Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Regulação Osmótica
• Conceitos de Osmolaridade e Osmolalidade:
• Osmolaridade: Medida da concentração total de substâncias
dissolvidas (SOLUTO) por litro de solução, essencial para o
equilíbrio hídrico entre os compartimentos.
• Osmolalidade: Medida da concentração de substâncias dissolvidas
(SOLUTO) por peso de água (kg), refletindo mais precisamente a
capacidade de movimento da água entre os compartimentos.
• Tonicidade (osmóis efetivos) - é definida como a quantidade de osmóis
efetivos dissolvidos em 1 kg de água – unidade de medida Osm/kg -
Sódio e glicose são osmóis efetivos: ambos não atravessam livremente as
membranas celulares. Assim, quando há aumento ou redução da sua
concentração sanguínea, há alteração na osmolaridade.
Mecanismos de Regulação da Água Corporal
• Equilíbrio Osmótico: Crucial para manter a estabilidade dos fluidos
corporais, os mecanismos regulatórios garantem que a osmolaridade nos
compartimentos intracelular e extracelular permaneça constante.
• Hormônio Antidiurético (ADH): Desempenha um papel vital na
regulação da retenção ou excreção de água pelos rins, respondendo
a mudanças na osmolaridade sanguínea. O ADH é um hormônio
produzido nos núcleos supraópticos do hipotálamo, em resposta ao
aumento da osmolaridade sérica, e armazenado na hipófise posterior
ou neuro-hipófise. O hormônio que inibe a diurese, portanto
promove retenção de água livre. O ADH causa esse efeito por atuar
no túbulo renal, mais precisamente no ducto coletor, aumentando a
expressão de aquaporinas, que são canais que permitem a
reabsorção de água
• Sede: Mecanismo comportamental que regula a ingestão de água
baseado nos níveis de osmolaridade percebidos pelo cérebro
(osmolaridade sérica alta enseja sede).
A ÁGUA VAI DO MEIO (MENOS CONCENTRADO EM SOLUTO)
PARA O MEIO MAIS CONCENTRADO (EM SOLUTO)
Importância da Regulação Adequada (RIM)
• Homeostase: A manutenção de uma osmolaridade estável é crucial para o
funcionamento adequado de todos os processos biológicos, onde um
desequilíbrio pode levar a distúrbios significativos, como a hiponatremia
e a hipernatremia.
• Se a osmolaridade sérica está dentro da faixa de normalidade, então o rim
não precisa conservar e nem eliminar água excessiva. Assim, a
osmolaridade urinária também está na faixa de normalidade.
• Se a osmolaridade sérica está aumentada, existe “falta” de água no
organismo. Assim, a ação apropriada do rim é reter água, ou seja, eliminar
pouca água na urina. Assim, temos aumento da osmolaridade urinária. -
Se a osmolaridade sérica está reduzida, existe “excesso” de água no
organismo. Portanto, a ação apropriada do rim é eliminar o excesso de
água, ou seja, eliminar muita água na urina. Dessa forma, temos uma
redução da osmolaridade urinária.
Parte 2: Hiponatremia (natremia é a concentração plasmática de sódio)
Definição e Significado Clínico
• Hiponatremia: Definida como um nível de sódio sérico inferior a 135
mEq/L, a hiponatremia é a alteração eletrolítica mais frequente,
especialmente em ambientes hospitalares. Sua presença pode indicar uma
ampla variedade de desequilíbrios subjacentes no corpo. A cronologia da
hiponatremia é definida como aguda versus crônica, a depender da
duração da hiponatremia: - Aguda: duração inferior a 48 horas. - Crônica:
presente há mais de 48 horas.
Classificação da Hiponatremia
• Baseada na Osmolaridade: A hiponatremia pode ser categorizada como
hiposmolar, isosmolar ou hiperosmolar, dependendo da concentração total
de solutos no plasma.
• Hiperosmolar: Rara e geralmente associada a altas concentrações
de glicose ou outros solutos no sangue. Assim, podemos ter sódio
baixo com osmolaridade sérica aumentada se tivermos outro osmol
efetivo aumentado, que não seja o sódio. Existem outros osmóis
exógenos, ou seja, outros produtos de administração externa que
podem promover aumento transitório da osmolaridade sérica e,
assim como a glicose, determinar movimentação de água do meio
intracelular para o meio extracelular e provocar hiponatremia por
diluição. Essas situações são mais raras e envolvem a administração
de solutos externos. Os mais comuns são: manitol, sacarose,
glicerol, glicina e maltose.
• Isosmolar (pseudohiponatremia): Geralmente ocorre devido a
erros de medição ou a presença de proteínas ou lipídios em altas
concentrações. Causas de pseudo-hiponatremia são: hiperlipidemia
e hiperproteinemia. Como é uma hiponatremia falsa, não há
sintomas nem há necessidade de tratamento específico para o
distúrbio do sódio!
• Hiposmolar: Tipicamente reflete uma verdadeira deficiência
relativa de sódio em relação à água. O sódio é o principal íon
extracelular e grande determinante da osmolaridade plasmática.
Pode ser: HIPOVOLÊMICA, EUVOLÊMICA e
HIPERVOLÊMICA.
Hiponatremia Hiposmolar Hipovolêmica 🔽
• Características: Ocorre quando há uma redução no volume total de
fluidos extracelulares, que é frequentemente resultado de perdas de
fluidos corporais que excedem a perda de sódio.
• Causas Comuns:
• Perdas Renais (sódio urinário elevado > 20 mEq/L): Como uso
excessivo de diuréticos, especialmente os tiazídicos
(hidroclorotiazida, clortalidona e indapamida), que aumentam a
excreção de sódio e água (sódio alto na urina); hipoaldosteronismo
e síndrome cerebral perdedora de sal (SCPS). Essa síndrome deve
ser lembrada em todos os pacientes com doença do sistema nervoso
central, sinais de hipovolemia e de hiponatremia. Devemos lembrar
dos critérios diagnósticos da SCPS: - Hiponatremia hiposmolar
hipovolêmica - Osmolaridade urinária inadequadamente elevada ( >
100 mOsm/L) - Sódio urinário alto > 20 – 40 mEq/L - Baixa
concentração de ácido úrico
• Perdas Extrarrenais (sódio urinário baixo < 20 mEq/L): Como
sudorese excessiva, vômitos, diarreia, ou hemorragias, onde as
perdas de sódio são frequentemente acompanhadas por perdas
significativas de água.
REDUZIDA 🔽
COM OSMOLARIDADE URINÁRIA ADEQUADAMENTE
e HIPONATREMIA EUVOLÊMICA COM
OSMOLARIDADE
AUMENTADA 🔼 URINÁRIA INADEQUADAMENTE
Estratégias de Tratamento
1. Correção Controlada de Sódio:
• Uso de Solução Salina Hipertônica (3% NaCl): Indicado para
pacientes com sintomas severos ou risco de herniação cerebral. A
administração de solução salina hipertônica deve ser
cuidadosamente monitorada em um ambiente hospitalar.
• Velocidade de Correção: Aumentar os níveis séricos de sódio em
não mais que 4-6 mEq/L nas primeiras 6 horas e não exceder 8-10
mEq/L nas primeiras 24 horas para evitar a mielinólise pontina
central, uma complicação grave da correção rápida do sódio.
2. Monitoramento Rigoroso:
• Monitoramento contínuo de sódio sérico: Frequentemente a cada
1-2 horas inicialmente, ajustando a terapia conforme necessário
para garantir que a velocidade de correção esteja dentro dos limites
seguros.
• Avaliação Neurológica Regular: Monitorar sinais de melhora ou
piora dos sintomas neurológicos, o que pode requerer ajustes na
estratégia de tratamento.
3. Tratamento da Causa Subjacente:
• Identifique e trate a causa subjacente da hiponatremia. Isso pode
incluir gerenciamento de condições como SIADH (SIAD),
hipovolemia, insuficiência adrenal, entre outras.
Estratégias de Tratamento
1. Correção Gradual do Sódio:
• Restrição de Fluidos: Frequentemente a primeira linha de
tratamento, especialmente para casos leves a moderados ou na
presença de SIADH (Síndrome da Secreção Inapropriada de ADH).
A restrição de fluidos ajuda a aumentar os níveis séricos de sódio de
forma gradual.
• Ajuste de Diuréticos: Se o paciente estiver utilizando diuréticos,
ajustar ou interromper o uso pode ajudar a normalizar os níveis de
sódio.
• Soluções Salinas Hipertônicas: Usadas com cautela em casos
selecionados onde a restrição de fluidos não é suficiente, e sempre
sob rigoroso monitoramento hospitalar.
2. Monitoramento Cauteloso:
• Avaliação Frequente do Sódio Sério: Monitoramento regular (por
exemplo, diário ou a cada poucos dias, dependendo da estabilidade
do paciente e dos sintomas) para assegurar que a correção do sódio
não exceda 4-6 mEq/L por dia, minimizando o risco de mielinólise
pontina central.
3. Medicamentos Específicos:
• Agentes Promotores de Excreção de Água (Vaptanos): Em
alguns casos, podem ser utilizados para aumentar a excreção renal
de água sem perda de eletrólitos, úteis especialmente em pacientes
com SIADH.
4. Tratamento das Causas Subjacentes:
• Gerenciamento de Condições Associadas: Tratar condições
subjacentes como disfunções hormonais, problemas renais, ou
alterações no estado de volume que podem estar contribuindo para a
hiponatremia.
Características:
• Volume Extracelular Normal: Apesar da concentração elevada de sódio,
o volume total de fluido extracelular é mantido dentro da normalidade.
• Perda de Água sem Perda Proporcional de Sódio: A perda de água pura
leva ao aumento da concentração de sódio no sangue.
Causas Comuns:
• Perda Insensível de Água: Frequentemente em pacientes hospitalizados
sob ventilação mecânica sem umidificação adequada, ou em ambientes
com baixa umidade.
• Diabetes Insipidus (DI): Deficiência na produção de hormônio
antidiurético (ADH) pelo hipotálamo, o que impede os rins de conservar
água adequadamente.
• Diurese por solutos: nesse caso, há excesso de solutos que devem ser
eliminados pela urina e há necessidade de eliminar muita água com todos
esses solutos. As principais causas são: hiperglicemia, uremia, excesso de
sódio ou uso de diuréticos osmóticos, como o manitol. - Se temos muitos
solutos na urina, temos osmolaridade urinária elevada > 300 mOsm/L! -
Aquarese: nesse caso, temos aumento da eliminação renal de água pura.
Pode ser decorrente de ingesta hídrica elevada (polidipsia) ou pela
eliminação renal inapropriada de água (DI central ou nefrogênico). - Se
temos excesso de água na urina, temos uma osmolaridade urinária baixa <
300 mOsm/L!
3. Hipernatremia Hipervolêmica
Características:
• Aumento do Volume Extracelular: Aumento no volume de fluido
extracelular devido ao ganho excessivo de sódio, que é acompanhado por
um ganho de água, mas em proporções menores.
• Concentração de Sódio Elevada: Apesar do aumento do volume, a
proporção de sódio é maior em relação à água adicionada.
Causas Comuns:
• Administração Excessiva de Soluções Salinas Hipertônicas: Uso de
soluções intravenosas contendo altas concentrações de sódio.
• Doenças Renais com Retenção de Sódio: Condições que afetam a
capacidade dos rins de excretar sódio eficientemente, como insuficiência
renal crônica, que também pode levar à retenção de água.