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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.4, p.

405-411, 2013 405


ISSN 1517-8595

DESENVOLVIMENTO DE BARRA DE CEREAIS À BASE DE FARINHA DE


AMÊNDOA DE BABAÇU (Orbygnia speciosa)

Aroldo Arévalo-Pinedo1, Zilda Doratiotto Salles Arévalo1, Nataly Sousa Beserra2, Abraham
Damian Giraldo Zuniga1, Ana Flávia Santos Coelho1, Rosalinda Arévalo Pinedo3

RESUMO

Este trabalho propõe, como objetivo, desenvolver e estudar a estabilidade de barras de cereais à
base de farinha seca de amêndoa de babaçu (Orbygnia speciosa). Foram desenvolvidas
formulações variando-se a concentração de farinha seca de amêndoa de babaçu de 10 e 12 % na
composição das barras de cereais. As barras de cereais apresentaram composição de: 8,45 a 8,75
% de umidade; 18,57 a 15,28% de proteínas, 10,96 a 9.52% de gorduras; 26,28 a 26,20 % de
açúcares, 0,87 a 0,91 % de cinzas, pH de 5,38 a 5,39 e 8,48 a 8,75% de acidez. Durante o
armazenamento a temperatura ambiente não se observaram mudanças significativas nas
características físico-químicas e não houve crescimento microbiano nas duas formulações.
Quanto à análise sensorial, as formulações foram bem aceitas pelos provadores, atingindo-se
altos índices de aceitabilidade para todos os atributos estudados de cor, aroma, sabor e textura,
ficando esse valor maior que 80% de índice de aceitabilidade.

Palavras-chave: babaçu; Orbygnia speciosa, barra de cereais, processamento

DEVELOPMENT OF FLOUR BABASSU NUT (Orbygnia speciosa) BASED


CEREAL BARS

ABSTRACT

This research aimed to development and studying the stability of two formulation of flour
babassu nut based cereal bars. Cereal bars were produced with 10 and 12 % of floor babassu
nut. The cereal bars was observed the following composition: moisture, 8,45 and 8,75 %;
protein, 18,57 and 15,25 %; fats 10,96 and 9,52 %; total sugars, 26,28 and 26,20 %; ash, 0,87
and 0,91 %; pH, 5.38 and 5,39 and acidity (%), 8,48 and 8,75 for formulation A and B
respectively. During storage was not observed significant changes in physicochemical
characteristics and there was no microbial growth in the two products. The products have been
well accepted, reaching high levels of acceptability for all studied attributes of color, aroma,
flavor and texture, leaving this value greater than 80 % of index of acceptability. The sensory
analysis study revealed high acceptance of flour babassu nut cereal bars.

Keywords: babassu, cereal bars, processing

Protocolo 14-2012-61 de 07/11/2012


1 Professor Doutor do Curso de Engenharia de Alimentos, Universidade Federal do Tocantins, UFT, Av. NS 15, ALCNO 14,

7123-360, Palmas, TO, Brasil. E-mail: aroldo@uft.edu.br. Autor para correspondência


2 Aluna de graduação do Curso de Engenharia de Alimentos, Universidade Federal do Tocantins, UFT, Av. NS 15, ALCNO

14, 7123-360, Palmas, TO, Brasil.


3 Professora Doutora do Curso de Engenharia de Alimentos, Universidade Federal da Grande Dourados, 79825-070,

Dourados, MS, Brasil.


406 Desenvolvimento de barra de cereais à base de farinha de amêndoa de babaçu Arévalo-Pinedo et al.

INTRODUÇÃO acetato de a-tocoferol. A formulação final da


barra de cereais apresentou 15,31% de proteína,
elevado teor de vitamina E (118,0 mg/100g) e
Há cerca de dez anos foram introduzidas, minerais, como fósforo, ferro e manganês. A
no mercado, as barras de cereais como uma formulação adicionada de 1,1 g/100g de ácido
alternativa “saudável’ de doce por conterem ascórbico obteve maior preferência sensorial
cereais integrais que mantêm a integridade de diferindo das demais amostras (p≤ 0,05).
seus nutrientes. Em sua composição elas Gutkoski et al. (2007)estudaram o efeito da
apresentam carboidratos, proteínas e gorduras concentração de fibra alimentar e de açúcar na
que aumentam a sensação de saciedade, calda em barras de cereais elaboradas à base de
reduzem a vontade de petiscar guloseimas e aveia com alto teor de fibra alimentar; no
aumentam o fluxo intestinal; daí a tendência de estudo foram utilizados flocos, farelo e farinha
se incluir cereais na alimentação (Bower e de aveia, do cultivar UPFA 22, selecionado
Whitten, 2000). As barras de cereais são com base no teor de fibras de b-glucanas. O uso
alimentos de fácil consumo, requerem pouco ou de aveia na formulação possibilita produzir
nenhum preparo apesar de, durante muito barras de cereais com alto teor de fibra
tempo, seus valores nutritivos tenham sido alimentar e fonte de b-glucanas. As barras de
pouco enfatizados. As barras de cereais são uma cereais apresentaram propriedades sensoriais
classe de produtos de confeitaria, de forma agradáveis, similares às industrializadas e
retangular, vendidos em embalagens individuais melhor aceitas quando elaboradas com média
e têm apresentado rápido crescimento no concentração de açúcar na calda e altos teores
mercado (Skliutas, 2002). de fibra alimentar. As barras de cereais
Os principais aspectos considerados na apresentaram, ainda, baixa atividade de água e
elaboração deste produto incluem: a escolha do atendem às especificações sanitárias, sendo
cereal, a seleção do carboidrato apropriado (de estáveis durante 60 dias de armazenamento. O
forma a manter o equilíbrio entre o sabor e a desenvolvimento de barras de cereais utilizando
vida de prateleira), o enriquecimento com novas matérias-primas foi estudado por alguns
vários nutrientes e sua estabilidade no pesquisadores. Pertuzatti et al. (2006)
processamento. Também tem sido considerado estudaram a utilização do mirtilo na fabricação
o valor nutricional, sendo preferidos os com de barra de cereais e elaboraram duas barras de
alto teor de fibras e baixo teor ou isentos de cereais, uma contendo passas de mirtilo com
gordura, porém com alto porte energético desidratação osmótica e avaliaram os produtos,
(Escobar et al.1998). A associação entre barra sensorialmente, através do teste de aceitação;
de cereais e alimentos saudáveis é uma enfim, os autores concluíram que ambas as
tendência no setor de alimentos o que beneficia amostras analisadas obtiveram boa aceitação
o mercado desses produtos. A associação entre dos julgadores não havendo diferença
barra de cereais e alimentos saudáveis é uma significativa a nível de 5%. O objetivo desta
tendência já documentada no setor de pesquisa foi desenvolver e estudar a
alimentos, o que favorece o mercado desses estabilidade de barras de cereais à base de
produtos (Boustani e Mitcheli, 1990). Esta farinha seca de amêndoa de babaçu (Orbygnia
crescente preocupação por uma alimentação speciosa).
saudável, que além de alimentar promove a
saúde, coloca alguns alimentos e ingredientes MATERIAIS E MÉTODOS
na lista de preferência de um número cada vez
maior de consumidores brasileiros, como a soja, Matéria-prima
lecitina de soja, gérmen de trigo e antioxidantes
(Freitas e Moretti, 2006). Segundo Utilizaram-se, visando à formação de
Raghavendra et al. ( 2006), farinha,resíduo barras de cereais, os seguintes ingredientes:
desengordurado da extração do leite de coco, é proteína texturizada; gérmen de trigo; aveia em
um produto rico em fibras de fácil hidratação floco; lecitina de soja; uva-passa; ácido
que pode ser utilizado como base na formulação ascórbico; xarope de glicose de milho e
de novos produtos. Freitas e Moretti (2006) maltodextrina; gordura vegetal hidrogenada;
desenvolveram uma formulação de barra de água; floco de arroz e farinha seca de babaçu. A
cereais de alto teor proteico e vitamínico, à base farinha seca de babaçu foi obtida secando-se a
de proteína de soja texturizada, gérmen de trigo farinha úmida em estufa a 60 ºC durante 12
e aveia, enriquecida de ácido ascórbico e horas. Para desenvolver a barra de cereais

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Desenvolvimento de barra de cereais à base de farinha de amêndoa de babaçu Arévalo-Pinedo et al. 407

foram realizadas duas formulações (Tabela 1), ingredientes secos foram misturados ao xarope
seguindo as recomendações de Freitas e Moretti de aglutinação a temperatura em torno de 95°C,
(2006) e Gutkoski et al. (2006). seguida de enformagem de prensagem para
obtenção de formato; após o resfriamento as
Processamento das barras de cereais barras de cereais foram desenformadas e
cortadas em tamanhos retangulares, de peso
A preparação do xarope de aglutinação constante de 25g cada unidade. As barras de
foi realizada em recipiente de aço inoxidável, cereais foram, então, acondicionadas
no qual os ingredientes foram aquecidos sob individualmente em embalagens de filme
agitação, com acompanhamento do teor de flexível. (PET/PEBD/AL/PEBD) (Freitas e
sólidos solúveis totais em refratômetro, até a Moretti, 2006).
obtenção de um xarope de 85-89 °Brix. Os

Tabela 1. Formulação de barra de cereais à base de farinha de babaçu


Ingrediente Formulação (g/100g)
A B
Xarope de aglutinação:
- Açúcar integral 16,0 16,0
- Xarope de glicose 18,0 18,0
- Maltodextrina 4,0 4,0
- Glicerina 1,5 1,5
- Gordura vegetal 2,0 2,0
- Água 6,0 6,0

Ingredientes secos:
- Farinha seca de babaçu 12,0 10,0
- Proteína texturizada de soja 10,0 10,0
- Aveia em flocos 10,0 10,0
- Gérmen de trigo torrado 5,0 5,0
- Lecitina de soja 4,0 4,0
- Uva passa 3,0 5,0
- Vitamina C (ácido ascórbico) 0,5 0,5
- Flocos de arroz 8,0 8,0

Análises físico-químicas e microbiológicas das Aceitabilidade da barra de cereais


barras
Índice de Aceitabilidade (IA) da barra de
A caracterização foi realizada através das cereais foi realizado em relação aos atributos
análises de pH, acidez expressa em ácido cor, aroma, sabor, textura e de aceitação global
láctico, conteúdo de umidade, lipídeos, cinzas e (Teixeira, 1987). Trinta provadores avaliaram o
açúcares totais e redutores (Instituto Adolfo quanto gostaram ou desgostaram do produto,
Lutz, 1985). As análises microbiológicas da utilizando escala hedônica estruturada de nove
barra de cereais foram realizadas antes e após a pontos, indo de 9, igual a “gostei muitíssimo”
pasteurização quanto à presença de bolores e até 1, igual a “desgostei muitíssimo”. A equipe
leveduras, coliformes totais e termotolerantes, de provadores, formada por homens e mulheres
de acordo com a metodologia da APHA na faixa etária entre 18 a 50 anos, foi
(Vanderzant e Splitttoesser, 1992). A vida-de- selecionada em função de consumirem produtos
prateleira do produto foi realizada no período semelhantes, disponibilidade e interesse em
de 120 dias, através de análises de pH, acidez participar do teste. O produto foi servido em
total titulável, °Brix, açúcares totais e redutores, recipientes brancos de polietileno, na porção de
presença de mesófilos, bolores e leveduras, 10g e a temperatura ambiente. Para o cálculo do
coliformes totais e termotolerantes. Índice de Aceitabilidade do produto foi adotada
a expressão: IA(%) = A x 100/B, onde A = nota

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média obtida para o produto e B = nota máxima fácil digestão pelo organismo humano. O pH
dada ao produto. O IA com boa repercussão natural (6,61) da farinha de babaçu está com
tem sido considerado a 70% (Teixeira, 1987). cerca de 7, sendo classificado como produto de
baixa acidez, isto é, apresenta pH > 4,5.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Portanto, os produtos formulados à base de
farinha de babaçu deverão passar por um
Composição físico-química da farinha seca de processo térmico de esterilização em
amêndoa de babaçu temperatura acima de 100 ºC ou a temperatura
de ebulição da água desde que seja acidificada a
A Tabela 1 mostra a caracterização um pH≤4,5 para evitar o desenvolvimento de
físico-química da farinha seca da amêndoa de Clostridium botulinum. Os valores de umidade,
babaçu utilizada como matéria-prima na cinzas e acidez, estão dentro dos valores
fabricação de barra de cereais. Pode-se observar reportados por Souza et al. 1986, para a farinha
analisando esta Tabela, que a farinha apresenta seca de castanha do Brasil, e por Raghavendra
altos teores de gorduras de 47,16 % e de fibras et al. 2006, para farinha seca de coco. Esta
de 24 %, passível, portanto, de ser considerada farinha também apresentou características
produto gorduroso, energético e funcional. sensoriais semelhantes às do coco ralado
Segundo Morett e Fett (1998) a gordura do comercializado industrialmente no Brasil, como
coco e do babaçu é rica em ácidos graxos cor branca, aroma e sabor agradável, suaves e
saturados de baixo peso molecular, ou seja, de característicos de coco.

Tabela 1. Valores médios da composição físico-química da farinha seca de amêndoa de babaçu


utilizada nas formulações
Análises Composição (%)
Umidade 4,03
Fibras 24,0
Gorduras 47,16
Cinzas 0,96
pH 6,61
Acidez 2,24

Composição físico-química da barra de cereais

Na Tabela 2 se encontram os valores organismos deterioradores, dado que a maioria


médios das análises físico-químicas das duas das bactérias fermentativas e bolores e
formulações de barras de cereais à base farinha leveduras precisa de maiores valores de
seca de amêndoa de babaçu. As barras umidade para se desenvolver. Os açúcares totais
apresentaram baixa umidade, variando entre na faixa de 26,28 a 26,20 % foram fornecidos
8,45 a 8,75 % e gordura na faixa de 10,96 a sobretudo pela sacarose e glicose adicionadas
9,52 % fornecida principalmente pela farinha nas formulações. A barra contém alta acidez e
seca de babaçu. Esta baixa umidade fornece alto pH característico das barras de cereais.
segurança contra o crescimento de micro-

Tabela 2. Valores médios da composição físico-química das barras de cereais à base de farinha de
babaçu.
Análises Formulação
A B
Umidade (%) 8,45 8,75
Proteínas (%) 18,57 15,25
Gorduras (%) 10,96 9,52
Açúcares (%) 26,28 26,20
Cinzas (%) 0,87 0,91
pH 5,38 5,39
Acidez (%) 8,48 8,75
ºBrix 71,5 72,0

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Os valores de composição físico- seguido de um aumento até final do


química apresentados pelas barras de cereais armazenamento; entretanto, a acidez mostrou
estão enquadrados dentro dos valores diminuição na formulação A e aumento na
fornecidos por Freitas e Moretti (2006) para formulação B, até o final do armazenamento.
barras de cereal funcional, com teor proteico e Freitas e Moretti (2006) e Freitas e Moretti
vitamínico; (2005) também observaram variações no pH,
Avaliação da estabilidade das barras de acidez e dos açúcares totais e redutores durante
cereais o armazenamento de barras de cereais
elaboradas com proteína de soja e gérmen de
A Tabela 3 mostra os resultados de pH, trigo. A atividade de água (Aw) das barras de
acidez, açúcares totais, açúcares redutores, cereais variou de 0,499 a 0,548 para a
atividade de água (Aw) e umidade das formulação A e de 0,516 a 0,546 para B. A
formulações de barra de cereais durante 120 atividade de água tende a um aumento
dias de armazenamento a temperatura ambiente, gradativo na formulação A, além de variação,
em sacos de plástico aluminizado. Pode-se com pequeno decréscimo na formulação B,
observar que o teor de açúcares totais e durante o período de armazenamento. As barras
redutores foi fornecido, basicamente, pela de cereais apresentam umidades variando na
sacarose e glucose adicionadas na formulação. faixa de 8 a 9 %, com tendência a um aumento
Durante o tempo de armazenamento ocorreu, durante os 180 dias de armazenamento. Esses
nas formulações, uma variação nos conteúdos valores de umidade estão dentro dos valores
de açúcares notando-se um pequeno acréscimo reportados por Freitas e Moretti (2005).
do conteúdo de açúcares redutores e decréscimo Todas as formulações permanecem
do conteúdo de açúcares totais (de 32,69 a estáveis microbiologicamente, quando se
27,42 para A e de 29,95 a 26,21 para B) talvez analisa o tempo de armazenamento, com
decorrente da reação de hidrólise da sacarose ou ausência de coliformes totais e termotolerantes
da oxidação da gordura. Observou-se, nas e a contagem de bolores e leveduras <10 UFC/g
barras de cereais, uma variação de pH e acidez durante os 120 dias, valores que estão de acordo
nas barras de cereais constatando-se um com os padrões microbiológicos estabelecidos
aumento do pH aos 30 dias de armazenamento, para produtos de frutas (Brasil, 2001).

Tabela 3. Valores das análises físico-químicas da barra de cereais durante o armazenamento


Amostra Tempo Análises
(dias) pH Acidez Açúcares Açúcares Aw Umidade
total totais (%) Redutores (%)
(%) (%)
A 0 5,38a 8,48a 32,69a 19,55a 0.499a 8,45a
b b a b b
30 5,59 9,15 30,69 17,33 0.526 9,69b
c b a b b
60 5,48 9,10 30,69 17,79 0.535 8.98a
90 5,42d 9,45a 31,05a 26,56c 0.548b 9.27b
d c a a a
120 5,40 9,23 27,42 21,67 0.516 8.62a
a a a a a
B 0 5,39 9,12 29,95 24,83 0.531 8,75a
b a a a b
30 5,51 9,18 30,14 26,90 0.517 8,85a
c b a b b
60 5,18 9,96 29,22 21,05 0.516 9.66b
c c a a c
90 5,16 11,01 29,97 24,72 0.546 9.95b
120 5,31d 10,55b 26,21c 21,22b 0.524a 10.07b
Letras iguais na mesma coluna significam que não há diferenças significativas entre os diferentes tempos de armazenamento (a nível de 5%
de probabilidade pelo teste de Tukey, p<0,05)

Aceitabilidade da barra de cereais global mas também que as formulações foram


bem aceitas pelos provadores, atingindo-se
Na Tabela 5 encontram-se não apenas altos índices de aceitabilidade (IA) para todos
os resultados de aceitabilidade das duas os atributos estudados e se notando destaque da
formulações de barras de cereais à base de cor para ambas as formulações. A formulação B
farinha seca de babaçu, em função dos atributos obteve maiores valores de aceitabilidade na
cor, aroma, sabor, textura e aceitabilidade maioria dos atributos tendo-se atingido valores

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de IA de 93,3 % para a cor, 90 % para a textura global, na faixa de 7 a 8, em média. Segundo


e de 92,2 % para a aceitabilidade global. As Teixeira et al. (1987), para que um produto seja
barras alimentícias apresentaram aceitação considerado aceito, em termos de suas
superior à relatada no trabalho de Freitas e propriedades sensoriais, é necessário que
Moretti (2006), que avaliaram três formulações obtenha um índice de aceitabilidade de, no
de barras de cereais de alto teor proteico e mínimo, 70%. Através da Tabela pode-se
vitamínico, as quais obtiveram notas entre 5-6 observar que as duas formulações apresentaram
de aceitação. Souza e Menezes (2006) também índices maiores de aceitabilidade que 80 %,
encontraram, trabalhando com cereais matinais podendo ser considerados produtos aceitos pela
à base de castanha-do-brasil, altos índices de maioria dos provadores.
aceitabilidade quanto ao sabor e aceitação

Tabela 5. Índice de aceitabilidade das barras de cereais, segundo cada atributo avaliado
Atributos Notas médias de aceitabilidade Índice de aceitabilidade
(%)
formulação A Formulação B Formulação A Formulação B
Cor 8,2 8,4 91,1a 93,3a
a
Aroma 7,5 7,9 83,3 88,8b
a
Sabor 8,0 8,1 88,8 90,0a
a
Textura 7,5 7,9 83,3 87,7b
Aceitabilidade global 8,0 8,3 88,8a 92,2b
Letras iguais na mesma linha significam que não há diferenças significativas entre os diferentes tempos de armazenamento (a nível de 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey, p<0,05).

CONCLUSÕES chemists. 20 ed. Washington. 1998, 1094 p.


Alexandre, D; Cunha, R. L; Hubinger, M. D.
Valores médios da composição variam
Conservação do açaí pela tecnologia de
em função da quantidade de farinha de babaçu
obstáculos. Ciência e Tecnologia de
adicionada na formulação, ou seja, quanto
Alimentos, v. 24, n. 1, p. 114-119, 2004.
maior a quantidade maior também o teor de
gordura. Físico-quimicamente, as barras de Arévalo-Pinedo, A. P.; Maciel, V. B. V.;
cereais se apresentaram estáveis tal como Carvalho, K. M.; Santana, A. A ..; Zuniga,
microbiologicamente durante os 30 dias de A. D. G.; Costa, A. A.; Ribeiro. C. L.
armazenamento em embalagens de plástico Secagem da farinha de babaçu tipo “coco
aluminizado. Pelo índice de aceitabilidade das ralado”, In: Simpósio Latino Americano de
barras, a barra com formulação B obteve maior Ciência de Alimentos, 6, 2005. Campinas,
aceitabilidade em todos os atributos indicando SP, Brasil, Anais... Campinas, 2005. CD-
que uma pequena variação (2%) na ROM,
concentração de farinha de babaçu interferiu Boustani, P.; Mitchell, V.-W. Cereal bars: a
pouco nas características organolépticas do perceptual, chemical and sensory analysis.
produto. O produto apresentou características British Food Journal, v. 92, n. 5, p.17-22,
físico-quimicas e nutricionais adequadas dentro 1990.
da classe de barra de cereais. Também, como o
teste sensorial foi bem favorável, conclui-se que Bower, J.A.; Whitten, R. Sensory
este produto possui potencial para lançamento characteristics and consumer linking for
no mercado tendo em vista sua alta qualidade e cereal bar snack foods. Journal of Sensory
estabilidade. Este produto contempla, acima de Studies, v. 15, n.3, p.327-345, 2000.
tudo, o aproveitamento do babaçu, matéria- Escobar, B. A.; Estévez, A. M.; Tepper, A. L.;
prima abundante, própria de nossa região de Aguayo. M. R. Características nutricionales
cerrado e seria, sem dúvida, uma forma de de barras de cereales y maní. Archivos
agregar valor econômico a esta matéria-prima. Latino Americanos de Nutricion, v. 48,
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