Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DOI: https://doi.org/10.31692/2526-7701.IIICOINTERPDVAGRO.2018.00114
Resumo
Para os portadores da doença celíaca a ingestão de produtos que contém glúten danifica a
superfície da mucosa do intestino, dificultando a absorção de nutrientes pelo organismo. Para
contornar essas limitações foi pesquisada, estudada e avaliada uma pré-mistura que possa ser
de fácil acesso e entendimento dos celíacos, possibilitando a produção de produtos de forma
simples e rápida, com ingredientes simples e fáceis de serem encontrados. Neste contexto,
este trabalho teve como objetivo desenvolver produtos panificáveis sem glúten através de
misturas padrão para bolos e pães além de outros produtos livres de glúten. Foram estudadas
várias farinhas como: farinha de arroz, farinha de soja, fécula de mandioca, amido de milho,
polvilho doce e azedo, farinha de linhaça em substituição a farinha de trigo. A qualidade dos
produtos foi avaliada, através das análises físico-químicas (umidade, acidez, pH, cinzas,(
proteínas e lipídeo, esses dois últimos apenas na pré mistura para pão) e análise sensorial.
Através da aplicação de um planejamento, foi possível observar que as farinhas usadas nas
formulações foram bastantes satisfatórias. A formulação da pré mistura para bolo e pão tem a
seguinte composição, calculada em relação ao peso total; bolo: leite em pó integral 25%,
gordura vegetal hidrogenada 50%, fermento químico 5%, açúcar refinado 65%, farinha de
soja 18%, creme de arroz 18%, amido de milho 18%, polvilho doce18%, farinha de arroz
28%, ovos 25,0% e emustab 1%. Pão: farinha de arroz 18%, farinha de soja 18%, amido de
milho 18%, polvilho doce 18%, creme de arroz 18%, fécula de batata 10%, ovos 8,3%, sal
0,8%, gordura vegetal hidrogenada 25%, leite em pó integral 25%, açúcar 25%, fermento
biológico 5%, água morna 22% e emustab 1%. Os produtos formulados com as pré misturas
nas proporções testadas, representa uma alternativa de consumo para pessoas portadoras da
doença celíaca ou para os adeptos de uma dieta isenta de glúten, além de que disponibilidade
de uma pré-mistura deverá facilitar a distribuição de produtos panificáveis e atingir o mercado
disperso dos celíacos.
1
Tecnologia em Alimentos do IF Sertão Pernambucano Campus Salgueiro; clemilsonelpidio@gmail.com;
1
Tecnologia em Alimentos do IF Sertão Pernambucano Campus Salgueiro; gabryella_maia@hotmail.com;
1
Técnico de laboratório do IF Sertão Pernambucano Campus Salgueiro; janio.alves@ifsertao-pe.edu.br;
1
Nutricionista do IF Sertão Pernambucano Campus Salgueiro - Orientadora; kelly_rayanne91@hotmail.com;
1
Profa Doutora do IF Sertão Pernambucano Campus Salgueiro – Có-orientadora; marques.luciana@gmail.com.
Abstract
For people with celiac disease, the intake of products containing gluten damages the surface
of the intestinal mucosa, making it difficult for the body to absorb nutrients. In order to
overcome these limitations, a pre-mix that can be easily accessed and understood by celiacs
has been researched, studied and evaluated, making possible the production of products in a
simple and fast way, with simple and easy to find ingredients. In this context, this work aimed
to develop gluten-free bread products through standard blends for cakes and breads as well as
other gluten-free products. Several flours were studied: rice flour, soybean meal, cassava
starch, corn starch, sweet and sour sprinkles, flax meal in substitution of wheat flour. The
quality of the products was evaluated through physical-chemical analysis (moisture, acidity,
pH, ash, protein and lipid, the latter two only in the pre-bread mix) and sensorial analysis. The
formulation of the cake and bread pre-mix has the following composition, calculated in
relation to the total weight: cake: whole milk powder 25%, hydrogenated vegetable fat 50%,
chemical yeast 5 %, 65% refined sugar, 18% soybean meal, 18% rice cream, 18% corn starch,
18% sweet potato starch, 28% rice flour, 25.0% eggs and emustab 1%. 18%, 18% corn starch,
18% sweet starch, 18% rice cream, 10% potato starch, 8.3% eggs, 0.8% salt, 25%
hydrogenated vegetable fat, 25% whole milk powder, 25% sugar, 5% biological yeast, 22%
warm water and 1% with the pre-mixes in the proportions tested, represents an alternative of
consumption for people with celiac disease or for those who adhere to a gluten-free diet, and
the availability of a premix should facilitate the distribution of bread products and reach the
market for celiacs.
Introdução
O ser humano recebe o precioso dom da saúde já ao nascer, mas nos primeiros anos de
vida não se tem noção do que seja alimentação. O corpo não foi feito para ser tratado de
qualquer jeito, ele é regido por leis, se obedecidas, o organismo terá condições de fazer bem o
seu papel e o individuo terá saúde. Se, porém, essas leis forem ignoradas, a máquina humana
começa a reclamar e começam a aparecer distúrbios digestivos, leves indisposição ou mal-
estar, pequenas dores de cabeça. Quem tem intolerâncias em seu organismo, conhece bem
esses sintomas (FERNANDES, 2010).
O glúten é encontrado em vários produtos principalmente em farinhas brancas (como
são conhecidas), o qual deixa a massa lisa e homogênea, tornando o produto depois de pronto
bem atraente para o consumidor, mas como resistir a tantas guloseimas nas prateleiras dos
supermercados e padarias (ACELPAR - Associação dos Celíacos do Paraná).
Nota-se que ainda não existe intensa divulgação de informações com respeito à doença
celíaca, bem como de sua prevenção por meio do controle da alimentação. Acredita-se que
quanto maior a divulgação dessa situação maior será o empenho das indústrias de alimentos
para suprirem as necessidades dos consumidores, desenvolvendo produtos cada vez mais
direcionados e principalmente saborosos (ACELBRA, 2017).
O objetivo desse trabalho foi elaborar produtos panificáveis sem glúten e realizar sua
caracterização físico-química para se obter um produto final de qualidade e com boa
aceitação.
Fundamentação Teórica
✓ Farinha de soja
A soja e os seus produtos vêm sendo amplamente estudados devido ao seu valor
nutricional e também às suas propriedades funcionais na indústria de alimentos e como
alimento funcional, pois exercem ação moduladora em determinados mecanismos fisiológicos
por meio de suas proteínas e isoflavonas (CIABOTTI et al., 2006). Portanto, a farinha de soja
(Glycine max)é outra excelente opção para elaboração de produtos sem glúten e pode ser
empregada em vários produtos, seja na substituição total ou parcial do trigo, seja compondo
uma mistura de farinhas (KIRINUS et al., 2010).
✓ Amido de milho
Devido ao relativo baixo custo, o amido tem sido muito utilizado pela indústria
alimentícia como ingrediente calórico e como melhorador de propriedades físico-químicas. É
utilizado para alterar ou controlar diversas características como textura, aparência, umidade,
consistência e estabilidade no armazenamento (ADITIVOS E INGREDIENTES, 2010).
✓ Fécula de mandioca
A adição da fécula de mandioca (Manihot esculenta Crantz) às preparações em
substituição parcial ou total do trigo apresenta boa aceitação (VIEIRA et al., 2010) e contribui
para a crocância e a coloração clara nos produtos elaborados. Pode também ser adicionada em
misturas com farinhas isentas de glúten.
Metodologia
Tabela 1: Formulação para elaboração de pão sem glúten. Fonte: Própria, 2018.
INGREDIENTES %
Fécula de batata 10
Farinha de arroz 18
Farinha de soja 18
Amido de milho 18
Polvilho doce 18
Creme de arroz 18
Açúcar refinado 25
Leite em pó integral 25
Fermento biológico 5
Ovos 8,3
Gordura vegetal hidrogenada 25
Sal 0,8
Água morna 22
Emustab 1,6
Tabela 2: Formulação para elaboração de bolo sem glúten. Fonte: Própria, 2018.
INGREDIENTES %
Farinha de arroz 28
Farinha de soja 18
Amido de milho 18
Polvilho doce 18
Creme de arroz 18
Açúcar refinado 65
Leite em pó integral 25
Fermento químico 5
Ovos 25
Gordura vegetal hidrogenada 50
Emustab 1,6
✓ ANALISES FÍSICO-QUÍMICA
✓ ANALISES ESTATISITICAS
Para a análise dos resultados experimentais, foi utilizada a Metodologia de Superfície
de Resposta. As médias foram comparadas pelo teste de amplitude múltipla (ANOVA),a 5%
de significância.
Os resultados foram analisados estatisticamente no programa computacional
ASSISTAT 7.7 versão beta e aplicado uma análise de variância e delineamento inteiramente
casualizado em teste de Tukey.
Resultados e Discussão
Tabela 3: Valor médio das características físico-químicas da massa para bolo sem glúten. Fonte: Própria, 2018.
Tabela 4: Valor médio das características físico-químicas da massa para pão sem glúten. Fonte: Própria, 2018.
PROTEÍNA %
Amostra A 8,43%
Amostra B 8,225%
Lipídeos %
Amostra A 2,894%
Amostra B 2,728%
Conclusões
Pode-se concluir que as misturas desenvolvidas contribuíram para uma interação
positivas nos atributos aparência, textura, sabor e cor, dos produtos elaborados, as proporções
testadas nas formulações não afetaram a aceitação dos produtos, não se observou diferença
significativa, representando uma ótima alternativa de consumo para pessoas portadoras da
doença celíaca ou para os adeptos de uma dieta isenta de glúten.
Referências
BENATI, R.; ANASTÁCIO, F. P. Vida sem glúten, edição e diagramação: Raquel Benati,
Rio de Janeiro - RJ, 2011.
______. ______. Resolução RDC nº. 263, de 22 de setembro de 2005. Regulamento técnico
para produtos de cereais, amidos, farinhas e farelos. Disponível em:
<http://www.e-legis.bvs.br>. Acesso em: 21 jun. 2018.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz. 4. ed. São
Paulo: IAL, 2005. 1018 p
KIRINUS et al., 2010 KIRINUS, Jackeline Karsten et al. Surto de listeriose sistêmica em
chinchilas. Cienc. Rural [online]. 2010, vol.40, n.3, pp.686-689
MARIANI, M.; OLIVEIRA, V. R.; FACCIN, R.; RIOS, A. O.; VENZKE, J. G. . Elaboração
e avaliação de biscoitos sem glúten a partir de farelo de arroz e farinhas de arroz e de
soja. Braz. J. Food Technol., Campinas, v. 18, n. 1, p. 70-78, jan./mar. 2015
SOUZA, T. A. C.; SOARES JÚNIOR, M.; CAMPOS, M. R. H.; SOUZA, T. S. C.; DIAS, T.;
FIORDA, F. A. Bolos sem glúten a base de arroz quebrado e casca de mandioca Semina.
Ciências Agrárias, Londrina, v. 34, n. 2, p. 717-728, 2013.