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Introdução
As doenças glomerulares contribuem, de forma importante como uma causa de doença
renal crônica estágio 5 (doença renal em estágio terminal), sendo a terceira causa de
DRET na maioria dos países tanto desenvolvidos como subdesenvolvidos.
De acordo com o censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia de 2018, as
glomerulopatias ocupam o terceiro lugar no ranking de doenças que levam os pacientes à
terapia renal substitutiva (TRS).
No que se refere à classificação das doenças glomerulares, diferentes propostas foram
utilizadas nas últimas décadas, mas certamente nenhuma é completamente satisfatória.
Recentemente diversas glomerulopatias vêm sendo reconhecidas. Além de uma
classificação geral envolvendo os diversos tipos histológicos, é de grande aplicação
pratica a classificação sindrômica dessas doenças.
As glomerulopatias possuem diversas entidades etiológicas, e são classificadas para
melhor entendimento em primárias e secundárias.
Primárias: são definidas como doenças que surgem eminentemente no rim, na ausência
de outro componente de doença sistêmica.
Secundárias: são definidas como manifestações renais de doenças sistêmicas.
As manifestações sindrômicas são definidoras da propedêutica adequada para o
tratamento precoce catastrófico onde há perda de função renal de forma rápida. Logo a
subdivisão das síndromes glomerulares em nefrítica, nefrótica e glomerulonefrite
rapidamente progressiva auxilia o clínico a agir rapidamente no tratamento sindrômico
desta doença.
Hematúria assintomática
A hematúria glomerular (dismórfica) assintomática é chamada dessa forma quando ela
não está acompanhada de proteinúria, leucocitúria, alteração renal, edema ou hipertensão.
Na maior parte das vezes, é um achado acidental em análise urinaria de rotina. Trata-se
de um achado frequente na população geral e uma importante causa de procura por
atendimentos em consultórios.
Um episódio de hematúria pode ser tão frequente quanto 40% em um estudo
populacional. A hematúria macroscópica chama mais atenção por alterar a coloração da
urina, podendo ser de origem glomerular, mas é mais frequente quando há algum
acometimento de vias urinarias/bexiga. Para isso, é necessário a solicitação de exames
complementares para definir a origem da hematúria.
Síndrome nefrótica
A síndrome nefrótica é definida por proteinúria 3,5g/dia/1,73m2 de superfície corpórea
em adultos, hipoalbuminemia e edema. Essas três condições são fundamentais para ter o
diagnóstico de síndrome nefrótica, porém frequentemente há associação de dislipidemia,
suscetibilidade a infecções e eventos trombóticos. No Brasil, essa é a responsável por
indicação de biopsia renal.
Os mecanismos envolvidos na proteinúria da doença glomerular estão relacionados com
o tipo de lesão histológica específica, porém a via comum é a alteração na barreira de
filtração, a qual confere permeabilidade para tamanho e/ou carga das moléculas.
O diagnóstico de síndrome nefrótica deve ser considerado em todo paciente com edema,
em especial, quando não houver estigmas de doença hepática ou cardíaca, independente
do tempo de instalação. A espuma da urina é a principal queixa desses pacientes, bem
como edema em membros inferiores ascendentemente progressivo e edema periorbital
matutino. É fundamental a realização da dosagem de proteinúria na urina de 24 horas e
albumina sérica para fechar o diagnóstico sindrômico. Caso seja confirmada a síndrome,
a biópsia renal é mandatória para definir a etiologia em adultos.
Síndrome nefrítica
A síndrome nefrítica é definida por edema, hipertensão e hematúria glomerular. Pode se
apresentar com proteinúria em níveis variados, mas esta não é necessária para o
diagnóstico sindrômico. Costuma acontecer de início súbito, associada à oligúria e a graus
variados de alteração da função renal.
A análise urinaria pode refletir o que está acontecendo a nível microscópico na
histologia, por isso, esse exame inicial é fundamental para a definição da síndrome.
A hematúria dismórfica, leucocitúria e proteinúria são comuns na apresentação. A
intensidade do acometimento glomerular irá definir se o paciente irá evoluir para GNRP
ou permanecerá na síndrome nefrítica.
NL – Nefrite lúpica
Fisiopatologia - Mecanismos complexos de lesão renal
- Lesão glomerular – nefropatia induzida
por imunocomplexos: os anticorpos e
antígenos (imunocomplexos) depositam
em locais a depender de suas
características físico-químicas (tamanho,
carga, avidez dos complexos, capacidade
de clareamento do mesângio, fatores
hemodinâmicos locais)
Clínica - Mais frequente em mulheres
- Depende da classe: sedimento urinário
ativo, proteinúria, síndrome
nefrótica/nefrítica, disfunção renal.
- A classe IV é a mais comum e mais
grave.
Biópsia renal Variação morfológica intensa,
classificada de acordo com os critérios
ISN/RPS:
- Classe I: alterações mesangiais
mínimas.
- Classe II: alterações proliferativas
mesangiais.
- Classe III: GN lúpica focal.
- Classe IV: GN lúpica difusa.
- Classe V: GN lúpica membranosa.
- Classe VI: GN com esclerose avançada.
- Classe V:
- Proteinúria não nefrótica: medidas
nefroprotetoras;
- Proteinúria nefrótica: ciclofosfamida
(seis pulsos bimestrais) + prednisona;
prednisona (1mg/kg — 8 semanas) —
desmame progressivo de 5mg/semana até
a dose de manutenção de 5 a 10mg/dia; -
- Outras terapias: rituximabe.
Classe VI: apenas os sintomas
extrarrenais devem ser tratados, controle
rigoroso da HAS, medidas de proteção
cardiovascular.
Para todos os pacientes, fazer medidas
preventivas (protetor solar, densitometria
óssea, fundo de olho) e prescrever
hidroxicloroquina
Vasculites
Fisiopatologia - ANCA associadas: formação do ANCA,
usando necrose dos pequenos vasos
glomerulares.
- Anti-MBG: formação do anticorpo anti
MBG (contra um colágeno situado na
MBG que está defeituoso).
Clínica - GNRP
- Sintomas constitucionais (febre, perda
ponderal, adinamia)
- Frequente associação de sintomas
extrarrenais (hemorragia alveolar difusa)
Biópsia renal - MO: vasculite necrotizante, com
presença de crescentes.
- IF: no caso de ANCA (poucos ou
nenhum IC) – pauci-imune. No caso do
anti-MBG, o padrão é linear na MBG
Outras glomerulopatias
- Glomerulopatias associadas a infecções (bacteriana, viral e parasitaria)
- Glomerulopatias associadas a paraproteinemias
- Glomerulopatias hereditárias
- Glomerulopatias na gestação e no transplante.