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Resumo Abstract
Os alimentos funcionais são hoje priori- Functional foods are now the priority for 1
Docente do Instituto
dade de pesquisa nas áreas de nutrição e tec- research on nutrition and food technology, Federal de Ciência e
Tecnologia de Goiás.
nologia de alimentos, levando-se em conta o as far as consumer interest in healthier foods simonegoulart@yahoo.
interesse do consumidor em alimentos mais is concerned. �is project aimed to produce com.br
saudáveis. Este projeto teve como objetivo a cereal bar with added seaweed Porphy- 2
Universidade Gama
Filho (GAMA FILHO)
elaborar uma barra de cereal com adição da ra tenera, strawberry, milk and semisweet 3
Programa Nacional de
alga Porphyra tenera, morango, chocolate ao chocolates. Following completion of the bar Alimentação Escolar no
leite e meio amargo. Após a elaboração da nutritive value, sensory and nutritional la- município de Vargem
barra, foram realizadas análises bromatoló- bels were analysed. �e study was conducted Alegre, Minas Gerais
gicas, sensoriais e a rotulagem nutricional.
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Usiminas Ipatinga,
at the Laboratory of Food Science and Tech- Minas Gerais
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório nology of the University Center, Caratinga,
de Bromatologia e Tecnologia de Alimentos Minas Gerais. Two samples were produced,
do Centro Universitário de Caratinga, Minas a traditional one and the other with the ad-
Gerais. Foram produzidas duas amostras, dition of algae. �e acceptability of the cereal
sendo uma tradicional e a outra com adição bar with added algae was satisfactory (ac-
de algas. A aceitabilidade da barra de cereal cording to 69% of the panelists), considering
com adição de algas foi satisfatória (69% dos that products made from algae are not part of
provadores), considerando que alimentos the Brazilian culture. However, taking their
à base de algas não fazem parte da cultura nutritional and functional properties into
brasileira, mas, em razão de suas proprie- consideration new products exploiting their
dades nutricionais e funcionais, devem ser bene�ts should be added. �rough physical
inseridos novos produtos explorando seus and chemical analysis, the percentage was
benefícios. Por meio das análises físico-quí- 53.27% carbohydrates; 12.19% lipids; 5.64%
micas, a porcentagem de carboidratos foi de proteins. It was observed that the product
53,27%; lipídeos, de 12,19%; e proteínas, de is rich in phosphorus, an essential mineral
Introdução
Desenvolver novos produtos é uma ta- comumente consumidos, e por isso seria
refa desa�adora da Engenharia de Alimen- plausível a sua ampla utilização na alimen-
tos. Melhorias nos processos e aumento nos tação humana. Elas são consideradas pro-
rendimentos industriais podem implicar dutos naturais, emagrecedoras, antioxidan-
diretamente alterações de ingredientes e tes, rejuvenescedoras, hidratantes bené�cas
modi�cações em produtos já existentes; por ao sistema digestivo, desde o melhoramento
outro lado, lançar no mercado alimentos da digestão e absorção até a promoção do
diferenciados que envolvam o consumidor peristaltismo pela liberação de mucilagem,
em novas experiências sensoriais torna-se além de conter altas concentrações de vita-
um desa�o que deve ser amplamente estu- minas e elementos importantes ao bom fun-
dado (SCHUMACHER, 2008). cionamento do corpo, como iodo e cálcio.
Existem muitas variáveis que afetam as Existem centenas de espécies de algas; não
propriedades e as características sensoriais são tóxicas, mas nem sempre são palatáveis,
de alguns alimentos; desta forma, abrem-se sendo necessário o uso da tecnologia de
muitas oportunidades de estudo de novas alimentos para melhorar as características
estratégias para a melhoria da qualidade sensoriais de produtos novos à base de al-
e o desenvolvimento de novos produtos gas. Muitos estudos têm sido feitos desde
(SCHUMACHER, 2008). então, com o propósito de elucidar o real
A associação entre barra de cereais e papel das algas como alimento funcional
alimentos saudáveis é uma tendência já (OLIVEIRA, 2005).
documentada no setor de alimentos, o que Na cultura oriental, à Porphyra tenera
bene�cia o mercado desses produtos (FREI- (asakusa nori), uma das mais populares al-
TAS; MORETTI, 2006). Tal preocupação gas comestíveis do Japão, relaciona-se a uma
por uma alimentação saudável, nutritiva e série de metabólitos de carotenoides de 9,
segura está crescendo mundialmente, e a 10, 11 e 13 carbonos (UENOJO et al., 2007).
ingestão de alimentos balanceados é uma Além disso, a asakusa nori seca (Porphyra
maneira de prevenir doenças e promover tenera) é fonte de cobalamina (YAMADA
a saúde. As barras de cereais atendem a et al., 1999) e �bra alimentar na dieta, mas
essa tendência e são elaboradas a partir da a alga pode alterar a digestibilidade das pro-
extrusão da massa de cereais de sabor ado- teínas e dos minerais, sendo necessários
cicado e agradável, fonte de vitaminas, sais mais estudos que comprovem essa alteração
minerais, �bras, proteínas e carboidratos (URBANO; GOÑI, 2002).
complexos (GUTKOSKI, 2007). Esse projeto teve o objetivo de elaborar
As algas possuem valor alimentar si- uma barra de cereal com adição da alga Por-
milar a muitos outros vegetais terrestres phyra tenera, morango, chocolate ao leite e
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meio amargo. Após a elaboração da barra ligada e úmida. A montagem foi feita em um
foram realizadas análises bromatológicas, refratário pequeno (16,5 cm x 21 cm) untado,
sensoriais e a rotulagem nutricional. distribuindo a massa. Foi prensado para �car
bem �rme e levado ao forno médio, pré-a-
quecido e coberto com papel alumínio por
Material e métodos
15 minutos. Retirou-se o papel, deixando por
Local e etapas do trabalho mais 10 minutos e em seguida acrescentou-se
o chocolate ao leite e o meio amargo.
O trabalho foi desenvolvido no Labo-
ratório de Bromatologia e Tecnologia de Análises físico-químicas
Alimentos do Centro Universitário de Ca-
Foram realizadas as seguintes análises
ratinga, Minas Gerais.
físico-químicas do produto �nal: umida-
Material de, açúcares totais, gordura, proteínas, pH,
fósforo e cinzas. Todas as análises foram
Os materiais utilizados foram: granola,
baseadas nas Normas Analíticas do Ins-
aveia, �ocos de arroz, margarina, água fria,
tituto Adolf Lutz (IAL, 1985) e realizadas
suco de laranja, mel, polpa de morango,
em triplicatas. A umidade foi determinada
composto alimentar sabor arti�cial de mo-
após secagem em estufa a (105 ± 3)°C, até
rango, chocolate ao leite e meio amargo e
peso constante; a determinação do pH foi
alga Porphyra tenera, também conhecida
efetuada em potenciômetro ou medidor de
como parda. Duas amostras foram produ-
pH; o teor de fósforo foi feito por espec-
zidas no laboratório – uma tradicional sem
trofotometria e a determinação do teor de
adição de alga parda (controle), e a outra,
carboidratos totais foi realizada por dife-
com adição de alga parda.
rença, sendo obtida por meio da seguinte
Métodos expressão matemática.
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fornecerem energia, os carboidratos desem- Os resultados evidenciaram teor ligeiramente
penham outras funções como preservar a maior de cinzas na barra de cereal com a adi-
massa muscular através do fornecimento ção de algas, que contém grandes quantida-
de energia aos músculos, facilitar o meta- des de K, Na, Ca e Mg, pequenas quantidades
bolismo das gorduras e garantir o melhor de Al, Fe, Cu, Mn e Zn e traços de Ar, I, F e
funcionamento do sistema nervoso central outros elementos (CECCHI, 2003).
(CECCHI, 2003).
Teor de fósforo
Teor de umidade A função metabólica do fósforo é re�e-
Na determinação de umidade da barra tida em sua distribuição nos alimentos. Os
de cereal com alga, encontrou-se teor de alimentos vegetais que derivam de raízes
27,13%. Na barra de cereal sem alga, en- apresentam elevados níveis de fósforo, cerca
controu-se teor de umidade relativamente de 400 mg/100 g. Nas regiões em que há de-
menor, ou seja, 22,44%. �ciência de fósforo no solo, há necessidade
A determinação do teor de umidade é de suplementação na dieta (GONÇALVES;
uma medida fundamental na caracterização SANTOS, 2007).
dos alimentos, uma vez que a umidade de Os níveis de fósforo foram maiores na
um alimento está relacionada com sua es- amostra com alga, que apresentou 195,94
tabilidade, qualidade e composição, e pode mg de fósforo em 100 g do alimento. A
afetar diretamente o período de estocagem, amostra sem alga apresentou 108,33 mg
bem como a embalagem e o processamento de fósforo em 100 g de alimento.
dos alimentos (CECCHI, 2003). O metabolismo de todos os principais
A RDC nº 263, de 22 de setembro de substratos metabólicos depende do P como
2005, da ANVISA permite teor de umidade cofator de uma variedade de enzimas e como
máximo de 15%, signi�cando que os teo- principal reserva de energia metabolizável,
res obtidos nas análises das barras foram na forma de ATP, creatinina-fósforo e fos-
superiores ao exigido. As barras foram ela- foenolpiruvato (COSTA; PELUZIO, 2008).
boradas artesanalmente e sem a utilização
de secagem especí�ca industrial, conforme Proteínas
é realizado na produção de alimentos em O valor de proteína encontrado na amos-
larga escala; entretanto, isso não impede tra com alga foi de 5,64%. Esse baixo valor
seu uso caseiro e rápido. era esperado, já que o produto avaliado não
contém ingredientes de alto valor proteico.
Potencial hidrogeniônico (pH)
A amostra de barra com alga apresentou Lipídeos totais
pH de 6,39. Já a amostra sem alga apresentou Os lipídeos são componentes do alimento
pH de 6,61, mostrando pequeno aumento em insolúveis em água e solúveis em solventes or-
relação à barra de cereal com alga. O pH se gânicos, tais como éter de petróleo, acetona,
aproximou da neutralidade. A análise de pH clorofórmio, benzeno e álcoois. Esses solven-
é fundamental para garantir a qualidade do tes apolares extraem a fração lipídica neutra
produto, uma vez que esse parâmetro possi- que incluem ácidos graxos livres, mono, di,
bilita o controle microbiológico, de acordo triacilgliceróis, e alguns mais polares como
com a RDC nº 12 (BRASIL, 2001). fosforolipídeos, glicolipídeos e es�ngolipídeos
(GONÇALVES; SANTOS 2007).
Teor de cinzas Tal macronutriente responde pela maior
No que diz respeito ao teor de cinzas, parte de nossas demandas energéticas e,
encontrou-se na amostra da barra com alga quando em excesso, contribui para a in-
porcentagem de 1,76%; já na amostra da barra desejável carga supér�ua de tecidos adi-
sem alga, a quantidade de cinzas foi de 1,66%. posos. Então, o consumo lipídico para um
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