Você está na página 1de 22

FLUIDOTERAPIA

Profª. Lívia Geraldi Ferreira


ÁGUA E ELETRÓLITOS

• Grande importância para processos biológicos → muitos


sistemas envolvidos na sua regulação e equilíbrio
– Sistema gastrintestinal, rins, pele e glândulas endócrinas

• Patologias nos sistemas → alterações dos equilíbrios hídrico,


eletrolítico e ácidobásico

• Alterações podem ocorrer simultaneamente

• Alterações devem ser diagnosticadas e corrigidas o mais


rápido possível
COMPARTIMENTOS DO ORGANISMO
EQUILÍBRIO ELETROLÍTICO
EQUILÍBRIO ELETROLÍTICO

LEC (mOsm/kg H2O)


ÍONS LÍQUIDO LIC (mOsm/kg H2O)
PLASMA
INTERSTICIAL
Na+ 146,0 142,0 14,0
K+ 4,2 4,0 140,0
Ca2+ 2,5 2,4 0,0
Cl- 105,0 108,0 4,0
HCO3- 27,0 28,3 10,0
Fosfatos 2,0 2,0 11,0
Proteínas 1,2 0,2 4,0
Osmolalidade total 302,9 301,8 302,2
EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO

• Ingestão de água = Excreção de água


– Entrada de água no corpo → ???
– Saída de água do corpo → ???

• Déficit de água
– ↑ da osmolaridade do LEC → es mulação do centro da sede e
liberação de ADH
– ↓ da pressão arterial → a vação do sistema renina-
angiotensina → es mulação do centro da sede e liberação de
ADH e aldosterona
DESIDRATAÇÃO

• Duas causas:
– Falha na ingestão de água (privação de água, ausência de sede
ou impossibilidade de beber água)
– Perda excessiva de líquidos corporais (diarreia e vômito)

• Classificada de acordo com a perda de fluidos e as alterações


nas concentrações de sódio
– Desidratação hipertônica
– Desidratação isotônica
– Desidratação hipotônica
DESIDRATAÇÃO

• Balanço negativo de água


– Resposta inicial → desvio de fluidos do líquido inters cial e dos
tecidos e manutenção do volume sanguíneo
– Resposta mais tardia → diminuição do volume sanguíneo e
hemoconcentração
– Mecanismos compensatórios nos rins e no TGI
• Efeitos da desidratação
– ↑ do metabolismo de gorduras, carboidratos e proteínas →
geração de água metabólica e energia
– ↑ do metabolismo → acidose e ↑ das concentrações
sanguíneas de nitrogênio não protéico
– ↓ do volume sanguíneo → oligúria e depressão mental
– Fraqueza muscular, hipotermia e anorexia
DESIDRATAÇÃO

• Avaliação da desidratação

Porcentagem de
Sinais clínicos
desidratação
História de perda fluida, mucosas ainda úmidas, evidência de
4 ou menos
sede
5-6 Perda sutil de elasticidade cutânea, ligeira demora no retorno da
pele à posição normal, pelos ressecados, mucosas ligeiramente
secas, mas língua ainda úmida
7-8 Demora no retorno da pele à posição normal, mucosas e língua
ressecadas, ligeira enoftalmia, ligeiro aumento do TPC
9-11 Pele pinçada não retorna à posição normal, aumento do TPC,
enoftalmia, mucosas ressecadas e alguns sinais de choque
12-15 Sinais definidos de choque e colapso circulatório, morte iminente
DESIDRATAÇÃO

• Avaliação da desidratação
– Hematócrito e proteínas totais no soro ou no plasma
– Urinálise (densidade, pH, glicose, corpos cetônicos e proteínas)
– Análises bioquímicas (ureia e creatinina)
– Função hepática (AST, ALT, FA)
– Glicemia
– Determinação de íons séricos (Na+, K+ e Cl-)
– Hemogasometria (pH, pCO2, HCO3- e BE)
FLUIDOTERAPIA

• Finalidades da fluidoterapia
– Correção do volume de fluido perdido e dos desequilíbrios
eletrolíticos e ácidobásicos
– Choque, alimentação parenteral e estimulação da função renal
– Corrigir anormalidades já existentes e prover terapia de
manutenção até que o animal se recupere

• Principais dificuldades da fluidoterapia


– Determinação da natureza e do grau das anormalidades e
escolha do fluido
– Histórico, exames físicos e complementares e diagnóstico da
enfermidade
FLUIDOTERAPIA

• Volume de fluido
– Reposição das perdas atuais + manutenção + reposição das
perdas contínuas
– Cães e gatos
• Volume de reposição das perdas atuais → volume (mL) = grau de
desidratação (%) x peso corporal (kg) x 10
• Volume de manutenção → 40-60 mL/kg/dia
• Volume de reposição de perdas con nuas → es mado
– Ruminantes e equinos
• Volume de reposição das perdas atuais → volume (mL) = grau de
desidratação (%) x peso corporal (kg) x 10
• Volume de manutenção → 50-100 mL/kg/dia
• Volume de reposição de perdas con nuas → es mado
FLUIDOTERAPIA
• Tipo de fluido
– Depende do histórico, dos sinais clínicos e dos exames
laboratoriais
– Soluções cristaloides
• Soluções mais empregadas na fluidoterapia
• Soluções à base de água e moléculas que podem atravessam a
membrana celular
• Soluções de NaCl 0,9%, NaCl 0,45%, Ringer lactato e Glicose 5%
– Soluções coloides
• Soluções que contêm substâncias de alto peso molecular, que
aumentam a pressão coloidosmótica intravascular
• Coloides naturais → sangue, plasma, albumina, fração proteica
plasmática
• Coloides sintéticos → dextran 70, gelatina e hemoglobina
polimerizada
FLUIDOTERAPIA

• Tipo de fluido
– Fluido isotônico
• Osmolaridade semelhante a do plasma sanguíneo
• Promove expansão do compartimento intravascular
• Soluções de NaCl 0,9% e Ringer lactato
FLUIDOTERAPIA

• Tipo de fluido
– Fluido hipotônico
• Osmolaridade menor que a do plasma sanguíneo
• Dilui o plasma por redução da osmolaridade
• Líquidos passam do compartimento intravascular para o
intersticial e para o intracelular
• Solução de NaCl 0,45%
FLUIDOTERAPIA

• Tipo de fluido
– Fluido hipertônico
• Osmolaridade maior que a do plasma sanguíneo
• Atrai líquidos dos compartimentos intracelular e intersticial para o
compartimento intravascular
• Estabilização da pressão arterial, manutenção de fluxo urinário e
redução de edema
• Soluções coloides e cristaloides
FLUIDOTERAPIA

• Tipo de fluido
– Soluções de reposição
• Não devem promover alteração qualitativa
• Mesma composição do LEC
• Soluções de NaCl 0,9%, Ringer e glicose 5% em NaCl 0,9%
– Alcalinização do LEC
• Correção de acidose metabólica
• Ringer com lactato e solução de NaHCO3 1,3%
– Acidificação do LEC
• Correção de alcalose metabólica
• Solução de NaCl 0,9% e Ringer
FLUIDOTERAPIA

• Vias de administração
– Via oral
• Indicada em quadros de desidratação discreta, manutenção e
suplementação nutricional
• Contraindicada em quadros de desidratação intensa, vômito,
incapacidade de sucção/deglutição
– Via intravenosa
• Perdas agudas de líquidos e anormalidades eletrolíticas e
acidobásicas, incapacidade de sucção/deglutição, choque,
administração de fluidos não isotônicos, sangue, plasma e
expansores de volume
• Maior dificuldade na manutenção e assepsia dos cateteres
• Coagulação, hematomas, maiores riscos de tromboembolismo e
infecções
FLUIDOTERAPIA

• Vias de administração
– Via subcutânea
• Pequenos animais e pequenos ruminantes
• Indicada em doenças crônicas, desidratações discretas e para
animais jovens ou muito pequenos
• Administração de soluções isotônicas; absorção mais lenta
• Contraindicada em quadros de perda aguda de fluidos,
desidratação grave, hipotermia, hipotensão e edema de
subcutâneo
FLUIDOTERAPIA
• Velocidade de administração
– Forma aguda ou crônica das perdas de líquidos
– Condição cardiovascular
– Resposta do paciente
– Via intravenosa → maior velocidade até restabelecimento do
fluxo urinário e, depois, redução a 1/3 da velocidade
• Avaliação da fluidoterapia
– Exame clínico do paciente
• Melhoria na coloração das mucosas
• Micção com retorno da função renal
• Melhoria da depressão
• Recuperação do turgor da pele
• Desaparecimento de enoftalmia
• Avaliações laboratoriais
CÁLCULO DO VOLUME E DA VELOCIDADE DE
ADMINISTRAÇÃO DE FLUIDOS
1. Reidratação

Volume (mL) = % de desidratação x peso (kg) x 10

2. Manutenção → 40-60 mL/kg/dia

3. Perda continuadas
– Vômito → 40 mL/kg/dia
– Diarreia → 50 mL/kg/dia
– Vômito + diarreia → 60 mL/kg/dia

• Exemplo: Cão de 4 anos, 10 kg, com 5% de desidratação e


apresentando quadro de vômito
RESUMINDO...

Você também pode gostar