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2 Sintomas intradialíticos
Esta sessão trata dos seguintes tópicos:
Hipotensão intradialítica.
Síndrome de desequilíbrio.
Perturbações hidro-electróliticas.
Reacções de hipersensibilidade.
13.4 Hipotensão
A hipotensão pode ser atribuída a um acentuado aumento do peso interdialítico e às elevadas velocidades de
ultrafiltração daí resultantes, que são necessárias para a remoção desse excesso de líquido. Para alguns doentes, até
a remoção de pequenos volumes de líquido é susceptível de causar hipotensão. Isso pode dever-se a uma avaliação
incorrecta do peso seco. Outros factores possivelmente envolvidos incluem a anemia, a diminuição do cálcio
ionizado ou potássio no soro, uma função cardíaca anormal, anomalias da “compliance” venosa e do tónus venoso,
o aumento da temperatura do corpo, a neuropatia autonómica, terapêuticas antihipertensivas e síntese e/ou
libertação anormal de substâncias vasoactivas (Hegbrant 1995).
13.6 Diálise
Os objectivos da diálise consistem em substituir as funções excretoras do rim:
Remover o excesso de líquido.
Corrigir desequilíbrios electrolíticos.
Corrigir desequilíbrios ácido-base.
Remover produtos residuais.
Podem ocorrer sintomas como resultado directo da necessidade de remover solutos e líquido simultaneamente
durante a diálise. Os sintomas também surgem em consequência de alterações rápidas do equilíbrio electrolítico ou
ácido-base.
13.11 Equilíbrio
Para compreendermos como as complicações se desenvolvem durante a diálise temos de considerar os diferentes
compartimentos do corpo: nesta figura e em algumas das figuras seguintes, a área verde representa o líquido de
diálise. As áreas vermelha e amarela designam compartimentos diferentes, conforme estejamos a pensar na
remoção de líquido ou de solutos.
Para a remoção de líquido, a área vermelha representa o compartimento intravascular e a amarela o compartimento
intersticial. Assim, as membranas apresentadas são a membrana de diálise e a parede vascular.
Para a remoção de solutos, a área vermelha representa os compartimentos intersticial e intravascular combinados,
isto é, o espaço extracelular, e a amarela o compartimento intracelular. Assim, as membranas apresentadas são a
membrana de diálise e a membrana celular.
As duas figuras mostram uma situação de equilíbrio, a situação em que os compartimentos do corpo estariam no
início da diálise.
Interacção:
Atendendo a que o bem-estar psicológico e a boa nutrição são muito importantes, o que é que podemos fazer para
aliviar a fome/melhorar a nutrição destes doentes, enquanto estiverem na clínica?
13.23 Osmose
Antes de pensar no que acontece quando a remoção de solutos causa sintomas, devemos considerar o princípio de
transporte da osmose. Embora na HD a osmose não seja um princípio de transporte, tem um papel importante na
distribuição da água corporal total durante a diálise. Todos os solutos intervêm na osmose. À medida que os níveis
de solutos se alternam entre os diferentes compartimentos, estabelecem-se gradientes osmóticos. Quando os níveis
de solutos variam, ocorre o movimento do líquido por osmose, com a passagem do líquido de um compartimento
para o outro para tentar manter um estado de equilíbrio.
(*Nota: os beta-bloqueantes não estão contra-indicados na diabetes; contudo, podem dar origem a uma pequena
deterioração da tolerância à glucose e interferir com as respostas metabólicas e autonómicas à hipoglicémia).
13.45 Arritmias
A diálise é a principal via de eliminação do potássio. Para ser adequada, a remoção de potássio durante a diálise
deve ser equivalente à sua acumulação interdialítica. Como esta é geralmente difícil de quantificar, a remoção de
potássio é habitualmente considerada satisfatória se se evitar a hipercaliémia pré-diálise. A maioria dos doentes
tem o potássio pré e pós-diálise entre 6 e 3 mmol/l quando se utilizam 2 mmol/l (Locatelli, 2004) de potássio no
dialisante.
+
13.46 Nível de K no dialisante
A maioria dos doentes dialisados com uma quantidade de potássio padrão de 1-2 mmol/l no dialisante tolera bem o
tratamento e não sofre complicações de hipocaliémia ou hipercaliémia. Todavia, alguns indivíduos com doença
cardíaca subjacente são propensos a arritmias à medida que a hipocaliémia se desenvolve durante a diálise. O risco
de arritmias também aumenta nas fases iniciais da sessão de diálise quando o potássio no plasma ainda pode estar
normal mas em declínio rápido (Palmer, 2001).
+
13.47 K no dialisante
Se se evitar a hipocaliémia intradialítica, as arritmias cardíacas graves ficam quase exclusivamente limitadas aos
doentes com cardiopatia clinicamente evidente. Em geral, a incidência de arritmias é maior no início da diálise,
quando os fluxos são maiores, e não nas fases posteriores. Está demonstrado que a redução súbita da concentração
de potássio durante a parte inicial da diálise altera desfavoravelmente o ECG (Palmer, 2001). Isto sugere que a
velocidade de alteração do potássio é mais importante do que o nível absoluto de potássio. Quando os doentes têm
arritmias, o gradiente entre o potássio no dialisante e o potássio no plasma deve ser diminuído, devendo sempre
evitar-se um nível de potássio de 0 no líquido de diálise.
++
13.48 Cálcio (Ca )
Os iões de cálcio têm um papel importante no processo contráctil das células vasculares e cardíacas. Nos
indivíduos saudáveis, a concentração de cálcio no soro pode afectar a pressão arterial através de dois mecanismos:
Alteração da resistência vascular sistémica.
Alteração do débito cardíaco mediada por uma alteração da contratilidade cardíaca.
Estudos realizados em doentes dialisados indicam a existência de uma relação directa entre a concentração de
cálcio no dialisante e a pressão arterial.
++
13.49 Ca no dialisante
Os doentes com um cálcio sérico pré-diálise normal têm um equilíbrio de cálcio positivo ou negativo no fim do
tratamento dependendo da concentração de cálcio no líquido de diálise. Para os doentes com um elevado cálcio
sérico ou que estão a tomar substâncias captadoras do fostato que contêm cálcio utiliza-se frequentemente uma
baixa quantidade de cálcio de 1,25 mmol/l porque daí resulta um equilíbrio negativo. Se o doente apresentar um
cálcio sérico baixo, uma quantidade elevada de 1,75 mmol/l de cálcio no dialisante produz um equilíbrio positivo.
13.56 Hipóxia
Uma causa possível das reacções de tipo hipersensibilidade é a hipóxia. A hipóxia é definida como uma
diminuição da quantidade de oxigénio presente no sangue. Pode causar aos doentes numerosos sintomas desde
ligeiros a muito graves. A verdadeira causa ainda não foi determinada, mas pensa-se que é de natureza multi-
factorial. Leggate (2000) sugeriu que todos os doentes que se submetem a hemodiálise de rotina desenvolvem um
certo grau de hipóxia e afirmou que os doentes cardiovasculares estão especialmente em risco. A hipóxia é mais
13.59 Resumo
Em resumo: um enfermeiro deve saber o que pode causar sintomas intradialíticos e observar os doentes
regularmente durante a diálise quanto a sinais e sintomas. É importante prestar atenção aos primeiros sinais
visto que é muito mais fácil tratar os sintomas ligeiros do que os graves. Conhecer o doente torna o tratamento
dos sintomas muito mais eficaz.