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CASO 1
Lobo renal: pirâmide + córtex renal. Na ponta da pirâmide temos as papilas renais e a
urina pinga nos cálices renais menores que se juntam e formam os maiores. A papila
renal é o ultimo lugar do parênquima a ser perfundido, então algumas condições como
a vasculopatia diabética leva a necrose de papila (AINES altera o fluxo sanguíneo renal
levando a necrose de papila).
A artéria renal faz o papel para filtrar o sangue, o objetivo principal não é perfundir é
realizar a função de filtração. A HAS e esclerodermia tem um alvo na interlbular.
Interobular -> arteríola aferente -> capilar glomerular -> artéria eferente
Acapsula de bowman segura o filtrado e direciona para os tubos renais
O período de incubação é o tempo necessário para que ocorra esse recrutamento dos
anticorpos e ativação da imuniade
A biopsia é feita quando a pessoa extrapola os prazos da história natural, se fica com
uma oliguria com mais de 8 semanas etc, ou seja com padrão de estranheza
Purpura palpável -> vasculite (permite extravasamento de plasma), não pense apenas
em PTI.
Purpura palpável com sintoma TGI, artralgia, sintomas TGI etc pense na pupura de
henoch-schonlein.
É uma glomerulite que leva a uma perda de função renal muito rápido, pode ser bem
aguda com 24-48h mas pode demorar 2 meses. Ocorre uma grande lesão inflamatória
que leva a um agregado fibrinoglomerular que começa a esmagar o glomérulo e ele
morre (isso é crescente glomerular ou seja acabar com os glomérulos).
Ela possui alguns tipos, o anticorpo antimembrana basal é visto na imunofluorescencia
(você procura anticorpos aderidos a alguma estrutura do glomérulo) nesse caso você
ve anticorpos na membrana basal e visualiza um padrão linear, você ve anticorpos
brilhantes ao longo da membrana basal), esses anticorpos se ligam na membrana basal
alveolar fazendo com que aumente a permeabilidade e as hemácias passem pelo
alvéolo dando hemoptise, logo é um paciente que chega com queixa de hemoptise e
quando você dosa e faz os exames renais esta aumentada. Pode achar anticorpos
antimembrana basal
O segundo padrão é por deposição de imunocomplexos, são bolinhas salpicadas que não é
linear dando um padrão salteado, a doença padrão é o lupus
Módulo medcurso
A função renal é comprometida em até metade dos casos, podendo haver moderada
retenção de escórias nitrogenadas (aumento de ureia e creatinina). No entanto, um
aumento rapidamente progressivo provocando uremia é raro (1% dos casos). A
proteinúria subnefrótica é comum e cerca de 5-10% dos pacientes evolui para a faixa
nefrótica (maior que 3,5 g/1,73 m2/24h em adultos ou 50 mg/kg/dia em crianças),
experimentando uma superposição entre as duas síndromes, principalmente durante a
resolução da nefrite.
Diagnóstico: pacientes com suspeita para GNPE especialmente na faixa de 2-15 anos
A confirmação diagnóstica de GNPE requer evidências claras de infecção
estreptocócica. Como a cultura (de pele ou orofaringe) pode estar negativa no
momento em que a GNPE se manifesta (pois a GNPE é uma complicação tardia da
infecção), a dosagem quantitativa de anticorpos antiexoenzimas estreptocócicas
acaba se tornando o método mais sensível para cumprir este pré-requisito
diagnóstico...
A queda do complemento (C3 e CH50) constitui achado laboratorial obrigatório para
o diagnóstico, porém é importante reconhecer que se trata de uma alteração
inespecífica, já que pode ocorrer também em outras causas de glomerulonefrite
difusa aguda, como a glomerulonefrite membranoproliferativa e o lúpus eritematoso
sistêmico. A grande utilidade da dosagem de complemento sérico reside em seu
acompanhamento evolutivo: a GNPE é uma forma autolimitada de GNDA, sendo
esperada a normalização do complemento em, no máximo, oito semanas (na maioria
dos casos o complemento normaliza antes de duas semanas)! As demais formas de
GNDA que também consomem complemento de um modo geral são glomerulopatias
crônicas em que o complemento permanece reduzido por mais de oito semanas...
Principais indicações de biópsia renal na suspeita de GNPE:
Abscessos viscerais
A histopatologia geralmente revela uma glomerulite proliferativa difusa ou mesangial.
Em 30% dos casos, uma GN crescêntica é encontrada, especialmente quando o
abscesso visceral demora mais de dois meses para ser detectado e tratado. A
patogênese, tal como na endocardite, depende do depósito de imunocomplexos nos
glomérulos. Por causarem bacteremia crônica ou intermitente, os abscessos viscerais
mantêm o sistema imune hiperestimulado.
O quadro clínico varia... Alguns pacientes encontram-se assintomáticos do ponto de
vista renal, mas apresentam alterações na sedimentoscopia (hematúria dismórfica,
proteinúria, cilindros celulares). Outros podem evoluir com uma GN rapidamente
progressiva (aqueles que têm crescentes em mais de 50% dos glomérulos). Alguns
pacientes evoluem com síndrome nefrótica. O complemento sérico pode estar
normal ou baixo. O tratamento é voltado basicamente para a erradicação do fator
infeccioso.
Shunt ventricular cerebral infectado (nefrite cerebral)
O tratamento definitivo da hidrocefalia deve ser feito com a colocação de um
sistema de drenagem ventricular para o átrio (shunt ventriculoatrial) ou para o
peritônio (shunt ventriculoperitoneal). Quando se infectam, tais dispositivos servem
como base para a proliferação de bactérias, especialmente os estafilococos coagulase-
negativos (S. epidermidis). O tipo ventriculoatrial infectado é muito mais propenso a
desencadear glomerulonefrite por imunocomplexos do que o tipo
ventriculoperitoneal.
Sepse
Por definição, sepse é uma resposta inflamatória sistêmica atribuída a uma infecção
grave, que, nos casos avançados, associa-se a anormalidades de perfusão que
justificam o desenvolvimento de acidose láctica, oligúria e alterações do sensório.
Acredita-se que o contato de fatores do plasma com toxinas bacterianas seja o fator
desencadeante, provocando uma liberação exagerada de citocinas pró-inflamatórias
(ex.: fator de necrose tumoral alfa, interleucina-1) e pró-coagulantes, óxido nítrico e a
exposição de receptores endoteliais para leucócitos.
Em relação às manifestações renais, podemos esperar nos pacientes sépticos desde
pequenas alterações do exame do sedimento de urina (EAS), como proteinúria, até
insuficiência renal aguda grave. Apesar dos mecanismos exatos para tais alterações
ainda estarem sendo estudados, conhecemos bem a participação nociva de muitos dos
eventos mórbidos que acompanham a sepse. As toxinas e mediadores da sepse agem
sobre diversos órgãos do corpo, determinando alterações microvasculares e
celulares, sendo a mais importante a indisponibilização do oxigênio – um estado de
franca hipóxia tecidual. Tudo isso ainda pode ser agravado pela instabilidade
hemodinâmica que acompanha o choque séptico.
Os rins estão entre os órgãos mais sacrificados na sepse. A lesão mais comum é a
necrose tubular aguda isquêmica, caracterizada por um estado de insuficiência renal
aguda. A glomerulonefrite por imunocomplexos é um outro tipo de manifestação
renal da sepse, identificado por um sedimento urinário "nefrítico".
Hepatite B
A hepatite B pode causar quatro grandes síndromes renais: (1) glomerulopatia
membranosa (2) glomerulonefrite membranoproliferativa tipo I; (3) poliarterite
nodosa clássica; (4) nefropatia por IgA.
Hepatite C
A principal lesão é a GN membranoproliferativa tipo I, a glomerulopatia membranosa
também pode ser encontrada
HIV/SIDA
Pode levar a insuficiência renal aguda, glomeruloesclerose focal colapsante, nefropatia
por IgA e em alguns casos glomerulonefrite mesangial digusa
Patogênese e patologia:
A formação de imunocomplexos e sua deposição glomerular, levando à ativação do
complemento e quimiotaxia de células inflamatórias, são peças fundamentais na
gênese da glomerulonefrite lúpica. Estes imunocomplexos podem se formar na
circulação e "cair" nos glomérulos, ou podem se formar diretamente nestes últimos,
pela ligação de um anticorpo circulante a um antígeno ali presente (formação in
situ)... Dentre os imunocomplexos mais encontrados, destaca-se aquele formado pela
ligação do DNA dupla-hélice ("ds" ou double strand, em inglês) com seu autoanticorpo
(o anti-DNAds, ou "anti-DNA nativo").
A ativação do complemento é a regra na glomerulite lúpica, sendo bem demonstrada
pelos depósitos de C3, C4 e C1q, indicando o envolvimento tanto da via clássica (C4)
quanto da via alternativa (C3). A imunofluorescência mostra ainda depósitos de IgG,
IgM e IgA.
Manifestações clínicas:
No LUPUS você tem uma deficiência do estrogênio, tem mais receptores HLA, o
estrogênio propricia o aumento, ataques dos vírus, luz ultravioleta (o DNA e o
macrófago são mais sensíveis a luz uv)
O Anti-DNA está ligado a nefrite
A proliferativa difusa é a mais grave e a mais comum, ela é a que desenvolve síndrome
nefrítica e pode levar a GNRP de modo rápido. A nefropatia membranosa pode abrir o
quadro do lúpus e é comum a proteinuria
Poliarterite microscópica
Trata-se de uma doença que acomete adultos velhos, em torno de 50 anos, com ligeiro
predomínio no sexo masculino. As arteríolas, capilares e vênulas são seus principais
"alvos", no entanto, o comprometimento de artérias de tamanho médio (viscerais)
eventualmente é observado. A poliarterite microscópica tem se revelado uma
importante (se não a principal) causa da "síndrome pulmão-rim" entre as vasculites!
Além do acometimento renal (presente em 80% dos casos), o paciente costuma
apresentar hemorragia alveolar, lesões cutâneas por venulite leucocitoclástica e
mononeurite múltipla...
Manifestações clínicas típicas da granulomatose com poliangiite (ex.: sinusite,
cavitação pulmonar) também podem ocorrer. Eventualmente, a diferenciação clínica
entre estas entidades só pode ser feita com a biópsia: na primeira existe GRANULOMA
na parede vascular, um tipo de lesão ausente na PAM!!!
Por outro lado, tal como na granulomatose de com poliangiite, o envolvimento renal
se dá sob a forma de uma glomerulite focal e segmentar necrosante crescêntica,
revelando-se pauci-imune à imunofluorescência. O ANCA é positivo em cerca de 70-
80%, geralmente com o padrão p- ANCA (perinuclear). Raramente o c-ANCA é
observado...
O tratamento também tem como base o emprego de corticosteroides +
imunossupressores, de forma semelhante à granulomatose com poliangiite. A
plasmaférese pode igualmente ser benéfica nos casos com evolução renal fulminante
e/ou hemorragia pulmonar.
Púrpura de Henoch-schonlein
A Púrpura de Henoch-Schönlein (PHS) é uma vasculite que acomete pequenos vasos
(arteríolas, capilares e vênulas), e se apresenta com manifestações cutâneas
exuberantes, com destaque para a púrpura palpável em membros inferiores e
nádegas.
Sua principal característica patológica é a deposição tecidual de imunocomplexos
contendo IgA. A patogênese é similar à da nefropatia por IgA (doença de Berger) e os
achados histológicos renais de ambas as doenças são muito similares – na verdade, a
doença de Berger é considerada por muitos como uma forma renal restrita da PHS. Ou
seja, o envolvimento renal da PHS se dá sob a forma de uma glomerulite mesangial
com depósitos de IgA.
Na pele, as vênulas capilares são mais comprometidas, com histopatologia revelando
venulite leucocitoclástica. Metade dos pacientes apresenta elevações dos níveis
séricos de IgA, estando o complemento no sangue em valor normal.
As manifestações clínicas incluem uma tétrade cujos sintomas não obedecem a uma
ordem exata de aparecimento e surgem no decorrer de alguns dias a semanas. Veja os
seus componentes:
1. Rash purpúrico ou petequial;
2. Artrite ou artralgia;
3. Dor abdominal;
4. Glomerulonefrite aguda.
O acometimento do rim é comum na PHS e seu prognóstico não guarda relação com a
intensidade das manifestações extrarrenais. A desordem renal é notada dentro de
alguns dias a semanas após o início das manifestações sistêmicas.
O sedimento urinário revela proteinúria, hematúria microscópica (eventualmente
macro) com cilindros hemáticos. A maioria dos pacientes tem um curso brando, com
hematúria e/ou proteinúria assintomáticas e uma concentração de creatinina
plasmática normal ou discretamente elevada. Manifestações mais graves, como
hipertensão, insuficiência renal e síndrome nefrótica, raramente estão presentes
Crioglobulinemia
São proteínas que se precipitam em baixas temperaturas e se dissolvem mediante
aquecimento. As características bioquímicas que promovem a precipitação ainda não
são bem compreendidas. Sabemos que, uma vez precipitadas em pequenos vasos,
elas são capazes de ativar o complemento e promover lesão tecidual e vasculite.
Portadores dessa desordem têm chance aumentada de apresentar um surto da doença
quando expostos ao frio; entretanto, as manifestações sistêmicas também ocorrem
em climas quentes, demonstrando que o prefixo "crio" possui conotação muito mais
laboratorial do que clínica...
Foram descritos três tipos de crioglobulinas.
O tipo I é caracterizado por uma imunoglobulina monoclonal e se encontra associado
ao mieloma múltiplo e à macroglobulinemia de Waldenström. Ele induz doença
glomerular e faz parte do diagnóstico diferencial do acometimento renal no mieloma
múltiplo. Os sintomas de hiperviscosidade geralmente são mais comuns que os de
vasculite.
O tipo II contém IgG policlonal e IgM monoclonal anti-IgG (atividade de fator
reumatoide). Por conseguinte, a pesquisa de fator reumatoide é positiva em quase
todos os casos. A maioria dos casos se associa à infecção pelo vírus da hepatite C
(HCV). Mais raramente, o vírus da hepatite B, o HIV e o vírus Epstein-Barr têm sido
implicados.
O tipo III ocorre em estados inflamatórios crônicos, no lúpus eritematoso sistêmico e
nas malignidades linfoproliferativas. Consiste de IgG policlonal e IgM também
policlonal. É o tipo mais comum de crioglobulinemia, porém, o de menor significado
clínico.
As crioglobulinas tipo II e III são chamadas de crioglobulinas "mistas" porque
consistem tanto de IgG quanto de IgM...
As manifestações clínicas da crioglobulinemia incluem púrpura palpável (venulite
leucocitoclástica), sintomas inespecíficos (adinamia, mal-estar), artralgias,
hepatoesplenomegalia e hipocomplementemia, principalmente da fração C4.
E o envolvimento renal?
A doença renal é encontrada em cerca de 20% dos pacientes. Os sinais e sintomas
renais já são notados quando do aparecimento do rash purpúrico. A maioria apresenta
hematúria e proteinúria assintomáticas. A concentração plasmática de creatinina
pode estar normal ou levemente aumentada. Síndrome nefrítica, síndrome nefrótica
e insuficiência renal aguda são apresentações menos comuns.
O exame dos rins à microscopia óptica revela um espessamento da membrana basal e
uma glomerulite proliferativa com um componente peculiar: grande infiltração por
macrófagos (glomerulonefrite membranoproliferativa). Achados mais específicos para
crioglobulinemia essencial: (1) trombo intraluminal composto de crioglobulinas
precipitadas; (2) depósitos de IgM nas alças capilares (imunofluorescência); e (3)
depósitos subendoteliais, curvilíneos, com uma imagem característica de "impressão
digital", na microscopia eletrônica. Os depósitos subepiteliais são incomuns, uma vez
que as imunoglobulinas são de tamanho grande para ultrapassar a membrana basal
glomerular e ganhar o espaço subepitelial.
Além do quadro clínico, o diagnóstico da crioglobulinemia é obtido pela pesquisa de
crioglobulinas no sangue e em lesões purpúricas biopsiadas. Os rins são o sítio de
biópsia somente em pacientes com doença progressiva e para esclarecimentos de
dúvidas diagnósticas.
Uma vez diagnosticada a crioglobulinemia mista, a pesquisa do vírus C é mandatória.
Devemos solicitar a sorologia anti-HCV e RNA viral. Em caso de negatividade, o
crioprecipitado deve ser testado para a presença de anticorpos anti-HCV ou RNA do
vírus C.
Conferencia nefro
Sindrome nefrítica e nefrótica parte 1
Sindrome nefrótica e nefrítica são dois diagnósticos que caracterizam doenças
diferentes com tríades bem específicas. As síndromes renais se manifestam com as
duas características. Mas os sintomas fazem com que a gnt pense em coisas diferentes,
as duas dizem que o local do surto é o glomérulo não é nos outros compartimentos.
O defeito glomerular pode se dar por conta de um defeito genético, imunológico,
metabólico, tóxico ou infecção.
Doença de lesão mínima ocorre a perda da seletividade glomerular em relação a carga
O aumento da pressão hidrostática aumenta a filtração glomerular, o aumento da
pressão oncótica diminui a filtração glomerular. O aumento da pressão na capsula de
bowman diminui a filtração (o liquido da capsula de bowman não tem pressão
coloidosmotica pois não tem proteína. O coeficiente de filtração tem relação com as
alças dos capilares glomerulares.
Deposição de imunocomplexos faz que tenha alteração do mesangio alterando o
coeficiente de filtração (qualquer força que mexa no glomérulo faz com que o
coeficiente de filtração altere)
Seletividade glomerular: depende da parede do capilar glomerular. A barreira
glomerular é composta pelos podocitos em seguida tem a membrana basal coberta
pelos pés dos podócitos e os capilares são fenestrados, dependem de 2 coisas
tamanho e carga. A barreira é aniônica, não pode passar cargas negativas pois as 3
camadas são negativas, já em relação ao tamanho só pode passar até 45ª (por conta
da membrana basal que deixa passar menos. Perda de seletividade -> proteinúria /
queda da filtraçãp ->> aumento de creatinina
Triade: hematúria (hemácias dismóficas ou cilindros hemáticos) + aumento agudo de
creatinina ou queda da taxa de filtração glomerular + HAS nova ou piorada (edema e
porteinuria variáveis)
Fisiopatologia: é explicada pela deposição de imunocomplexos, se não houver eles tem
deposição de outra proteína inflamatória. Os imunocompelxos podem se depositar em
diversas regiões como na membrana basal, entre a membrana basal e o podocito
(subepitelial) pode se depositar no mesangio e etc, quanto mais próximo da corrente
sanguínea maior a inflamação (C5a e c3a), com isso a luz do capilar vai diminuindo,
diminuindo a taxa de filtração por diminuição do kf. As hemácias ao caírem noa
túbulos elas se tornam dismorficas
O cilindro hemático é resultado da interação com a porteina de tam-hosfel pois ela
terá a sua produção aumentada pelo tubo devido a inflamação e a interação com as
hemácias. Ela é mais especifica que os cilindros eritrocitário. Isso é visto no sumário de
urina
Diagnóstico: quase 80% dos pacientes lupicos possuem alguma alteração renal. A
depender do local de alojamentos dos imunocomplexos vão ter manifestações
diferentes. Depositos pequenos e catiônicos são mais subepiteliais (conseguem
atravessar o endotélio) já quanto maiores e mais negativos ficam no endotélio.
A proliferativa é a mais biopsiada. A MO já é suficiente para ver a mesangial (tipo II) já
tem uma hematúria microscópica intermitente, tem uma proteinuria leve. Na
proliferativa os imunocomplexos ficam subendoteliais e mesangiais (pode ter
subepitelial), por isso tem uma maior resposta imune. A membranosa é um
imunideposito pequeno e positivo, inflama pouco, menos inflamação logo não cai a
filtração, ela é subepitelial. A esclerosante avançada é a linha final das
glomerulonefrites não tratáveis
O tratamento é como se fosse um tumor de células que tivesse lá
O aumento de creatinina em poucas semanas é a forma mais grave é como se fosse
uma GNRP.
I e II so trata as manifestações lupicas extrarrenais e antiproteinurico (BRA). IIIe IV usa
pulso de corticoide por 3 dias e um antiproliferativo (faz um pulso de ciclofosfamida
faz um pulso mensal e um pulso trimestral) V usa um grupo de medicamentos que são
inibidores de calcineurina como o rituximab... Todos os pacientes lupicos tem que dar
antiproteinurico que não se deve dar em casos de aumento de creatinina (casos que
aumentam e superativam o sistema renina) usam BRA e IECA (assim que pulsa e
desinflama você ta um antiproteinurico) ou então inibidores da SGLT2 (dapaglifozina)
II você observa o aumento do mesangio. A III ou IV ainda tem proliferação celular (se
tiver 50% ou mais de proliferação é tipo IV. Na tipo V você observa que as alças são
grossas
KDIGO olhar síndrome nefritca
A biopsia é indicada em casos de proteinuria maior que 500mg/dia
Paciente com nefrite tem sempre que perguntar sobre problema de garganta e
infecção de ferida de pele. É hipocomplemento e ela dá valor prognóstico. Se após 8
semanas o complemento ficar alto precisa biopsiar pois deve ter mais doença no meio.
Na pos infecciosa tem a diminuição do Kf
Nefropatia por IgA: biopsia se proteinuria (750mg você biopsia, ou se aumenta bem de
qualquer forma) ou creatinina subirem ou se o paciente evoluir para sindorme nefrítica
GN crescente: disfunção renal em semanas. Tipo I (antimembranabasal tipo I). O
crescente é ums proliferação de células parietais, com infiltração de linfócitos e
macrófagos e fibrina, a lesão começa em um segmento do glomérulo e vai
aumentando. A célula mesangial morre e tem mais fibrina, toma conta de todo o
interior do glomérulo. As biopsias renal estão indicadas quando o diagnostico implica
em mudanças de tratamento e/ou prognostico. Deve-se pedir em casos de pacientes
tratados sem diagnostico por biopsia renal em casos de GNPS. Algumas condições não
precisam da biopsia para começar a tratar como LES, glomerulopatia membranosa
APLAR positiva.
CASO 2 – NODULOS TIREOIDIANOS
O câncer de tireoide não altera a função da tireoide. Se o TSH esta suprimido tem
muito hormônio tireoidiano e se for esse nódulo que esta produzindo não deve ser
câncer, em seguida você deve fazer cintilografia para ver se é um nódulo hipercaptante
ou não, mas pode ser frio em casos de doença de graves + câncer. Classificação de
chamas avalia a vascularização do nódulo (I não tem vascularização, II so tem na
periferia, III vascularização periférica é maior que na central, chamas IV a central é
maior que a periférica e V tem so central), como se fosse fogo, quando mais central
pior.
Caso na análise genética não de resultados que indicam neoplasia não precisa fazer a
cirurgia ou PAAF de segmento. O BETHESDA avalia as alterações da PAAF que mostra o
diagnostico citológico.
No câncer de tireoide é dividido em bem diferenciado ou mal diferenciado.
Corpos psamomatosos são acúmulos de cálcio dentro das células foliculares, o núcleo
é mais claro com padrão vidro fosco. Sempre faz total em menores de 15 anos e em
casos de historia de irradiação.
A PAAF não confirma o câncer folicular pois não consegue diferenciar de um adenoma
folicular ou de um adenoma folicular de tireoide.
Deve-se inibir o eixo do TSH a fim que o TSH não exerça seu poder trófico de crescer a
tireoide e consequentemente o câncer.
O carcinoma medular se desenvolve nas células parafoliculares e produtoras de
calcitoninas, logo o marcador é a calcitonina. A apresentação familiar pode estar
associada a neoplasia endócrina metabólica tipo 2
Geralmente esta muito avançado não consegue nem fazer cirurgia cresce tanto que o
paciente já tem rouquidão, insuficiência respiratória, disfagia, a sobrevida é péssima
Apostila medcurso
ETIOLOGIA
Juntamente com a USG podemos realizar o Doppler para avaliar a vascularização dos
nódulos. Uma vascularização intranodular sugere nódulo maligno. A classificação de
Chammas (Tabela 9) é recomendada na avaliação da vascularização de um nódulo.
CONFERENCIA ENDOCRINO
A tireoide não tem inervação de dor, a dor a palpação vem da pele e isso vem de uma
tireoidite subaguda que é uma condição viral tao intensa que inflama a pele sobre ele.
O anecoico é descrito como cisto simples. Caracteristicas na USG que aumentam o risco de ser
cancer: bordas irregulares, a altura maior que a largura, microcalcificação, extrusão de tecido
mole através de halo calcificado, invasão extratireoidiana. O nodulo deve ser puncionado com
menos de 1cm, mesmo se tiver as caracteristicas.
Na lesão de segundo neuronio não tem ele pra fazer movimento no musculo logo mesmo que
o primeiro mande o reflexo não vai ter assim como não tem nada inervando o musculo
Area de broca é responsavel pela parte motora, logo afasia de broca a pessoa entende o que
falam mas não consegue falar, ela fica do lado esquerdo. Os neuronios que mexem a perna fica
mais medial
Pode acontecer crise de enxaqueca sem ser na cabeça, pode ser na barriga como ocorre mais
em criança.
Os sintomas premonitorios seria o paciente começar a ficar mais irritado etc, a aura são sinais
focais como parestesia, focos de luz. Durante a dor o paciente não consegue mexer a cabeça,
fica no quarto escuro trancada é incapacitante, não consegue estudar etc. O principal sintoma
associado é a nausea e vomito.
Paciente com nauseas e vomitos deve dar antiemetico por isso dá metoclopramida, pacientes
refratarios voce pode fazer antipsicotico. A dexametasosa tenta diminuir a recorrencia a crise.
Os antagonistas da calcitonina podem ser usados tanto pra o aborto como para a profilaxia. A
profilaxia pode ser usada de 3 a 4 crises no mês ou caso tenha uma crise incapacitante que
dure muito
Topiramato é usada para tratar obesidade. Por exemplo em um paciente hipertenso vale a
pena um betabloqueador.
A dor de cefaleia tensional não é incapacitante, a pessoa consegue seguir as suas atividades.O
mais comum são hiperestesia, rigidez, tensão muscular são mais comuns caso ele tenha outros
ou é fotofobia ou fonofobia não são os dois
A cefaleia em salva é uma cefaleia trigemino autonomica, é uma cefaleia que vem em
periodos. O paciente tem sintomas autonomicos na área da dor como hiperemia conjuntival,
lacrimejamentom congestão nasal etc. O paciente relata que está dormindo e a dor acordou,
mas o sintoma pode ser uma trombose de seio cavernoso pode perfeitamente ser uma crise
secundária logo deve fazer um exame de iamgem.
Para tratar pode usar sumatriptano subcutaneo ou intranasal não é qualquer triptano. A
predinisona fica mais reservada para casos refratarios, pelos efeitos colaterais.
Algumas pessoas antes da ruptura catrastofica do aneurisma tem uma ruptura parcial que é
autotamponada mas não leva a obito
HIC -> fica dificil do sangue suprir o cerebro -> diminui a consciencia. Comprime estruturas
inervadas -> edema. Papiledema -> dificuldade de retorno venoso. Nervo abducente ->
compimido pela HIC pelo fato de ser mais superficial, fazendo estrabismo convergente pois ele
inerva o reto lateral.
HIC leva uma compressão do tronco levando a disautonomia como bradicardia e arritmia
respiratória.
Existem 3 estruturas que podem aumentar a pressão intracraniana que seria no parenquima.
Liquor ou sangue. No parenquima voce tem processo expansivos logo é uma cefaleia
progressiva e bem localizada produzindo sinais focais. No liquor é uma cefaleia progressiva
mas não tem sinal focal pois o liquor aumenta progressivamente. No sangue começa de modo
subito, sempre pense em evento vascular.
Neurinoma do acustico demora de dar diagnostico pois a pessoa demora de procurar o medico
pois ele escuta do outro ouvido. O craniofaringioma esta perto da sela tucida ficando perto do
quiasma optico perdendo as visões mais laterais, ele pode interferir no eixo hipotalamo
hipofise.
Criança com ataxia, disdiadococinesia, HIC arrastada com manifestações cerebelares ->
questao de neoplasia em idosos.
Por ser uma vasculite ela atinge sintomas sistemicos, paciente com febre, VHS aumentado. A
claudicação de mandibula e alterações visuais ocorre por conta da diminuição da irrigação.
Pode fazer exames para ver tortuosidade da arteria, podem o padrão ouro é a biopsia.
Paciente com dor e rigidez cervical e das cinturas escapular e pélvica.
As bacterias ganham a circulação e em seguida ao atingitr o cerebro ela faz a festa, elas vem
primeiro na via aérea, por isso para profilaxia preferem extinguir já no trato aereo.
Em um recem nascido as bacterias vem do canal de parto da mae. Meningo = menino, mais
comum em menino. Strepto mais comum em em adultos.
A meninge fica inflamada e não gosta de ser manipulada, ela é esticada a partir do pescoço por
isso o paciente fica com rigidez de nuca. Como tem HIC tem a diminuição do nivel de
consciencia.
A irritação dos neuronios pode levar a liberação de ADH -> abre aguaporina -> dilui o sodio.
Doença meningococica: meningite meningococica; meningococemia (meningo na circulação
causando sepse, o paciente está tao doente que causa necrose); os dois juntos. O melhor
prognostico é a meningite.
Criança com febre, petequia precoce (menos de 48h), rebaixamento do nivel de consciencia
deve colher um hemograma com plaquetas (afastar PTI) e iniciar antibiotico pq até que se
prove ao contrário é meningococemia. Se fosse com mais de 48h de evolução podereia ser
dengue.
Cuidado com os sinais de hipertensão intracraniana pois podem levar a uma herniação. So não
precisa fazer exame de iamgem em nenem.
Caso a punção lombar demore de fazer começe logo o atb, e mesmo se voce fizer a primeira
dose e depois a punção não atrapalha os achados. A bacteriocopia avalia se é cocos, gram +
OU GRAM –
Faz corticoide tambem pois o tratamento é empirico, ela tenta diminuir a inflamação no SNC,
mas o grande beneficio é pra pneumococo em adulto.
MÓDULO MED
A “dor de cabeça”, dita cefaleia, é aquela que pode acometer desde os olhos até o final da
implantação dos cabelos... Podemos dividir as cefaleias em primárias e secundárias. As
cefaleias primárias são aquelas em que a cefaleia constitui a própria doença (surge do nada,
não tem uma doença desencadeadora, “surge porque surge”) – como a enxaqueca, a cefaleia
tensional e a cefaleia em salvas. Já as cefaleias secundárias geralmente se associam à lesão
neurológica orgânica ou a distúrbios sistêmicos, havendo incontáveis causas, como
meningite, neoplasia cerebral, dengue... Nesses casos, a cefaleia é apenas um dentre diversos
sinais e sintomas, podendo ou não dominar o quadro clínico.
■ Após os 50-55 anos devemos considerar sempre a hipótese de arterite temporal ou lesão
estrutural do SNC;
■ O início súbito de cefaleia muito intensa remete à ruptura de aneurisma ou malformação
arteriovenosa causando hemorragia subaracnoide ou AVE hemorrágico
intraparenquimatoso;
■ A cefaleia progressiva pode indicar hipertensão intracraniana de instalação insidiosa,
decorrente principalmente de lesão estrutural com efeito de massa, como tumor ou
abscesso;
■ A cefaleia que piora significativamente com decúbito, tosse, espirro, esforços ou manobra
de Valsalva pode se dever a hipertensão intracraniana (tais medidas aumentam a PIC,
piorando a cefaleia);
■ Em pacientes com neoplasia, a suspeita é de metástases para o SNC. Em pacientes com HIV,
devemos sempre considerar a hipótese de neurotoxoplasmose, abscesso cerebral ou
meningite;
■ Em vítimas de queda ou TCE recente, a cefaleia pode indicar a instalação de um hematoma
subdural ou epidural;
■ A presença de vômitos precedendo a cefaleia (particularmente em jato), assim como a
cefaleia que acorda o paciente à noite ou já está presente ao acordar pode significar
hipertensão intracraniana;
■ A cefaleia acompanhada por hipersensibilidade na região da artéria temporal pode
significar arterite temporal.
So deve solicitar exames complementares em caso da presença de algum sinal de alarme.
Mnemonico para cefaleia secundária S(systemic)- sinais sitemicos como toxemia, rigidez de
nuca, rash cutâneo, portadores de neoplasia ou HIV, usuários de imunossupressores; N
(Neurologic)- presença de defict neurológicos focais, edema de papila, convulsão; O (older)-
inicio após os 50 anos; O (onset) – cefaleia de início súbito ou primeira cefaleia; P (pattern) –
mudança de padrão da cefaleia prévia ou progressiva.
CEFALEIAS PRIMÁRIAS
ENXAQUECA OU MIGRÂNEA
Epidemiologia: segunda causa mais comum de cefaleia recorrente, acomete mais mulheres,
quadro se inicia na infancia ou adolescencia, há um familiar próximo acometido geralmente.
■ Ocorrência de pelo menos cinco episódios de cefaleia com duração de 4 a 72 horas e que
apresentem as seguintes características:
❯ Cefaleia com pelo menos duas das seguintes características: unilateral, pulsátil, intensidade
moderada a severa e piora com atividade física diária;
❯ Presença de náusea, vômitos, fotofobia ou fonofobia (importante para diferenciar da
cefaleia tensional);
❯ História e exame físico não sugestivos de outras doenças orgânicas que possam causar
cefaleia (em resumo, sem “sinais de alarme”).
■ Não é melhor explicada por nenhum outro diagnóstico da ICHD-3 (e exclusão de ataque
isquêmico transitório nos casos de enxaqueca com aura).
ID migraine teste: Disability –limitação de atividades por um dia ou mais nos últimos três
meses? Naúsea – presença de naúsea associada a cefaleia? Sensitivity to light – a luz incomoda
quando tem cefaleia?
Abortivo (crise):
Triptanos (drogas de escolha): são agonistas seletivos dos receptores serotonérgicos
5-HT1, levando à vasoconstrição preferencial dos vasos cerebrais e meníngeos. Uma vez que
podem causar vasoespasmo em outras artérias, são contraindicados em pacientes com
hipertensão arterial não controlada ou doença coronariana. Também devem ser evitados em
gestantes, pelo risco de abortamento. Entre os efeitos adversos estão alterações sensoriais
predominantes na cabeça e extremidades (dormência, formigamento, calor) e vertigem.
Além disso, podem causar síndrome serotonérgica quando associados a inibidores seletivos
da recaptação de serotonina e inibidores seletivos da recaptação de
serotonina/norepinefrina.
Duas novas classes de drogas foram aprovadas recentemente para o tratamento abortivo da
enxaqueca. Drogas que inibem a ação do peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP
– Calcitonin Gene-Related Peptide), como rimegepant e ubrogepant, foram aprovadas
recentemente pelo FDA. Alguns estudos apontaram que o CGRP é um potente vasodilatador
endógeno, atuante principalmente sobre o SNC, estando em níveis bem mais elevados nas
pessoas com enxaqueca, quando comparadas à população sem enxaqueca. A vantagem
dessa nova droga seria, a princípio, a tolerabilidade, além de não ter efeito vasoconstritor
sistêmico (ou seja, não apresentaria as contraindicações clássicas aos triptanos, como a
doença coronariana).
Outra droga recém-aprovada pelo FDA para crise de enxaqueca é o Iasmiditan, um agonista
do receptor 1F da serotonina, que mostrou benefício em artigo recente do Lancet. Contudo,
também a alta toxicidade (fadiga, parestesias, vertigem e sonolência) limita seu uso.
Profilático: a principal indicação é a presença de quatro ou mais crises por mês (harrison) ou
três ou mais crises/mês (outras referencias). Outras indicações são ausência de resposta a
terapia abortiva das crises ou presença de efeitos colaterais importantes nas drogas usadas
para tratamento abortivo. Uma vez obtida estabilização, o tratamento profilático dura 5-6
meses depois é desmamado.
■ Outras drogas citadas, mas pouco utilizadas na prática atualmente, são a ciproeptadina, o
pizotifeno, a fenelzina (inibidor da MAO) e a metissergida (primeira droga utilizada na
profilaxia da migrânea, porém abandonada devido a efeitos colaterais como fibrose orovalvar
e retroperitoneal).
■ Existe evidência fraca de benefício de diversas outras classes de drogas, como IECA, BRA e
riboflavina.
■ Já estão aprovados pelo FDA para profilaxia em dose mensal os anticorpos monoclonais
contra o receptor CGRP (erenumab) ou contra o peptídeo (eptinezumab, fremanezumab,
galcanezumab). Recentemente (2021), também foram aprovados antagonistas orais do CGRP
(rimegepant e atogepant). Uma curiosidade: o rimegepant pode ser utilizado tanto para o
tratamento abortivo quanto para o profilático.
■ Dentre as novidades para o tratamento profilático da enxaqueca, encontramos estimulação
magnética transcraniana de pulso único (sTMS), estimulação elétrica transcutânea do nervo
supraorbital e injeção de toxina botulínica na musculatura facial, esta última apenas para casos
de enxaqueca crônica.
CEFALEIA TENSIONAL
Epidemiologia: é a cefaleia primária mais frequente, pico na quarta década de vida e há um
discreto predomínio no sexo feminino.
Quadro clínico: dor de leve a moderada intensidade, de caráter opressivo, quase sempre
bilateral. A duração da dor varia de 30min a 7 dias. Surge, principalmente, no final da tarde
após um dia extenuante no trabalho. Ao contrário da enxaqueca, a dor não tem característica
pulsátil e não costuma ser agravada por esforço físico ou impedir as atividades do paciente.
Normalmente não há sintomas associados. Em alguns pacientes pode ser percebida, à
palpação, hiperestesia e hipertonia da musculatura pericraniana
Segundo a Classificação Internacional das Cefaleias, a cefaleia tensional pode ser dividida em
três grupos de acordo com a frequência das crises:
1. Episódica pouco frequente ou infrequente (< 12 dias/ano);
2. Episódica frequente (12-180 dias/ano);
3. Crônica (> 180 dias/ano) – alguns autores classificam a cefaleia tensional como crônica
quando ela ocorre durante mais de 15 dias em um mês, o que, “a grosso modo”, dá no
mesmo.
Tratamento: geralmente as pessoas não procuram o medico, apenas quando a dor começa a
acontecer quase diariamente. As pessoas procuram caminhar, banho quente etc.
Abortivo: uso de analgésicos comuns ou AINES VO.
Profilático: quando a pessoa tem mais de 15 crises por mês, indicamos o tratamento
com antidepressivos tricíclicos como a amitriptilina. Deve-se inciiar uma dose baixa e em
seguida aumentar gradualmente de acordo com necessidade e tolerabilidade. Dose
10-50mg/dia ao deitar. Os efeitos colaterais mais comuns dessas drogas são a sonolência, os
efeitos anticolinérgicos (boca seca, vagina seca e constipação intestinal) e aumento do apetite
para carboidratos (aumento de peso).
Atenção especial: os antidepressivos tricíclicos são associados ainda ao aumento do
intervalo QT no eletrocar diograma, podendo causar uma forma de taquicardia ventricular
denominada torsades de pointes. Estudaremos o assunto na apostila de Síncope e Arritmias.
CEFALEIAS TRIGÊMINO-AUTONÔMICAS
CEFALEIA EM SALVAS
Epidemiologia: incomum, também chamada de cefaleia histamínica, cefaleia histamínica de
horton e síndrome de raeder.
Quadro clínico: Os episódios de dor são quase sempre unilaterais localizados na região
periorbitária, de grande intensidade (uma das dores mais fortes que se conhece), geralmente
descritos como “facadas” e de curta duração (15-180min). Preste bastante atenção a essa
curiosa característica: os episódios podem se repetir quase diariamente durante até dez
semanas, geralmente no mesmo horário, sendo seguidos por um longo período assintomático
(até um ano) e o posterior retorno das crises. Ou seja, é como se tivéssemos períodos de
exacerbação e remissão! Durante a “exacerbação” da cefaleia em salvas ocorre uma crise por
dia ou a cada dois dias, mas existem relatos de pacientes com até oito crises/dia! Cerca de 10-
15% dos pacientes não apresentam os períodos de remissão, ou esses períodos duram menos
de um mês (sendo chamada de cefaleia em salvas crônica). Durante a crise encontramos um
paciente agitado, andando de um lado para o outro, ao contrário do que ocorre na enxaqueca,
quando o indivíduo se recolhe em um ambiente calmo e com pouca luz. Alguns pacientes
chegam a bater a cabeça na parede e mesmo ameaçar o suicídio, devido à intensidade da
dor!
Na primeira crise é importante realizar RM ou TC, caso esteja normal, realizar punção lombar
para afastar outras hipóteses como hemorragia subaracnoide e infecção. Deve-se fazer
diagnostico com tumores hipofisários, particularmente secretores de prolactina e GH.
Diagnóstico:
■ Presença de pelo menos cinco crises;
■ Dor severa ou muito severa, unilateral, orbitária, supraorbitária e/ou temporal, durando
de 15 a 180 minutos, se não tratada;
■ A cefaleia acompanha-se de, pelo menos, um dos seguintes aspectos:
❯ Presença de pelo menos um dos sinais a seguir, ipsilaterais à cefaleia: hiperemia conjuntival
e/ou lacrimejo, congestão nasal ou rinorreia, edema palpebral ipsilateral, sudorese frontal e
facial, rubor frontal e facial, miose e/ou ptose, sensação de ouvido cheio;
❯ Sensação de inquietude ou agitação.
■ As crises têm uma frequência de uma a cada dois dias a oito por dia, durante o tempo em
que a perturbação está ativa (lembrando que esta cefaleia é caracterizada por períodos de
exacerbação e remissão);
■ Não é melhor explicada por nenhum outro diagnóstico da ICHD-3.
Tratamento:
Abortivo: oxigênio a 100% (máscara), 10 – 12L/min, duante 15 a 20 minutos, com o paciente
inclinado para frente. Sumatriptano 6mg SC 3 injeções por dia (opções sumatriptano ou
zolmitriptano intranasais) formulas orais não são eficientes. Estimulação vagal não invasiva.
Se refratária tentar octreotide IV e ergotamina VO, lidocaína intranasal.
Profilático: verapamil (160 – 960 mg/dia), dividida em 2-3 doses monitorar ECG; valproato de
sódio 1-2 g/dia; prednisona (opção interessante para crises de curta duração num intervalo).
Outras opções menos estudadas (lítio, metissergida, topiramato, gabapentina, melatonina).
Em estudo \9casos refratários): galcanezumab (anticorpo anti-CGRP), neuroestimulação do
nervo occiptal ou do hipotálamo posterior, estimulação vagal não invasiva.
Existe uma característica marcante desta cefaleia (às vezes abordada em concursos): grande
resposta clínica à indometacina. O tratamento com indometacina deve ser utilizado não só na
fase aguda de dor, como também deve ser mantido como profilaxia por um a dois anos, na
dose de 25-50 mg de 8/8h, mesmo após encerradas as crises. Ao contrário do que ocorre na
cefaleia em salvas, o álcool não parece atuar como precipitante das crises.
SUNCT E SUNA
As últimas representantes das “cefaleias trigêmino-autonômicas” têm nomes curiosos, que na
verdade são siglas derivadas das expressões:
■ Short-lasting Unilateral Neuralgiform headache attacks with Conjunctival injection and
Tearing (SUNCT), o que quer dizer, literalmente, “cefaleia breve, unilateral, neuralgiforme,
com injeção conjuntival e lacrimejamento”;
■ Short-lasting Unilateral Neuralgiform headache Attacks with cranial autonomic features
(SUNA), ou “cefaleia breve, unilateral, neuralgiforme, com sintomas autonômicos”.
Nenhum fármaco, com exceção da lidocaína IV, se mostrou eficaz durante as crises.
Obviamente, os pacientes que necessitam dessa abordagem devem ser internados para
monitorização eletrocardiográfica. Para profilaxia, sempre são utilizados anticonvulsivantes:
lamotrigina (escolha), topiramato, gabapentina e carbamazepina.
Caso 4 – SINDROME NEFRÓTICA
A principal proteína que se perde é a albumina pois ela é a pinricpal proteína do sangue, alem
disso ela é responsável pela pressão oncótica, como perde ela leva ao edema. Dentre as
proteínas plasmáticas temos as lipoproteínas levando a lipiduria (lipiduria nas proteínas de
tom harsalfal) e o organismo reage a perda dessas lipoproteínas fazendo com que o corpo
produza mais levando a hiperlipidemia
O sangue chega normal no rim, mas não sai, fazendo com que o rim fique inchado distendendo
a capsula dando dor lombar, quando aumenta a pressão la dentro extravassa hemácia, mais
proteínas, não tem uma filtragem do rim elevando creatinina... A veia gonadal direita segue
diretamente pra veia cava, já a esquerda drena p veia renal dando uma varicocele a esquerda.
Deve fazer um doppler da veia renal para identificar. Trombosse da veia renal pense em câncer
renal e síndrome nefrotica. Amioloidose é a deposição dessa proteína alterada.
BIOPSIA SEMPRE
A síndrome nefrotica pode ser idiopática ou pode ser secundária a DM, HAS, lúpus...As lesões
são em forma de padrões histológicos não importa se é idiopático ou secundário
Lesão mínima só ve em microscópio optico, ocorre uma lesão no podocito fazendo com que
ele va se fundindo e lese as fendas de filtração e a membrana basal perdendo a seletividade
das cargas. Geralmente ocorre em crianças. A clinica a criança ta bem depois tem proteinuria
depois volta a ter nada fica flutuando. Ela tem uma resposta muito boa a corticoide. A criança
com lesão mínima e diabéticos não faz biopsia pois são quadros clássicos.
Tem uma lesão em menos de 50% do glomérulo e pedaços do glomérulo estão acometidos=
glomeruloesclerose focal e segmentar. É a principal forma no brasil, ele não responde tao bem
quanto a lesão mínima ao corticoide.
Uso excessivo de diurético em lesão mínima pode levar ao choque por depleção volêmica.
A síndrome nefrótica deve ser entendida como o conjunto de sinais, sintomas e achados
laboratoriais que se desenvolvem quando, por alguma razão, ocorre aumento
patologicamente
exagerado da permeabilidade dos glomérulos às proteínas, levando à proteinúria maciça. Na
verdade, define-se a proteinúria na "faixa nefrótica" como aquela superior a 3,5 g/1,73 m2
/24h, o que equivale a > 3-3,5 g/24h no adulto e > 40-50 mg/kg/24h na criança.
Proteinúria: maior que 3,5g/d em adultos ou 40,g crianças. Quando ultrapassa 2g quase
confirma a síndrome nefrotica já que na doença tubulointersticial a proteinúria não costuma
ultrapassar esta cifra. Utiliza-se a coleta de urina 24h. Pode ser seletiva ou não seletiva a
depender da doença de base. Lembre que a seletividade depende das fendas de filtração
(barreira de tamanho) + carga negativa da membrana basal (barreira de carga). A barreira de
tamanho permite a livre passagem de proteínas de pequeno peso molecular inferior a 20.000
daltrons, e essas são absorvidas pelo tubulo proximal, a albumina por ser mais pesada tem
mais dificuldade de transpor a barreira de tamanho, porem mais dificuldade ainda com a
barreira de carga pois ela é negativa. Quando o processo lesivo renal acarreta perda
predominante da "barreira de carga" (como no caso da nefropatia por lesão mínima), ocorre o
que se entende por proteinúria seletiva, ou seja, uma proteinúria basicamente à custa de
albumina; quando a lesão glomerular determina perda da "barreira de tamanho" ocorre
proteinúria não seletiva (como na GEFS, ver adiante), com perda proporcional de todas as
macromoléculas do plasma (albumina, globulinas etc.). Pode diferenciar pela eletrofore de
proteínas urinarias. Quando tem proteinuria seletiva não costuma ter alterações importantes
da estrutura física glomerular já a não seletiva os podocitos estar lesionados, levando ao
desarranjo arquitetônico das fendas de filtração.
Globulina de ligação de tiroxina (TBG)-> sua redução pode determinar anormalidades nos
exames da tireoide, falsamente sugerindo hipofunção tireoidiana (pelo T4 total baixo), mas
com níveis de hormônio livre e TSH normais;
Proteína fixadora de vitamina D – esta proteína transporta a 25(OH) vitamina D, cujos níveis
estão reduzidos pela perda urinária. O metabólito ativo calcitriol, ou 1,25(OH2) vitamina D,
não costuma estar depletado, mantendo o cálcio ionizado em níveis normais. Alguns poucos
casos, entretanto, cursam com hipocalcemia real, hiperparatireoidismo secundário e doença
óssea
(osteomalácia e osteíte fibrosa);
Doença por lesão mínima: responsável por 85% de todos os casos de síndrome
nefrótica em crianças e 10-15% em adultos. Ocorre a fusão (e apagamento) dos processos
podocitários alterando a estrutura normal das fendas de filtração; perda da barreira de
carga. Observou-se em estudos que é uma doença de linfócitos T (sensíveis a corticoide) que
secretariam uma citocina desconhecida que age sobre os podocitos e inibe a síntese dos
poliânios (sulfato de heparan) responsáveis pela barreira de carga. Predomina entre crianças
de 1 – 8 anos.
Os pacientes geralmente abrem um quadro de síndrome nefrótica clássica, com todos os seus
sinais e sintomas. Em muitos casos, a proteinúria intensa se inicia logo após fatores
desencadeantes, como episódios virais ou reações a picadas de inseto. Existe claramente
uma associação a fenômenos atópicos , como asma e eczema, não sendo incomum que estas
manifestações alérgicas também acompanhem as recidivas do quadro.
A função renal não costuma estar alterada, a não ser que haja hipovolemia grave, com
hipotensão e hipoperfusão renal. A instabilidade hemodinâmica com choque circulatório é a
complicação mais séria, em especial em crianças, ocorrendo geralmente na fase de formação
do edema. Pode se precipitada pelo surgimento de diarreia, sepse, ou mesmo de forma
iatrogênica, pelo uso de diuréticos ou drenagem excessiva de líquido ascítico. O quadro pode
se associar a dor abdominal, febre e vômitos, tornando fundamental a investigação de
peritonite espontânea, esta última frequentemente causada por Streptococcus pneumoniae.
Como toda síndrome nefrótica, a DLM está relacionada a manifestações tromboembólicas,
mas a trombose de veia renal é rara (bem menos frequente que na GN membranosa,
membranoproliferativa e amiloidose). Redução da volemia e hemoconcentração aumentam
as chances de trombose venosa profunda, que pode evoluir com isquemia e até gangrena de
membro inferior. Possui uma grande associação com linfoma de Hodgkin e uso de AINES
(DLM e nefrite tubulo intersticial aguda = levando insuficiência renal aguda oligúrica e
proteinúria nefrótica)
Em adultos usa prednisona 1 mg/kg/dia (máx. 80 mg/dia), uso diário, por oito semanas
consecutivas, havendo resposta pode desmamar até completar 6 meses de tratamento. Em
crianças, a dose inicial de prednisona é 60 mg/m2/dia (máx. 60 mg/dia), por 4-6 semanas .
Nos respondedores a dose é reduzida para 40 mg/m2/dia, em dias alternados e por quatro
semanas, progredindo-se o "desmame" nos meses subsequentes... Em 85-95% das crianças
com DLM idiopática (e 75-85% dos adultos), observa-se melhora da proteinúria nas primeiras
semanas após o início da corticoterapia. Se a proteinúria persistir por mais de oito semanas,
em crianças, o paciente é classificado como "resistente aos corticoides". Um adulto será
considerado "resistente aos corticoides" somente se a proteinúria não remitir após 16
semanas de Tratamento Nos casos ditos "resistentes", em crianças, a biópsia renal estará
indicada e com frequência revela um padrão de GEFS ou proliferação mesangial.
Mas o que vem a ser "esclerose glomerular"? O termo esclerose, nas doenças glomerulares, se
refere ao acúmulo de material homogêneo não fibrilar, levando ao colapso de capilares
glomerulares. Na GEFSi, este material é hialino, derivado de proteínas plasmáticas que
extravasam pelo epitélio visceral lesado (hialinose glomerular). O processo se inicia nos
glomérulos justamedulares, a lesão inicial geralmente é nas pontas dos glomérulos
(próximos aos túbulos contorcidos proximais. Somente com a progressão da doença é que os
glomérulos mais corticais vao sendo acometidos e o processo de esclerose alcança alças mais
próximas do hilo glomerular. Um outro achado comum é a hipertrofia glomerular (aumento
do volume glomerular, neste caso à custa de expansão do mesângio). Deve ter cuidado com a
biopsia pegando por volta 10 – 20 glomerulos, englobando glomérulos justamedulares. As
suas formas histopatológicas variantes são a forma colapsante (idiopático ou hiv) e a forma
celular.
A forma idiopática da GEFS (GEFSi) tende a ter um início abrupto, e uma síndrome nefrótica
clássica em geral está presente por ocasião do diagnóstico. A maior parte das formas
secundárias, entretanto, tem início insidioso, muitas vezes com níveis subnefróticos de
proteinúria. Podemos dizer que a GEFSi se apresenta com síndrome nefrótica franca em 2/3
dos casos ou então com proteinúria subnefrótica, sem edema, sem hipoalbuminemia,
associada à hipertensão arterial, hematúria microscópica, piúria e disfunção renal leve, no 1/3
restante. A proteinuria é não seletiva . Podemos encontrar também HAS (principalmente
quando há comprometimento da taxa de filtração glomerular) e hematúria microscópica
(principalmente quando há lesão mesangial associada). Os níveis de complemento sérico
estão normais.
Em 70-80% dos casos, a apresentação clínica da GMi é a de uma síndrome nefrótica clássica,
insidiosa, que ocorre na maioria das vezes numa faixa etária entre 30-50 anos. Nos 20-
30%restantes, há proteinúria nefrótica sem sintomas (ausência de edema).
O laboratório da GM costuma mostrar proteinúria maciça, que na maioria das vezes é do tipo
não seletiva, hematúria microscópica (30%) e complemento sérico normal. O achado de
hipocomplementemia sugere GM secundária ao LES. Asalterações histopatológicas clássicas,
soba luz da Microscopia Óptica (MO), Imunofluorescência Indireta(IFI) e Microscopia
Eletrônica(ME)
Para um adulto com síndrome nefrotica franca sem outro sintoma associado, deve-se fazer
biopsia, caso venha GM deve pensar se é primária ou secundaria pois pode ser uma
neoplasia ainda subclínica, ou LUPUS abrindo com quadro de lesão renal, assim deve-se fazer
a seguinte triagem com alguns exames:
10-10% dos adultos apresentam remissão completa da síndrome nos primeiros 3-4 anos de
diagnostico, 25-40% tem remissão parcial com níveis de proteína 200mg a 2g/dia, e 40-50%
apresentam perda progressiva da função renal evoluindo para insuficiência renal crônica
num prazo médio de 15 anos. Os principais fatores de mau prognostico são: sexo masculino,
idade avançada, hipertensão, proteinúria maciça persistente, hipoalbuminemia significativa,
hiperlipidemia, insuficiência renal no diagnóstico, esclerose focal e lesão tubulointersticial
associada na biópsia.
Pela possibilidade de remissão espontânea e bom prognóstico pela própria história natural,
grande parte dos pacientes com GMi a princípio não necessita de tratamento específico. Isso
é válido especialmente para os pacientes com SINAIS DE BOM PROGNÓSTICO: jovens,
mulheres, proteinúria < 1 g/dia, ausência de insuficiência renal e de alterações tubulo
intersticiais na histopatologia renal. Todos esses casos devem ser acompanhados de perto
por 3-4 anos, observando-se a evolução para remissão espontânea ou progressão.
Por outro lado, a terapia imunossupressora está indicada nos casos de "mau prognóstico"
(maior chance de evoluir com falência renal crônica): proteinúria > 1 g/dia, hiperlipidemia
severa, homens > 50 anos com proteinúria nefrótica persistente, sinais ominosos na biópsia
e creatinina plasmática elevada. Outra indicação de tratamento da GMi é a ocorrência de um
evento tromboembólico.
Autores modernos têm ressaltado que, através da análise por imunofluorescência da biópsia
renal, podemos dividir a GNMP em causas associadas à deposição de imunocomplexos
(imunoglobulinas + complemento), que geram os subtipos I e III de lesão, e causas associadas à
deposição de complemento (com pouca ou nenhuma imunoglobulina), que geram GNMP
tipoII... Neste último caso é comum a detecção, no soro do paciente, do chamado fator
nefrítico C3– um autoanticorpo anti-C3 convertase! A C3 convertase é a enzima que cliva e
ativa o C3, constituindo o primeiro passo na cascata de ativação da via alternativa do
complemento (aquela que não necessita da presença de imunoglobulinas)... O anti-C3
convertase "estabiliza" tal enzima, aumentando sua meia-vida, o que promove a geração
sustentada e exagerada de "fragmentos" do C3 (anafilotoxinas). A consequência final é uma
HIPERATIVAÇÃO do complemento, com deposição de seus produtos nos glomérulos renais,
induzindo inflamação
Cerca de 30-40% dos casos de GNMP idiopática abrem o quadro com síndrome nefrótica; em
torno de 25% dos casos se manifestam com síndrome nefrítica clássica (semelhante à GNPE);
o restante inicia apenas proteinúria isolada (assintomática), na maioria das vezes associada à
hematúria microscópica. Mais raramente o quadro se inicia com uma síndrome de GN
rapidamente progressiva.
Em mais de 50% dos pacientes existe história recente de infecção respiratória alta, na
maioria das vezes com aumento concomitante dos títulos de ASLO, evidenciando a
participação estreptocócica.
A GNMP idiopática com síndrome nefrótica pode ser tratada com prednisona, associando-se
drogas citotóxicas como a ciclofosfamida nos casos mais graves. O esquema ideal ainda está
para ser confirmado... O papel de outros imunossupressores (ciclosporina e micofenolato não
está bem definido. Tratamento adjuvante com IECA ou BRA (controle da pressão arterial e da
proteinúria) e estatinas (controle da dislipidemia) de ve ser instituído conforme as indicações
habituais. Novas abordagens direcionadas para a GNMP tipo II (ex.: inibidores do
complemento, como o eculizumab) ainda se restringem ao âmbito da pesquisa científica. A
plasmaférese também pode ser utilizada diante da presença do fator nefrítico C3.
A glomerulopatia imunotactoide é ainda mais rara. Em cerca de metade dos casos, esta
entidade está relacionada com doenças linfoproliferativas (LLC, linfomas) ou
paraproteinemias (discrasias plasmocitárias). A microscopia eletrônica mostra fibrilas de
maior diâmetro (30-40nm), que na verdade são depósitos de microtúbulos organizados.
A faixa etária média está em torno dos 45 anos, variando entre 10-80 anos. A apresentação
clínica dessas duas patologias glomerulares é marcada pela síndrome nefrótica franca em
mais de 50% dos casos, havendo hematúria microscópica em 60-70%,hipertensão arterial e
insuficiência renal em 50% dos pacientes. O prognóstico é reservado: metade dos pacientes
evolui para "rins terminais" em apenas 2-6 anos.
Até o momento, nenhum tratamento se mostrou consistentemente eficaz para este grupo de
glomerulopatias e, devido a sua raridade, não existem estudos clínicos controlados.
Entretanto, uma droga promissora, segundo relatos recentes, é o rituximabe
(anticorpomonoclonal anti-CD20). Este medicamento atua inibindo especificamente os
linfócitos B, que em alguns casosparecem estar envolvidos na gênese das fibrilas que se
depositam no glomérulo
Diabetes mexe no heparan sulfato, logo acomete barreira de carga. Toda proteinuria acima de
1g não pode ser so tubular, tem acometimento glomerular. O tubulo proximal reabsorve uma
quantidade de proteínas, logo a menor de 1g pode ser porque o tubulo deixou de absorver
Proteina ligante da vitamina D -> leva a diminuição da vit D, e mts individups são tratados com
corticoide que leva a osteoporose, logo é muito importante repor vitamina D.
Ascite, derrames pleurais são meios de cultura para infecções, principalmente germes
encapsulados.
Na lesão mínima o CD80 levaria a perda da carga. Não tem queda da filtração glomerular,
quanto mais velha a criança mais chance de ser uma doença de lesão mínima atípica. O
tratamento não imunossupressor esta prescrito para toda as as formas e etiologias de
síndrome nefrotica, a estatina você tira quando o paciente melhorar (se ele não tiver DLP
previa). O captopril é o mais usado em pacientes normotensos, e você tateia a dose
(começando com 6,25 – divide o de 12,5) e vai aumentando até chegar a dose máxima. A lesão
mínima no adulto pode ter hematura microscópico e HAS. Na doença de lesão mínima em
geral as crianças respondem em 8 semanas e adultos em 16. Pode estar associada com
hodking e aines mas ela é corticosensivel
Sindrome nefrotica no adulto não diabético = biopsia, pelo SUS mas no particular você pode
dosar o anticorpo ANTIPLA2R
A GEFS no adulto se for de bom prognostico se comporta como lesão mínima, por isso a ideia
da gefs ser uma continuação da lesão mínima
A GEFS iria ter um fator circulante que interfere em uma proteína de membrana que desarma
o esqueleto do podocito. As áreas de membrana basal descoberta pelos podocitos inflama e
da a esclerose focal. É a glomerulopatia que mais recidiva do transplante, por isso falam pra
fazer plasmaferese por 3 dias a fim de tirar o fator circulante e em seguida inicia a
imunossupressão, a fim de não recidivar o paciente. Existe uma GEFS famíliar que é por conta
da alteração da nefrina, caderina e podorina e se manifesta com um síndrome nefrotica brutal.
Agora esta usando também inibidor de SGLT2. Quando tem muita fibrose não dá p tratar gefs
(creatina maior que 3) menor que 3 não tem muita fibrose, se baseie no valor da creatina.
Inibidor de calcineurina tacrolimo ou ciclosporina. Corticodependentes são pacientes que
quando você desmama volta ele deixa de ser eficiente para de estar em remissão. A
imunossupressão so da em casos primários.
O paciente diabético aumenta o problema renal por conta de uma hiperfiltração (chega menos
sódio na macula densa que entende que não ta tendo uma taxa de filtração boa, o que pode
estimulo paracrino leva a vasodilatação, aumentando a pressão e a taxa de filtração) lofo o
SGLT2 (canal cotransportador de sódio e glicose) ele transportar glicose p dentro e mantem o
sódio fazendo com que diminua essa hiperfiltração (pois o sódio não vai ta diminuído) usa com
clerence acima de 20. Por isso usa o SGLT2 mas o IECA vc também vai associar pois ele diminui
o SRAA diminuindo a vasocontrição eferente diminuindo a pressão (pode usar IECA e BRA ate o
paciente tolerar, tolerar é a creatina não subir mais que 30% ou diminuir mais que 30% do
clearence quando você inicia o remédio sem um outro fator que explica isso). Logo o SGLT2
tambem tem ação antiproteinurica pois ele impede o aumento da pressão na aferente (prova).
A diabetes também leva a glicosilação da arteríola eferente fazendo vasoconstrição mas é um
mecanismo tardio, é o motivo para o glomérulo colabar (processo inflamatório fibrosante).
A GEFS secundaria é mais insidiosa, edema, proteinuria, na maioria das vezes o paciente não
procura o endocrinologista de cara. A primaria o paciente chega com edema de face, pico
hipertensivo, proteinuria.
Na nefropatia diabete a hiperglicemia estimula a enxima que degrada o heparan sulfato. AGES
é produto de glicosilação final.
O rastreamento pode ser feito com glicemia de jejum, TOTG-75 (2h) ou HbA1c. Caso o teste
esteja normal, ele deve ser repetido dentro de três anos. Avaliações mais regulares podem ser
feitas em pacientes com pré-diabetes. Recentemente, tivemos a inclusão do rastreamento
para pessoas com o vírus HIV, sendo indicada para este fim glicemia de jejum antes de iniciar
Terapia Antirretroviral (TARV), quando houver troca da TARV e 3-6 meses depois de iniciar
ou trocar o tratamento. O teste deve ser repetido anualmente. Já o rastreamento de diabetes
póstransplante de órgão sólido (do inglês, NODAT – New Onset Diabetes mellitus After
Transplantation), está indicado para o paciente em regime imunossupressor estabilizado e na
ausência de infecção aguda. O TOTG seria o exame preferencial. Além disso, a ADA também
passou a recomendar a testagem para mulheres que planejam engravidar e que tenham
sobrepeso, obesidade e/ou algum dos fatores de risco que acabamos de ver.
Embora não haja recomendações para a população em geral, a última diretriz da ADA reforça
que parentes de pacientes com DM tipo 1 podem ser encaminhados para a pesquisa de
anticorpos num centro de pesquisa clínica e que eles devem ser informados desta
possibilidade.
Caso o resultado de dois exames for discrepante deve repetir o exame discrepante, caso o
exame discrepante baixo deve acompanhar o paciente por 3-6 meses.
Tratamento:
Ele se pauta na detecção de complicações + controle da glicemia + controle de outros fatores
de risco cardiovasculares.
Controle da glicemia: a hemoglobina glicosilada deve ser solicitada duas vezes por
ano ou a cada 3 meses e deve ser menor que 7%. Nos pacientes com diabetes diagnosticado
há pouco tempo, elevada expectativa de vida e sem doença cardiovascular significativa,
níveis mais baixos podem ser considerados (HbGli < 6,5%). Por outro lado, em alguns grupos
devemos ter mais cautela (HbA1c < 8% ou mais, dependendo do caso), entre os quais se
incluem aqueles com diabetes de longa duração, história conhecida de hipoglicemia grave,
complicações micro e macrovasculares avançadas e idade elevada. Técnicas recentes (POC,
Point-Of-Care) poderiam ainda permitir a avaliação da HbA1c na hora da consulta, auxiliando
na tomada de decisão. Outro método é a testagem da glicemia capilar
Já a dislipidemia, tem-se que o perfil lipídico deve ser solicitado para todos os diabéticos no
momento do diagnóstico, na primeira avaliação médica e/ou a partir dos 40 anos e, em
seguida, periodicamente (a cada 1-2 anos). Esta é a prioridade do controle lipêmico por ser a
estratégia mais eficaz em reduzir os riscos de complicações vasculares. Além do plano
dietético, as estatinas são a droga de escolha, pois além de serem as mais efetivas para baixar
o LDL-c, possuem um efeito qualitativo benéfico sobre o LDL-c aterogênico dos diabéticos e
sobre o endotélio. A Diretriz Brasileira continua preconizando valores de LDL < 100-70 (a
depender se o paciente diabético é de médio ou alto risco) ou LDL < 50, se estratificado como
de risco muito alto (presença de doença aterosclerótica clínica). A combinação de
hipertrigliceridemia (> 150 mg/dl) + baixo HDL-c (< 40 mg/dl em homens e < 50 mg/dl em
mulheres) é comprovadamente aterogênica! Quase sempre dieta e exercício físico regular são
suficientes para conseguir o alvo lipêmico neste tipo de dislipidemia!! Portanto, antes de
começar qualquer droga, deve-se tentar o controle lipêmico com as medidas não
farmacológicas, exceto em caso de TG > 500-1.000 mg/dl, quando as drogas passam a ser
indicadas, pelo risco de pancreatite aguda.
■ Substituindo insulina NPH por insulina de ação prolongada (glargina, detemir, degludeca):
estas apresentam ação mais prolongada, redução da variabilidade glicêmica e redução de
hipoglicemias (principalmente noturnas), com manutenção ou discreta melhora da A1C e
menor ganho ponderal. A glargina deve ser aplicada uma vez ao dia, pela manhã ou à noite. A
detemir, por outro lado, pode ser aplicada uma (pela manhã ou à noite) ou duas vezes ao dia.
Estas formas não devem ser misturadas com outras insulinas pelo risco de modificação da
farmacocinética de uma delas.
A dose média de insulina gira em torno de 0,5-1,0 U/kg/dia. No entanto, por um reduzido
espaço de tempo após o diagnóstico, esta dose pode ser menor pelo fato de o pâncreas ainda
apresentar uma pequena reserva endógena. Este período é conhecido como "lua de mel".
Nas crianças mais novas, esta dose também costuma ser menor. Aproximadamente 40-60% da
dose total deve ser fornecida com insulina basal. No caso da NPH, normalmente se faz 2/3 da
dose de manhã e 1/3 à noite. O restante da dose de insulina se faz com as de ação rápida ou
ultrarrápida. Este ajuste pode ser realizado pela contagem de carboidratos da refeição que
se pretende comer.
Tratamento DM tipo 2:
Antidiabéticos:
1. Drogas que reduzem a resistência à insulina;
2. Drogas que estimulam a célula beta a secretar mais insulina;
3. Drogas que reduzem ou retardam a absorção intestinal da glicose;
4. Drogas incretinomiméticas;
5. Drogas que atuam sobre o túbulo renal e estimulam glicosúria.
AÇÃO INCRETINOMINÉTICA
As incretinas são hormônios secretados por células endócrinas (células K e L) do intestino
delgado. Entre os principais representantes dessa classe de hormônios está o GLP-1 (peptídeo
1 semelhante ao glucagon). O GLP-1 promove estímulo da síntese e secreção de insulina
dependente da glicemia, inibição da secreção de glucagon e retardamento do esvaziamento
gástrico
Terapia inicial: modificação do estilo de vida + metformina. Devido aos seus frequentes
efeitos adversos gastrointestinais, deve ser iniciado em baixas doses com aumentos
graduais. Naqueles com níveis de base de HbA1c mais elevados (> 9%), a monoterapia
provavelmente não dará conta, sendo recomendado que já se combine uma segunda droga
ou que se utilize a insulina. A introdução mais precoce da insulina fica ainda mais indicada
quando o paciente apresenta evidências de catabolismo progressivo (perda ponderal),
achados francos de hiperglicemia ou níveis ainda mais elevados de HbA1c (> 10%) ou
glicemia de jejum (≥ 300 mg/dl).
Em pacientes sem ASCVD, DRC ou IC, a escolha do segundo agente deve ser pautada em três
fatores: necessidade de evitar a hipoglicemia; do ganho ponderal; e o custo.
■ Para evitar a hipoglicemia, daremos preferência para inibidor SGLT2, agonista de receptor
de GLP-1, inibidor DPP-4 e glitazonas.
■ Se a preocupação maior é com o ganho de peso, a escolha fica entre inibidor SGLT2 e
agonista de receptor de GLP-1.
■ Se o custo relacionado é o ponto principal, sulfonilureias e glitazonas, em suas doses
mínimas necessárias, devem ser consideradas. Nesse caso, medidas educacionais para
minimizar a hipoglicemia e a perda de peso devem ser reforçadas.
Se após três a seis meses de iniciada a terapia não obtivermos resposta (HbA1c ≥ 7%),
devemos evitar a inércia clínica, adicionando outras medicações conforme necessário.
Devemos considerar também problemas na adesão ou mesmo um diabetes autoimune tipo
1. Contudo, é realmente esperado que ao longo do tempo, o paciente com DM tipo 2 não
consiga atingir o controle glicêmico com duas medicações. O problema é que temos poucas
evidências que nos auxiliem sobre como conduzir este controle a partir de agora... O princípio
seria o mesmo adotado até aqui – acrescentar uma terceira ou quarta medicação,
reconhecendo que o efeito esperado será menor, com aumento do custo e do risco de
efeitos adversos.
Terapia de combinação injetável: agonista do receptor de GLP-1 e insulina tem uma margem
mais ampla para o controle glicêmico . Neste momento, considerando o paciente em terapia
combinada, manteremos a metformina e o inibidor de SGLT2. Devido ao menor risco de
hipoglicemia e de ganho ponderal, os agonistas do receptor de GLP-1 são hoje as drogas de
preferência. As principais limitações seriam a tolerância e o custo elevado. Caso esteja em uso
de sulfonilureias, iremos suspender ou reduzir suas doses (risco de hipoglicemia). Ao usar um
agonista do receptor de GLP-1, suspendemos também a gliptina (ambos têm ação
incretinomimética). Não havendo controle adequado, adicionaríamos a insulina. Enfim,
teríamos disponível ainda a pramlintida (descrita no tratamento DM tipo 1) – um análogo
sintético da amilina que pode ser utilizado de forma complementar à insulina.
Insulinoterapia no DM2:
■ Devemos iniciar com a insulina NPH antes de dormir (bedtime insulin), visando reduzir a
gliconeogênese hepática noturna, estimulada por hormônios contrainsulínicos (como o GH).
Outra opção mais onerosa seria utilizar insulina de ação prolongada (glargina) de manhã ou
antes de dormir. A dose é de 10 U ou 0,1-0,2 U/kg.
■ Realizar a dosagem da glicemia capilar 1x/dia e de acordo com o resultado, aumentar 2 U a
cada três dias. O objetivo, você se lembra! Manter a glicemia pré-prandial entre 80-130
mg/dl. Se a glicemia permanecer > 180 mg/dl, podemos aumentar a dose a passos mais
rápidos: 4 U a cada três dias. Após 2-3 meses (antes não adianta, nós já sabemos), dosamos a
HbA1c. Se estiver abaixo de 7%, mantemos o esquema. Se estiver acima de 7%,
investigaremos os demais períodos (antes do almoço, do jantar e de dormir). De acordo com a
necessidade em cada período, adicionamos uma segunda aplicação, começando por 4 U e
ajustando 2 U a cada três dias. Se ainda assim a HbA1c permanecer elevada, checar a
glicemia pós-prandial, inserindo ou modificando dose da insulina rápida pré-prandial.
■ Caso durante o reajuste de doses ocorra hipoglicemia ou glicemia < 70 mg/dl nesse
período, reduzir a dose em 4 U ou 10% (o que for maior). Insulinas padronizadas (pré-
misturadas) não devem ser usadas para o ajuste de dose, mas apenas após estabilização da
mesma.
■ Com o início da insulina basal, pode-se suspender o antidiabético oral ou mantê-lo.
Normalmente, a última opção é escolhida, uma vez que reduzirá as doses necessárias de
insulina.
COMPLICAÇÕES NO DM
Crises hiperglicêmicas:
Cetoacidose diabética:
Fisiopatologia: mais frequente na DM1. Sem insulina, o estado catabólico torna-se exagerado
– a lipólise lança na circulação uma quantidade enorme de ácidos graxos que serão
transformados em corpos cetônicos no fígado. O hipercatabolismo também libera glicerol,
aminoácidos e lactato dos tecidos, que serão utilizados na gliconeogênese hepática. O
resultado será a ocorrência de níveis bem elevados de glicemia e produção exacerbada de
corpos cetônicos, levando à cetoacidose diabética. Isso leva ao aumento da glicemia (uma
hiperglicemia superior a 400 mg/dl aumenta significativamente a osmolaridade efetiva do
plasma, o que acarreta a desidratação neuronal), espoliação hidroeletrolítica (quando a
glicemia ultrapassa a faixa dos 200 mg/dl, surge glicosúria), acidose metabólica (dos três
corpos cetônicos, dois são ácidos (cetoácidos) – ácido acetoacético e ácido beta-
hidroxibutírico. Em altas concentrações no plasma, os cetoácidos provocam uma acidose
metabólica com ânion-gap elevado, por vezes grave. O terceiro corpo cetônico é a acetona,
inócua para o organismo, manifestando-se apenas pelo hálito cetônico.)
A intensa poliúria osmótica que o paciente desenvolve leva à perda de uma grande
quantidade de sódio + água (espoliação volêmica), além de potássio e fosfato. Surge então
hipovolemia e desidratação. A estimativa de perda hídrica oscila entre 3-6 L!! Inicialmente o
corpo está bastante depletado de potássio e fosfato, mas existem 3 fortes estímulos para a
saída de potássio da célula: hiperosmolaridade, acidemia e depleção de insulina, o que é
desfeito com o inicio da insulinoterapia, seus valores despencam. Ademais vemos
hiponatremia com hiperosmolaridade, pois a hiperglicemia já causa hiperosmolaridade o que
provoca a saída de agua das células diluindo o sódio plasmatico. A ureia e creatinina podem
se elevar em casos de hipovolemia grave, devido a insuficiência pre-renal (baixo fluco
sanguíneo para os rins). A cetoacidose diabética pode provocar leucocitose neutrofílica de até
25.000/mm³ (mesmo na ausência de infecção), hipertrigliceridemia e um leve aumento da
amilase sérica, tomando-se o cuidado para não confundir com a pancreatite aguda. Mesmo a
lipase pode vir discretamente elevada nessa situação, dificultando o diagnóstico diferencial.
No EAS pode haver piúria ou proteinúria, que nem sempre devem ser valorizadas como sinais
de infecção.
A acidose metabólica frequentemente é grave, com pH < 7,20, HCO3 < 10 mEq/L e BE mais
negativo do que -10,0 mEq/L. Diante de uma acidose metabólica, é sempre válido calcular o
AG, usando a fórmula: AG = Na - Cl - HCO3. O valor médio do AG é de 10 mEq/L. Na
cetoacidose diabética, ela é do tipo AG elevado e temos AG > 12 mEq/L. Como diagnóstico
diferencial, temos que pensar na acidose láctica, na síndrome urêmica e nas intoxicações
exógenas por salicilato, metanol ou etilenoglicol. Por causa dos cetoânions!! São eles o
acetoacetato e o beta-hidroxibutirato, derivados da dissociação dos ácidos acetoacético e
beta-hidroxibutírico, respectivamente. Ou seja, a medida do AG é uma forma indireta de se
medir a cetonemia...
Tratamento:
A primeira medida é a reposição volêmica rápida deve infundir 1-1,5L de soro fisiológico
0,9% na primeira hora (15.20ml/kg) em seguida deve-se ver o valor do sódio sérico corrigido
se normal ou elevado usar salina 0,45% caso seja baixo usar NaCl 0,9%. A reposição volêmica
deve ser feita antes porque se você der insulina primeiro a glicose entra na célula puxando a
volemia por conta da osmolaridade e piora a hipovolemia.
Depois faz a insulinoterapia (0,1U/kg) seguido de infusão de 0,1 U/kg/h em infusão venosa
contínua (bomba infusora). A glicemia capilar deve ser aferida a cada 1-2h no primeiro dia!! A
velocidade de redução da glicemia deve ser de 50-75 mg/dl/h. Se baixar menos de 50 mg/dl/h,
a infusão de insulina deve ser dobrada; se baixar mais de 75 mg/dl/h, a infusão precisa ser
reduzida à metade, para evitar o edema cerebral (ver adiante). Durante a insulinoterapia, a
hidratação venosa deve continuar, até que todo o deficit volêmico e hídrico sejam restaurados
(cerca de 3-5 L). Quando a glicemia cair para 250 mg/dl (ou conforme citado por alguns
autores 200 mg/dl na CAD e 300 mg/dl no EHH), não deve ser suspensa a infusão venosa de
insulina, mas sua dose reduzida para 0,05 U/kg/h e o soro de reposição ser trocado para uma
composição de soro glicosado 5% em salina 0,45% (misturar SG 5% + SF 0,9% meio a meio),
mantendo-se 150-200 ml/h para prevenir a hipoglicemia. Outra opção para esta solução que
consta em alguns manuais seria o acréscimo de NaCl 20% (22 ml) a 1.000 ml de SG 5%.
O início da insulina, por sua vez, irá precipitar a queda acentuada da calemia e fosfatemia.
Este é o momento de iniciar a reposição de potássio (na forma de KCl). É extremamente
importante acompanhar a dosagem sérica de potássio a cada 2h, pelo menos nas primeiras
12h de reposição
Se o tratamento for correto, a compensação da glicemia (Gli < 200 mg/dl) ocorrerá após uma
média de 8h e a compensação da acidose metabólica (pelo menos dois desses: HCO₃> 15
mEq/L, AG ≤ 12 e pH > 7,30) ocorrerá após uma média de 16h. Nesse momento, geralmente o
paciente torna-se assintomático e surge fome. Cabe marcar que utilizamos aqui a
recomendação da ADA referente à cetoacidose, mas outras fontes podem considerar a
compensação com HCO₃ > 18 mEq/L.
O que não pode de jeito nenhum ocorrer é a suspensão da insulinoterapia por completo,
pois isto acarretará certamente a recrudescência da cetoacidose em poucas horas!! A conduta
ideal é começar insulina subcutânea (10 U insulina regular), cerca de 1-2h antes de parar o
dripping de insulina venosa. Caso o paciente permaneça em dieta zero, a insulina IV deve
continuar. Estes pacientes não produzem insulina nenhuma, logo, se deixarmos eles sem
nenhum aporte, o risco de uma nova cetoacidose é muito grande...
Se o paciente tiver boa aceitação, uma dieta oral balanceada deve ser iniciada, permitindo a
aplicação da insulina NPH, na dose que já usava anteriormente, ou se virgem de tratamento,
0,5-0,8 U/kg. Após 1-2h, desligamos o dripping de insulina venosa. Daí em diante, o paciente
fará uso da insulina conforme glicemia capilar, aferida a cada 4-6h, de preferência antes das
refeições e ao deitar
Hipoglicemia: Todo paciente diabético de longa data que começa a fazer episódios de
hipoglicemia, mantendo exatamente a mesma dose de insulina e os mesmos hábitos de vida,
deve levantar suspeita sobre a nefropatia diabética, já com queda da filtração glomerular!!!
A crise hipoglicêmica é identificada pela presença da tríade de Whipple:
1. Glicemia reduzida. Atualmente, a ADA redefiniu a hipoglicemia clinicamente significativa
(nível 2) como < 54 mg/dl e o alerta (nível 1) ≤ 70 mg/dl. Nos diabéticos mal controlados,
acostumados com a hiperglicemia, há uma adaptação e os sinais de hipoglicemia podem
aparecer com níveis mais elevados que o habitual;
2 Sintomas compatíveis com hipoglicemia: adrenérgicos (tremores finos de extremidades,
sudorese fria, palpitações, taquicardia, hipertensão arterial) e neuroglicopênicos (dificuldade
de concentração, incoordenação, ataxia, lentificação do pensamento, letargia, torpor, coma e
convulsões). A presença de alteração do estado mental e/ou estado físico que requer
assistência médica caracteriza maior gravidade (nível 3);
3. Reversão com a normalização da glicose.
Neuropatia diabética: como as outras complicações pode ser detectada desde o diagnóstico
no DM2 e 5 anos ou mais no DM1, e pode ser detectada em até 50% dos diabéticos de longa
data. O principal fator de risco é a hiperglicemia e outros são tabagismo, hipertensão e
dislipidemia.
Rastreamento:
Polineuropatia distal simétrica: ❯ Avaliação da sensibilidade dolorosa (palito ou agulha), tátil
(monofilamento de Semmes-Weistein 5.07 – 10 g), térmica (quente/frio) e vibratória
(diapasão de 128 Hz ou bioestesiômetro). ❯ Pesquisa de reflexos tendinosos (aquileu, patelar
e tricipital). Caso seja negativo repetir anualmente.
Neuropatia autonômica: partir de testes simples como a medida da PA em decúbito e
ortostase (buscando queda da PA sistólica ≥ 20 mmHg quando em ortostase) e da FC de
repouso (acima de 100 bpm é sugestiva de disautonomia).
Formas de lesão:
Neuropatia sensitivo-motora: polineuropatia distal simétrica (Forma mais comum de
neuropatia diabética, arrastada, simétrica e de forte predomínio sensitivo. Acomete
principalmente os membros inferiores ("em botas"), embora os superiores também possam
ser afetados ("em luvas"). Sintomas: sensitivos e motores. Os primeiros incluem: dor
neuropática, parestesia ("formigamento", "dormência"), hipoestesia (o maior fator de risco
para o "pé diabético"), hiperestesia, disestesia (sensação desagradável), cãibra, quedas
noturnas. Os sintomas motores incluem: fraqueza muscular, atrofia, marcha atáxica,
distúrbios do equilíbrio), neuropatia focal (mononeuropatia diabética que pode ser periférica,
pares cranianos ou radicular, ex mononeuropatia do III par que tem como fator marcanete a
midríase, ptose palpebral, oftalmoplegia... ou síndrome do túnel do carpo ou a outra forma é a
mononeuropatia múltipla ), amiotrofia diabética (radiculoneuropatia de L2, L3 e/ou L4, o
paciente apresenta dor em uma das coxas evoluindo com fraqueza proximal, e atrofia
muscular proximal, autolimitada, atingindo um platô em seis meses e regredindo ao longo de
1-2 anos).
Pé diabético:
Define-se pé diabético como infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos moles associadas
a alterações neurológicas e vários graus de doença arterial periférica nos membros
inferiores. Em outras palavras, seriam as famosas úlceras de difícil cicatrização no pé, estejam
elas infectadas ou não. O DM é a principal causa de úlceras de membro inferior que não
cicatrizam e de amputação não traumática. As úlceras também são as complicações mais
comuns dos diabéticos – o risco ao longo da vida de se desenvolverem chega a 25% –
infectando em 50% dos casos e precedendo 85% das amputações.
Etiologia: principal é a neuropatia diabética. Nesse caso, o paciente perde, sem perceber, a
sensibilidade dolorosa, térmica, tátil, proprioceptiva e vibratória nos pés (ou seja, todas as
sensibilidades!!), começando pela região plantar. A perda da sensibilidade impede que o
paciente perceba pequenas feridas no pé e continue pisando firme, tornando-as mais graves e
profundas. Além disso, a perda da propriocepção modifica a mecânica muscular do pé,
distribuindo mal o peso, causando deformidades e sobrecarregando a base do hálux. Isto
predispõe a formação de calosidade e úlcera de pressão nesta área. Além do distúrbio
sensitivomotor, a neuropatia autonômica prejudica a microcirculação dos pés e provoca
anidrose (secura), facilitando o surgimento de fissuras cutâneas. Após abrir uma porta de
entrada (úlcera, ferida, fissura), o próximo passo é a infecção bacteriana!! Tais infecções
possuem uma elevada tendência de se disseminar para o subcutâneo, músculos e ossos,
causando gangrena e osteomielite. Outro fator que não pode ser esquecido é a doença
arterial aterosclerótica das artérias tibiais e fibulares, especialmente comuns nos diabéticos
tabagistas. A isquemia crônica da extremidade distal é um fator a mais dificultando a
cicatrização de feridas e predispondo a gangrena e a infecção, somada aos distúrbios
intrínsecos da cicatrização (função do colágeno e metaloproteinases) e imunológicos
(deficiência na defesa por polimorfonucleares).
Avaliação do pé:
■ Amputação prévia;
■ História prévia de úlcera no membro inferior;
■ Neuropatia periférica;
■ Deformidade nos pés;
■ Doença vascular periférica;
■ Distúrbio visual;
■ Doença renal crônica (principalmente na fase dialítica);
■ Baixo controle glicêmico;
■ Tabagismo.
O exame físico se inicia por uma inspeção geral, com a remoção dos sapatos e das meias.
Aqui devem ser avaliadas: 1. alterações dermatológicas (aspectos da pele, sudorese, avaliação
intertriginosa, calos, ulcerações); e 2. Alterações musculoesqueléticas (deformidades,
atrofias).
Cabe lembrar que, além da avaliação sensitiva, o exame da motilidade também é obrigatório.
Após a avaliação neurológica, realiza-se o exame vascular, inicialmente, a partir da palpação
dos pulsos tibial posterior e pedioso, em ambos os pés. Pacientes que apresentem sintomas
ou sinais de vasculopatia (redução da temperatura, palidez, enchimento capilar lentificado,
distrofia ungueal, perda de pelos ou úlceras arteriais indolores, secas) devem realizar o
Índice Tornozelo-Braquial (ITB). O teste, embora com menor nível de evidência, também
poderia ser indicado aos assintomáticos com mais de 50 anos. Neste índice, com a ajuda de um
Doppler de 8 a 10 MHz, faz-se a divisão da maior pressão sistólica do tornozelo (pediosa ou
tibial posterior) pelo maior valor das pressões das artérias braquiais. Este índice é feito tanto
para o tornozelo direito quanto o esquerdo. Considera-se como normal ITB > 0,9. Valores
abaixo de 0,9 estão associados com claudicação e abaixo de 0,4 com isquemia de repouso e
necrose. ITB acima de 1,3 sugerem rigidez arterial e são menos fidedignos .
Tratamento: O "pé diabético" infectado é reconhecido pelo exame clínico. Cultura do raspado
da úlcera não é confiável (bactérias contaminantes). Casos brandos de infecção superficial
(ex.: discreta celulite em volta da úlcera ou ferida) podem ser tratados com antibiótico oral,
mas os casos de infecção profunda ou sinais de gangrena indicam internação imediata para
antibioticoterapia venosa e debridamento de TODOS OS TECIDOS DESVITALIZADOS!! Os
antibióticos devem ter amplo espectro, voltados contra cocos Gram-positivos (estafilococo e
estreptococo), Gram-negativos entéricos e anaeróbios. Opções de primeira linha são
amoxicilina + clavulanato, ampicilina/sulbactam, clindamicina + fluoroquinolona ou
cefalosporina de segunda ou terceira geração.
Toda úlcera infectada profunda deve estimular o médico a pesquisar osteomielite, através da
radiografia simples, cintilografia com leucócitos marcados com Índio ou ressonância
magnética. O exame padrão-ouro é a biópsia óssea, realizada durante o desbridamento. A
osteomielite deve ser tratada com antibiótico venoso em curso prolongado + cirurgia
ortopédica. A isquemia do pé deve sempre ser investigada com arteriografia e o tratamento
indicado é a revascularização distal. A amputação é o último recurso, porém necessária em
muitos casos. Estima-se que 20% dos "pés diabéticos" irão necessitar de amputação em algum
momento
Para ter DM2 precisa ter disfunção pancreática que não é autoimune
O rastreio é feito em parentes de primeiro grau no estagio I para evitar que o quadro abra
como cetoacidose
Durabilidade do tratamento cai da prova
Glifage XR tem ação a longo prazo
Caso 6 – Esclerose múltipla
Doença contra a substancia branca é contra a baia de mielina. Pode pegar múltiplos neurônios
ao mesmo tempo. Pode acertar a bainha de mielina do neurônio optico. A síndrome do
primeiro neurônio motor é quem manda o estimulo, como não tem a musculatura fica em
estado de hiperestimulação sem estimulo, logo o paciente fica espastico, fraqueza pois não
consegue mexer, hiperreflexia. O nervo trigemio tem um caminho mielinizado dentro do
tronco encefálico logo ele pode ser atingido, em um jovem com neuralgia do trigemio pense
em EM. O SU é a piora dos sintomas com o calor.
A primeira vez que aparece a doença é a síndrome clinica isolada, mas depois vem um padrão
de surto remissão que a gente chama de esclerose multipla
No diagnostico deve ter o padrão da doença disseminada no tempo e no espaço, ela vem ataca
e melhora, O surto dura mais de 24h e a remissão mais de 1 mês. O contraste deixa tudo
branco pois a doença esta disseminada (permeabilidade aumentada durante a inflamação –
doença em atibidade) Os dedos de dalson representam imagens disseminadas. Quando lesa o
nervo opitco o paciente não ve a lesão, o fundo de olho pode estar ou não normal pois a lesão
é retro orbitaria
Modulo med
Doença desmielinizante do SNC, de mecanismo inflamatório autoimune, acometendo, sob a
forma de lesões características chamadas de “placas”, a substância branca do cérebro, tronco
encefálico, cerebelo, medula espinhal e, tipicamente, o nervo óptico. Foi reconhecida como
doença distinta pela primeira vez em 1868 pelo médico Jean-Martin Charcot, sendo
classificada conforme suas formas de manifestações clínicas:
surto-remissiva (EMSR),
progressiva-primária (EMPP),
progressiva-secundária (EMPSe) e
progressiva-surto (EMPSu)1.
Epidemiologia: Mais comum em mulheres brancas (2:1) na faixa etária de 35-50 anos. Depois
do trauma, é a segunda maior causa de incapacidade neurológica em pessoas jovens.
Fatores de risco: Esta relacionada com susceptibilidade genética (tem mais de 200
polimorfismo identificados, o principal esta ligado a classe 1 e 2 dos alelos de
histocompatibilidade (MHC) chamado HLA-DRB1, a vitamina D foi cogitada como influencia
na fisiopatologia por conta da presença de elemento responsivo a vitamina D interagindo
com o gene HLA DRB1, tem um componente familiar que estudos mostram variando de 3 -
23%). No SNC, astrócitos expressam HLA classe I e podem expressar HLA classe II, quando são
induzidos por citocinas pró-inflamatórias (IL-1, IFN-g e TNF-α), sendo o único tipo celular
desse tecido a expressar esse complexo 4. Outros genes envolvidos na imunopatogênese da
EM são o gene do receptor antagonista para a interleucina 2 (IL-2RA), que regula a resposta
das células T e o gene do receptor antagonista para a interleucina 7 (IL-7RA), que funciona na
homeostase de células T de memória. Esses genes são fundamentais na gênese de doenças
autoimunes4.
Outros fatores de risco são infecções virais, principalmente do Epstein barr vírus, fatores
geográficos pois essa é latitude mais prevalente na europa,canada, norte dos USA, nova
zelandia, australia provavelmente por conta da relação com a raça que é mais frequente na
população branca, e por fim a exposição a luz solar pode ser fator protetor por conta da
relação com a vitamina D (e explica a prevalência conforme a latitude), alguns estudos tentam
relacionar a vacinação com o desenvolvimento de EM já que essas ativam o sistema imune
(alguns estudos mostratam que a vacinação para hepatite B diminui o risco). Dieta rica em sal
também aumenta a gravidade da EAE e induz a formação de células TH17 patogênicas nos
seres humanos e nos camundongos in vitro. Essa relação foi sugerida como hipótese para
explicar em parte a incidência crescente da EM e outras doenças autoimunes nos países que
adotam uma “dieta ocidental”. Traumatismo físico ou estresse psicológico podem preceder o
início ou as exacerbações da EM
Quadro clínico: O tipo mais comum é o remitente-relapsante, em que cada surto se apresenta
de forma aguda ou subaguda, com disfunção neurológica focal. Os sintomas iniciais mais
comuns são: (1) paresia (mono ou hemiparesia); (2) deficit sensorial localizado (hipoestesia);
(3) neurite óptica – dor ocular associada à perda da acuidade visual. É interessante notar que,
na maior parte das vezes, a neuriteóptica é retrobulbar e não pode ser detectada no exame
de fundo de olho... É por isso que se diz “o paciente não enxerga nada, e nem o médico...”.
Outras apresentações comuns são: diplopia (oftalmoplegia internuclear – perda da adução de
um ou ambos os olhos), ataxia, vertigens e disfunção vesical. Dois ou mais deficit
provenientes de diferentes áreas do SNC são a regra, especialmente após uma história de
múltiplos surtos (lesões cumulativas). Uma forma evolutiva menos comum é a forma
progressiva (piora inexorável dos sintomas), que pode ser secundária (após 20-40 anos tendo
surtos) ou primária. Deve-se ressaltar: o deficit da esclerose múltipla piora
caracteristicamente com o aumento da temperatura corporal (sinal de Uhthoff), o que tende
a ser reversível!!! A doença costuma evoluir para a disfunção motora grave, em um período
médio de 15anos...
O sinal de Lhermitte é uma sensação de “choque elétrico” que desce da região cervical para
os membros inferiores, a qual é desencadeada pelos movimentos de flexão-extensão da
cabeça... É um achado frequente nos casos de EM, porém deve-se fazer o diagnóstico
diferencial com doenças da medula cervical, como a siringomielia, a espondilose e a hérnia de
disco!
Surto remissiva (também chamada de remitente recorrente por outros autores): crises
agudas de manifestação neurológica com 24 horas ou mais e intervalos de no
mínimo trinta dias entre cada surto.
Progressiva primária: piora contínua dos sintomas neurológicos por seis meses ou
mais, podendo haver estabilização do quadro;
Surto-progressivo: uma combinação de surtos e progressões, mas é mais difícil de ser
definida.
Progressiva secundária: é aquela que começou como surto progressiva e depois
passou a ter padrão de progressiva
Sinais e sintomas clínicos: não há sinais exclusivos, mas alguns são mais comuns como
sintomas sensoriais nos membros ou em lado da face, perda visual, fraqueza motora, diplopia,
distúrbios da marcha, vertigem, problemas vesicais, ataxia dos membros, mielite transversa
aguda e dor. O paciente pode ter disfunção intestinais e vesical, a queixa urinaria mais
frequente é a urgência geralmente por conta de uma contração desinibida do detrusor
devido a uma lesão suprassegmentar (pode ser dividida em hiperatividade do detrusor
levando a falha da bexiga para armazenar urina e os sintomas incluem urgência, frequência e
urgeincontinencia mais relacionados a lesão em nível córtex frontal; pode ter também a
dissinergia do esfíncter detrusor ou seja a contração do detrusor sem relaxamento do
esfíncter vesical – micção incompleta, hesitação e fluxo interrompido, mais relacionado a
lesões no centro miccional pontinho e medular; pode ter uma contratilidade vesical
ineficiente levando a esvaziamento incompleto e urina residual; e uma sensação anormal e
hipoatividade vesical devido ao envolvimento sacral da medula espinhal levando a perda da
percepção da plenitude vesical). A disfunção intestinal mais comum seria constipação,
evacuação ineficiente e incontinência.
A fadiga também é um achado nos pacientes com EM que é a exaustão não ligada a
uma atividade física exaustiva, piora com o calor. Ela esta relacionada com a injuria neural,
alguns problemas podem vir associados com a fadiga e podem piora-la como distúrbios do
sono, depressão, limitação de mobilidade, infecção, anemia, problemas de tireoides... O
aumento da temperatura está ligado com a piora dos sintomas (normalmente a condução
neural diminui com o aumento dos sintomas e isso piora mais ainda com a desmielinização).
Tremores cinéticos dos braços são comuns nos pacientes com EM. Em muitos casos, o
tremor acompanha-se de outros sinais de doença cerebelar, inclusive ataxia da marcha,
dismetria, disdiadococinesia e disartria. Os tremores da cabeça, do tronco e das pernas são
muito menos frequentes. Tremor incapacitante, fala escandida e ataxia do tronco são
observados com a doença avançada.
Os sintomas paroxísticos da EM são episódios breves, repetitivos e estereotipados de
disfunção neurológica, que parecem ser resultantes da disseminação efática das descargas
elétricas anormais geradas pelas fibras nervosas parcialmente desmielinizadas (“linha
cruzada”). Essas descargas podem originar-se das áreas com inflamação e desmielinização ou
lesão tecidual crônica. Em geral, os sintomas persistem por poucos segundos a alguns
minutos e podem ocorrer a qualquer tempo, desde alguns poucos até 200 por dia. As crises
podem ocorrer espontaneamente ou ser provocadas por ruídos repentinos, emoção,
movimentos, hiperventilação ou estimulação tátil. Os sintomas mais comuns são de neuralgia
do trigêmeo e espasmos tônicos. Os paroxismos de disartria, ataxia, diplopia, prurido,
parestesias, dor, espasmo hemifacial e neuralgia glossofaríngea são menos frequentes.
A distonia (ou espasmos tônicos) paroxística é o segundo distúrbio do movimento mais
comum nos pacientes com EM (tremores isolados são mais comuns); os paroxismos são
estereotipados e, em alguns casos, consistem em crises dolorosas de posturas distônicas
unilaterais dos membros. Ocasionalmente, as crises são bilaterais e raramente afetam a face.
Os episódios duram cerca de 30 a segundos a dois minutos e podem ocorrer até 60 vezes/dia.
Os espasmos tônicos provavelmente são causados pelas lesões desmielinizantes do trato
corticoespinal. Entretanto, eles não são patognomônicos da EM e, em alguns casos, ocorrem
nos pacientes com isquemia cerebral ou traumatismo raquimedular.
O afeto pseudobulbar caracteriza-se por episódios de riso ou choro, que não coincidem
com o estado emocional do paciente. Isso pode causar constrangimento emocional
significativo para os pacientes e seus cuidadores.
Sobre os sintomas visuais a neurite optica é o sintoma mais comum podendo ser
aguda ou subaguda, unilateral e agravada pelo movimento ocular, se for bilateral pode
sugerir outro diagnostico como neuropatia optica atóxica, neuromielite optica. No exame
físico um efeito relativo aferente pupilar, se ela envolver a cabeça do nervo optico pode ver
edema na fundoscopia mas a maioria das lesões é retrobulbar e o exame é normal, o
paciente pode referir escotomas. 90% recupera a visão após um episiodio agudo, o decift
visual pode ser discreto. Em quase todos os casos, há um déficit pupilar aferente relativo
(DPAR), que pode ser o único indício clínico da neurite óptica, a menos que o paciente tenha
história pregressa ou refira um episódio anterior de neurite óptica do olho contralateral. A
inexistência de um DPAR nos pacientes com perda visual aguda sugere a possibilidade de
uveíte, que é mais comum na EM.
alterações das respostas imunes Th1 e Th2 mediadas pelo estriol ou pela vitamina D, na
medida em que ambos aumentam consideravelmente no último trimestre da gravidez e
diminuem abruptamente depois do parto; outras alterações hormonais que ocorrem durante
a gravidez também podem ser importantes. As mulheres que têm recidivas durante a gravidez
ou no ano anterior estão mais sujeitas a apresentar recaídas nos primeiros 3 meses depois do
parto que as pacientes que não têm recidivas nestes períodos; contudo, não é possível prever
com precisão quem terá uma recaída.
Vacinação: As infecções, inclusive infecções leves das vias respiratórias superiores, aumentam
o risco de exacerbação da EM. Por essa razão, devem ser adotadas estratégias que reduzam o
risco de infecção. Os temores de que as vacinas possam provocar exacerbações da doença
estão baseados em relatos informais. As vacinas para hepatite B, tétano e varicela parecem
ser seguras nesses casos. Existem poucas informações acerca da segurança das outras vacinas
na EM, mas os pacientes que atendem às diretrizes do CDC americano devem ser
aconselhados a utilizá-las.
Diagnóstico: É dado pelo quadro clínico, podendo ser complementado – ou não – pela RM e
pela punção lombar... O principal critério é o envolvimento de duas ou mais áreas distintas
do SNC, com intervalo≥ 1 mês entre o surgimento de cada lesão, na ausência de outras
explicações para o quadro. Ressalte-se que a presença isolada de sintomas não basta... É
preciso demonstrar objetivamente a existência de deficit neurológico ou lesão (daí a grande
utilidade da RM e dos potenciais evocados). Os dados complementares que corroboram o
diagnóstico são: (1) RM = envolvimento da substância branca (geralmente periventricular,
bilateral e simétrico, além de ser típico o acometimento UNILATERAL do nervo óptico, bem
como a presença de “placas” posterolaterais da medula espinhal); (2) exame de potenciais
evocados = pesquisa de condução neuronal alterada em regiões cujo acometimento pela EM
é típico, porém não há relato de sintomas (ex.: potenciais evocados no campo visual
evidenciam alterações não antes percebidas pelo paciente); (3) punção lombar = o liquor
mostra bandas oligoclonais de IgG, porém esse achado não é sensível e tampouco específico
(indica apenas a ocorrência de produção intratecal de anticorpos, o que pode ser observado
nas infecções do SNC). A grande utilidade da punção lombar é, portanto, o diagnóstico
diferencial com outras condições, especialmente as infecciosas...
Quando suspeitar:
Síndrome clinicamente isolada e síndrome radiologicamente isolada são situações
diagnósticas relacionadas:
Uma síndrome clinicamente isolada refere-se a um ataque monossintomático que não
preenche os critérios diagnósticos para EM, mas pode predispor à EM clinicamente definida.
Uma síndrome radiograficamente isolada descreve lesões cerebrais por RM que são
características da EM, mas são encontradas em pacientes que não apresentam sintomas de
EM. As lesões de ressonância magnética são frequentemente descobertas incidentalmente na
investigação diagnóstica para outras condições (por exemplo, dor de cabeça ou traumatismo
craniano).
Tratamento:
Surtos – devem ser tratados com metilprednisolona em pulsoterapia 1 g IV por três a cinco
dias, seguida de prednisona VO (geralmente por mais quatro ou oito semanas). Esta forma de
tratamento controla bem o quadro agudo, mas não tem nenhum efeito sobre a progressão
da doença... A plasmaférese (troca de plasma) pode ser recomendada para tratar recidivas
agudas que causem déficits neurológicos residuais significativos, apesar do tratamento com
corticosteroide IV em doses altas.
Fingolimode: medicação oral que evita a saída dos linfócitos dos linfonodos
Alentuzumabe: anticd52, leva a depleção de linfócitos T e B, usa ele com o intervalo de 1 anos,
administração de 2 ciclos.
Cladribina: medicação oral, cuja administração é realizada em dois ciclos anuais (depleção de
linfócitos B e T)
Prevenir ou retardar DRC; identificação precoce, pois quanto maior for o nível de proteinúria
mais rápida será a queda anual da taxa de filtração. À medida que a perda de néfrons
progride, os néfrons remanescentes vão sendo "sobrecarregados", isto é, eles tentam
excretar – além de sua carga básica de solutos – os solutos que os néfrons perdidos
excretariam, um processo conhecido como hiperfiltração adaptativa ( )... Entretanto, a
própria hiperfiltração adaptativa acaba induzindo lesão glomerular, inicialmente pelo
processo de glomeruloesclerose segmentar focal (justificando a proteinúria crescente), que
com o tempo evolui para glomeruloesclerose global difusa, acompanhada de fibrose e atrofia
de todo o néfron (justificando a DRFT)... Assim, após certo grau de injúria renal já ter se
estabelecido (com perda de grande número de néfrons), mesmo que a doença inicialmente
responsável pela lesão seja controlada ou eliminada, a própria DRC entrará numa fase de
autoperpetuação, um ciclo vicioso!!! O bloqueio do sistema renina-angiotensina
comprovadamente consegue prevenir ou atrasar esta evolução...
Assim, um dos principais "alvos terapêuticos" com o objetivo de evitar ou atrasar a evolução
para DRFT é o controle da proteinúria para níveis inferiores a 0,5-1 g/dia, ou, pelo menos,
uma queda superior a 50-60% em relação ao valor inicial. As drogas de escolha com este
intuito, conforme já explicado, são os IECA ou os BRA. Ademais, deve-se manter a PA no alvo,
menor que 130X80mmhg nos nefropatas. Outros fatores são cessação do tabagismo,
controle glicêmico rigoroso e tratamento da acidose metabólica
Etiologia
A ureia apresenta efeito tóxico apenas quando em altas concentrações (> 380 mg/dl). Sua
toxicidade é primariamente gastrointestinal (anorexia, náuseas e vômitos) e hematológica
(sangramento). É importante ressaltar que, apesar da baixa toxicidade, seus níveis elevam-se
juntamente com os de outras substâncias nitrogenadas tóxicas e, por conseguinte, ela pode
ser usada como "marcador substituto" da síndrome urêmica (sendo, inclusive, de fácil
dosagem laboratorial, ao contrário das demais toxinas)... Os sinais e sintomas da síndrome
urêmica costumam ocorrer com ureia sérica > 180 mg/dl, em não diabéticos, e > 140 mg/dl,
em diabéticos. Na falência renal crônica lentamente progressiva, esses níveis podem cursar
sem sintomas importantes, devido aos mecanismos de adaptação.
O aumento da FENa é estimulado por uma retenção inicial de sódio, o que mantém o
paciente
em um estado hipervolêmico. A hipervolemia estimula a liberação do peptídeo atrial
natriurético e suprime o sistema renina-angiotensina-aldosterona, promovendo o aumento
da fração excretória de sódio. Em outras palavras, atinge-se um novo estado de equilíbrio no
qual o paciente mantém o balanço de sódio à custa de um estado hipervolêmico... Qualquer
aumento na ingestão de sódio provocará uma maior retenção volêmica, até que seja
atingido um novo equilíbrio para que a excreção fique igual ao sódio ingerido. Este é o
princípio que rege a retenção de sódio, água, potássio, H+, fosfato e magnésio na síndrome
urêmica... O cálcio, por ser regulado muito mais pela absorção intestinal do que pela
excreção renal, encontra-se geralmente baixo na uremia, em consequência ao deficit de
calcitriol.
Balanço de sódio; A retenção de sódio é universal quando a filtração glomerular está abaixo
de 10 ml/min (10% da função renal), na ausência de uma restrição adequada na dieta. A
consequência é o estado hipervolêmico. Nesses pacientes, uma ingestão acima de 100
mEq/dia de sódio já pode ser suficiente para causar hipervolemia e suas consequências
clínicas: (1) hipertensão arterial sistêmica; (2) edema generalizado. O edema, denominado
edema renal, distribui-se não só pelas áreas dependentes de gravidade (membros inferiores,
bolsa escrotal), mas também na face e região periorbitária. O edema frequentemente atinge
as serosas, sendo comuns a ascite, o derrame pleural e o derrame pericárdico. Se a
hipervolemia piorar subitamente, como ocorre após uma carga salina aguda (ex.: ingestão de
alimentos salgados, infusão de soro fisiológico), o paciente pode evoluir com edema agudo de
pulmão, apresentando ritmo de galope (B3), estertoração pulmonar e insuficiência
respiratória. Antes do advento da diálise, esta era uma importante causa de óbito na síndrome
urêmica.
Balanço de água; O rim normal é capaz de eliminar quantidades variáveis de água livre, ao
modificar, conforme a necessidade, a osmolaridade urinária. Em uma pessoa saudável, os rins
podem eliminar até 18 L de água por dia. Quando a filtração glomerular está abaixo de 10
ml/min (10% da função renal), um consumo de água acima de 2-3 L/dia já pode ser suficiente
para promover retenção de água livre, diluindo o sódio plasmático – hiponatremia.
Um dos grandes problemas da acidose metabólica na uremia crônica, mesmo em suas fases
iniciais (ex.: acidose hiperclorêmica) é a aceleração do catabolismo proteico, que contribui
para a perda de massa muscular típica desses pacientes. O mecanismo bioquímico ainda é
pouco compreendido... Um bicarbonato sérico inferior a 20 mEq/L já é capaz de estimular este
fenômeno! Por isso faz a reposição de bicarbonato.
Manifestações neurológicas;
SNC; Os sintomas mais graves costumam ocorrer quando a filtração glomerular está
abaixo de 10 ml/min (10% da função renal). A fisiopatologia envolve acúmulo de toxinas
nitrogenadas dialisáveis, porém, não se sabe exatamente qual ou quais... Declínio cognitivo
leve a moderado, bem como alterações em testes neuropsicológicos, já podem ser observados
em pacientes com TFG < 60 ml/min! O PTH possui importante efeito no SNC, levando à
entrada de cálcio nos neurônios. O hiperparatireoidismo secundário pode contribuir para os
sintomas neurológicos! Na uremia aguda (ou crônica agudizada), o paciente pode apresentar
desorientação, letargia, lassidão, confusão mental, surto psicótico, delirium, associado a
sinais de encefalopatia metabólica, como nistagmo, disartria, asterixis, mioclonia
espontânea, fasciculações, hiper- reflexia e sinal de Babinski bilateral – encefalopatia
urêmica aguda. Pode evoluir para convulsões tônico-clônicas generalizadas, coma e óbito, por
edema cerebral grave. Na uremia crônica, o distúrbio mental tende a ser insidioso e mais sutil
nas fases iniciais – a encefalopatia urêmica crônica. Observa-se disfunção cognitiva
progressiva, caracterizada por amnésia anterógrada, dificuldade de concentração, alteração
de comportamento ou de personalidade, sonolência ou insônia, confabulação e perda do
raciocínio aritmético. Alguns pacientes desenvolvem apraxia motora (dificuldade em
executar tarefas), afasia (distúrbio da
linguagem) ou agnosia (perda da capacidade de reconhecimento relacionado a uma função
sensorial), uma síndrome demencial semelhante ao mal de Alzheimer...Muitos respondem a
dialise
Nervos periféricos; Trata-se de uma polineuropatia axonal, sensorimotora, simétrica
e com predomínio distal e de membros inferiores. Os sintomas iniciais são parestesias nos
pés do tipo "agulhadas", que costumam piorar à noite. O exame físico revela hipoestesia "em
bota". A perda dos reflexos tendinosos distais – hiporreflexia do Aquileu – é muito comum.
Caso a uremia não seja prontamente tratada (diálise ou transplante), o quadro evolui com
perda de força distal e atrofia muscular, gerando dificuldade de marcha. A neuropatia pode
atingir os membros superiores, levando a parestesias e hipoestesia na distribuição "em luva".
Outra manifestação da uremia é a "síndrome das pernas inquietas" , caracterizada por
desconforto nos membros inferiores e uma necessidade incontrolável de mexer as pernas... A
fisiopatologia da neuropatia periférica urêmica é dependente de toxinas dialisáveis e,
provavelmente, também de outros fatores, como o excesso de PTH. A resposta à diálise é
imprevisível. Muitos pacientes não melhoram com a hemodiálise, porém, respondem de forma
satisfatória ao transplante renal!
HAS; pode ser causa ou consequência da síndrome uremica. Quando a doença renal chega ao
estágio avançado, com filtração glomerular abaixo de 10 ml/min (10% da função renal), a
hipertensão arterial está presente em mais de 90% dos pacientes. Esta é a hipertensão
relacionada à síndrome urêmica. Dos hipertensos urêmicos ou em programa de diálise, cerca
de 80% são do tipo "volume-dependente", isto é, a hipertensão é causada essencialmente
pela retenção renal de sódio e água. Os 20% restantes continuam hipertensos apesar da
otimização da terapia dialítica. Nestes casos existe participação do sistema renina-
angiotensina-aldosterona, que se encontra hiperativado (promovendo vasoconstrição
sistêmica). A hipertensão arterial na uremia costuma ser mais grave quando comparada à
hipertensão primária. Frequentemente é acompanhada por complicações cardiovasculares,
como hipertrofia ventricular esquerda, cardiomiopatia dilatada e doença coronariana. Tanto é
assim que as complicações cardiovasculares são a principal causa de óbito no portador de
DRC! Observar meta pressórica, fazer uso de ieca e BRA mas quando a TFG está muito baixa,
ou quando existe doença renovascular importante, os IECA e BRA costumam induzir IRA e
hipercalemia, o que limita sua utilização em pacientes que não estejam em programa de
diálise. Recomenda-se a diminuição da dose ou suspensão desses medicamentos sempre que
logo após seu início (entre 7-14 dias) ocorra aumento > 30% da creatinina plasmática em
relação ao basal, ou então se surgir franca hipercalemia. Diuréticos de alça (ex.: furosemida,
bumetanida) também são bons agentes anti-hipertensivos nos nefropatas crônicos,
promovendo balanço negativo de sal e água (volume).
Manifestações cardíacas e pericárdicas; ICC -> comprometimento do miocárdio, a retenção
volêmica sobrecarrega o coração já doente. Pericardiopatia -> derrame pericárdico,
pericardite uremica. (1) dor torácica do tipo pleurítica (ventilatório- dependente), contínua e
que piora com o decúbito dorsal; (2) atrito pericárdico; (3) alterações eletrocardiográficas de
pericardite; e (4) derrame pericárdico. Nem sempre os quatro itens estão presentes. A
patogenia está relacionada à retenção de toxinas urêmicas dialisáveis, e pode ocorrer tanto na
uremia aguda quanto na crônica, sendo mais comum nesta última... O pericárdio encontra-se
inflamado e hipervascularizado, predispondo à ruptura de pequenos vasos superficiais e
sangramento. Por esta razão, o líquido é caracteristicamente hemorrágico. A pericardite
urêmica crônica leva ao espessamento pericárdico, com acúmulo de fibrina. Algumas vezes,
pode evoluir para pericardite constritiva ou efusivo-constritiva, com seu quadro clínico
característico de congestão sistêmica. O tamponamento cardíaco é a complicação mais temida
da pericardite urêmica, ocorre pos o espessamento reduz a complacência do pericárdio. O
quadro clínico é composto pelos seguintes achados: (1) turgência jugular; (2) taquicardia; e (3)
pulso paradoxal (desaparecimento do pulso na fase inspiratória). O tratamento da pericardite
urêmica é a diálise ou a intensificação da diálise (hemodiálise diária por dez dias).
Outros distúrbios endócrinos; A IRC promove hipogonadismo, com redução dos níveis de
estrogênio, em mulheres, e testosterona em homens. Surge infertilidade (alterações
menstruais, abortamento espontâneo, oligoespermia) e disfunção sexual (perda da libido,
impotência). Adolescentes nefropatas crônicos apresentam atraso ou mesmo ausência de
maturação sexual. A diálise reverte parcialmente esses distúrbios, os quais, por outro lado,
melhoram de forma mais consistente quando o indivíduo recebe um transplante renal.
A artrite por depósito de cristais pode ser de quatro tipos: (1) gota; (2) pseudogota;
(3) artrite por oxalato de cálcio; e (4) artrite por fosfato de cálcio básico. A gota tem
prevalência aumentada na síndrome urêmica, devido à hiperuricemia típica desses
pacientes. As articulações mais acometidas são a metatarsofalangiana do hálux (podagra) e
o joelho. A pseudogota também é comum na uremia. Nesta patologia, o depósito articular é
de pirofosfato de cálcio. Acomete principalmente joelho e punho. O tratamento da artrite
por depósito de cristais deve ser feito com AINE ou colchicina, na fase aguda, tomando-se o
cuidado de utilizar doses mais baixas e por curto período, visando evitar a toxicidade . A
indometacina é uma boa escolha, por ter metabolismo hepático. A hiperuricemia deve ser
tratada com alopurinol em doses corrigidas.
Disfunção imunológica; A uremia crônica está associada a uma série de alterações do sistema
imunológico, levando a um estado de imunodeficiência moderada. Algumas dessas alterações
estão ligadas à hemodiálise, pela interação da superfície dos capilares do filtro com o
sistema complemento e as células sanguíneas do sistema imune. A biocompatibilidade é o
principal fator que influi nesta interação. Os filtros de celulose (antigos) são menos
biocompatíveis do que os filtros mais modernos. As toxinas urêmicas dialisáveis e o PTH
também são importantes fatores causais do distúrbio imunológico. A função dos neutrófilos
(leucócitos polimorfonucleares), isto é, sua capacidade fagocítica e bactericida, está
deprimida na uremia, predispondo a infecções bacterianas ou fúngicas com evolução grave.
A função dos linfócitos T, linfócitos B e monócitos/macrófagos também pode estar
comprometida. Uma discreta linfopenia pode ocorrer, porém, mantendo-se a mesma
proporção entre linfócitos CD4 e CD8. A imunidade humoral, dependente de linfócitos B,
geralmente está deficiente de maneira desproporcional para alguns agentes, aumentando a
chance de infecções virais, por exemplo: hepatite B e influenza.
FASE INICIAL DA SÍNDROME URÊMICA (G3b, G4); Estes pacientes ainda têm diurese
normal e creatinina plasmática entre 2,0-3,0 mg/dl. O tratamento visa basicamente o controle
da hipertensão arterial (mais grave nesta fase), da anemia e da osteodistrofia renal e
metabolismo cálcio-fósforo. A hipertensão arterial exige diureticoterapia com diuréticos de
alça (furosemida) em altas doses. Doses de até 200 mg/dia de furosemida não raro são
necessárias. Os casos refratários indicam associar outro anti- hipertensivo. Os inibidores da
ECA ou BRA devem ser feitos com muito cuidado, pelo risco de hipercalemia e retenção aguda
de escórias nitrogenadas.
A glândula hipófise (ou pituitária) está situada na base do crânio, dentro dos limites ósseos da
sela túrcica. Mede aproximadamente 1 cm2, pesa 0,5 g e é anatomicamente dividida nos lobos
anterior ou adeno-hipófise e posterior ou neuro-hipófise – As relações anatômicas da hipófise
são importantes para o entendimento dos sinais e sintomas decorrentes de lesões expansivas
desta estrutura. A sela túrcica é recoberta por uma deflexão da dura-máter denominada
diafragma da sela, protegendo a cavidade da sela contra a pressão do espaço subaracnoide.
Observe na que o quiasma óptico faz relação anterior com o hipotálamo, tornando esta
estrutura particularmente suscetível a dano por lesão expansiva. Lateralmente à sela túrcica
encontram se os seios cavernosos, o sifão carotídeo e os pares cranianos III (oculomotor), IV
(troclear), VI (abducente) e ramos oftálmico e maxilar do V (trigêmeo). Lesões expansivas
laterais podem comprometer essas estruturas.
A prolactina não tem um fator próprio para a sua liberação, mas é estimulada pelo TRH. Um
dado de extrema importância é a inibição da liberação de prolactina pela hipófise por efeito da
dopamina — um neurotransmissor liberado por neurônios hipotalâmicos. Como os hormônios
liberadores hipotalâmicos e a dopamina chegam até a adeno-hipófise? Através de um sistema
vascular de ligação entre o hipotálamo e a adeno-hipófise denominado “sistema porta
hipofisário”. Anatomicamente, este sistema corre pelo pedículo hipofisário que passa através
de um “buraco” no diafragma da sela túrcica. Na verdade, são pequenas veias que ligam a rede
capilar espiralada do hipotálamo aos capilares sinusoides da hipófise (esta é a definição de
sistema porta — veias que ligam duas redes capilares). Os axônios curtos dos neurônios
hipotalâmicos secretam os hormônios liberadores nos capilares espiralados, que então
caminham pela porta hipofisária até os sinusoides da glândula.
Pan-hipopituitarismo
A diminuição da função hipofisária é um distúrbio frequente na prática clínica endocrinológica.
Embora o termo pan-hipopituitarismo seja utilizado para descrever a situação na qual todos os
hormônios tróficos estão comprometidos, na prática, a síndrome clínica varia de acordo com o
tipo celular mais envolvido. É comum a disfunção hormonal seletiva, podendo ser utilizada a
nomenclatura hipopituitarismo (em vez de pan-hipopituitarismo). Vale a pena ressaltar que a
falência hormonal da hipófise anterior costuma obedecer a uma sequência de deficiência
hormonal com o seguinte encadeamento: GH > LH/FSH > TSH > ACTH > PRL. No adulto, o
quadro clínico inicial mais frequente é o hipogonadismo, enquanto na criança o deficit de
crescimento é a apresentação habitual. Graus variáveis de hipotireoidismo e hipoadrenalismo
podem aparecer e muitas vezes dominam o quadro pela sua gravidade. Além disso a reserva
funcional da hipófise é grande logo precisa ter uma destruição de 75% do parênquima para
manifestar sintomas.
Os adenomas hipofisários também podem ser divididos em funcionantes (3/4 dos casos) e
não funcionantes (1/4 dos casos). Os adenomas funcionantes são aqueles que secretam
hormônios e apresentam-se clinicamente com a síndrome característica do excesso deste
hormônio. Veja os exemplos na a seguir. Como você pode observar, o tipo mais comum de
adenoma hipofisário
é o prolactinoma.
Manifestações clínicas:
Como o pan-hipopituitarismo frequentemente está associado a um tumor hipofisário ou
hipotalâmico, é importante neste momento termos uma noção sobre as possíveis
consequências da expansão tumoral. Como já assinalado, esses fenômenos podem ser
agudamente exacerbados pelo sangramento tumoral (apoplexia hipofisária).
A cefaleia é um sintoma comum nos tumores hipofisários e parece ser causada pela expansão
do diafragma da sela túrcica e, raramente, pela invasão do osso. Pode ser retro-orbitária ou
referida para a parte superior do crânio, embora a sua localização seja variável. O início súbito
de cefaleia, náuseas, vômitos e estado de coma indicam apoplexia.
A compressão das estruturas na região lateral da sela túrcica não é comum, mas pode
eventualmente ocorrer, especialmente na apoplexia hipofisária. Como você observa na ,
lateralmente à hipófise temos os nervos cranianos III, IV, VI e V (ramos oftálmico e maxilar).
A
compressão desses nervos pode levar à oftalmoplegia com estrabismo (III, IV e/ou VI), à
perda do reflexo fotomotor e consensual — midríase paralítica (III) e à perda do reflexo
corneopalpebral (V — ramo oftálmico). O quadro pode ser confundido com uma lesão do
tronco encefálico.
Diagnóstico:
Durante a avaliação diagnóstica de um paciente com suspeita de hipopituitarismo deve-se
determinar a presença, o tipo e o grau de deficiência hormonal e a etiologia. Além disso,
deve-se determinar se há ou não alterações visuais (campimetria). Um rastreamento inicial
da função hipofisária pode ser realizado com as dosagens basais dos hormônios hipofisários
e das glândulas- alvo. Caso estes resultados sejam inconclusivos ou subnormais, deve-se
realizar os testes dinâmicos hipofisários (provas funcionais) —
recomendam que se faça um teste de estímulo diante de valores de cortisol sérico entre 3 e 5
até 15 a 18 μg/dℓ. O padrão-ouro é o ITT, no qual o cortisol e a glicemia são dosados 30 e 60
minutos após a administração intravenosa de insulina Regular (0,1 U/kg). No ITT, um pico de
cortisol < 18 μg/dℓ confirma a IA secundária. Para validar esse teste, é imprescindível que a
glicemia caia abaixo de 40 mg/dℓ. O racional do ITT é que a hipoglicemia estimula a secreção
5
de GH e ACTH. Hipoglicemias graves são a complicação mais temida do ITT que, assim, não
está recomendado para idosos (> 65 anos) nem pacientes com doença cardiovascular,
cerebrovascular ou história de convulsões. Como alternativa mais segura, pode-se utilizar o
teste de estímulo com ACTH sintético (Cortrosina), em que se administram 250 μg da
substância por via intravenosa ou intramuscular e dosa-se o cortisol sérico após 30 e 60
minutos. Um pico do cortisol < 18 μg/dℓ confirma a IA. Este teste avalia a capacidade do córtex
adrenal em responder ao ACTH e foi originalmente designado para o diagnóstico da IA
primária.
Tratamento:
O tratamento do pan-hipopituitarismo, seja ele hipofisário ou hipotalâmico, visa dois
objetivos: (1) tratar a causa básica — ex.: ressecção cirúrgica de um macroadenoma
hipofisário ou de um craniofaringioma; e (2) corrigir os deficit hormonais. Os principais
deficit hormonais que devem ser corrigidos são a insuficiência suprarrenal, o hipotireoidismo
e o hipogonadismo. A abaixo coloca as doses convencionais para a reposição hormonal. Um
assunto controverso é se há necessidade de se repor GH em adultos com pan-
hipopituitarismo. Os estudos mostram que repor GH nestes pacientes pode melhorar o bem-
estar e a massa muscular, porém existem considerações sobre os possíveis efeitos deletérios
em longo prazo deste hormônio (será que ele aumenta a aterogênese?).
operatório imediato incluem diabetes insípido (que pode ser transitório ou permanente),
síndrome de secreção inapropriada de hormônio antidiurético (SIADH) e insuficiência adrenal;
portanto, monitoramento cuidadoso é necessário.
oftalmológica regular deve ser realizada a fim de avaliar o grau de recuperação visual.
31
Devido ao risco, a longo prazo, de crescimento do ANF após o tratamento primário, 60,61 é
necessário ter vigilância ao longo da vida. Fatores que podem predizer menor probabilidade
de crescimento são a radioterapia pós-operatória (que poderia ser oferecida em casos
selecionados de alto risco de crescimento do tumor, como um tratamento adjuvante após a
cirurgia) e a ressecção total do tumor. A frequência ideal para realização de exames de
imagem de vigilância após o tratamento primário não foi estabelecida. Uma abordagem
sugerida é a imagem anual nos primeiros 5 anos após a cirurgia, seguida por exames a cada 2
anos nos 5 anos seguintes. O protocolo de seguimento com imagem 10 anos após a ressecção
do adenoma é individualizado. Pacientes com ANF que cresce novamente após o tratamento
primário podem ser apenas monitorados ou tratados com cirurgia, radioterapia ou a
combinação destes.
HIPERPROLACTINEMIA
Ao contrário do que ocorre com outros hormônios, o hipotálamo exerce controle inibitório
sobre a secreção de prolactina nas células (lactotrofos) da adeno-hipófise. Esta ação é
mediada pela dopamina, também produzida pelo hipotálamo e liberada na circulação porta-
hipofisária. Este tipo de via regulatória explica a ocorrência de hiperprolactinemia após uma
lesão no pedículo hipofisário, como ocorre, por exemplo, nas neoplasias expansivas da base do
crânio.
As causas fisiológicas costumam cursar com níveis de prolactina inferiores a 50 ng/ml. Entre
as
principais causas fisiológicas de hiperprolactinemia estão a gestação, a lactação, o
estresse/sono e a estimulação mamária. Os estrogênios estimulam os lactotrofos
aumentando a hipófise durante a gestação. A principal causa de hiperprolactinemia
patológica é o uso de fármacos. Os neurolépticos, como as fenotiazinas (ex.: clorpromazina),
butirofenonas (ex.: haloperidol) e a sulpirida determinam aumento da prolactina através do
bloqueio de receptores da dopamina, tal como a metoclopramida. O alfametildopa inibe a
síntese de dopamina, enquanto o verapamil bloqueia a liberação desta droga.
FSH, o que leva à menor produção de esteroides sexuais (estrogênio nas mulheres e
testosterona nos homens) (ver Figura 1.5). Níveis altos de PRL também inibem diretamente
2,3
as funções ovariana e testicular. Pacientes do sexo feminino podem apresentar fase lútea
7,10
por 10% das primárias, bem como por uma importante proporção de casos de infertilidade em
mulheres. No sexo masculino, em virtude do hipogonadismo, podem ocorrer diminuição
10,16
densidade mineral óssea (osteopenia e osteoporose). PRL elevada pode também inibir a 5α-
redutase (enzima que converte a testosterona em di-hidrotestosterona) e ter ação direta
inibitória sobre as células de Leydig. Por essa razão, homens com hipogonadismo secundário à
hiperprolactinemia nem sempre apresentam recuperação da potência sexual se tratados
apenas com testosterona, ou seja, é necessária a correção da hiperprolactinemia
presença de prolactinoma. Por outro lado, a maioria dos pacientes com elevação dos
1,6,7,16,25
níveis de PRL por compressão da haste hipofisária, hiperprolactinemia induzida por fármacos
ou doenças sistêmicas apresenta níveis de PRL < 100 ng/mℓ
Prolactinoma
É o tipo histológico mais comum de adenoma hipofisário, sendo composto por células
basófilas ou cromófobas hipersecretoras de prolactina. Pode ser um microadenoma (< 10
mm), tipo mais
comum, ou um macroadenoma (> 10 mm). O tumor é mais comum no sexo feminino (20:1),
manifesto geralmente na faixa etária entre 20-40 anos. O macroadenoma não tem
preferência de sexo, ou é mais comum em homens, de acordo com algumas estatísticas... O
prolactinoma é um tumor de crescimento muito lento e pode permanecer estável por longos
anos ou até mesmo regredir.
● Macroprolactinemia: ocorre pela ligação da IgG à prolactina, que altera suas propriedades
funcionais. Os pacientes com esta condição apresentam hiperprolactinemia, porém sem
sinais clínicos. A importância desta situação é que a macroprolactinemia pode ser detectada
em pacientes com incidentalomas hipofisários, o que pode levar a um diagnóstico errôneo
de prolactinoma. A macroprolactinemia pode ser pesquisada por métodos específicos
(pesquisa de macroprolactina em gel de polietilenoglicol ou cromatografia líquida).
Tratamento: Os objetivos do tratamento são: (1) controle dos sintomas e (2) redução do
volume tumoral e preservação da função hipofisária nos pacientes com macroadenoma. O
tratamento está indicado para os pacientes sintomáticos e para os pacientes com
macroadenomas.
A cirurgia também está indicada nos macroprolactinomas com complicações (apoplexia com
efeitos compressivos e risco de herniação) e com crescimento tumoral. A radioterapia
convencional está reservada apenas para tumores grandes resistentes ao tratamento
medicamentoso, e em que a cirurgia não obteve bons resultados.
Conferencia
O impacto no sistema reprodutivo no homem e na mulher é parecido mas por aspecto social a
mulher procura mais por ter interrompido a possibilidade de gestação. Mulheres entre 3 e 4
decada de vida e homens na 5 decada
Quando lesa a haste passa a ter a passagem do sistem porta hipofisario e para de passar
dopamina pra inibir
Efeito gancho: a forma de analise da prolactina é uma forma de duplo ensaio. Existem os
anticorpos que são expostos a prolactina, depois lava a placa e coloca nova amostra com outro
anticorpo pra ver quanto se liga a placa. Quando a prolactina é muito elevada ela não
consegue se ligar direito na placa, logo aparece que a prolactina é baixa na dosagem. Caso isso
ocorra precisa pedir amostra de pesquisa de diluição em efeito gancho. Suspeite isso quando
tem achados importantes no exame e não tem laboratório. A macroprolactinemia tem
laboratório e não clinica
Cirurgico: intolerância aos agonistas dopaminérgicos, apoplexia hipofisario. Radioterapia so é
feita em caso de intolerância ao oral e a cirurgia.
O rim na DRC pode estar aumentado ou normal como na diabetes, mas o normal é ter uma
fibrose seguido de atrofia
O tratamento depende do tipo de lesão renal aguda. A pre-renalo individuo esta muito
hipotenso, para de filtrar, pode ter um problema intrínseco ou uma obstrução do trato
urinário.
Na NTA o rim perde a função de reabsorção, o plug de células mortas obstrui o fluxo da tubular
dando IRA oligurica, tem a tendência de acumular o fluxo tubular pra cima do ponto de
obstrução, diminuindo um pouco a filtração daquele ponto pra tras. O contraste iodado faz
vasocontrição renal, a toxica seria uma lesão direta aoo tubulo renal. Queimadura elétrica dá
rabidomiolise. O tubulo se recupera em um período logo o tratamento é apenas de suporte,
cuidado com uma pessoa chocada precisa melhorar pra não fazer NTA, outra coisa seria
diminuir o uso de contraste em pessoas predispostas (ex DM, DRC) deve escolher um contraste
isosmolar ou hiposmolar, quando você hidrata você diminui o contato da toxina com o tubulo
A pessoa gravemente hippotensa pode acabar evoluindo pra NTA isquêmico, mas tem um
estagio que ele não levaa a gerar NTA mas não da pressão suficiente pra conseguir filtrar
dando IRA pré-renal. Para diferenciar temos uma baixa excreção de sódio e sua fração de
excreção pois ele consegue reabsorver na pré-renal, como na NTA não consegue reabsorver a
agua a osmolaridade é baixa. Na pre-renal você não teve lesão no rim logo o cilindro que
encontra é o normal o hialino, já na NTA pode ter cilindro epitelial e granuloso pois seriam os
tampões de célula que estão obstruindo saindo
Leucocitos vao inflamando o interstício renal deixando edemaciado o interstício levando a uma
compressão tubular extrínseca pelo edema. Como o mecanismo é alérgico a pessoa tem
outros elementos de alergia como rash. O leucócito que invade é o eosinófilo, o corticoide so
faz se a pessoa não melhorar 7 dias após retirar o remédio envolvido, pois essa é a terapia
padra, retirar o remédio.
A papila necrosada desprende e vira um corpo solido no meio da urina, as manifestações
parecem com a de calculo. A urografia excretora mostra a falha de constraste quando tem a
obstrução.
Alça dehenle coloca apenas soluto é impermeável q agua para diluir, aldosterona reabsorve
sódio e secreta H+ ou K+. Glicosuria geralmente é causada por diabetes logo precisa afastar
diabetes. Quando você perder muito bicarbonato leva a uma acidose tubular renal, cursa com
hipocalemia pois o bicarbonato se liga ao potássio.
O distúrbio da medula como não concentra a medula o ADH não consegue agir para
reabsorver agua logo tem poliuria. No tubulo distal ou você reabsorve sódio ou você reabsorve
cálcio, entao tem hipocalciuria.
Note que, apesar do destaque dado à OLIGÚRIA na definição da Tabela 1, na verdade a IRA
pode ser dividida em três subtipos, de acordo com o débito urinário: (1) IRA oligúrica,
quando o débito urinário for inferior a 500 ml/24h, ou 400 ml/24h, dependendo da
referência; (2) IRAnão oligúrica, quando a diurese for maior que 400-500 ml/24h; e (3) IRA
anúrica, para débitosurinários inferiores a 50 ml/24h ou 100 ml/24h (novamente existe
divergência na literatura)...O fato é que mais de 50% das IRA cursa com a forma não oligúrica.
Etiopatogenia: A injúria renal aguda pode ser causada por três mecanismos básicos: (1)
hipofluxo renal (azotemia pré-renal); (2) lesão no próprio parênquima renal (azotemia renal
intrínseca); e (3)obstrução do sistema uroexcretor (azotemia pós-renal).
Etiologia:
A redução do volume circulante pode se dar por hemoragia externa, interna, diarreia,
vômitos, fistulas digestivas, poliúria, sudorese intensa ou perda para o terceiro espaço
(retroperitônio – pancreatite; peritônio – ascite...). No estado de choque um dos órgãos mais
afetados é o rim. Na ICC descompensada pode ter redução importante do fluxo renal, pelo
baixo débito cardíaco. Na cirrose hepática com ascite ocorre uma hipovolemia relativa, visto
que nesses pacientes ocorrem uma vasodilatação esplacnica, reduzindo a quantidade de
fluido no leito arterial (a hipertensão tem relação com a disfunção hepatocelular que
prejudica a depuração de oxido nítrico levando a vasodilatação local). A nefropatia isquêmica
ocorre em pacientes com estenose bilateral da artéria renal, geralmente pacientes
hipertensos e com aterosclerose em vários territórios vasculares, então a isquemia se dá por
conta de trombose sobre a placa, hipovolemia ou uso de IECA/AINE.
*Síndrome hepatorrenal: ausência de alterações estruturais ocorre uma intensa
vasoconstrição das artérias e arteríolas pré-gromerulares, que a normalização depende da
normalização da função hepática. A vasocontrição ocorre por mecanismos compensatórios,
devido a vasodilatação esplâncnica ocorre a ativação do SRRA e adrenérgico para tentar
vencer a hipotensão, levando a vasocontrição apenas de órgãos menos nobres como
musculo, mas com a piora da função hepática a vasodilatação esplacnica piora muito e
consequentemente começa a ter a vascontrição renal direta (ademais a angiotensina II leva
ao aumento da reabsorção de sódio por secreção de aldosterona piorando a hipervolemia).
Ainda tem o terceiro mecanismo compensatório que é por conta da secreção não osmótica de
vasopressinao que aumenta a retenção renal de agua livre e possui efeito vascoontritor
direto. A vasodilatação esplâncnico ocorre por um fenômeno secundário a translocação
bacteriana (do lumen intestinal para os linfonodos mesentéricos -> ocorre produção de
citocinas pró-inflaamtorias -> induz a secreção de mediadores como oxido nítrico, monóxido
de carbono e canabinoides endógenos que levam a vasodilatação esplacnica). A SHR possui
tipo 1 (creatinina sérica dobra de valor ficando > 2,5 mg/dl em menos de duas semanas, pior
prognostico, geralmente de flagrado por PBE) tipo 2 (creatinina sérica aumenta de maneira
lenta e gradual, levando mais do que duas semanas para dobrar e ultrapassar 2,5 mg/dl). A
SHR é um diagnostico de exclusão pois a própria cirrose leva a IRA pre-renal por descompensar
a homeostase circulatória.
Azotemia renal intrínseca: causada por lesão no próprio parênquima renal. Pode cursar com
oligúria (necrose tubular aguda isquêmica, rabdomiólise, glomerulonefrites ou nefropatias
microvasculares), anúria (necrose cortical aguda, algumas glomerulonefrites) ou não
oligúria/poliúria (necrose tubular aguda por aminoglicosídeos). Enquanto o
comprometimento glomerular (glomerulopatias) predomina entre as causas de lesão renal
intrínseca crônica, a causa mais comum de lesão renal intrínseca aguda é
ocomprometimento tubular! O tipo mais comum de IRA intrínseca é a Necrose Tubular
Aguda (NTA) que responde por cerca de 90% dos casos.
As outras causas menos comuns de obstrução do sistema uroexcretor devem ser divididas
em:(1) congênitas e (2) adquiridas. Exemplos de uropatia obstrutiva bilateral congênita:
valvauretral posterior, estenose uretral, fimose. Das patologias adquiridas, destacam-se:
câncer depróstata, câncer de bexiga, bexiga neurogênica, cálculo uretral, cálculo ureteral
bilateral ou emrim único, carcinoma metastático para pelve (mais comum: Ca de colo
uterino), linfoma pélvico,fibrose retroperitoneal, ligadura cirúrgica acidental dos ureteres.
Quando suspeitar de IRA pós-renal? Naquele paciente idoso com história de prostatismo e
que repentinamente ficou anúrico (por obstrução completa da uretra prostática).
Insuficiência renal com anúria pode ser encontrada eventualmente na necrose cortical aguda
e naglomerulonefrite rapidamente progressiva, mas deve sempre nos fazer pensar em
obstrução do trato urinário!
Como dissemos, nem toda azotemia pós-renal é anúrica... Quando a obstrução é parcial ou
funcional, o paciente urina, apresentando oligúria, débito urinário normal ou até mesmo
poliúria! A poliúria, neste caso, deve-se à perda da capacidade de concentrar a urina,
resultadoda nefropatia obstrutiva crônica (uma nefrite tubulointersticial crônica). Muitos
pacientes têmobstrução parcial de longa data, e apenas "agudizam" a disfunção renal
O grande risco em um paciente com obstrução urinária é o surgimento de infecção. Na
presença de obstrução, a pielonefrite leva à perda renal em poucos dias, tornando
adesobstrução um procedimento de emergência!!! Sem infecção associada, leva mais
tempopara que tenhamos uma nefropatia tubulointersticial irreversível, talvez duas a quatro
semanas(dependendo do grau de obstrução e da reserva renal prévia). Quanto mais tempo
obstruído,maior o número de néfrons perdidos... A nefropatia obstrutiva crônica leva à fibrose
intersticiale atrofia do sistema tubular, cursando com poliúria (perda da concentração urinária)
e acidose tubular hipercalêmica (tipo IV).
O exame de urina na azotemia pós-renal pode ser inocente, mas também pode revelar
hematúria, piúria e discreta proteinúria (lesão da mucosa). A bioquímica urinária é variável
Manifestações cardiopulmonares:
A insuficiência renal aguda oligúrica ou anúrica pode causar retenção importante de líquidos
e sódio, aumentando a volemia. Os sinais e sintomas de hipervolemia aguda são: (1)
HipertensãoArterial Sistêmica (HAS); (2) Edema Agudo de Pulmão (EAP); e (3) edema
periférico. A retenção hidrossalina predispõem a vasocontrição arteriolar (depleção de
substancias endógenas vasodilatadoras), congestão e edema pulmonar cardiogênico. As
toxinas urêmicas podem aumentar apermeabilidade capilar pulmonar, levando a um
componente não cardiogênico de edemapulmonar, do tipo SDRA ("pulmão urêmico"). A
ultrafiltração é mandatória nesses casos, reduzindo o edema pulmonar e melhorando a troca
gasosa e a mecânica ventilatória. O edema periférico está presente na síndrome nefrítica e no
renal crônico com insuficiênciarenal agudizada. É do tipo periorbitário, das serosas (derrame
pleural, pericárdico, ascite) e deregiões dependentes de gravidade (membros inferiores). A
pericardite urêmica manifesta-se com dor torácica pleurítica, associada a atrito
pericárdicoe/ou alterações eletrocardiográficas de pericardite aguda (taquicardia sinusal +
pequenosupradesnível de ST de formato côncavo em várias derivações). Provém de uma
inflamaçãopericárdica hipervascularizada, predispondo à rotura de capilares e sangramento.
Por isso, olíquido pericárdico geralmente é hemorrágico. O tamponamento cardíaco é uma
das complicaçõesmais temíveis da uremia, pois pode ser fatal (a causa mais comum é o uso de
hparina na hemodiálise).
Disturbios hidroeletrolíticos:
Formas oligoanuricas de IRA: hippercalemia + hiponatremia + acidose metabólica +
hiperfosfatemia + hipocalcemia. A hipercalemia é gerada pela redução da excreção do
potássio (rabdomiolise), hiponatremia por conta da retenção de agua livre maior do que a
retenção de sódio, acidose metabólica pela retenção dos acidos produzidos pelo
metabolismo proteico (acido sulfúrico) a retenção de H+ leva ao consumo de bicarbonato e
acidose, e a retenção de sulfato e outro anions leva ao aumento do anion gap. O rim deixa
de eliminar fosfato o que leva o consumo do cálcio formando fosfato de cálcio insolúvel que
se precipita nos tecidos e o cálcio plasmático se reduz. Os sintomas de hipocalcemia são
irritação neuromuscular como parestesias, tetania, convulsões e coma.
Forma não oliigurica: a reabsorção tubular esta prejudicada (NTA por
aminoglicosideo, anfotericina B e leptospirose). A lesão do túbuloproximal e da alça de Henle
prejudica a reabsorção de magnésio e aumenta a excreção depotássio (maior aporte de sódio
ao túbulo coletor), levando à perda urinária destes eletrólitos. A consequência costuma ser
hipocalemia + hipomagnesemia.
Bioquimica urinaria: para fazer a diferenciação a bioquímica urinaria deve ser colhida antes
do uso de diuréticos ou da reposição volêmica. Na IRA pré-renal tem o aumento da
reabsorção tubular de sódio e agua, logo a urina sai com pouco sódio e pouca agua
(hiperconcentrada), já na NTA a lesão tubular dificultaa reabsorção e a urina sai com muito
sódio e muita agua (mais diluída). A fração excretória de ureia não é falseadapelo uso de
diuréticos e por isso deve ser usada no lugar da fração excretória de sódio em pacientes que
fizeram o uso dessa droga.
Biópsia renal: em geral não é necessário, em certas condições como nefrite lupica a biopsia
pode ser feita para determinar a classe especifica da lesão glomerular, o que muda
prognostico e tratamento.
Tratamento:
Azotemia pós-renal: a obstrução do HBP deve ser tratada pela inserção do cateter
foley. Se não for possível ultrapassar a obstrução uretral com o cateter, deve-se proceder à
cistostomia. Se a obstrução for ureteral e houver hidronefrose, um cateter duplo J pode ser
inserido no ureter por via transuretral (baixa) ou transpiélica (alta). Se a obstrução ureteral
não puder ser vencida, uma nefrostomia percutânea estará indicada. Na presença de
cálculos obstrutivos, os mesmos devem ser removidos.
*Diálise na IRA:
A hemodiálise intermitente é o método de escolha nos pacientes hemodinamicamente
estáveis, pois, durante o método (3-4h), a retirada abrupta de líquido pode agravar a má
perfusão depacientes críticos hemodinamicamente instáveis. Nestes últimos devemos
indicar: (a) diálise peritoneal contínua; e (b) hemodiafiltração venovenosa contínua. Se o
paciente já estiver em hemodiálise e fizer hipotensão aguda podemos associar aminas
vasopressoras até o término do procedimento (ex.: drip de noradrenalina).
Prognóstico: o prognostico da IRA pré e pós renal é bastante favorável desde que a causa do
problema seja prontamente reconhecida e resolvida. A mortalidade costuma ser < 10%
nesses pacientes... Por outro lado, a mortalidade da NTA permanece elevada, oscilando entre
30-86%. Os principais fatores de mau prognóstico na NTA são: sepse, oligúria, refraatariedade
à furosemida, síndrome uremica e disfunção orgânica múltipla. Se um paciente com NTA
sobreviver à afecção de base, a recuperação da função renal será a regra, ocorrendo em 90-
95% dos casos. Os 5-10% restantes evoluem com perda renaldefinitiva, tornando-se
cronicamente dependentes de diálise...
]
IRA aumento creatinina 1,3 ou 0,3 ou diurese < 0,5ml etc, o akin você bota kdigo 1 2 ou 3, se o
paciente tem anuria por 12h e esta em dialise você diz que é kdigo 3. Tem que saber o kdigo
pra prova. Kf é área/ superfície filtrante, quando o glomérulo entope em situações de nefrites
proliferativas ocorre agudamente
Tubulo proximal reabsorve sódio e como não esta acontecendo, ao chegar no tubulo distal
esta cheia de sódio e faz vasoconstrição aferente para reduzir a TFG.
As células tubulares com a hipóxia elas necrotizam e formam bolas/tampaos que obstruem a
passagem. O novo crescimento demora de 7 a 21 dia
Sumario de urina + presença de dismorfismo eritrocitário, avaliação bioquímica da urina
Ira renal não tem tratamento é prevenção, trata a causa para prevenir o surto ou prevenir
novos surtos renais
Caso 10 – OSTEOPOROSE
Etiopatogenia:
A via Wnt desempenha papel importante na formação óssea por estimular a atividade
osteoblástica. Em conjunto com a proteína-5 relacionada ao receptor de lipoproteína de baixa
densidade (LRP5) e proteínas Frizzled, que servem como correceptores para membros da
família Wnt de ligandinas, ativam a β-catenina e regulam a expressão gênica dos osteoblastos,
formando matriz óssea. Esta via é regulada pela esclerostina, proteína produzida pelo
osteócito, que antagoniza o Wnt, impedindo a formação do complexo Wnt, LRP5 e proteínas
Frizzled e, assim, a ativação do osteoblasto. O entendimento dessas duas vias proporcionou o
desenvolvimento de medicações específicas para o tratamento da osteoporose.
Por fim, o papel do glicocorticoide na fisiopatologia óssea deve ser lembrado, sendo
semelhante ao do envelhecimento em muitos aspectos. O excesso de glicocorticoide (exógeno
ou endógeno) suprime diretamente a osteoblastogênese, estimula forte e rapidamente a
apoptose de osteoblastos e osteócitos e prolonga a vida útil dos osteoclastos.28 O efeito
deletério sobre a formação óssea é o fator fisiopatológico predominante, especialmente na
fase mais precoce, levando a um comportamento bimodal da perda de massa óssea, com uma
perda mais acelerada no primeiro ano, seguida por um alentecimento da perda nos anos
subsequentes.29 Alterações na produção de fatores de crescimento locais, incluindo fatores
de crescimento semelhantes à insulina e suas proteínas de ligação, e sinalização Wnt/β-
catenina podem contribuir. A perda de força óssea induzida por glicocorticoides resulta, em
parte, do aumento da morte de osteócitos e diminuição da hidratação esquelética. A produção
endógena de glicocorticoides e a sensibilidade aos efeitos dos mesmos aumentam com a
idade, contribuindo inexoravelmente para os efeitos da velhice no desenvolvimento da
osteoporose.28 Ressalta-se ainda que a inibição da absorção intestinal e da reabsorção renal
de cálcio causadas por glicocorticoides pode levar a hiperparatireoidismo secundário
Manifestações clínicas:
A osteoporose é uma doença assintomática até a ocorrência de uma fratura por
fragilidade, definida como uma fratura que ocorre sem ou com mínimo trauma ou após
queda da própria altura ou de uma altura menor, desde que um trauma de alto impacto
(como acidente automobilístico) não esteja envolvido.
Diagnóstico:
Para cálculo da DMO, o aparelho mede o conteúdo mineral ósseo (em gramas) e a área
óssea (em cm2), fornecendo, assim, uma densidade areal. Essa característica gera uma das
limitações do método, visto que, por não levar em conta o volume ósseo, acaba subestimando
a medida da DMO em indivíduos baixos (< 1,50 m) e superestimando nos mais altos (> 1,90 m).
Além da DMO, a DXA também fornece duas importantes medidas que auxiliam no
diagnóstico: o escore T e o escore Z. O escore T reflete o desvio padrão da DMO em relação à
média de indivíduos jovens (durante o pico de massa óssea – entre 20 e 30 anos de idade) e é
utilizado para o diagnóstico de osteoporose e osteopenia em mulheres na pós-menopausa e
homens acima de 50 anos de idade. A International Society for Clinical Densitometry (ISCD)
tem admitido o uso do escore T para diagnóstico em mulheres na transição menopausal. 32
De acordo com a classificação proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 31 o
escore T pode ser assim interpretado:
■Até −1,0: normal
■< −1 e > −2,5: osteopenia
■≤ –2,5: osteoporose
■≤ –2,5 + uma ou mais fraturas de fragilidade: osteoporose grave ou estabelecida.
Vale ressaltar que em crianças e jovens abaixo de 20 anos de idade, os sítios a serem
avaliados devem se limitar à coluna de L1-L4 e ao corpo inteiro, sempre excluindo a cabeça.
Esta parte do esqueleto varia muito pouco sua densidade, o que pode acabar mascarando
mudanças significativas nos demais sítios. O escore Z (≤ –2,0) deve ser o único utilizado para o
diagnóstico de baixa massa óssea nessa faixa etária
A definição clínica de osteoporose baseia-se tanto na evidência de fratura por fragilidade,
independentemente da massa óssea, como na avaliação da densidade mineral óssea (DMO),
por meio de densitometria óssea (g/cm2 ) da coluna lombar, fêmur total, colo do fêmur ou
terço médio do rádio 14. A possibilidade de rastreamento populacional amplo e aleatório
com densitometria óssea não é recomendada pelo custo relativamente elevado. No entanto,
o rastreamento para avaliar a DMO está indicado para todas as mulheres com idade ≥ 65
anos e homens ≥ 70 anos ou na presença de fatores de risco para osteoporose, como baixo
peso, fratura prévia, uso de medicamentos ou presença de doenças que sabidamente afetam
a saúde óssea
Para seguimento, a DXA deve ser realizada sempre nos mesmos local e aparelho. Os
melhores sítios para comparação da DMO entre dois exames são a coluna lombar, seguida
do fêmur total. Para uma eficiente comparação entre dois exames, o clínico deve lançar mão
dos valores absolutos da DMO e nunca dos escores T ou Z. Outro aspecto importante é que
cada aparelho deve fornecer a chamada mínima variação significativa (MVS) para cada
sítio.3 Como diferenças não significativas, inerentes ao próprio aparelho, podem ocorrer entre
duas medições seguidas, a MVS permite que o clínico possa estabelecer, com maior precisão,
se houve:
■Perda real de DMO: quando a diferença entre os valores absolutos da DMO cai além da
MVS
■Estabilidade de DMO: quando a diferença entre os valores absolutos da DMO sobe ou cai
dentro da MVS.
Radiografia
Exames radiológicos, em especial radiografias da coluna vertebral dorsal e lombar em AP
(anteroposterior), são indicados para diagnóstico de fraturas vertebrais, sintomáticas ou
não, que aumentam em muito o risco de novas fraturas osteoporóticas, além de ajudar
no diagnóstico diferencial com outras doenças ósseas. Podem ser solicitados nos casos de
pacientes com diagnóstico densitométrico ou clínico de osteoporose, no início do
tratamento e sempre que sintomas sugestivos de fraturas vertebrais (dor aguda intensa
ou crônica persistente) estiverem presentes.
Biópsia óssea: Embora a histomorfometria em osso obtido por biopsia óssea seja o
padrão-ouro para o diagnóstico de osteoporose, trata-se de uma técnica complexa e
invasiva, o que limita seu uso. No entanto, encontra indicação nos casos em que os
achados clínicos e laboratoriais não permitem o correto diagnóstico diferencial da
osteoporose com a osteomalacia ou a doença mineral óssea do paciente renal crônico.
Ferramentas para estimativa de risco de fratura: De todas as ferramentas, o FRAX®,
desenvolvido pela OMS e pela Universidade de Sheffield, na Inglaterra, é o mais difundido
e utilizado mundialmente.60 Estima o risco de fratura em 10 anos, para homens e
mulheres, com base na epidemiologia da população em questão (validado em mais de 60
países) e na avaliação de fatores de risco integrados ou não à DMO de fêmur.
Pode ser utilizado em locais de difícil acesso à DMO, e pode ser usado como triagem para
indicar indivíduos com necessidade de fazer uma DMO para aprimorar a informação e
definir o tratamento. Os fatores de risco independentes utilizados pelo FRAX® são: idade,
sexo, peso, altura, histórico pessoal de fratura, histórico familiar (parente de primeiro
grau) de fratura de fêmur, artrite reumatoide, uso de glicocorticoide, tabagismo ativo,
consumo de álcool (> 3 unidades ou drinques/dia), além de outras causas
secundárias.30,60 Adicionalmente, pode ser usado o valor de DMO de colo de fêmur (g/cm 2)
que estimaria mais acuradamente o risco para fraturas maiores (vértebra, úmero e
antebraço) e, mais especificamente, para fraturas de fêmur em 10 anos.
Entende-se que o paciente tem risco aumentado para fratura osteoporótica quando
apresentar qualquer uma das seguintes características:
Fraturas por fragilidade, na ausência de outras doenças ósseas metabólicas, mesmo
com uma DMO normal;
T-escore ≤ -2,5 DP na coluna lombar (ântero-posterior), colo femoral, quadril total ou
1/3 médio do rádio (33%), mesmo na ausência de uma fratura prevalente. Quando o
diagnóstico é realizado inicialmente por esse critério, mesmo que as densitometrias ósseas
subsequentes mostrem resultados de T-escore ≥ -2,5 DP, o diagnóstico de osteoporose se
manterá.
T-escore entre -1,0 e -2,49 (osteopenia) DP associado a aumento de risco de fratura
usando FRAX®.
Avaliação laboratorial:
Toda mulher na pós-menopausa com diagnóstico de osteoporose deve se submeter à
dosagem de exames laboratoriais antes do início da terapia farmacológica, com o
objetivo de afastar as principais causas de osteoporose secundária, fazer o diagnóstico
diferencial e avaliar o status da vitamina D.65-67 O Quadro 85.7 mostra os exames iniciais a
serem solicitados.
Na detecção de hipercalcemia, a pesquisa deve prosseguir com dosagem de PTH. Se
anemia estiver associada a níveis altos de cálcio, eletroforese de proteínas deve ser
solicitada para afastar mieloma múltiplo. 30,31 A presença de hipercalciúria pode indicar
hiperparatireoidismo ou hipercalciúria como causa secundária.68 Já hipocalciúria pode
indicar síndromes de má absorção intestinal, especialmente se acompanhada de
hipovitaminose D. Além disso, a medida da calciúria também é uma forma de avaliar a
ingestão diária de cálcio, uma vez que dieta insuficiente de leite e derivados pode se
expressar com hipocalciúria. Elevação inexplicada da fosfatase alcalina levanta a suspeita
de doença de Paget óssea. Já níveis baixos de fósforo podem ser um indicativo de
osteomalacia.
Tratamento da osteoporose:
As medidas para garantir uma boa saúde óssea devem ser iniciadas já na infância.
Assegurar um pico adequado de massa óssea na juventude, reduzir as perdas ao longo da
vida e prevenir quedas são fatores essenciais.
Diversos trabalhos demonstraram que a prática regular de exercícios aumenta a massa
óssea e a força muscular, melhora o equilíbrio e diminui o risco de quedas. Todos os
pacientes devem ser estimulados a parar de fumar e evitar o consumo excessivo de cafeína e
de álcool. Os resultados de estudos que avaliaram os efeitos da suplementação com cálcio e
da vitamina D no risco de fraturas são inconsistentes. É possível que os benefícios da
reposição só sejam observados na presença de deficiência prévia desses nutrientes, e a
maioria dos trabalhos incluiu também indivíduos saudáveis.
De acordo com o Institute of Medicine (IOM), 15 a recomendação diária de cálcio para
mulheres na pós-menopausa é 1.000 a 1.200 mg, preferencialmente obtidos a partir da
dieta. Quando a ingestão dietética for insuficiente, a suplementação deve ser realizada com
sais de cálcio. O carbonato de cálcio apresenta maior porcentagem de cálcio disponível (40%
de cálcio elementar), porém sua absorção depende da acidificação do sistema digestório.
Bifosfonatos:
Os bisfosfonatos (BF) são considerados medicamentos de primeira linha para o
tratamento da osteoporose na pós-menopausa e em homens acima de 50 anos de idade. Em
função da sua baixa taxa de absorção intestinal (cerca de 1%), os BF orais devem ser ingeridos
com um copo de água pela manhã, em jejum, recomendando-se que a alimentação ocorra
após pelo menos 30 minutos. É fundamental que o paciente permaneça sentado ou em pé
durante esse período, para que não ocorram lesões esofágicas.
Mecanismo de ação: Os BF são análogos do pirofosfato que se ligam à superfície das
unidades ósseas de remodelação e são incorporados ativamente pelos osteoclastos durante
a reabsorção óssea. Dentro dessas células, alteram a via metabólica de ATP (BF não
aminados), além de inibirem a enzima farnesil-pirofosfato-sintase da via do ácido mevalônico
(BF aminados), levando a inibição da função e recrutamento dessas células e a alterações no
citoesqueleto, que acabam provocando sua apoptose.
Efeitos colaterais: Os eventos adversos mais comuns com o uso de BF orais estão
relacionados com intolerância gastresofágica. Náuseas, pirose, desconforto subesternal e dor
à deglutição podem ocorrer, mas são raros os casos de ulceração ou hemorragia.37 BF de uso
semanal, mensal ou aqueles administrados por via intravenosa devem ser considerados em
casos de intolerância gastrintestinal. Por inibirem a reabsorção óssea, os BF (em especial os
administrados por via intravenosa) podem causar diminuição do cálcio sérico, em geral
modesta e transitória. A hipocalcemia pode tornar-se mais grave em indivíduos com
hipoparatireoidismo ou naqueles com 25OHD baixa. A reação de fase aguda, caracterizada por
febre baixa, mialgia, cefaleia, artralgias e dores ósseas, está associada sobretudo ao uso de BF
intravenosos e ocorre mais frequentemente em pacientes não expostos previamente a BF e
com 25OHD baixa. A osteonecrose de mandíbula (ONM), definida como exposição de osso
necrótico na cavidade oral que não cicatriza em 8 semanas na ausência de radiação prévia,
apresenta incidência muito baixa em pacientes com osteoporose tratados com BF.
Alendronato sódico
O alendronato sódico é efetivo na prevenção primária de fraturas em pacientes com
osteoporose, havendo evidência de sua efetividade na redução de incidência de fraturas
vertebrais, não vertebrais e de quadril 44. Seu uso deve ser evitado em pacientes com
insuficiência renal grave. Em casos de pacientes com insuficiência renal pré-existente leve a
moderada, a função renal deve ser monitorada de forma individualizada 38 .
Risedronato sódico
O risedronato sódico previne fraturas tanto em mulheres na pós-menopausa como em
homens com osteoporose estabelecida, havendo evidência de sua efetividade na prevenção
secundária de fraturas vertebrais, não vertebrais e de quadril 44. Em pacientes com perda de
função renal pré-existente, essa função deve ser monitorada a cada 1 a 3 meses.
Ácido zoledrônico
A terapia antirreabsortiva óssea com ácido zoledrônico intravenoso (IV) é indicada para
pacientes de ambos os sexos com osteoporose densitométrica ou osteopenia e história de
fratura por fragilidade ou alto risco de fratura, calculado pelo FRAX. Devido à sua via de
administração, devem ser utilizados por pacientes com intolerância ou dificuldades de
deglutição dos bisfosfonatos orais decorrentes de anormalidades do esôfago que retardam o
esvaziamento esofágico, tais como estenose ou acalasia.
Pamidronato
O pamidronato é outro bisfosfonato de uso intravenoso e constitui uma alternativa de
tratamento para pacientes com intolerância ao bisfosfonato de administração oral. Há
evidências oriundas de estudos controlados não randomizados e de estudos retrospectivos de
que o uso de pamidronato associado a cálcio e colecalciferol (vitamina D) aumenta a DMO e é
bem toleradotratamento da osteoporose na pós-menopausa. Entretanto, devido à maior
frequência de administrações, este Protocolo preconiza seu uso apenas em casos de
indisponibilidade ou contraindicações ao ácido zoledrônico.
Calcitonina:
A calcitonina é um hormônio produzido nos humanos pelas células C da tireoide. A
calcitonina de salmão, mais potente que a humana, pode ser utilizada no tratamento da
osteoporose e existe nas formas injetável (subcutânea ou intramuscular) e de aspersão nasal
(ver Quadro 86.4). O uso continuado favorece o aparecimento da taquifilaxia; assim, devem
ser realizados esquemas intermitentes
Denosumabe:
Denosumabe (Prolia®) é um anticorpo monoclonal humano contra o ligante do receptor
nuclear fator kappa B (RANKL), com efeito antirreabsortivo.
Indicação: Nesse sentido, o denosumabe não é considerado terapia inicial para a maioria das
mulheres na pós-menopausa e homens (com exceção dos candidatos à terapia de privação
androgênica), e não deve ser utilizado em mulheres na pré-menopausa, para prevenção de
osteoporose ou em crianças.
Efeitos colaterais: Infecções de pele (celulite), dermatite, erupção cutânea e eczema podem
ocorrer. A exemplo dos BF, raros casos de fraturas atípicas de fêmur e ONM foram relatados
com o denosumabe. Entretanto, ao contrário dos BF, esse medicamento pode ser utilizado em
pacientes com função renal comprometida, pois não é eliminado pelos rins.
Romosozumabe
O romosozumabe é um anticorpo monoclonal humanizado (IgG2) que liga e inibe a
esclerostina, estimulando a formação óssea em superfícies ósseas trabeculares e corticais,
bem como a atividade osteoblástica, resultando em aumentos de massa óssea trabecular e
cortical e em melhorias na massa, estrutura e força óssea. Está indicada para o tratamento de
osteoporose grave em mulheres na pós-menopausa, acima de 70 anos, em falha terapêutica
ao padrão de tratamento atualmente disponível no SUS e em muito alto risco de fratura por
fragilidade.
Teriparatida:
A presença de paratormônio (PTH) em níveis persistentemente elevados promove a
reabsorção óssea, enquanto a administração intermitente de baixas doses do hormônio
estimula a proliferação e a atividade dos osteoblastos com efeitos anabólicos sobre o
esqueleto.53
A teriparatida, produzida por meio da técnica de DNA recombinante, possui os 34
aminoácidos iniciais da molécula de PTH, essenciais para as ações ósseas do hormônio.
Aplicada por via subcutânea, é rapidamente metabolizada e eliminada pelo fígado e pelos rins,
não sendo mais detectada após 3 horas de sua administração. Portanto, a aplicação diária gera
picos e vales da medicação no organismo, levando ao aumento da formação óssea. A dose
recomendada é de 20 μg/dia, por via subcutânea, durante um período máximo de 24 meses
MONITORAMENTO
Deve ser realizada densitometria óssea inicial na primeira avaliação após o início do
tratamento, repetindo-se o exame a cada 1 a 2 anos, até que se estabeleça que a massa
óssea esteja estável. O antebraço pode ser considerado uma alternativa quando os outros
sítios apresentam artefatos ou em pacientes com hiperparatireoidismo. O monitoramento
posterior deve se basear em avaliação clínica individual. É importante considerar utilizar o
mesmo equipamento de densitometria para as comparações futuras. Radiografia de coluna
dorsal e lombar em perfil deve ser repetida, caso o paciente apresente clínica sugestiva de
fratura ou perda progressiva de altura superior a 4 cm. Exames laboratoriais devem ser
repetidos a critério clínico, basicamente para verificar níveis séricos de vitamina D e cálcio ou
para investigar novamente causas secundárias se o tratamento não for eficaz. O tratamento
é considerado bem-sucedido 22 com a DMO crescente ou estável ou sem evidência de novas
fraturas. A adesão ao tratamento medicamentoso e não medicamentoso deve ser monitorada
regularmente durante o tratamento. Deve-se reforçar a importância do uso correto dos
medicamentos e identificar e tratar possíveis efeitos adversos que contribuam para a má
adesão
Caso 11 – Epilepsia
Crise convulsiva é uma alteração aguda e transitória da função cortical cerebral caracterizada
por descargas neuronais anômalas, excessivas e sincronizadas. Dependendo da localização e
extensão do processo, um amplo espectro de manifestações clínicas pode ocorrer, desde os
típicos abalos musculares até experiências sensoriais ou psíquicas subjetivas.
Epilepsia é um termo genérico (e não uma doença específica) que se refere ao fenótipo de
crises convulsivas recorrentes e espontâneas, isto é, não necessariamente provocadas por
algum fator reversível ou evitável. Por definição, é preciso que tenha havido duas ou mais
crises convulsivas espontâneas (num intervalo > 24h) para se estabelecer o diagnóstico de
epilepsia
Estima-se que 5-10% das pessoas apresentará pelo menos uma crise convulsiva ao longo da
vida. Na maioria das vezes, contudo, o fenômeno estará relacionado a um fator precipitante
reversível (isto é, tais pessoas não necessariamente possuem epilepsia). A prevalência de
epilepsia, por sua vez, gira em torno de 0,5% da população geral.
Crises focais
Surgem a partir de redes neuronais restritas ou amplas, mas sempre dentro de um único
hemisfériocerebral. Podem ou não ser acompanhadas de alteração da consciência... Agora,
diz-se apenas se a crise focal foi ou não acompanhadade manifestações “discognitivas”. O
Eletroencefalograma (EEG) pode ser normal no períodointercrítico (entre as crises), ou
apresentar ondas epileptiformes basais.
Crises convulsivas focais de caráter “não motor” (ex.: parestesias; alterações visuais,
auditivas,psíquicas, autonômicas) são genericamente chamadas de auras.
Crises focais que generalizam: Aqui o paciente inicia com alguma manifestação focal (motora
ou aura) que em seguida se transforma numa crise generalizada, habitualmente do tipo
tônico-clônica. Não raro, na prática, é difícil caracterizar esta evolução, pois as manifestações
focais iniciais podem ser sutis e de curtaduração, passando despercebidas. Os circunstantes
costumam valorizar apenas o quadro mais dramático de abalos musculares generalizados, e
como o paciente costuma perder a consciência, elepode não ser capaz de fornecer
informações úteis... Na dúvida, a videoeletroencefalografiacontínua pode ser de grande
auxílio! É importantíssimo diferenciar esse tipo de crise da crisegeneralizada primária (aquela
que já começa com acometimento simultâneo de ambos oshemisférios cerebrais) uma vez que
as condutas diagnósticas e terapêuticas serão completamentediferentes para cada caso.
Crises generalizadas
Apesar de serem definidas como crises que acometem ambos os hemisférios cerebrais
simultaneamente, acredita-se que sempre haja um foco onde a atividade convulsiva começa...
Oque acontece nestes casos é a IMEDIATA disseminação da crise, sem dar tempo para a
ocorrênciade manifestações focais!
Crises de ausência AUSÊNCIA “TÍPICA” (pequeno mal): Caracterizada por episódios súbitos e
breves (duração desegundos) de perda da consciência sem perda do tônus postural. A
consciência retorna de maneira igualmente súbita, sem que haja manifestações pós-ictais.
Muitas vezes nem o próprio paciente se dá conta de sua ocorrência! Trata-se de verdadeiros
“lapsos” no funcionamento normal doindivíduo, ocorrendo dezenas a centenas de vezes ao
longo do dia. Apesar da perda de consciência poder ser a única manifestação da crise de
ausência típica, não éraro a presença de automatismos sutis durante o evento (ex.: piscar de
olhos, mastigar, discretoclônus bilateral das mãos).
Ausencia atípica: Difere da ausência típica pelo fato de os lapsos de consciência serem mais
duradouros e não apresentarem início e fim tão súbitos, isto é, a crise evolui de
formagradual. Em geral há sinais motores mais grosseiros durante o evento... No EEG,
observa-secomplexos “ponta-onda” com frequência ≤ 2,5 Hz (atividade lenta), sobrepostos a
um traçado debase ANORMAL (). As crises de ausência atípica aparecem no contexto de
alteraçõesestruturais difusas do cérebro, sendo comum a existência de franco retardo
mental.
Crises tonico-clonicas: É o tipo mais comum de crise convulsiva induzida por fatores
desencadeantes (ex.: intoxicações,distúrbios metabólicos) e por este motivo é a mais
encontrada na prática. Nos portadores de epilepsia, representa o tipo mais frequente de crise
em cerca de 10% dos pacientes.
As crises tônico-clônicas generalizadas (grande mal) começam com uma fase tônica
(contração simultânea dos músculos esqueléticos do corpo, o que corresponde à
despolarização exagerada e concomitante de todos os neurônios do córtex motor, nos dois
hemisférios cerebrais). Diversos caracteres clássicos são explicados por este fenômeno, por
exemplo: (1) grito ictal – contração dosmúsculos da expiração e da laringe, produzindo um
som estridente; (2) mordedura dos lábios e/oulíngua – contração súbita dos músculos da
mastigação; (3) cianose – parada da ventilaçãopulmonar e acúmulo de saliva na orofaringe,
bloqueando parcialmente a via aérea superior; (4)hiperatividade simpática – aumento de FC,
PA, temperatura, midríase e sudorese.
A fase tônica tem curta duração (10-20 segundos), sendo seguida pela fase clônica (períodos
de relaxamento muscular sobrepostos à contração tônica de base, o que corresponde à
ativaçãoreflexa dos interneurônios inibitórios). O clônus diminui progressivamente, na
medida em que o reflexo inibitório prepondera e acaba inibindo por completo a contração
muscular, marcando o fim do “período ictal” (geralmente após cerca de um minuto)... Neste
momento o paciente encontra-se inconsciente, com paralisia flácida generalizada, sendo
comum haver também relaxamentoesfincteriano e consequente incontinência urinária e/ou
fecal. A respiração retorna de formaruidosa, devido ao já citado acúmulo de saliva na via
aérea superior. A consciência é recuperada dentro de minutos ou horas (pacientes com
doenças estruturais docérebro demoram mais a se recuperar). Neste período é esperada a
confusão mental pós-ictal.Queixas como cefaleia, mialgia e fadiga são comuns.
A evolução da crise no EEG é a seguinte (acompanhe pela ): na fase tônica surge umpadrão
generalizado de ondas rápidas de baixa voltagem, cuja amplitude aumentaprogressivamente,
até se transformar em polipontas de alta voltagem. A fase clônica começaquando as
polipontas de alta voltagem passam a ser periodicamente interrompidas por ondaslentas,
criando um padrão de “ponta-onda” cuja frequência vai diminuindo progressivamente,
atépredominar um traçado difusamente lentificado, que corresponde ao término da fase ictal.
Aatividade elétrica volta ao normal na medida em que o paciente recobra a consciência.
Crises tônicas e crises clonicas puras: São variantes da crise tônico-clônica generalizada em que
predominam o componente tônico ouclônico, respectivamente, sem uma interpolação
estereotipada de ambos.
Crises atônicas: São caracterizadas por uma súbita e breve (1-2 segundos) perda do tônus
postural, geralmenteacompanhada de perda da consciência. A recuperação é igualmente
rápida, sem manifestaçõespós-ictais. Na maioria das vezes nota-se apenas uma queda da
cabeça (head drop), mas nas crisesprolongadas ocorre queda da própria altura, com sério risco
de traumatismo. O EEG revela umpadrão difuso de complexos “ponta-onda” imediatamente
seguidos por ondas lentas, quecorrespondem à perda do tônus muscular. Este tipo de crise
também está muito associado comsíndromes genéticas de epilepsia.
Crises mioclonicas: Mioclonia é uma contração muscular involuntária súbita e breve, que
envolve apenas uma parte docorpo ou o corpo inteiro (se parece com tomar um susto). Não
perde a consciência. Pode ocorrer de maneira fisiológica, porexemplo, quando estamos
“pegando no sono”... Também pode ser causada por diversos fatorescomo distúrbios
metabólicos e encefalopatias estruturais, sendo originada, nestes casos, pordiferentes
mecanismos. Diz-se que a mioclonia representa uma crise convulsiva quando suaocorrência
está sincronizada com surtos de atividade epileptiforme no EEG (complexos ponta-onda
difusos). Em geral, as crises mioclônicas coexistem com outras formas de crise convulsiva em
portadores de epilepsia, porém, é a forma predominante numa síndrome chamada epilepsia
mioclônica juvenil
Espasmos epilépticos
Por terem mecanismo ainda incompreendido, não podem ser criteriosamente enquadrados
noconceito de crise focal ou generalizada, sendo, portanto, considerados crises “não
classificáveis” deacordo com os conhecimentos atuais.
Trata-se de uma forma de crise convulsiva típica de crianças muito pequenas (< 1 ano de
vida).Provavelmente decorre da imaturidade do SNC, pelo fato de os neurônios ainda não
teremformado conexões intercelulares bem estabelecidas...
Sindromes epilépticas:
Sindromes epilépticas focais mais comuns em adultos tendem a ser de causa secundaria,
síndromes epiliepticas generalizadas mais comum na criança e tendem a ser primaria.
Sindrome de Lennox- gastaut: É definida pela tríade: (1) múltiplos tipos de crise convulsiva
(tônico-clônica, tônica, atônica,ausência atípica); (2) EEG com descargas difusas do tipo
“ponta-onda” < 3 Hz, associado aanormalidades do traçado de base; (3) alterações
neuropsicomotoras, podendo incluir retardo mental. Possui diversas etiologias possíveis,
como síndromes genéticas, anomalias dodesenvolvimento cerebral, lesão hipóxico-isquêmica
perinatal, trauma, infecções, entre outras. Representa, portanto, uma resposta inespecífica
do cérebro à injúria difusa. Devido a sua associação com patologias estruturais graves,
costuma ter péssimo prognóstico, além de má resposta ao tratamento anticonvulsivante.
Epilepsia do lobo temporal mesial: É a principal causa de crise focal com alterações
discognitivas. Apresenta uma lesão estruturalcaracterística, evidenciada pela RM: esclerose
do hipocampo (porção “mesial” do lobo temporal).O lobo temporal costuma ter seu volume
globalmente reduzido. No EEG, observa-se pontasepileptiformes na porção anterior do lobo
temporal, uni ou bilateralmente. Exames de imagemfuncionais (ex.: PET-scan, SPECT) revelam
hipometabolismo e hipoperfusão na área de esclerose. Responde mal aos fármacos
anticonvulsivantes, porém pode ser CURADA por neurocirurgia,através da ressecção do foco
das crises.
Etiologia
Por resultar de um desequilíbrio entre excitação e inibição neuronal, diversos fatores que
interferem nessas propriedades são capazes de induzir uma crise convulsiva. Assim, mesmo
um cérebro absolutamente normal é suscetível, desde que exposto a circunstâncias
apropriadas... Por exemplo: certas drogas diminuem o “limiar convulsivo” (ver adiante),
fazendo com quedesencadeantes como estresse físico e/ou mental (incluindo privação de
sono) consigam provocaruma crise tônico-clônica generalizada num paciente sem história
prévia de epilepsia. A idade éfator endógeno relevante, haja vista que o limiar convulsivo
varia em função do grau dematuridade do SNC. É por isso que muitas crianças apresentam a
chamada convulsão febril (veradiante) sem desenvolver posteriormente qualquer distúrbio
neurológico. História familiar deconvulsão ou epilepsia é outro fator de predisposição
importantíssimo.
Primeiro episodio:
Pode considerar epilepsia se a pessoa tiver uma crise e risco de recorrência em 60% como se o
paciente tiver um tumor. A aura é uma sensação que vai ter a crise que é a crise focal
perceptiva
Neste caso, temos três prioridades: (1) fazer diagnóstico diferencial com outros
eventosparoxísticos (foi convulsão mesmo?); (2) identificar fatores precipitantes; (3) decidir
se é necessáriolançar mão de profilaxia com drogas antiepilépticas.
A fim de esclarecer a natureza do evento é preciso coletar uma anamnese minuciosa, não
apenascom o paciente, mas também com eventuais testemunhas. No período intercrítico
tanto o examefísico quanto os exames complementares podem ser normais e, neste caso, o
diagnóstico se baseiaessencialmente na história clínica... Deve-se questionar o paciente sobre
o que aconteceu antes,durante e após o evento!
Nas crises tônico-clônicas generalizadas podem ou não haver sintomas premonitórios, por
exemplo: auras, que como vimos são crise focais não motoras (neste caso, trata-se de crise
focalcom generalização secundária). Alguns pacientes com crises primariamente
generalizadas referem queixas premonitórias inespecíficas que não podem ser
caracterizadas como auras (pois aparecemhoras ou dias antes da crise), como cefaleia,
náuseas, entre outras. De qualquer modo, exceto nascrises focais sem sintomas
discognitivos, em geral o paciente não se recorda do evento agudo e nemdo período pós-
ictal imediato, contudo, uma testemunha pode descrever com exatidão o queaconteceu.
Deve-se inquirir a existência de fatores de risco e/ou fatores precipitantes. Por exemplo:
crise febrilna infância, epilepsia na família, história de trauma craniano, AVC, infecções do SNC
e/ouneoplasia prévia. Nas crianças, avaliar se os marcos do desenvolvimento são adequados.
Uso dedrogas (prescritas ou ilícitas), privação de sono e doenças sistêmicas também devem
serpesquisados.
Como as crises costumam ser infrequentes e imprevisíveis, pode-se lançar mão do EEG
ambulatorial contínuo (≥ 24h), ou então internar o paciente num quarto especial onde é
feita avideoeletroencefalografia contínua. Este último método é particularmente útil nos
casos dediagnóstico duvidoso e no manejo da epilepsia de difícil controle. No período
intercrítico o EEG também pode dar pistas... Mesmo na ausência de manifestações clínicas
até 40% dos pacientes apresentam atividade epileptiforme basal (ex.: surtos de
descargasneuronais anômalas, geralmente ondas pontiagudas). Se houver história sugestiva
de criseconvulsiva, tal achado se reveste de grande valor preditivo positivo. No entanto, é
importante salientar que isso não é patognomônico de epilepsia (indivíduos normais podem
ter atividadeepileptiforme transitória e assintomática), e em 60% dos epilépticos o EEG de
base éabsolutamente normal. Logo, o EEG interictal não afasta nem confirma o diagnóstico
deepilepsia, apesar de poder corroborar a suspeita diagnóstica em casos selecionados.
Enfim, a decisão de iniciar ou não Drogas Antiepilépticas (DAE) se baseia numa análise
conjuntade todos os fatores que discutimos até aqui. Desse modo, num paciente que
convulsiona devido aum distúrbio metabólico reversível e evitável (ex.: hipoglicemia), não há
razão para se prescreveruma DAE. Por outro lado, no paciente com crises espontâneas ou
lesões no parênquima cerebral,apresentando EEG “ictal” positivo, indubitavelmente uma
DAE deverá ser prescrita
Já as crises psicogênicas são eventos não convulsivos (EEG normal) em que o paciente
tradicionalmente simula uma crisetônico-clônica generalizada. Lembre-se que nesse tipo de
crise (real) o EEG sempre estaráalterado... As crises psicogênicas se associam a distúrbios
psiquiátricos, como o transtornoconversivo. Certos caracteres, como a movimentação rítmica
da cabeça de um lado para o outro,tremores assimétricos de grande amplitude em membros, e
o ato de forçar o fechamento dos olhoscontra resistência são indícios clássicos de pseudocrise
convulsiva, haja vista que não sãoesperados nas crises verdadeiras. Não há manifestações pós-
ictais, como paralisia de Todd oucoma flácido.
Não obstante, às vezes uma crise focal “caprichosa” pode confundir até mesmo um
epileptologistaexperiente... Por exemplo: crises com origem na parte inferior do lobo frontal
podem cursar commanifestações comportamentais e psíquicas bizarras, e podem ser
acompanhadas de sintomasdiscognitivos (perda da consciência). O EEG de escalpo, mesmo na
fase ictal, é normal nessespacientes, pois neste caso a detecção da atividade epileptiforme
necessitaria de eletrodosesfenoidais ou cirurgicamente implantados. A vídeo-EEG contínua,
como já dito, pode auxiliar noesclarecimento diagnóstico de casos duvidosos... Outra medida
que pode ser útil é a dosagem deprolactina sérica nos primeiros 30 minutos do período pós-
ictal. Em geral, as crises convulsivasverdadeiras aumentam a prolactina (> 2x o LSN), mas a
pseudocrise não... Por fim, o fato de identificarmos uma pseudocrise NÃO AFASTA o
diagnóstico de epilepsia! Érelativamente comum, inclusive, que ambas coexistam no mesmo
paciente!!!
Tratamento crônico
As Drogas Antiepilépticas (DAE) agem primariamente bloqueando o início ou a disseminação
da hiperexcitação elétrica dos neurônios. Existem diversos mecanismos para tal, e a maioria
das DAEpossui efeitos pleiotrópicos, isto é, inibe mais de um mecanismo ao mesmo tempo...
Até omomento não existem meios de se evitar o fenômeno da epileptogênese, ou seja, não há
comoimpedir a formação de focos epilépticos após insultos cerebrais como trauma ou
equivalentes!
O objetivo é manter o paciente 100% livre de crises e sem efeitos colaterais. Sempre que
possível,deve-se tentar a monoterapia na menor dose possível. A correta classificação do
tipo de crise éimprescindível (e o EEG pode ajudar nesse sentido), pois algumas drogas são
preferíveis paradeterminadas formas de crise convulsiva, enquanto outras podem
paradoxalmente AGRAVAR odistúrbio!
Quando começar o tratamento com DAE: Quando o paciente apresentar crises idiopáticas
recorrentes ou quando houver uma causa que nãopossa ser prontamente corrigida. O início
de DAE após uma única crise idiopática é controverso...A literatura identifica os seguintes
fatores como preditores de recorrência, devendo-se iniciar umaDAE nesses casos mesmo
após uma única crise idiopática: (1) exame neurológico alterado; (2) a primeira crise foi um
status epilepticus; (3) ocorrência de paralisia de Todd; (4) história familiar deepilepsia; (5)
EEG de base anormal
Uma vez escolhida a droga, esta deve ter sua dose gradualmente aumentada até que o
pacientefique livre de crises ou surjam efeitos colaterais (não existe uma regra rígida para a
titulação dadose: trata-se de “tentativa e erro”, podendo levar meses até que se consiga achar
a dose adequada;a faixa posológica recomendada pelo fabricante é geralmente usada como
referência).
Se mesmo com a máxima dose tolerável as crises continuarem ocorrendo, deve-se associar
umasegunda droga, aumentando sua dose de forma igualmente progressiva. Se as crises
foremcontroladas, deve-se tentar “desmamar” a primeira droga (a menos eficaz).
A maioria dos pacientes apresenta bom controle com monoterapia, porém, aqueles que têm
crisesde múltiplos tipos de um modo geral necessitam de mais de uma DAE (duas ou às vezes
até trêsmedicações diferentes). Deve-se estar atento às possíveis interações farmacológicas
(ex.: reduçãodos níveis séricos de contraceptivos orais), efeitos teratogênicos e via de
metabolização preferencial(renal ou hepática).
Todos esses fatores – aliado ao custo do tratamento e sua facilidade posológica – são
relevantes naescolha da medicação ideal para cada paciente, que portanto deve ser
individualizada! Quaisquer precipitantes de crise (ex.: privação de sono, estresse emocional,
luzes piscantes, certos sons – estesdois últimos causam a rara “epilepsia reflexa”)
evidentemente devem ser evitados.
É preciso salientar que TODAS as DAE podem causar paraefeitos similares de maneira dose-
dependente, como sedação, ataxia e diplopia. Algumas, em longo prazo, também podem
induzirosteoporose (ex.: fenitoína). Logo, é preciso vigilância desses problemas...
Hemograma, hepatograma e função renal são solicitados no início do tratamento, como
parâmetros de base,devendo ser repetidos após alterações de dose. Reações idiossincrásicas
(imprevisíveis e dose-independentes), como aplasia de medula, hepatite e lesões cutâneo-
mucosas, podem ser atribuídasa diversas DAE de uso comum.
No entanto, é importante ter em mente que os testes que medem nível sérico das DAE em
geralmedem a concentração TOTAL da droga (fração ligada a proteínas + fração livre). A
fração biologicamente ativa é somente a “livre”... Assim, pacientes com hipoalbuminemia
(ex.:hepatopatas, síndrome nefrótica) podem ter níveis séricos totais “subterapêuticos” e
ainda assimauferir o efeito pleno da medicação, pois a fração livre estará adequada (quer
dizer, não seriapreciso aumentar a dose da medicação). Para maior segurança, em tais casos,
pode-se solicitartestes especializados capazes de medir exclusivamente a fração livre da droga
no sangue
A epilepsia é dita resolvida se ele ficar 5 anos sem crise, e com uso de medicação 2 anos sem
crise.
Epilepsia refratária: Cerca de 1/3 dos pacientes não responde à DAE inicialmente prescrita. A
conduta nesses casos é associar uma segunda droga, em geral outro representante do grupo
de primeira linha, depreferência com mecanismo de ação diferente. O risco de epilepsia
refratária é maior na presençade lesões estruturais do SNC e no paciente que tem múltiplos
tipos de crise... Os mesmos princípiosde titulação gradual e mensuração do nível sérico
também se aplicam à “polifarmácia” com drogasantiepilépticas. Algumas DAE interagem
entre si, por exemplo: o ácido valproico diminui ametabolização da lamotrigina,
aumentando os níveis séricos desta última. Logo, se ambas foremusadas, recomenda-se
utilizar doses mais baixas de lamotrigina, ajustando pelo nível sérico
Tratamento cirúrgico: Cerca de 20% dos pacientes não respondem à combinação de duas ou
mais DAE. Em muitosdesses casos, a neurocirurgia pode permitir uma redução de doses ou
mesmo a cura da epilepsia! O paciente que mais se beneficia da abordagem cirúrgica é aquele
que possui um foco epileptogênico identificável e passível de ressecção, sendo o exemplo
clássico a esclerose mesial do lobo temporal
Crises focais com origem extratemporal podem ter seu foco mapeado por exames de
neuroimagem funcional (ex.: RM, PET, SPECT), seguido de ressecção restrita do foco, a
chamada lesionectomia. Às vezes o foco das crises não é passível de ressecção (p. ex.: se o
foco estiver no chamado “córtexeloquente”, cuja ressecção resultará em distúrbios da
linguagem)... Nesta situação pode-se recorrerà transecção subpial, um procedimento
microcirúrgico que rompe conexões intracorticais daquelaregião, “isolando” o foco
epileptogênico e impedindo a propagação das crises. Hemisferectomia e ressecções
multilobares podem ser necessárias em portadores de malformações, como a
hemimegalencefalia e as displasias corticais multifocais, respectivamente. A calosotomia
(secçãodas fibras do corpo caloso, o que “desconecta” os hemisférios cerebrais) elimina as
crises tônicas e atônicas na síndrome de Lennox-Gastaut, melhorando a qualidade de vida do
paciente.
Nem todo paciente com epilepsia refratária é candidato à cirurgia... Em pacientes com
múltiplos e extensos focos epilépticos, o risco de danos pós-operatórios pode ser
inaceitavelmente alto! Nestescasos, vêm sendo estudadas técnicas como a estimulação do
nervo vago (VNS) – cujo mecanismoantiepiléptico é desconhecido – e a estimulação cerebral
profunda (DBS). No entanto, há poucosestudos a esse respeito, e tais abordagens ainda
pertencem ao campo da pesquisa científica
Tratamento agudo:
A maioria das crises convulsivas ocorre fora do hospital e tem curta duração. Nestes casos,
quando o paciente chega ao médico, a crise já cessou espontaneamente... Logo, quando
falamos de tratamento agudo de uma crise convulsiva, de um modo geral, estamos nos
referindo ao chamado status epilepticus (estado de mal epiléptico), uma síndrome definida
da seguinte forma: crise convulsiva contínua ou crises repetitivas (“subentrantes”) sem
recuperação da consciência entre os episódios.
Existem dois subtipos principais de Status Epilepticus (SE): “convulsivo generalizado” (SECG)
e “não convulsivo” (SENC). No primeiro caso, o paciente está em coma e apresenta
movimentostônico-clônicos generalizados, acompanhados de atividade epileptiforme difusa
no EEG; no segundo caso, o paciente pode estar em coma ou com a consciência parcialmente
preservada, porém confuso, apresentando atividade motora mínima (focal ou generalizada)
ou ausente, com EEG apresentando atividade epileptiforme correspondente.
No passado havia um critério temporal para definir status epilepticus: crise convulsiva > 15-
30min.Hoje, no entanto, esse critério foi abandonado... Agora, considera-se a priori como SE
toda criseque necessite de tratamento farmacológico imediato! No caso do SECG, em geral se
trata de crisescom duração > 5min.
O SENC também é uma emergência médica! Apesar de não cursar com as mesmas
complicaçõesmetabólicas que o SECG, pelo fato de não haver crises tônico-clônicas, sabe-se
que a atividade convulsiva persistente lesa diretamente os neurônios. Sua abordagem
terapêutica é semelhante a doSECG.
Demencia de Alzheimer
Base genética do Alzheimer: A doença de Alzheimer é, na maioria dos casos, uma condição
“esporádica”, e não um distúrbio dominante ou recessivo mendeliano. Entretanto, em uma
pequena proporção do número total de indivíduos com doença de Alzheimer (< 0,5%), a
doença é transmitida como distúrbio familiar monogênico autossômico dominante
identificado, em geral, mas nem sempre, com início antes dos 65 anos de idade. Mutações em
três genes – o gene da proteína precursora amiloide (APP) no cromossomo 21, o gene da pré-
senilina 1 (PSEN1) no cromossomo 14, e o gene da pré-senilina 2 (PSEN2) no cromossomo 1 –
resultam em formas autossômicas dominantes da doença, que tem o seu início já na terceira
década de vida, com penetrância essencialmente completa (ver Tabela 50.1). Além disso, a
trissomia do 21 ou síndrome de Down resulta, com quase certeza, em patologia da doença de
Alzheimer em torno dos 50 anos de idade e em sintomas da doença naqueles que sobrevivem
por um tempo suficiente. Por fim, ocorre uma mutação no gene APP (o alelo “islandês”,
A673T), que está altamente correlacionada com a proteção contra a doença de Alzheimer.
Existem pelo menos 204 mutações patogênicas diferentes descritas no gene PSEN1,
constituindo a forma mais comum de doença de Alzheimer familiar de início precoce.
Mutações nesses três genes são responsáveis por até metade das formas familiares de doença
de Alzheimer de início precoce e podem ser consideradas deterministas, em virtude da
correspondência quase completa entre o genótipo e o fenótipo. Mutações nesses três genes
parecem levar à produção aumentada de amiloide β (Aβ) ou, especificamente do peptídio
Aβ42 Observa-se maior risco de doença de Alzheimer em parentes de primeiro grau de
indivíduos com a doença. Parte do risco genético está relacionado com o polimorfismo ε4 do
gene APOE no cromossomo 19, que demonstra uma forte associação com o início da doença
de Alzheimer na faixa etária dos 60 a 80 anos.
As placas neuríticas senis são lesões microscópicas esféricas com uma região central de Aβ
extracelular infiltrada e circundada por fibras nervosas anormais (neuritos). Os peptídios Aβ40
e Aβ42 derivam da APP, uma proteína transmembrana presente na maioria dos tecidos. Uma
região da APP reside dentro de um domínio intramembranoso de organelas intracelulares nos
neurônios, e várias atividades enzimáticas proteolíticas, conhecidas como secretases, são
responsáveis pela clivagem da proteína. Quando ocorre clivagem pela α-secretase, forma-se
um derivado peptídico solúvel do amiloide. Entretanto, quando a APP é clivada pela β-
secretase e, subsequentemente, pela γ-secretase, são gerados os peptídios Aβ40 e Aβ42. Esses
monômeros de peptídio Aβ sofrem agregação, formando oligômeros e, por fim, grandes
polímeros, um processo que pode ser demonstrado in vitro e que presumivelmente resulta nas
placas amiloides observadas na histologia. Além do depósito de amiloide no parênquima na
doença de Alzheimer, ocorre, em quase todos os casos, angiopatia amiloide, que consiste no
depósito de amiloide em torno dos vasos meníngeos e cerebrais. Essa condição é de gravidade
e importância variáveis em diferentes pacientes, porém é acompanhada de propensão a
hemorragias, as quais podem ser microscópicas, embora sejam visíveis na ressonância
magnética (RM) gradiente-eco ponderada em T2, ou macroscópicas, com hemorragias lobares
médias ou grandes. Em uma pequena proporção de pacientes, pode ocorrer edema cerebral
localizado ou difuso agudo, atualmente conhecido como edema das anormalidades
imagiológicas associadas ao amiloide ou ARIA-E, de modo espontâneo ou após administração
de terapias antiamiloides investigativas.
Diagnóstico: novos conjuntos de critérios pelo consenso financiado pelo National Institute on
Aging e pela Alzheimer’s Association, e esses critérios NIA-AA possibilitam diagnóstico pré-
clínico, diagnóstico sintomático precoce sem comprometimento funcional (ver Capítulo 49) e
diagnóstico pré-sintomático.
As determinações das proteínas do LCS (ver Capítulo 31) têm o seu uso estabelecido no
diagnóstico da doença de Alzheimer. Tipicamente, na doença de Alzheimer, a concentração de
Aβ42 está diminuída, talvez devido, em parte, ao depósito de amiloide no cérebro. O nível
total de proteína tau tipicamente está elevado, relacionado presumivelmente com a
neurodegeneração e a perda da integridade axônica. A proteína tau fosforilada (fosfotau)
também está elevada e é mais específica da doença de Alzheimer, visto que, neste distúrbio, a
proteína tau está anormalmente fosforilada. As medições combinadas das concentrações
desses três biomarcadores resultam em sensibilidade e especificidade na faixa de 90%.
Convém destacar que as alterações no peptídio Aβ42, na proteína tau e na tau fosforilada
podem preceder os sintomas clínicos e o diagnóstico da doença em até 15 anos. Os analitos no
soro ou no plasma, incluindo Aβ40, Aβ42 e as análises proteômicas e lipidônicas ainda não
provaram ser úteis no diagnóstico da doença de Alzheimer.
Por fim, o avanço mais recente na imaginologia cerebral é capaz de detectar as características
moleculares da doença de Alzheimer: as placas contendo amiloide e os emaranhados
neurofibrilares. O primeiro reagente de imagem molecular para a detecção das placas
neuríticas in vivo foi o “composto B de Pittsburg” (PIB, cuja formulação química é 11C-6-OH-
benzotazol-1), porém existem atualmente três reagentes marcados com 18F aprovados: o
florbetapir, o florbetabem e o flutemetamol, e, com base em estudos clínicos e de necropsia,
foi demonstrado que todos eles apresentam ligação cortical do radioligante na doença de
Alzheimer (ver Figura 50.4B). A ausência de ligação cortical é inconsistente com a doença de
Alzheimer. Entretanto, como seria esperado de uma doença que começa com pequenas
quantidades de depósito assintomático de Aβ42, uma fração substancial de idosos
clinicamente normais (p. ex., cerca de 25% dos indivíduos com mais de 65 anos de idade, com
proporções crescentes em faixas etárias mais avançadas) apresenta alguma ligação,
compatível com a possibilidade de desenvolvimento posterior de doença de Alzheimer. Novos
radioligantes em fase de investigação para a tau agregada, bem como reagentes
radiofarmacêuticos para SPECT e PET a fim de examinar os sistemas dopaminérgicos,
prometem fornecer maior arsenal de biomarcadores avançados de imagem molecular que
poderão auxiliar no diagnóstico e avaliação precoces da doença.
Tratamento: Os tratamentos para doença de Alzheimer são atualmente sintomáticos, visto que
não existe nenhum tratamento modificador da doença comprovado. Os tratamentos
inespecíficos para os sintomas secundários da doença de Alzheimer podem ser úteis. Incluem o
tratamento da sintomatologia depressiva com agentes antidepressivos, incluindo inibidores
seletivos da recaptação de serotonina. De forma semelhante, o tratamento dos sintomas
psicóticos, como delírios e alucinações, bem como a agitação e a irritabilidade, pode consistir
no uso criterioso de medicamentos antipsicóticos. Os efeitos colaterais desses medicamentos
podem ser prejudiciais, incluindo parkinsonismo induzido por fármacos. Em alguns estudos,
mas não em outros, os neurolépticos têm sido associados a pequenos aumentos na taxa de
mortalidade de várias causas. Os ansiolíticos, como os benzodiazepínicos, também podem ser
usados; todavia, são geralmente evitados, devido a seus efeitos adversos sobre a cognição.
Apesar dos riscos potenciais, o tratamento farmacológico dos sintomas comportamentais com
neurolépticos pode ser de grande ajuda para os pacientes e seus cuidadores.
Epidemiologia: A DCL e a DDP são doenças relativamente comuns, que, quando consideradas
juntas, afetam um número estimado de 1,3 milhão de indivíduos nos EUA. A DCL é considerada
como uma causa comum de demência, e estima-se que a sua prevalência na população
mundial seja de 4,2 a 7,5%, com incidência de 3,8% nos indivíduos com diagnóstico recente de
demência. A prevalência estimada da DDP na população geral é de 2 a 3%. Entre pacientes
com diagnóstico de DP, a prevalência de demência é de mais de 30%, com uma incidência ao
longo da vida de até 80% dos indivíduos com DP que alcançam a idade de 90 anos.
Biopatologia:
Corpos de lewy: consistem em corpos de inclusão neuronais intracitoplasmáticos eosinofílicos,
que são encontrados tanto nas regiões subcorticais quanto no tronco encefálico, bem como no
córtex de pacientes com DCL. Os CL do tronco encefálico ocorrem na substância negra e
no locus ceruleus.
Manifestações clínicas:
Demencia com corpos de Lewy: As características clínicas de suporte incluem quedas
repetidas, síncope, perda transitória da consciência, disfunção autônoma grave, depressão,
delírios sistematizados ou alucinações em outras modalidades sensitivas e perceptuais. A
presença de baixa captação da cintigrafia do miocárdio foi incluída como característica de
suporte em critérios recentemente revisados para o diagnóstico de DCL. Embora essas
características possam sustentar o diagnóstico clínico, elas carecem da especificidade
diagnóstica das características centrais e podem ser observadas em outros distúrbios
neurodegenerativos.
Parkinsonismo: Os achados extrapiramidais mais comuns ao exame nas demências com corpos
de Lewy consistem em rigidez e bradicinesia, enquanto outros sinais comuns incluem fala
hipofônica, face em máscara, postura encurvada e marcha arrastada. O tremor de repouso é
menos comum na DCL do que na DDP, particularmente em indivíduos idosos.
Deve-se proceder a uma revisão dos medicamentos, e aqueles com efeitos colaterais
cognitivos potenciais, em particular os agentes anticolinérgicos, devem ser retirados, se
possível. Recomenda-se também uma pesquisa laboratorial para destacar a possibilidade de
outras causas potencialmente reversíveis dos sintomas, incluindo infecção, perturbação
metabólica, deficiência de vitamina B12 ou doença da tireoide. Outras avaliações
complementares podem incluir avaliação neuropsicológica e exames de neuroimagem.
Tratamento: Clinicamente, o tratamento dos pacientes com demências com corpos de Lewy
representa um desafio e limita-se ao controle dos sintomas.
Sintomas motores: Em razão do risco de quedas e das flutuações na vigilância dos pacientes,
os médicos devem incentivar os cuidadores a tomar medidas preventivas para melhorar a
segurança no ambiente domiciliar. A fisioterapia e os aparelhos de assistência para mobilidade
do paciente podem ajudar no controle dos sintomas motores.
Demencia da doença de Parkinson: O tratamento dos sintomas motores assemelha-se
ao da DP com e sem demência. Entretanto, os pacientes com DDP podem ser particularmente
suscetíveis aos efeitos colaterais neuropsiquiátricos dos medicamentos dopaminérgicos, o que
pode limitar a dose ou exigir o uso concomitante de agentes antipsicóticos. Com frequência, os
agentes anticolinérgicos agravam o transtorno cognitivo e devem ser evitados em pacientes
com DDP. Em geral, os pacientes com DDP não são considerados para terapia de estimulação
cerebral profunda (DBS; do inglês, deep brain stimulation), devido aos resultados precários.
Demencia com corpos de Lewy: A terapia dopaminérgica é menos efetiva no
tratamento dos sintomas motores na DCL do que na DDP. Há evidências de um estudo aberto
que sustentam o uso da carbidopa/levodopa na DCL, porém com um risco de agravamento dos
sintomas psicóticos. A carbidopa/levodopa pode ser mais efetiva do que os agonistas da
dopamina na DCL e pode causar menos efeitos colaterais. Uma dose inicial sugerida consiste
em um comprimido de carbidopa/levodopa, 25/100 mg/dia, com aumento da dose, no
decorrer de várias semanas, para um comprimido 3 vezes/dia, de acordo com a tolerabilidade
do paciente e a resposta clínica.
Psicose:
Demencia da doença de Parkinson: As alucinações visuais e os delírios podem ser
tratados com agentes antipsicóticos atípicos. É preciso ter cautela com esses agentes, em
virtude do risco de efeitos colaterais motores. Em uma proporção substancial de pacientes
com DDP, são observados efeitos colaterais graves, embora não sejam tão frequentes quanto
os que ocorrem na DCL. Os medicamentos devem ser iniciados nas menores doses possíveis,
que são então aumentadas de modo gradual. Entre os agentes antipsicóticos atípicos, a
clozapina é de uso mais bem estabelecido [Nível 1]3 com risco extremamente baixo de
exacerbação do parkinsonismo; entretanto, possui um risco de agranulocitose fatal e exige
monitoramento rigoroso da contagem de leucócitos. A quetiapina, que também é efetiva,
apresenta um perfil de efeitos colaterais mais favorável; entretanto, os pacientes e cuidadores
precisam ser orientados sobre a sua associação a um risco aumentado de morbidade e
mortalidade cardíacas e AVE em pacientes idosos com demência.
Demencia com corpos de Lewy: Como os pacientes com DCL podem ser muito
sensíveis aos agentes neurolépticos, deve-se evitar o uso de antipsicóticos convencionais mais
antigos. Estima-se que quase 60% dos pacientes com DCL podem exibir sinais extrapiramidais
exagerados, sedação, imobilidade ou síndrome neuroléptica maligna (SNM) com febre, rigidez
generalizada e deterioração muscular após exposição a neurolépticos. Pode-se considerar a
observação passiva de alucinações visuais e delírios se esses sintomas não estiverem causando
interferência significativa. Se um paciente apresentar psicose grave incapacitante, deve-se
considerar inicialmente uma prova terapêutica com um inibidor da colinesterase ou redução
da dose dos medicamentos dopaminérgicos.
Sintomas autonômicos: O uso de fludrocortisona (na dose inicial de 0,1 mg/dia VO), de
midodrina (10 mg VO, 3 vezes/dia) ou uma associação desses dois fármacos podem melhorar
os sintomas de hipotensão ortostática. O tratamento não farmacológico pode consistir no uso
de meias de compressão e comprimidos de sal. Pode-se considerar o uso de amolecedores do
bolo fecal para a constipação intestinal, e podem-se utilizar fraldas geriátricas para a
incontinência urinária.
Prognostico: Não existe nenhuma cura nem terapia modificadora da doença para a DCL. Os
sintomas psicóticos, particularmente as alucinações visuais, persistem com o passar do tempo.
O parkinsonismo também se agrava com o decorrer do tempo, sobretudo em pacientes nos
quais ele constitui um sintoma precoce. Embora alguns estudos tenham relatado que as taxas
de declínio cognitivo são semelhantes na DA e na DCL, outros observaram uma disparidade.
Demencias vasculares
Em termos gerais, como regra prática, o diagnóstico de demência vascular requer os seguintes
elementos: (1) AVE confirmados clínica (sinais/sintomas) e radiologicamente (ver Figuras
53.1 a 53.3); (2) demência; e (3) uma relação temporal inequívoca entre os AVE e a demência.
Epidemiologia: Cerca de 15 a 20% dos pacientes com AVE isquêmico agudo depois da idade de
60 anos têm demência por ocasião do AVE e, a cada ano, 5% deles desenvolvem demência
depois disso. Clinicamente, durante muito tempo, acreditou-se que a demência vascular fosse
a segunda (depois da doença de Alzheimer) ou até mesmo a terceira (depois da doença de
Alzheimer e da demência com corpúsculos de Lewy) causa mais frequente de demência.
Quando se consideram os resultados de estudos patológicos e das correlações
clinicopatológicas relacionadas, a questão é muito mais complexa.
Embora a maioria dos pacientes idosos (70 a 80%) demenciados apresente anormalidades
patológicas típicas da doença de Alzheimer, cerca da metade deles também tem infartos
cerebrovasculares coexistentes, enquanto apenas em torno de 30% têm apenas alterações
patológicas da doença de Alzheimer “pura”. Por essa razão, a maioria dos pacientes
demenciados tem alterações patológicas mistas de demência vascular e doença de Alzheimer.
A favor do argumento da contribuição mais expressiva da demência vascular, há o fato de que
a maioria dos estudos anatomopatológicos leva em consideração apenas os infartos maiores,
embora os microinfartos (quando há tempo e recursos para sua identificação) sejam
extremamente comuns e difusos por todo o cérebro. Por fim, algumas das anormalidades da
substância branca demonstradas pela ressonância magnética do cérebro são comumente
indetectáveis nos exames neuropatológicos convencionais realizados à necropsia, sugerindo
que a neuropatologia seja pouco sensível para detectar lesões cerebrovasculares
Biopatologia: Em termos gerais, os próprios AVE e outras condições que predispõem à doença
cerebrovascular são considerados fatores de risco para demência vascular. Existem muitas
condições predisponentes aos infartos cerebrais e estas devem ser incluídas na investigação
diagnóstica do paciente. Em geral, os pacientes com demência vascular são idosos e podem ter
doença cardiovascular, inclusive ataques cardíacos, hipertensão e dislipidemia, que finalmente
causam lesões de vários órgãos. Além da predisposição genética a AVE, as causas genéticas
raras de demência vascular incluem arteriopatia cerebral autossômica dominante com infartos
subcorticais e leucoencefalopatia (do inglês, CADASIL) e encefalomiopatia mitocondrial com
acidose láctica e episódios semelhantes aos AVE (do inglês, MELAS).
Alguns pacientes podem ter uma versão mais “cortical” com deterioração progressiva mais
nítida – inclusive sinais e sintomas motores ou sensoriais focais, afasia, negligência, abulia,
apraxia, agnosia, amnésia e outros – resultante dos AVE repetidos bem-definidos. Entretanto,
a demência vascular frequentemente se evidencia por uma síndrome mais “subcortical”, que
se caracteriza por apatia, inércia, bradifrenia, déficits de atenção e concentração, disfunção
executiva (dificuldades de organizar, planejar e executar estratégias), marcha geralmente
anormal (marcha aparentemente apráxica ou magnética, ou parkinsonismo da parte inferior
do corpo), urgência ou incontinência urinária, depressão e também descontrole emocional
(“afeto pseudobulbar”), inclusive choro ou riso inapropriado.
Epidemiologia: A HPN é uma condição rara em comparação com outras causas de demência
em adultos mais velhos, como a doença de Alzheimer (DA). A incidência de HPN tem variado
em diferentes estudos de 2 a 20 por milhão por ano [3-6]. Essas discrepâncias provavelmente
refletem definições inconsistentes de HPN, bem como diferenças entre as populações
amostradas. A HPN secundária (aqueles casos associados a uma etiologia identificada) pode
ocorrer em todas as faixas etárias. Em comparação, a HPN idiopática aumenta em prevalência
com a idade e é mais comum em adultos com mais de 60 anos [7,8]. Em um estudo de base
populacional, a prevalência aumentou de 0,2% em pessoas de 70 a 79 anos de idade para 6%
naquelas com mais de 80 anos [9]. É igualmente comum em ambos os sexos
●Desaceleração psicomotora
●Diminuição da atenção e concentração
●Função executiva prejudicada
●Apatia
A urgência urinária em vez da incontinência pode estar presente nos estágios iniciais. Além
disso, o distúrbio da marcha da HPN atrasa a chegada do paciente ao banheiro a tempo. Em
estágios mais avançados, a incontinência urinária é acompanhada de falta de preocupação,
refletindo sua provável origem no comprometimento do lobo frontal.
Negativos notáveis — Por definição, os pacientes com HPN têm uma pressão de abertura
normal na cisterna lombar. A apresentação clínica é, portanto, notável pela ausência de sinais
e sintomas relacionados ao aumento difuso da pressão intracraniana (PIC), tais como:
●Cefaléias
●Náuseas e vômitos
●Perda visual
●Papiledema
Avaliação diagnóstica:
Avaliação cognitiva — A avaliação de um paciente com demência primeiro estabelece a
presença de comprometimento cognitivo e fornece uma medida de sua gravidade. Condições
tratáveis são excluídas. Em geral, essa avaliação inclui uma breve avaliação cognitiva e
avaliações laboratoriais (nível de vitamina B12 e testes de função tireoidiana).
Da mesma forma, causas neurológicas e não neurológicas de incontinência urinária devem ser
consideradas e avaliadas. As causas comuns variam de acordo com o tipo de incontinência:
Punção lombar de alto volume — O exame mais simples pode ser feito como procedimento
de consultório. Por punção lombar, 30 a 50 mL de líquor são removidos com documentação da
função da marcha do paciente antes e dentro de 30 a 60 minutos após o procedimento. Os
parâmetros comuns medidos antes e após a remoção do LCR incluem medidas de velocidade
da marcha, comprimento da passada e número de passos necessários para girar 180 ou 360
graus. Achamos útil fazer um vídeo da marcha antes e depois da torneira. Além de registrar
essas medidas no consultório, é útil obter feedback do paciente e da família sobre qualquer
melhora subjetiva nos próximos dias. A melhora documentada em uma ou mais dessas
medidas após o procedimento sugere que o paciente terá melhor evolução após a colocação
de um shunt ventrículo-peritoneal (PV).
Um método alternativo envolve a drenagem contínua do LCR a uma taxa de 5 a 10 mL/hora
através de um cateter temporário no espaço do LCR lombar.