Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1É uma condição médica séria que resulta da entrada de bactérias, comumente estreptococos ou
estafilococos, no corpo, geralmente através de um corte ou outra ruptura na pele. Essa infecção
pode se espalhar e causar vermelhidão, inchaço, dor e calor no local afetado. Em casos avançados,
pode causar febre e sintomas sistêmicos.
Quando a pessoa finalmente procura ajuda médica, frequentemente apresenta
edema visível, relatos de menor produção de urina e hipertensão, que é
diagnosticada durante o exame físico. A inflamação altera a arquitetura do
glomérulo, não apenas impedindo a saída de líquidos mas também distorcendo
as passagens de modo que células e proteínas, que normalmente não
passariam, agora podem fazê-lo.
A distorção arquitetônica facilita a passagem anormal de substâncias como as
células, enquanto a passagem de água fica severamente restrita. Isso reflete a
complexidade do funcionamento renal, onde diferentes caminhos regulam a
passagem de água, células e proteínas. Com a inflamação, esses caminhos são
alterados, o que diminui a filtração geral de líquidos e permite a passagem de
substâncias que antes eram restritas
Recentemente, discutindo com os alunos, imaginei o seguinte cenário: uma
prima sua apresenta hematúria. O que vem à mente?
Geralmente, pensamos em infecção como causa mais comum de hematúria,
associada a sintomas como disúria e polaciúria. Porém, se sua prima jovem não
apresenta esses sintomas, devemos considerar outras causas. Poderia ser um
cálculo renal, que geralmente causa cólica nefrítica - uma dor intensa - mas se
não houver outros sintomas, outras condições devem ser exploradas, como
doenças hemorrágicas sistêmicas, tumores ou efeitos de medicamentos.
Entretanto, uma causa especial a considerar é o glomérulo. Diferentemente das
células sanguíneas que passam intactas na urina de infecções, cálculos ou
tumores, a hematúria glomerular é diferente. Quando a célula sanguínea vem
do glomérulo, ela tem que passar pelas fendas de filtração, e nesse processo,
muitas vezes é deformada.
Isso leva ao conceito de dismorfismo eritrocitário. Na hematúria glomerular, as
células são deformadas ao passarem pelas fendas de filtração, adquirindo
formas anômalas, conhecidas como células dismórficas. Se observarmos
células assim, devemos pensar imediatamente em lesões no glomérulo, como
glomerulite ou síndrome nefrítica, que são formas comuns de lesão glomerular.
Quando a urina se apresenta com uma cor alterada, como marrom escuro,
semelhante à cor de coca-cola, isso indica algo sério, como a presença de
mioglobina, que é um indicativo de dano muscular grave. Essa situação
realmente necessita atenção médica imediata.
Por que é alarmante quando uma criança apresenta urina com cor de Coca-
Cola? Esta característica pode não parecer grave à primeira vista, mas é um
indicativo significativo de patologia renal, particularmente a síndrome nefrítica,
o que realmente nos preocupa.
Esta coloração escura da urina é explicada pelo processo pelo qual a célula
sanguínea passa pelo glomérulo. Devido às dificuldades e ao tempo que leva
para passar pelas fendas de filtração, a célula sofre estresse oxidativo, o que
contribui para que a urina adquira uma tonalidade mais escura.
Além disso, frequentemente ouvimos em exames que a urina de cor escura,
associada à oligúria, aponta para síndrome nefrítica.
Mudando o foco para outras manifestações, os cilindros celulares na urina são
indicativos importantes. Um tipo específico, o cilindro hemático, é uma
evidência crítica nesse contexto. O cilindro hemático se forma quando as
hemácias, aderindo à proteína de Tamm-Horsfall, que é produzida
fisiologicamente nas alças de Henle, passam pelos túbulos renais. Este cilindro
é um indicativo direto de hematuria dismórfica, pois as células que aderem vêm
diretamente do glomérulo, e não dos túbulos. Assim, a presença de cilindros
hemáticos é sinônimo de síndrome nefrítica em nossos diagnósticos e
frequentemente abordada em questões de exame.
Esses conceitos são fundamentais para entender as implicações de uma
hematuria de origem glomerular, típica da síndrome nefrítica, a inflamação
mais comum do glomérulo que frequentemente examinamos. Portanto, qualquer
presença de hematuria dismórfica ou cilindros hemáticos deve nos alertar para a
possibilidade de uma patologia renal significativa.
Além disso, quando a oligúria é tão pronunciada que pode levar ao acúmulo de
toxinas, como ureia e creatinina, pode indicar o desenvolvimento de
insuficiência renal. Isso nos leva à observação de proteinúria, que em
quantidades fisiológicas (até 150 miligramas por dia) é normal, mas acima de
3,5 gramas em 24 horas, define a síndrome nefrótica, tema de nossa próxima
aula. Quantidades intermediárias, conhecidas como proteinúria subnefrótica,
podem também ser um indicativo de síndrome nefrítica, mostrando que a
arquitetura de filtração está comprometida, permitindo a passagem de
substâncias que normalmente não passariam.
É essencial reconhecer essa causa, pois sua frequência e importância clínica são
significativas, superando outras etiologias não-estreptocócicas que também
podem estar presentes mas são menos comuns.
Amígdala ▶ ASLO
Derme ▶ DNA-se