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O que são cilindros hemáticos? células epiteliais das alças de Henle secretam uma glicoproteína
que se deposita nos túbulos contorcidos distais e coletores formando uma superfície ‘’pegajosa’’,
eventuais células (hemácias, leucócitos, epiteliais) que passarem acabam se aderindo e formando
cilindros, que eventualmente descamam e são vistos na urina. Na GNDA apenas os cilindros
hemáticos são específicos.
Laboratorial na GNDA:
● hematúria dismórfica
● piúria
● cilindros celulares (piocitários e/ou hemáticos)
● proteinúria 150mg a 3.5g/24h
● aumenta da ureia e creatinina
Secundárias:
- infecciosas (pós-estreptocócica; endocardite; abscessos; hepatite B e C; malária)
- sistêmica (LES, crioglobulinemia)
obs.: GNPE é a única forma ‘’pura’’ de GNDA (desenvolve apenas a clínica da síndrome nefrítica,
sem nenhum outro sinal/sintoma mais específico)
Como acontece: infecções por cepas específicas (nefritogênicas) podem originar inflamação
glomerular por deposição de imunocomplexos que ativam a cascata do complemento.
obs.: os níveis de ASLO (antiestreptolisina O) geralmente se elevam 2-5 sem após a infecção,
entretanto, se a infecção for cutânea ou houver uso precoce de ATB, a ASLO pode ser negativa,
sendo nesses casos a anti-DNAse B o melhor marcador
4. há queda do complemento?
↓ C3 e CH50 (via alternativa)
C4 e C1q normais (via clássica)
obs.: principal exame para diagnóstico diferencial é o complemento sérico, já que a Doença de
Berger não cursa com consumo de complemento, e de outras causas onde também há ativação
do complemento, mas a via clássica também é ativada
obs.: o uso de ATB não melhora o curso clínico da GNPE (não reduz o tempo nem a gravidade),
porém deve ser indicado para todos os pacientes com intuito de eliminar as cepas nefritogênicas,
interrompendo a transmissão - não há necessidade de ATB profilático (periódico)
Complicações:
➢ crianças com cefaleia intensa e confusão mental em vigência de HAS, tem como ddg
provável encefalopatia hipertensiva
● tipo III (45%) - pauci-imune (quase sem depósito imune) ⇒ Poliarterite nodosa (p-ANCA
positivo)
incidência: homens jovens e mulheres idosas (têm relação causal com tabagismo)
obs.: deve ser lembrada como a forma ‘’mais pura’’ de síndrome pulmão-rim e condição
que mais representa a GNRP
obs.: idosos tendem a ter glomerulonefrite isolada; sintomas sistêmicos são incomuns
diagnóstico:
- detecção de Ac anti-MB sérico (indicada se biópsia contraindicada)
- detecção de Ac anti-MB pela biópsia renal (mais confiável)
achados na biópsia:
- padrão linear na imunofluorescência (ocorre sempre que houver lesão imune a MB)
- crescentes difusas
tratamento:
- plasmaférese diária, até negativação do anti-MB sérico
- prednisona (pulsoterapia)
- imunossupressores (ciclosporina ou azatioprina)
Síndrome nefrótica
definição é laboratorial, diagnóstico é firmado mesmo que pct assintomático
proteinúria > 3-3.5 g/dia em adultos ou > 50 mg/kg/dia (> 40 mg/m2/h) em crianças
achados esperados:
● hipoalbuminemia
● edema periorbital matutino
● hipovolemia (pela saída de líquido para o terceiro espaço)
● hiperlipidemia e lipidúria (devido ao estímulo a produção hepática de lipoproteínas;
pode haver o achado de corpos lipoides urinários)
● estado pró-trombótico (perda de antitrombina III)
● imunodeficiência (perda de IgG)
● anemia ferropriva (perda de transferrina)
● hiperparatireoidismo (perda de proteína fixadora de colecalciferol)
obs.: uma doença qualquer lesa os glomérulos causando a síndrome nefrótica, que por sua
vez, origina sinais/sintomas (complicações) que se ‘’misturam’’ com a doença de base, o
que dificulta sua identificação
principais complicações:
diagnóstico:
- EAS é positivo para proteinúria a partir de 300-500 mg/dia (menor correlação confiável)
- proteína de 24h (menor correlação confiável)
- amostra matinal (‘’spot urinário’’) - estabelece relação P/C (quando > 3 tem sensibilidade
90%)
obs.: em crianças é considerada nefrótica quando > 2
*** uma relação proteinúria/creatininúria de 3, corresponde à excreção de 3g de proteína
principais etiologias:
● idiopática (crianças)
● linfoma de Hodgkin (adultos)
● drogas (AINE, ampicilina, rifampicina, alfainterferona)
diagnóstico: confirmação é por biópsia renal, contudo, como 80-90% dos casos em crianças é por
DLM, o recomendado é adiar a biópsia e primeiro tratar
obs.: ocorrência de síndrome nefrótica é sempre indicativo de biópsia renal, exceto em crianças,
que só serão biopsiadas se quadro atípico (hematúria macroscópica, HAS, hipocomplementemia,
idade incomum, insuficiência renal) ou se presença de DM
obs.: aqueles que mantém proteinúria (> 2+) são considerados resistentes ao corticóide e devem
ser biopsiados
obs.: principal complicação da síndrome nefrótica são as infecções, sobretudo por pneumococo
>>> linfoma de Hodgkin - forte associação com DLM, de forma que a síndrome nefrótica pode
ser o primeiro sinal de um linfoma oculto
>>> uso de AINE causam síndrome que combina DLM e nefrite tubulointersticial aguda, causando
IRA oligúrica e proteinúria nefrótica
dose: 60 mg/m2/dia (máx 80 mg/dia) por 4-6 sem, reduzido posteriormente até descontinuação
dentro de 2 meses - confirmação PPD negativo e adm vacina anti-pneumocócica
crianças com edema sintomático grave (DP, ascite, edema genital) devem ser hospitalizadas,
sendo indicado o uso de diuréticos (atentar para risco de hipovolemia)
na presença de anasarca + depleção volêmica é indicado adm albumina (0.5-1 g/kg) junto ao
diurético
obs.: mesmo não recebendo nenhum tipo de tto o esperado é que a proteinúria e o edema
desapareçam espontaneamente em poucas semanas, sem nenhuma sequela - há períodos de
remissão e atividade
Glomeruloesclerose focal e segmentar (GEFS)
focal = dentro do rim, < 50% dos glomérulos acometidos
segmentar = dentro do glomérulo, acomete apenas algumas alças
mecanismos de lesão:
clínica: idiopática tende a ser mais súbita, tendo nos casos leves o mesmo padrão histológico da
DLM, contudo raramente há remissão espontânea
diagnóstico: biópsia renal - classicamente há esclerose (‘’cicatriz’’) em < 50% dos glomérulos e
apenas em alguns segmentos desses glomérulos afetados
variantes:
- hipercelularidade endocapilar (proteinúria elevada)
- colapsante (rápido declínio da função renal - principalmente em pcts HIV)
- lesão glomerular ‘’tip’’ (melhor prognóstico)
tratamento: responde aos corticóides, mas com menor eficácia; nos casos de resistência ou
recaída é indicado ciclosporina ou micofenolato mofetil
obs.: há indicação de IECA para reduzir a proteinúria e, com isso, retardar a progressão da
doença e de estatinas para controle lipêmico (indicados em todas as glomerulopatias crônicas)
Nefropatia/glomerulonefrite membranosa
segunda causa mais comum de síndrome nefrótica primária em adultos
incidência: homens, 30-50 anos
obs.: forma mais comum em brancos e idosos
associa-se com:
● neoplasias sólidas
● hepatite B
● captopril (tem como efeito adverso raro a proteinúria - não encontrado em outros IECAs)
● sais de ouro
● D-penicilamina
● LES (lesão lúpica tipo V)
obs.: todo pct com SN por nefropatia membranosa deve ser triado para excluir causas
secundárias, com os seguintes exames:
● FAN, complemento sérico, anti-DNA, HBsAg, anti-HCV, VDRL, RX tórax, US
abdome, sangue oculto nas fezes
● se > 50 anos solicitar também mamografia, colonoscopia
● se área endêmica solicitar pesquisa de esquistossomose, malária, febre amarela….
3 possibilidades de evolução:
- remissão espontânea completa após 3-4 anos do ddg
- remissão espontânea parcial, relapsante, sem evoluir para insuf.renal
- perda progressiva da função renal evoluindo para DRC
tratamento: pela evolução variável nem todo pct precisa de tto medicamentoso, contudo, é
indicado para aqueles com maior risco de evolução para DRC (idade avançada, homens,
HAS, persistência da proteinúria) ou com complicações
Glomerulonefrite membranoproliferativa
sinônimos: glomerulonefrite lobar / mesangiocapilar
incidência: crianças e adultos jovens
classificação:
● tipo I - associada ao HCV, LES, crioglobulinemia
● tipo II (depósito denso) - idiopática
● tipo III - idiopática ou por deficiência do receptor do complemento
clínica: podem se manifestar como síndrome nefrítica clássica (mas com proteinúria mais
intensa), em 50% dos casos há história recente de infecção respiratória alta (especialmente
estreptocócica) e com queda do complemento
RESUMÃO
DLM ⇒ doença de Hodgkin e AINEs
GN membranosa ⇒ neoplasias sólidas, captopril, sais de ouro, D-penicilina, HBV
GN mesangiocapilar ⇒ HCV
Proteinúria = excreção > 150 mg/dia (microalbuminúria, excreção de albumina > 30 mg/dia)
causas: glomerular, tubular, hiperprodução, intermitente (exercício, febre, gravidez, ICC,
ortostase prolongada)
Exame simples de urina (EAS, urinálise, EQU, exame parcial de urina, urina tipo I)
é feita a fita reagente (dipstick) que detecta a albumina
- falso positivo: ph >7, urina concentrada ou contaminação
- falso negativo; urina diluída, aumento de outra proteína que não a albumina
resultados: negativo (traços - 15-30 mg/dl), 1+ (30-100 mg/dl), 2+ (100-300 mg/dl), 3+ (300-
1.000 mg/dl) e 4+ ( > 1g/dl)
EAS avermelhado → análise com centrifugação - se a cor vermelha ficar no sedimento é hematúria,
se o avermelhado ficar no sobrenadante pode ser hemoglobinúria, mioglobinúria ou corante alimentar
→ faz-se heme-dipstick - se positivo descarta corantes → deve-se avaliar o plasma sérico - se for
avermelhado é hemoglobinúria, se normal é mioglobinúria
fisiopatologia: distúrbio imune mediado por IgA causando lesão mesangial, há também
proliferação celular (na idiopática)
obs.: por afetar apenas os rins, alguns consideram como uma forma monossintomática de
uma vasculite sistêmica, a púrpura de Henoch-Schonlein, também mediada por IgA
clínica:
● hematúria macroscópica recorrente/recidivante (‘’hematúria - nada - hematúria - nada’’)
● hematúria dismórfica persistente isolada (achado ocasional em exame de rotina)
● síndrome nefrítica (< 10% dos casos) - faz ddg diferencial com GNPE
achados / diagnóstico:
- IgA sérica aumentada (20-50%)
- depósitos de IgA na pele (50%)
- sem consumo de complemento - é o que diferencia da GNPE
- hematúria dismórfica
- proteinúria discreta
obs.: diagnóstico confirmatório apenas por biópsia renal - mas como o curso é benigno não
é indicada em todos os casos
>> indicação de biópsia: quadro atípico, proteinúria > 1 g/d, HAS, insuf. renal
indica-se IECA para aqueles com proteinúria > 500 mg/d; naqueles sem resposta pode ser
associado antagonistas mineralocorticóides ou inibidores de SGLT2
obs.: pode ser indicado ‘’óleo de peixe’’ como alternativa aos corticóides, apesar de os
estudos serem conflitantes
evolução:
● > 90% permanece assintomática de hematúria microscópica e proteinúria
subnefrótica, intercalado ou não com hematúria macroscópica - cerca de metade
evolui lentamente para doença terminal
● < 5% evolui para doença terminal em < 4 anos (há crescimento de crescentes - GNRP)
clínica:
● hematúria microscópica persistente
● episódios ocasionais de hematúria macroscópica
● progressão para IRC
● manifestações extra renais (surdez neurossensorial bilateral, alterações oculares)
● complemento sérico normal
obs.: tende a ser assintomática na infância, mas com o tempo evoluem com proteinúria,
HAS e insuf.renal progressiva
Síndrome unha-patela
padrão autossômico dominante
incidência: maior no sexo feminino
clínica:
- proteinúria e/ou hematúria isolada
- ‘’chifres’’ ilíacos na pelve
- displasia na porção dorsal da patela, cotovelos e unhas
- + surdez neurossensorial
- + glaucoma
achados: biópsia renal com aumento no colágeno III nos capilares glomerulares e mesângio
obs.: possuem boa resposta ao transplante renal
Trombose glomerular /
microangiopatia trombótica
Síndrome hemolítico-urêmica (SHU)
definição: formação de trombos nos vasos glomerulares
etiologia:
- 80% dos casos são precedidos por gastroenterite/disenteria por E.coli ou Shigella,
ou infecções respiratórias
- outros: uso de ACO, mitomicina ou ciclosporina, LES, hipertensão maligna, pré-
eclâmpsia, insuf.renal pós-parto, nefrite actínica
patogenia: lesão endotelial glomerular por efeito direto das toxinas do enteropatógeno,
principal é o E.coli O157:H7 que produz a verotoxina (‘’toxina de Shiga’’) - dessa forma, os
trombos ‘’entopem’’ os glomérulos reduzindo a TFG e faz anemia porque as hemácias se
danificam ao passar pelos glomérulos ‘’entupidos’’, já as plaquetas são consumidas para a
formação dos trombos
tríade clássica:
● anemia hemolítica microangiopática (esquizócitos no esfregaço periférico)
● trombocitopenia
● IRA oligúrica