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3 RESUMO - O pão é um dos alimentos mais antigos conhecidos pelo homem e até hoje
4 um dos mais consumidos por todos os povos. O crescente interesse por alimentos mais
8 elaboradas cinco formulações: pão integral sem baru; com baru torrado com e sem
9 casca; com baru cru com e sem casca. A análise da composição química revelou
10 aumento nos teores de lipídeos e proteínas nos pães com baru, conferindo
12 calórico não foram alterados com a adição do baru aos pães. Na análise sensorial
14 nativo, nutritivo e abundante em nossa região sendo uma boa alternativa como
17 química.
19 RESUMEN
20 El pan es uno de los alimentos más antiguos conocidos por el hombre, y hasta hoy
21 también uno de los más consumidos en todo el mundo. El creciente interés por los
I
Acadêmica de Tecnologia em Alimentos, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Cidade
Universitária s/n, 79070900, Campo Grande-MS. E mail: perlanoe@hotmail.com. (67) 9283-6856.
II
Químico, Doutor. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Cidade Universitária s/n, 79070900,
Campo Grande-MS. E-mails: jose.braga@ufms.br
23 de dichos productos. El objetivo de este trabajo fue preparar un pan integral añadido de
25 preparados cinco formulaciones: pan sin barú; con barú tostado con cáscara y sin
26 cáscara; con barú crudo con cáscara y sin cáscara. El análisis de la composición química
27 mostró el aumento de los niveles de lípidos y proteínas en los panes con barú dando
30 evaluación sensorial hubo buena aceptación de todas las formulaciones por los
31 evaluadores. El barú es una fruta nativa, nutritiva y abundante en nuestra región, así es
32 una buena alternativa para ser usado como ingrediente enriquecedor de panes.
34 quimica.
35 INTRODUÇÃO
38 coccionados, podendo conter outros ingredientes, desde que estes outros ingredientes
44 povos no planeta (Salinas, 2002). Está entre os alimentos mais consumidos em todo o
47 hoje ainda pode-se notar uma forte simbologia presente neste alimento tais como social,
49 avaliada através da aparência, textura e sabor, desde os tempos mais remotos até hoje. A
50 busca constante de melhoria da qualidade torna o pão um dos alimentos mais estudados
58 fibras.
61 farelo de trigo (Brasil, 2000). Também pode ser definido como pão elaborado a partir de
62 farinha de trigo integral, obtido através da trituração do grão de trigo inteiro, sem
66 farinhas integrais ou enriquecidos com outros nutrientes que forneçam fibras, proteínas,
67 minerais ou ácidos graxos essenciais, tem crescido nos últimos anos (Borges et al.,
68 2011). Também conhecidos como pães especiais, estes pães são produtos que já fazem
69 parte da dieta de pessoas preocupadas com qualidade de vida e saúde e esse setor da
72 dentre eles o baru, fruto do barueiro (Dipteryx alata Vog.). A polpa e a amêndoa deste
73 são utilizadas na alimentação humana e o fruto tem sido bastante estudado por
76 pois é boa fonte de calorias, rica em proteínas (29,6%), lipídeos (40,2%) e minerais
78 amêndoa (Alves et al., 2010; Carrazza & D’Ávila, 2010). Também possui quantidade
81 agradáveis. Pode ser utilizada moída ou como farinha na produção de pães, biscoitos,
82 doces, sorvetes e outros, aumentando o valor nutricional destes (Alves et al., 2010;
86 intenção de compra.
87 MATERIAL E MÉTODOS
88 Matéria prima
96 amêndoas cruas, elas foram tratadas hidrotermicamente sob fervura por 2 minutos. As
100 cruas integrais. O tamanho dos grânulos após a trituração variou de entre 6 a 2 mm.
102 Os demais ingredientes: farinha de trigo refinada, farinha de trigo integral, fibra
103 de trigo, gérmen de trigo, aveia em flocos, açúcar mascavo, fermento biológico fresco,
108 de Mato Grosso do Sul-UFMS. Foi produzido pão integral sem baru (SB); com baru
109 torrado sem casca (BTSC); com baru torrado com casca (BTCC); com baru cru sem
111 Para a elaboração da massa do pão integral foi utilizada uma formulação com
112 base em uma receita caseira (Tabela 1) e a essa massa acrescentou-se 200g de amêndoas
113 de baru trituradas. Essa quantidade de baru foi a mesma utilizada por Medeiros (2011),
118 Em outro recipiente foi misturada a água a 35 °C, o açúcar, óleo e fermento biológico
119 fresco e deixados em descanso por 10 minutos. Em seguida a parte líquida foi
121 Após a mistura, que foi manual, acrescentou-se o baru triturado à massa. O
122 processo de amassamento durou 15 minutos. A massa passou por uma primeira
123 fermentação durante 40 minutos, a 34 °C. Em seguida, passou pelo segundo processo de
124 amassamento durante cinco minutos, divisão e modelagem. A massa foi dividida em
125 porções de 400 gramas e estas foram dispostas em formas retangulares de alumínio (24
126 cm x 10 cm x 5 cm), untadas com óleo vegetal. Foram submetidas a uma segunda
127 fermentação por 40 minutos, a 34 °C. Depois foram coccionados em forno de fogão
128 doméstico (Continental®) a 180 °C, por 45 minutos. Após a cocção os pães foram
132 da UTASP, da UFMS. As cinco formulações tiveram a sua composição avaliada. Foram
133 determinadas: umidade, pelo método de secagem direta em estufa a 105 °C até peso
134 constante (Ial, 2005); cinzas, pelo método de resíduo por incineração em mufla a 550ºC
135 (Ial, 2005); lipídios totais, método de extração direta em Soxhlet (Ial, 2005); proteínas,
136 pelo método micro Kjeldahl (Ial, 2005) e usou-se fator de conversão de nitrogênio para
137 proteína de 6,25; carboidratos, através da determinação quantitativa de glicídios
138 redutores em glicose, glicídios não redutores em sacarose e amido pelo método de
139 Fehling (Ial, 2005). A fibra bruta foi estimada realizada através de cálculo teórico (por
147 anos, ambos os gêneros, constituídos por alunos, professores e funcionários da UFMS.
149 pontos, na qual foram avaliados aspecto visual, textura, cor, aroma e sabor dos produtos
150 e escala de cinco pontos para intenção de compra (Figura 1). Todos os participantes que
154 plásticos descartáveis, codificadas com três dígitos de forma aleatória, e acompanhadas
156 O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMS, CAAE nº
157 35098314.7.0000.0021.
160 (SB, BTSC, BTCC, BCSC, BCCC). Os dados obtidos foram analisados através da
161 Análise de Variância com pós-Teste de Tukey ao nível de 5% de significância para as
162 médias da composição centesimal. As médias da análise sensorial foram avaliadas pela
169 Houve diferença significativa entre as amostras quanto aos teores de umidade. O
170 pão integral sem baru apresentou o maior teor de umidade comparado aos pães com
171 baru. De acordo com Wang et al. (2002) e Schleißinger et al. (2013), as fibras
172 alimentares tem alta capacidade de ligação com a água e por isso a massa de pão rica
173 em fibras tem grande poder de absorver e reter água, e isso também favorece o retardo
174 do envelhecimento e endurecimento do miolo do pão. Por outro lado, lipídeos tem a
175 capacidade de revestir as proteínas do glúten e dos grânulos de amido e com isso
176 reduzem a absorção de água durante a preparação da massa (Pareut et al., 2011), o que
177 pode ter sido causado pela grande quantidade de lipídeos presentes na amêndoa.
178 O pão com baru torrado com casca apresentou menor teor de umidade que os
179 pães com baru cru. Isto se explica pelo fato do baru in natura conter o dobro de
180 umidade que o torrado (Lemos et al., 2011). Todas as formulações apresentaram teor de
181 umidade dentro do padrão de identidade e qualidade do pão que permite teor máximo de
184 (Takemoto et al., 2001), não houve diferença entre as amostras quanto ao teor de
185 minerais. Cálcio, fósforo, potássio, enxofre e magnésio são macrominerais, em maior
187 cobre, manganês e zinco (Takemoto et al., 2001; Vera et al., 2009). Mesmo sem
188 diferença significativa entre as amostras de pão com e sem baru quanto ao teor de
189 minerais provavelmente a alta concentração destes minerais no baru contribuiu para
191 Todos os pães com baru apresentaram teores de lipídeos maiores que o pão sem
192 baru. O alto teor de lipídeos na amêndoa de baru (de 38,2 a 43,76%) (Takemoto et al.,
193 2001; Souza et al., 2011; Lemos et al., 2011) certamente foi o responsável pelo aumento
194 do nível de lipídeos nos pães. Mais de 80% do óleo da amêndoa é composto por ácidos
195 graxos insaturados. Os de maior ocorrência são os ácidos oleico com (ômega 9) 50% e
196 linoleico (ômega 6), com 28%. Estes ácidos graxos insaturados são importantes para a
197 saúde humana, pois eles controlam e reduzem os níveis séricos de colesterol (Takemoto
199 Os pães com baru apresentaram maiores teores de proteína que o pão sem baru.
200 As médias das quatro formulações não diferiram estatisticamente entre si. A amêndoa
201 apresenta-se com alta taxa de proteínas, em torno de 24,00 a 29,92%, com alto valor
202 proteico e boa digestibilidade. Possui ainda altas concentrações de aminoácidos e dentre
203 eles, todos os aminoácidos essenciais estão presentes (Souza et al., 2011). Fato
204 interessante que demonstra a importância nutricional desta amêndoa, pois poucos
206 A quantidade de baru adicionada nas formulações não alterou os teores de fibras,
207 carboidratos e valor calórico dos pães integrais. Entretanto, todas as formulações
208 apresentaram alto teor de fibras e de acordo com a Legislação Brasileira (Brasil, 1998),
209 são classificadas como alimento com alto teor em fibras, o que atende ao apelo de
211 deve basicamente ao amido das farinhas de trigo, pois utilizou-se pouca quantidade de
213 Rocha & Santiago (2009) utilizaram polpa e casca do fruto do baru na
214 elaboração de pão de forma integral e as farinhas utilizadas foram farinha de trigo
215 refinada, farelo de trigo e gérmen de trigo. Os produtos obtidos apresentaram teores de:
216 umidade entre 32,67 e 35,13%; cinzas entre 1,22 e 2,00%; proteínas entre 12,97 e
217 14,13%; fibra entre 4,52 e 7,15%. Mesmo com o uso de ingredientes diferentes, os
218 valores encontrados pelos autores tem uma aproximação considerável dos valores
220 A legislação brasileira não possui padrão de identidade e qualidade para o pão
222 trigo integral necessárias para a elaboração do produto. Ainda tem-se a falta de
223 legislação específica que garanta que o grão de trigo seja moído integralmente para a
224 produção de farinha de trigo integral. Assim, considera-se também, farinha de trigo
225 integral a farinha de trigo refinada adicionada de farelo de trigo (Cibella, 2012; Oro et
226 al., 2013). Como consequência, temos muitos pães classificados como “integrais”
227 disponíveis no mercado e com uma variedade muito grande na composição destes
228 alimentos que confundem o consumidor. De acordo com Cibella (2012), pão integral é o
229 produto que apresenta no rótulo a farinha de trigo integral como primeiro ingrediente
230 listado na composição dos ingredientes. No rótulo, primeiro ingrediente listado é o que
234 textura e cor não apresentaram diferenças significativas entre os pães integrais
235 adicionados de baru e o pão sem baru. Isso pode ter ocorrido devido à alteração das
237 do pão, o que pode ter mascarado o sabor do baru, principalmente do baru torrado, pois
238 este possui um sabor e odor agradáveis e intensos. De acordo Wang et al. (2002), com a
239 adição de fibras à massa do pão ocorrem alterações na qualidade final do produto tais
240 como redução do volume, escurecimento do miolo e alterações de sabor. Por isso, um
241 dos grandes desafios é saber a quantidade ideal de fibras que dever ser adicionada para
243 As médias dos cinco atributos ficaram próximas de sete que equivale a “gostei
244 moderadamente”, indicando que os pães tiveram boa aceitação pelos provadores.
247 entre média do pão acrescido de baru cru sem casca com relação aos outros pães,
248 apontando preferência maior por esta formulação quanto a intenção de compra. Como
249 não houve diferença significativa entre os pães quanto aos atributos sensoriais, talvez
252 aceitação geral dos pães integrais pelos provadores, a intenção de compra se mostrou
253 tímida, indicando certa resistência dos consumidores no consumo regular e rotineiro
254 deste tipo de produto. Isto pode estar relacionado ao fato das características sensoriais e
255 tecnológicas do pão feito de farinha de trigo refinada serem melhores e mais atrativas ao
256 paladar do consumidor. Segundo Gellinck et al. (2009), além dos atributos de sabor, a
257 textura e o frescor influenciam muito na percepção geral do pão no momento da
258 mordida; e pães feitos com farinhas de cereais integrais têm, frequentemente, reduzido
259 volume do pão, miolo denso com reduzida maciez, e uma cor mais escura do miolo e
260 crosta. No entanto, a qualidade global de pão suplementado com fibra pode ser
261 melhorada pela adição de melhoradores de pão, entretanto, ainda haverá acentuadas
262 diferenças de volume e textura em relação ao pão branco (Gellinck et al, 2009). No
263 presente trabalho não foram utilizados melhoradores de massa ou conservadores para a
265 CONCLUSÃO
266 - Foi elaborado um pão integral com características semelhantes ao pão integral
268 - A adição de baru na composição dos pães integrais aumentou os níveis de lipídeos e
270 - Como não houve diferença significativa entre os atributos sensoriais, a adição de baru
271 não alterou as características sensoriais dos pães, e estes apresentaram atributos
273 - A intenção de compra foi a mesma para todas as formulações, exceto para o pão com
274 baru cru sem casca que teve maior intenção de compra.
275 - Pelos resultados observa-se que a amêndoa de baru é uma boa alternativa como
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399
400
401
402
403
404
405
406
407
408
409
410
411
412
413
414
415
416
417 Tabela 1. Formulação da massa de pão integral.
Ingredientes Peso %*
Gérmen de trigo 50 g
Aveia em flocos 50 g
Sal 19 g 2
421
422
423
424
425 Tabela 2. Médias ± Desvio padrão da composição físico-química dos pães integrais
PÃES
427 Letras diferentes na mesma linha indicam diferença significativa pelo Teste de Tukey
428 (p<0,05) SB: sem baru; BTSC: baru torrado sem casca; BTCC: baru torrado com casca;
429 BCSC: baru cru sem casca; BCCC: baru cru com casca.
430
431
432
433
434
435
436
437
438
439
440
441 Tabela 3. Médias ± Desvio Padrão dos testes sensoriais afetivos de aceitação e intenção
442 de compra.
PÃES
sensoriais
443 Letras diferentes na mesma linha indicam diferença significativa pelo Teste de Dunn
444 (p<0,05). SB: sem baru; BTSC: baru torrado sem casca; BTCC: baru torrado com casca;
445 BCSC: baru cru sem casca; BCCC: baru cru com casca.