secretagogo
Manifestações graves
Glicemia > 300 mg/dl
Insulinoterapia
Diabetes Mellitus 31
gente precisa saber o quanto o paciente pode pagar no seu tratamento para não aca-
bar indicando algo que ele não consegue bancar e aí não aderir ao tratamento.
Beleza, mas e se a gente iniciar a terapia do paciente e ele não responder e conti-
nuar descompensado? Bem…aí a gente vai associando outras drogas pra ver se regu-
la, sendo que quando atingirmos a marca de três fármacos hipoglicemiantes, a gente
já deve começar a refletir sobre a necessidade de introduzir insulina.
Insulinoterapia no DM2
Uma vez tendo definido que nosso paciente precisa ser insulinizado, o ideal é que
a gente vá introduzindo essa terapia de forma gradual e aí o preconizado nas diretri-
zes é que isso seja feito em quatro etapas.
Diabetes Mellitus 32
DM tipo 1
E no caso dos pacientes com DM 1? O que vamos fazer? Aí é bem mais fácil.
Lembra que nesse tipo da doença o problema todo é que a insulina não vai ser pro-
duzida por conta da destruição das células beta. Ou seja: não vai adiantar nada dar
um secretagogo ou alguma droga para diminuir resistência. O jeito então é seguir pe-
la insulinoterapia em esquema pleno - no caso, insulina basal-bolus.
Uma vez tendo escolhida a terapia apropriada para o paciente, aí a gente só preci-
sa monitorar a glicemia para ver se ela vai ficar controlada ou não. Nesse cenário en-
tram em cenas duas ferramentas bem importantes: o glicosímetro e o exame HbA1c
(novamente).
O automonitoramento da glicemia capilar (AMGC) através do glicosímetro está
indicado para todos os portadores de DM, uma vez que possibilita que o paciente
acompanhe os seus níveis glicêmicos ao longo do dia e, com isso, consiga preve-
nir com mais eficiência os episódios de hipo ou hiperglicemia. Já a HbA1c, por sua
vez, ainda continua sendo o método padrão-ouro para acompanhar os pacientes
diabéticos e por isso que ele deve ser repetido a cada três meses até que o pa-
ciente esteja compensado e, a partir daí, o acompanhamento passa a ser apenas
semestralmente!
Nesse contexto, o que nos norteia com relação ao manejo dos pacientes são as
metas glicêmicas preconizadas pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) ou pela
American Diabetes Association (ADA). Importante, no entanto, sempre levar em con-
sideração de que paciente nós estamos falando. Isso porque é necessário ser mais
rígido quando se trata de pacientes jovens - até por conta da memória metabólica -,
mas quando o paciente já é idoso, aí a gente pode ser um pouco mais flexível e acei-
tar valores acima do indicado pelas sociedades.
SBD
Meta glicêmica
Diabetes Mellitus 33
ADA
Meta glicêmica
Modificar esquema
Manhã-Noite
terapêutico de
OU Metformina ou
acordo a resposta
Múltiplas doses combinações
ao tratamento
OU
Infusão contínua
Rastreio de Insulinoterapia:
complicações crônicas Quadro grave e
• Retinopatia difícil controle
Complicações agudas
• Nefropatia (HbA1c > 9%)
• Hipoglicemia
• Cetoacidose • Neuropatia
diabética periférica
Complicação
• Lipohipertrofia • DAC e
aguda: Estado
cerebrovascular
hiperosmolar não
cetótico
Diabetes Mellitus 34
11. EMERGÊNCIAS HIPERGLICÊMICAS
Para finalizar, agora que a gente já aprendeu tudo do manejo clínico do paciente
com diabetes, é importante saber também que em determinadas situações esses
pacientes podem chegar para nós não em um consultório, mas no serviço de emer-
gência e aí é fundamental dominar a abordagem também nesses casos. Então lem-
bra que lá em cima a gente disse que ia deixar para abordar as complicações agudas
depois? Pois é chegado esse momento!
A principal complicação aguda da DM no serviço de emergência é a hiperglicemia,
que pode ser justificada por dois quadros: uma cetoacidose diabética (CAD) ou um
estado hiper-osmolar hiperglicêmico (EHH).
Ambos os quadros se devem a uma redução dos níveis de insulina, no entanto,
a CAD é bem mais frequente em pacientes com DM1 (o que implica dizer que são
indivíduos mais jovens) enquanto o EHH é uma complicação mais associada com
a DM2 (sendo, portanto, pessoas mais velhas as mais comumente afetadas). Isso
quer dizer que a gente sempre vai definir o diagnóstico com base do tipo de DM que
o paciente refere ter? Claro que não! A gente precisa avaliar em conjunto as manifes-
tações clínicas e o resultado de uma série de exames complementares.
Quadro Clínico
Cetoacidose Diabética
Nos casos de CAD, como a gente já viu, os pacientes costumam ser mais jovens
(normalmente entre 20-29 anos) e eles abrem o quadro de forma abrupta com hi-
potensão, taquicardia e taquipneia - podendo apresentar um padrão respiratório de
Kussmaul -, hálito cetônico e, em cerca de 20% dos casos, há ainda algum rebaixa-
mento do nível de consciência.
Além disso, outro sintoma muito frequente nos casos de CAD é a dor abdominal
muitas vezes associada com náuseas e vômito, sendo que isso acontece devido
ao atrito das lâminas desidratadas do peritônio na cavidade. Inclusive, ter isso em
mente é muito importante para que a gente sempre se lembre de que para todos os
pacientes jovens com quadro clínico de abdome agudo, é fundamental levantar a
suspeita de CAD!
Beleza. Mas, além desse quadro abrupto que acabamos de ver, é comum que mui-
tos pacientes apresentem um período prévio (de alguns dias) já um pouco sintomáti-
co com aquelas manifestações típicas da DM como polifagia, polidipsia e poliúria.
Diabetes Mellitus 35
Estado Hiperosmolar Hiperglicêmico
Já com relação ao EHH, os pacientes são frequentemente mais velhos (> 40
anos) e o quadro clínico típico aqui é mais arrastado, então o paciente já vinha há
vários dias apresentando os 4 Ps da diabetes, até o momento em que atinge uma
desidratação bem acentuada e sofre um rebaixamento de consciência.
Além disso, outro ponto comum entre esses pacientes é que muitos também rela-
tam uma dificuldade de ter acesso a água (seja por limitação física, idade avançada,
acometimento neurológico etc.), o que contribui e justifica o quadro de desidratação
severa que é a marca do EHH.
CAD EHH
Diagnóstico
Uma vez tendo levantado a suspeita de hiperglicemia, deve ser solicitado:
• Glicemia
• Gasometria Arterial
• Eletrólitos (Na, K, Cl, Mg, P)
• Hemograma
• Exame de Urina
• ECG
• Radiografia de Tórax
A partir disso, a gente vai fazer o diagnóstico se o paciente preencher critérios
específicos para alguma das duas complicações (ou CAD ou EHH), sendo que esses
critérios são:
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CAD
EHH
Leve Moderada Grave
Cetonúria + + + Pouco +
Cetonemia + + + Pouco +
Obs. Posm é Osmolalidade Plasmática e pode ser obtido pela seguinte fórmula:
2 x [Na (mEq/L)] + [Glicose (mg/dL)]/18
Fonte: Adaptado de Martins et al (2016).
CETOACIDOSE DIABÉTICA
Diabetes Mellitus 37
Uma vez tendo definido qual é a condição em que o paciente se encontra, também
é importante tentar identificar qual foi o fator desencadeante da complicação. Em boa
parte das vezes (30-50%) isso se deve a processos infecciosos como pneumonia, ITU,
sepse etc., no entanto a hiperglicemia pode ser por conta de uma falha no tratamento,
doenças do aparelho digestório, doenças vasculares, gestação e cirurgia, sendo que
até 10% dos casos não é possível identificar nenhuma justificativa plausível.
Manejo
Agora que nós já entendemos a identificar e diagnosticar um quadro de emergên-
cia hiperglicêmica, podemos começar a falar do manejo dos pacientes e aí, de forma
prática, a CAD e o EHH vão ser abordados de forma bastante semelhante: através de
reposição volêmica e insulinização.
Reposição Volêmica
Inicialmente, a reposição volêmica deve ser feita com solução salina isotônica
(0,9%) e aí nós vamos administrar 1litro em 1h. A ideia aqui é repor água no pacien-
te para, com isso, manter a pressão arterial e os níveis glicêmicos normais, além de
melhorar a perfusão tecidual.
Feito isso, ao final dessa primeira hora a gente vai reajustar a velocidade de infu-
são para 4-14 ml/kg/h e dosar o sódio sérico, pois é esse valor que vai definir nosso
próximo passo:
A partir daí, quando a glicemia do paciente atingir 250 mg/dl, a gente deve iniciar
reposição com solução glicosada (5%) e com NaCl (0,45%) para evitar hipoglicemia
e prevenir de edema cerebral. Essa administração deve ser controlada para manter a
glicemia do paciente entre 150-200 mg/dl.
Sódio normal/
Sódio baixo
elevado
(<150 mEq/l)
(> 150 mEq/l)
Insulinoterapia
Primeira coisa de todas: ela não deve ser realizada quando o paciente está em
hipocalemia (K < 3,3)!
Com isso em mente, a gente deve começar a insulinoterapia administrando uma
dose de ataque de insulina regular por via intravenosa que deve ser de 0,1- 0,15 U/kg
Diabetes Mellitus 38
para sensibilizar os receptores. Depois disso, vamos fazer uma infusão intravenosa
contínua de 0,1 U/kg/h.
Dessa forma, quando a glicemia atinge valores ≤ 200-250 mg/dl, aí vamos dimi-
nuir a infusão para 0,02-0,05 U/kg/h e associar com a administração de solução
glicosada (5%).
Já com relação ao fósforo, ele deve ser administrado na forma de fosfato de po-
tássio (20-30 mEq/l) a uma velocidade > 3-4 mEq/h. No entanto, sua reposição só
está indicada em condições específicas como:
Disfunção cardíaca Anemia
Critérios de Resolução
E no final das contas, como vamos definir se o paciente melhorou do quadro? É
simples… se ele estiver em CAD, nós assumimos que houve uma resolução se, além da
glicemia < 200, ele também não apresentar mais indicativos de acidose metabólica por
ânion gap aumentado na gasometria arterial. Já no caso do EHH, nós vamos ter uma
resolução do quadro quando o paciente reduzir os níveis glicêmicos e, associado a is-
so, melhorar o valor da sua Posm e também o seu nível de consciência.
Diabetes Mellitus 39
MAPA MENTAL RESUMO
Defeitos ação/
Sind. Metabólica
secreção insulina
Autoimune Arteriopatia
Retinopatia Nefropatia
e LADA periférica
Glicemia de 2h
após TOTG-75g Diagnóstico Complicações Crônicas Cerebrovascular
≥ 200mg/dL
Glicemia de jejum
Laboratoriais Agudas Hipoglicemia DAC Nefropatia
≥ 126mg/dL
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CLARK, Michelle; et al. Farmacologia Ilustrada.5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
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2018.
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8ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
MARTINS, Herlon S.; et al. Medicina de Emergência: Abordagem Prática. 11ª ed.
Barueri - SP: Manole, 2016.
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RANG, H.P.; DALE, M.M.; et al. Farmacologia. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
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Algoritmo SBD 2017. Posicionamento Oficial SBD nº 02/2017.
Sociedade Brasileira de Diabetes. Conduta Terapêutica no Diabetes Tipo 2: Algoritmo
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