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Fluidoterapia em cães e gatos na

prática clínica

Médica veterinária Perla Noe


Mestre em Ciência Animal
perlanoe@hotmail.com
Introdução

Água: onde tudo começou

Equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico:


imprescindíveis para a realização das funções
metabólicas corporais

Distúrbios afetam o EQUILÍBRIO

Terapia que consiste na administração de fluidos


Introdução
Objetivos:
- Choque – Reanimação, restabelecer a volemia
- Corrigir deficiências hídricas
- Corrigir desequilíbrio eletrolítico e/ou ácido/básico
- Manter o equilíbrio hidroeletrolítico
- Servir como veículo de infusão de medicamentos
- Manutenção de via de acesso venoso
- Eliminar subst. tóxicas e metabólitos – diurese
- Cirurgia: perf. tecidual, volemia, perdas, recuper.
- Nutrição enteral/parenteral, anemia, coagulopatia
Introdução
Quando for realizar fluidoterapia:

• Há necessidade de fluidoterapia?
• Qual tipo de fluido utilizar?
• Qual volume de fluido administrar?
• Qual a velocidade de administração?
• Qual via utilizar?
• Quais suplementos e medicamentos podem ser
adicionados ao fluido ou administrados
juntamente com o fluido?
• Quando suspender a fluidoterapia?
Fisiologia de água e eletrólitos corporais

Água corporal

- Representa 50 a 70% do peso corporal


- Em adultos média de 60%
- Maior em jovens e filhotes
- Menor em idosos e obesos
- Gestação, lactação, ascite, etc. interferem
Fisiologia de água e eletrólitos corporais

Água corporal

- 2/3 água corporal ou 40% do peso dentro de


células

- Liquido Intracelular - LIC


Fisiologia de água e eletrólitos corporais

Água corporal

- 1/3 ou 20% do peso corporal fora das células

- Liquido Extracelular – LEC


Fisiologia de água e eletrólitos corporais
Água corporal

Liquido Extracelular – LEC


1 – Líquido intersticial (entre as células) = 15%
2 – Líquido intravascular (dentro dos vasos) = 5%
3 – Transcelular: líq cefalorraquidiano, TGI, sinovia,
intraocular, pleurais, bile, secreções glandulares.
Terceiro espaço: líquido sequestrado em algum
compartimento do corpo (ascite, derrame pelural,
edema de mesentério, etc)
4 – Ossos e tecido conj. denso
Fisiologia de água e eletrólitos corporais

Fonte: http://not1.xpg.uol.com.br/histologia-tecido-epitelial-resumo-completo-de-biologia/
Fisiologia de água e eletrólitos corporais

Fonte:http://www.genomasur.com/BCH/BCH_libro/capitulo_05.htm
Fisiologia de água e eletrólitos corporais

Eletrólitos

Liquido Intracelular – LIC

Altas concentrações de K, Mg, PO4 (fosfato)


Fisiologia de água e eletrólitos corporais

Eletrólitos

Liquido Extracelular – LEC

Altas concentrações de Na, Cl, HCO3 (bicarbonato)


Fisiologia de água e eletrólitos corporais

Fonte: http://estudosmedicina.blogspot.com.br/2012/05/compartimentos-corporais.html
Fisiologia de água e eletrólitos corporais

Fonte: http://fisioanimall.blogspot.com.br/2014/08/fluidos-corporais.html
Fisiologia de água e eletrólitos corporais

Movimento e mistura dos LECs


- Todos os LECs do organismo são
permanentemente e continuamente misturados
entre si (espaço intra e extravascular)

- Remoção de excretas celulares, obtenção de


nutrientes, etc.

- Líquido dentro dos vasos sg ↔ liquido intersticial


Fisiologia de água e eletrólitos corporais

Movimento e mistura dos LECs

- Pressão hidrostática, pressão oncótica, difusão

Importante para entender Fluidoterapia IV


Fisiologia de água e eletrólitos corporais

Movimento de LICs e LECs

- Movimento de água através da membrana celular,


para dentro e para fora

- OSMOSE – passagem de água de uma solução


menos concentrada para mais concentrada até se
igualarem.
Fisiologia de água e eletrólitos corporais

Movimento de LICs e LECs


Os LIC e LEC encontram-se sempre em equilíbrio
osmótico, apesar da composição desses líquidos
serem diferentes. Isto se dá devido as pressões
osmoticas das substâncias não difusíveis nas duas
faces da membrana serem iguais. Quando esse
equilíbrio é quebrado tem-se a OSMOSE e o
objetivo é restabelecer o equilíbrio.
- Alteração de volume de líquido/alteração de [ ] eletrólitos
- Importante na Fluidoterapia IV
Fisiologia de água e eletrólitos corporais

Movimento de LICs e LECs


- Isotonicidade: LEC tem a mesma pressão
osmótica do LIC, fluxo proporcional, sem osmose

- Hipertonicidade: LEC tem pressão osmótica


maior que o LIC, sai água fora da célula

- Hipotonicidade: LEC tem pressão osmótica


menor que o LIC, entra água dentro da célula
Fonte: https://professoradarlenecarvalho.blogspot.com.br/2016/02/membrana-celular-osmose.html
Fisiologia de água e eletrólitos corporais
Entrada = saída

- Teor Na no corpo determina volume do LEC e do


líquido corporal total. Se ↑Na ↑H2O; se ↓Na ↓H2O

- Controle do equilíbrio hídrico: mecanismos


osmorreguladores (rins: água e Na/ADH/sede)

- Volume de água que entra no corpo deve ser


igual ao volume que sai.
Fisiologia de água e eletrólitos corporais
Entrada = saída

- Entrada: ingestão de água e alimentos,


metabolização de nutrientes em CO2 e água
Animais nunca bebem mais água que o necessário
para aliviar a desidratação

- Perdas fisiológicas sensíveis: urina, fezes


(podem ser aferidas). Com solutos
Fisiologia de água e eletrólitos corporais
Entrada = saída

- Perdas fisiológicas insensíveis: respiração,


pele (não aferidas). Sem ou poucos solutos.
Inspiração aquece e satura o ar com água
Cães ofegam mais para dissipar calor
Gatos salivam mais para autolimpeza, lamber o
pelo para resfriamento
Fisiologia de água e eletrólitos corporais
Entrada = saída

- Perdas patológicas:
Privação de água (animais presos), anorexia,
calor ou exercício intenso, salivação excessiva,
convulsões, febre intensa, urina excessiva,
vomitos, diarreia, hemorragia, feridas cutâneas,
queimaduras, drenos
Desidratação, distúrbios eletrolíticos e ácido-
bases
Desidratação
= Perda de solvente (água) sem perda de soluto
(sais, pequenas moléculas, proteínas). Ex:
perspiração e insolação.
Na clínica: distúrbios clínicos descritos como
desidratação envolvem perdas combinadas de
água e eletrólito.

Para fins clínicos: desidratação, por definição,


ocorre quando a perda de fluidos é maior que sua
ingestão
Desidratação, distúrbios eletrolíticos e ácido-
bases
Desidratação

- Isotônica: tipo mais comum, perda de água e


eletrólitos em igual proporção, permanece líquido
com osmolaridade normal, sem osmose entre LIC e
LEC.
↓ líquidos corporais → redistribuição do LEC que
vai para dentro dos vasos → se perda continua →
Depleção leva a hipovolemia e choque
Anorexia, vomitos, diarreia, urina excessiva,
doença renal, sequestro de LEC como peritonite
Desidratação, distúrbios eletrolíticos e ácido-
bases
Desidratação

- Hipertônica: perda de água é maior que a


eletrólitos, o líquido corporal se torna hipertônico.
LEC hipertônico devido hipernatremia → células
perdem água para o LEC para manter
isosmolaridade.

Privação de água, exposição ao calor ou exercício


intenso, salivação excessiva, convulsões, febre,
diabete insípido (↓ADH)
Desidratação, distúrbios eletrolíticos e ácido-
bases
Desidratação

- Hipotônica: perda de eletrólitos é maior que a


perda de água, líquido corporal se torna hipotônico.
LEC cede água para interior das células → ↓do
volume circulante (plasmático).

Insuficiência adrenocortical (↓aldosterona = perda


Na, Cl, água), uso de diuréticos, perda de fluido
isotônico + fluidoterapia hipotônica, anorexia com
ingestão de água.
Desidratação, distúrbios eletrolíticos e ácido-
bases
Desidratação

- Diagnóstico clínico:
Pele, mucosas, orbita ocular, peso, PA (gatos +
difícil), TPC, FC, pulso, temperatura de
extremidades, produção de urina, estado mental
4 a 5% - sinais discretos
6 a 8% - sinais moderados
10 a 12% - sinais intensos, graves
> 12% - choque, morte iminente
Desidratação, distúrbios eletrolíticos e ácido-
bases
Desidratação

- Diagnóstico laboratorial:
VG ou HT ↑: cuidado anemia
PPT ↑: cuidado hipoproteinemia
Densidade urinária: gatos: 1,020-1,030-1,060
cães: 1,015-1,025-1,045
Desidratação, desequelíbrio eletrolítico e
ácido-base
Distúrbios eletrolíticos e ácido-bases
- Na
↑: na desidratação hipertônica, ICC
↓: insuf adrenocortical, uso excessivo de diuréticos

- K
↑: IRA, azotemia pós-renal (obstrução uretral)
↓: anorexia, fluido com ↓K, vômitos, diarreia, IRC,
Diabetes mellitus (diurese osmótica), tto insulina,
infusões glicose 5%, hepatopatia
Desidratação, desequelíbrio eletrolítico e
ácido-base
Distúrbios eletrolíticos e ácido-bases
- Ca
↓: hiperfosfatemia, fase final da gestação, lactação

- P
↑: diminuição da taxa de filtração glomerular
(azotemia)
↓: cetoacidose diabética
Desidratação, desequelíbrio eletrolítico e
ácido-base
Distúrbios eletrolíticos e ácido-bases
- Mg
↓: anorexia, quando K está diminuído

- Acidose: ↑[ H+] líquidos corporais


Perda de bicarbonato por diarreia
↑prod. de subst. ácidas no organismo (ac. lático,
cetoacidose, IR, choque)
Acidose respiratória: Insuficiência respiratória leva
ao acúmulo de CO2, leva a acidose do organismo.
Desidratação, desequelíbrio eletrolítico e
ácido-base
Distúrbios eletrolíticos e ácido-base

- Alcalose: ↑ do pH dos líquidos corporais


Acúmulo de bicarbonato no organismo/perda de H+
Diminuição de CO2 devido a hiperventilação
Perda excessiva de cloretos por vomito gástrico
Hipocalemia
Desidratação, desequelíbrio eletrolítico e
ácido-base
Distúrbios eletrolíticos e ácido-base

- Diagnóstico
Diagnostico clínico: anamnese, sinais, doença, tipo
de desidratação

Determinação sérica dos eletrólitos

Hemogasometria – dosagem de CO2 e HCO3


Tipos de fluidos e suplementos/aditivos
Classificação dos fluidos

- Soluções cristaloides:
Líquidos com eletrólitos (maioria íons) ou glicose,
capazes de entrar em todos os compartimentos
corporais (membrana semipermeável e endotélio
vascular)

Rápida distribuição de líquido do espaço


intravascular para o intersticial (80% em 1h)
Tipos de fluidos e suplementos/aditivos
Classificação dos fluidos
- Soluções cristaloides:
Isotônicas: têm a tonicidade ou osmolalidade ou [ ]
de Na igual a do plasma, rápido equilíbrio no
insterstício.

NaCl 0,9%; Sol. Ringer lactato; Sol. Ringer,


Plasma-Lyte 148; Normosol R

Líquidos de reposição, podem ser administrados


rapidamente na hipovolemia, desidratação grave
Tipos de fluidos e suplementos/aditivos
Classificação dos fluidos
- Soluções cristaloides:
Hipertônicas: têm a tonicidade ou osmolalidade ou
[ ] de Na maior que a do plasma, causa desvio da
água IC para o LEC e do interstício para dentro dos
vasos, isso leva ao aumento rápido da volemia.

Expansor plasmático, NaCl 7,5% choque, ↑pressão


IC (edema cerebral) 2-4 mL/kg em 5-10 min.
Glicofisiológica (SF 0,9% + SG 5%) levemente
hipertônica
Tipos de fluidos e suplementos/aditivos
Classificação dos fluidos
- Soluções cristaloides:
Hipotônicas: têm tonicidade ou osmolalidade ou [ ]
de Na menor que a do plasma, causa desvio de
água LEC para dentro da célula, podendo causar
hemólise

NaCl 0,45%, Solução de glicose 5%


Líquidos de manutenção, após reposição hídrica,
administração lenta, suplementação com K
S. Glicofisiológica 154 154 4,0 Hipertónico 560,3
S. Ringer Simples 147 156 4 4,5 6,5 Isotônico 309

Osmolaridade do organismo: 300 mOsm/L

Fonte: http://estudosmedicina.blogspot.com.br/2012/05/compartimentos-corporais.html
Tipos de fluidos e suplementos/aditivos
Classificação do fluidos
- Suplementos: dependendo das necessidades do
paciente.
Cloreto de potássio 10%; 15%; 19,1% - K
Bicarbonato de sódio 5%; 8,4%; 10% - HCO3
Sulfato de magnésio 10%; 50% - Mg
Gluconato ou Cloreto de cálcio a 10% - Ca
Solução de glicose 25%; 50% - glicose
Cloreto de sódio 10%; 20% - Na
Fosfato de potássio - P
Vitaminas hidrossolúveis: vit. C e B
Tipos de fluidos e suplementos/aditivos
Classificação do fluidos
- Suplementos: dependendo das necessidades do
paciente.
Cloreto de potássio 10%; 15%; 19,1%
Quando concentração sérica < 3,5 mEq/L
20-30 mEq/L adicionado ao líquido de manutenção
Velocidade: 6 mL/kg/h

Bicarbonato de sódio
Diagnóstico clínico, de acordo com a gravidade da
acidose: 3-9 mEq/kg de HCO3 em 24 hs
Tipos de fluidos e suplementos/aditivos
Classificação do fluidos
- Suplementos: dependendo das necessidades do
paciente.
Sulfato de magnésio 10%; 50%
2,5-5 mg/kg/h

Gluconato de cálcio 10%


Distocia, eclâmpsia (0,5-1,5 mL/kg), vel. infusão 1
mL/min ou total em 10-20 minutos. Monitorar FC,
bradicardia indica cardiotoxicidade por excesso.
Tipos de fluidos e suplementos/aditivos
Classificação do fluidos
- Suplementos: dependendo das necessidades do
paciente.
Solução de glicose 10%; 25%; 50%
SG 5% NÃO supre as necessidades calóricas.
Hipoglicemia/anorexia: Adiciona-se glicose a 50% a
soluções com concentrações entre 2,5-5% de
glicose.
Obter soluções de glicose entre 10-15%
0,5-1,0 mL/kg de solução de glicose a 50%.
Tipos de fluidos e suplementos/aditivos
Classificação do fluidos
- Soluções colóides:
Soluções com macromoléculas, não difundem
rápido pelo endotélio vascular, ficando mais tempo
nos vasos→ atrai Na e água do interstício para
dentro dos vasos → aumento prolongado da
volemia.

Usados para expandir o volume plasmático; repor e


manter a pressão coloidosmótica intravascular;
prevenir edemas; em distúrbios hematológicos
Tipos de fluidos e suplementos/aditivos
Classificação do fluidos
- Soluções colóides:
Colóides naturais: produzidos pelo organismo
Sangue total, plasma (albumina, plaquetas, etc.),
hemácias, etc.

Colóides sintéticos: moléculas complexas de


polissacarídeos, diluídos em soluções cristalóides
Hetamido e Pentamido; Dextrana; Oxipoligelatina e
Oxiglobina
Vias de administração
Oral: sonda enteral, água de beber, solução
caseira (1 litro H2O + 3,5 g sal (1 colher de café) +
40 g açúcar (2 col sopa)), água de coco (↓Na).
Desidratação leve, sem perdas excessivas

Subcutânea: repor perdas contínuas após fluido


IV, manutenção, absorção 6 a 8 hs, não pode na
desidratação grave, elasticidade da pele, gatos 50
a 150 mL, fluidos iso ou hipotônicos, entre as
escápulas
Vias de administração
Intravenosa: Choque, hipovolemia, rápida infusão,
grandes volumes, perdas excessivas, infusões
contínuas de medicamentos, veículo, coletas
seriadas de sg.
Frasco de fluido
Equipo: macro e microgotas, controlador de fluxo
Aparelho controlador de fluxo/gotas
Cateter periférico
Veias cefálica, safena, jugular; tamanho e tempo de
permanência do cateter, assepsia, animal-
monitorar-fluxo
Vias de administração

Fonte: www.universodegatos.com/fluidoterapia-
subcutanea-para-gatos-com-insuficiencia-rena Fonte: www.imgrum.org/tag/bombadeinfusao
Vias de administração

Fonte:
http://enfermagembio.blogspot.com.br/2015/01/materia
is-para-administracao-de.html
Fonte:
http://www.safety-bbraun.com.br/cps/rde/xchg/hc-safety-
pt-br/hs.xsl/7243.html
Vias de administração
Intraóssea: filhotinhos em situações de
emergência, transfusão, medula óssea de fêmur,
tíbia ou úmero, agulha espinhal ou de medula e
fixa no local

Intraperitoneal: transfusão em filhotinhos,


reaquecimento na hipotermia grave, fluido
isotônicos ou ligeiramente hipotônicos
Volume e velocidade de infusão
Calcular volume de REPOSIÇÃO

Relacionado ao déficit hídrico, corrigir/repor líquido


- % de desidratação x peso kg= litros necessários
- Peso anterior menos peso atual = 1 kg/1litro
- Utilizar fluidos de reposição: SF, SRL; SR
Casos de perdas rápidas ou extensas: repor em 4
a 6 horas.
Casos crônicos repor em 10 a 12 ou em 24 horas
Volume e velocidade de infusão
Calcular volume de MANUTENÇÃO

Supre as perdas normais (perdas sensíveis,


insensíveis) em animal que não se alimenta.
Utilizar soluções de manutenção (hipotônicas): G
5%, NaCl 0,45%
Infusão lenta (líquido hipotônico) + suplementar K
Gatos: 30 x peso corporal (kg) + 70 = mL/24h
(Little, 2016)
Cães: 66mL/kg/24h (peq) 44 mL/kg/24h (grande)
(Macintire et al., 2007)
Volume e velocidade de infusão
Calcular volume de PERDAS ANORMAIS

Perdas como vômitos, diarreia, salivação, poliúria,


etc. PERSISTENTES
Difícil quantificar, calcular por estimativa, depende
da patologia, anamnese
Bom começo: 1/3 do volume de manutenção
• Vômitos = 40mL/kg/dia
• Diarréia = 50 mL/kg/dia
• Vômitos+diarréia = 60mL/kg/dia
Volume e velocidade de infusão
Plano de fluidoterapia: Vários métodos
Cão filhote, SRD, macho, 10 kg, vômitos e diarreia
profusos. Sinais compatíveis com desidratação 8%.
Reposição: 8% x 10 kg = 0,8 L= 800 mL
Manutenção: 44 mL x 10 kg = 440 mL/24h
Perdas anormais: 60 mL/kg/24h = 600 mL/24h
TOTAL= 1.840 mL
Reidratar em 4 horas:
800 rep + 73 mL manut + 100 mL perdas = 973 mL
em 4 horas
Volume e velocidade de infusão
Plano de fluidoterapia: Vários métodos

973 mL em 4 horas = 973/4= 243 mL/h

1 mL=20 macrogotas 243 mL x 20 gts= 4.860gts

4.860 gts em 60 minutos = 81 gts/min = 1,3 gt/seg


Volume e velocidade de infusão
Plano de fluidoterapia: Vários métodos

Reposição: 8% x 10 kg = 0,8 L= 800 mL


Manutenção: 44 mL x 10 kg = 440 mL/24h
Perdas anormais: 60 mL/kg/24h = 600 mL/24h

(440-73) + (600-100) = 867 mL nas prox 20 hs


Se controlou vômitos e diarreia, faz manutenção.
Volume e velocidade de infusão
Plano de fluidoterapia: Vários métodos
- Reposição + manutenção + perdas = infundidos
em 24 horas ou 1/3 do volume em 8 horas + fluido
subcutâneo

- Em casos menos graves: Reposição +


manutenção em 24 horas.
- Infusão: rápida 10-30 mL/kg/h lenta 2 a 4
mL/kg/h
CONSTANTE MONITORAMENTO DO PACIENTE
acompanhar efetividade, alterações necessárias
Volume e velocidade de infusão
Animal em Choque

- Cristalóide isotônico
Cão: 80-90 mL/kg Gato: 40-60 mL/kg
Administrar o volume em bolus – 1/3 a ½ do
volume total em 10 a 30 min. e avaliar o paciente.
Repetir o bolus, se necessário, até normalizar
frequência cardíaca, PA, TPC.
Volume e velocidade de infusão
Animal em Choque

- NaCl 7,5%
Cães 4-7 mL/kg Gatos: 2-4 mL/kg
Administrar em bolus 5-10 min.
Ideal quando há necessidade de grande volume de
solução isotônica mas é difícil administrar esse
volume rapidamente.
Volume e velocidade de infusão
Animal em Choque

- Colóide
Cão: 10-20 mL/kg Gato: 5-10 mL/kg
Administrar o volume em bolus
Gatos velocidade de infusão mais lenta.

OBS: Uso assocido de Sol. Salina hipertônica e


colóide
Volume e velocidade de infusão

Fluidoterapia de diurese: casos de intoxicação,


eliminação de ureia e creatinina, ↑ TFG →
depuração, sem problemas renais ou cardíacos. 10
mL/kg/h

Interrupção da fluidoterapia: animal estabilizado,


ingerindo água e se alimentando normalmente
Volume e velocidade de infusão

Hiperidratação: excesso de fluido; incapacidade


em eliminar a água livre: nefropatias, hepatopatias,
ICC.
Tosse, inquietação, taquipneia, edema subcutâneo,
ascite, quemose, exoftalmia, vômito, corrim. nasal
seroso, taquicardia, estertor pulmonar,↑produção
urinária. Furosemida 4-8 mg/kg IV.

Gatos: hipotermia impede controlePA → propensão


a hiperidratação. Aquecê-los antes da fluidoterapia
Adapatado de Little, 2016
OBRIGADA!!!
Referências
LUNN, KF; JOHNSON, AS; JAMES, KM. Fluidoterapia. In: LITTLE, S.E. O gato: medicina
interna. 1ª ed. Rio de Janeiro:Roca, 2016, p 50-85.

BATEMAN SW; CHEW, DJ. Fluidoterapia para cães e gatos. In: BIRCHARD, S.J.;
SHERDING, R.G. Manual saunders - Clínica de pequenos animais. 3ª ed. São
Paulo:Roca. 2008. p. 83-100.

MANCITRINE, DK; DROBATZ, KJ; HASKINS, SC; SAXON, WD. Emergência e cuidados
intensivos em pequenos animais. Barueri, SP:Manole. 2007. p. 57-73.

CEREGATTI, MG; VOLPATO, J; MATTOSO, CRS; COSTA, A; WEINERT, NC; TOCHETO,


R; COMASSETTO, F; MERE ERIKA SAITO, ME. Determinação da influência da
fluidoterapia nos parâmetros hematológicos e urinários em cães. Revista Brasileira de
Medicina Veterinária, 38(3):292-298, 2016.

COELHO, BMP; KOGIKA, MM; SPINOSA, HS. Conduta de urgência nas intoxicações. In:
SPINOSA, HS; GÓRNIAK, SL; PALERMO-NETO, J. Toxicologia aplicada à Medicina
Veterinária. Barueri, SP:Manole, 2008. p. 90-116.

FORSBERG, C. L. Dystocia in the Bitch. 2015. Disponível em


http://www.canirep.com/res/CaniRepDoc/dystociainthebitch.pdf
Referências
GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 6ª ed., Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 1988,
564p.

HOSKINS, J.D. Fluid therapy: Finding the best options for perfusion, oxygen supply. 2008.
Disponível em http://veterinarynews.dvm360.com/fluid-therapy-finding-best-options-
perfusion-oxygen-supply?id=&pageID=1&sk=&date=

TERRY, B. Fluid therapy: Calculating the rate and choosing the correct solution. 2010.
Disponível em http://veterinaryteam.dvm360.com/fluid-therapy-calculating-rate-and-
choosing-correct-solution

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