A ação primária do ADH sobre os rins é aumentar a permeabilidade do
ducto coletor à água. Além disso e de modo importante, o ADH aumenta a permeabilidade da porção medular do ducto coletor à ureia. Por fim, o ADH estimula a reabsorção de NaCl pelo ramo ascendente espesso da alça de Henle, pelo túbulo distal e ducto coletor. As ações do ADH sobre a permeabilidade do ducto coletor à água têm sido extensivamente estudadas. O ADH se liga ao receptor na membrana basolateral da célula. Esse receptor é chamado receptor V2 (i. e., receptor de vasopressina tipo 2). A ligação a este receptor, acoplado à adenil ciclase via uma proteína G estimulatória (Gs), aumenta os níveis intracelulares de AMPc. O aumento intracelular de AMPc ativa a proteinocinase A (PKA), que, consequentemente, resulta na inserção de vesículas contendo canais de água aquaporina 2 (AQP2), na membrana apical da célula, assim como na síntese de mais AQP2. Com a remoção do ADH, esses canais de água são reinternalizados na célula, e a membrana apical é, uma vez mais, impermeável à água. Esse vai- e-vem dos canais de água, dentro e fora da membrana apical, é mecanismo rápido para o controle da permeabilidade da membrana à água. Como a membrana basolateral é livremente permeável à água, como resultado da presença de canais de água AQP3 e AQP4, qualquer água que entre na célula, através dos canais de água na membrana apical, que atravessem a membrana basolateral, resultam na absorção efetiva de água pelo lúmen tubular. A liberação inadequada de ADH da hipófise posterior resulta na excreção de grandes volumes de urina diluída (poliúria). Para compensar esta perda de água, o indivíduo deve ingerir grandes volumes de água (polidipsia) para manter constante a osmolalidade do fluido corporal. Se o indivíduo é privado de água, os fluidos corporais se tornarão hiperosmóticos. Esta condição é chamada de diabetes central insipidus ou diabetes hipofisário insipidus. O diabetes insipidus central pode ser herdado, embora ele seja raro. Ocorre mais comumente após trauma na cabeça e em neoplasmas ou infecções no cérebro. Indivíduos com o diabetes central insipidus têm o problema de concentrar a urina que pode ser corrigido pela administração de ADH exógeno. A forma herdada (autossômica dominante) foi mostrada como representante de múltiplas mutações no gene do ADH. Em pacientes com esta forma de diabetes central insipidus, mutações foram identificadas em todas as regiões do gene do ADH (i. e., ADH, copeptina e neurofisina). A mutação mais comum é encontrada na porção da neurofisina do gene. Em cada uma destas situações há um defeito no transporte de peptídeos, com acúmulo anormal no retículo endoplasmático. Acredita-se que este acúmulo anormal no retículo endoplasmático resulte na morte das células secretoras de ADH dos núcleos supraóptico e paraventricular. A síndrome de secreção inapropriada do ADH (SIADH) é problema clínico comum, caracterizado pelos níveis plasmáticos de ADH que ficam elevados acima do que seria esperado, com base na osmolalidade dos fluidos corporais e do volume e da pressão sanguínea — assim o termo secreção inapropriada de ADH. Indivíduos com SIADH retêm água e seus fluidos corporais ficam, progressivamente, hipo-osmóticos. Além disso, sua urina é mais hiperosmótica que o esperado, baseado na baixa osmolalidade dos fluidos corporais. A SIADH pode ser causada por infecções e neoplasmas no cérebro, por fármacos (p. ex., fármacos antitumores), doenças pulmonares e carcinoma do pulmão. Muitas dessas condições estimulam a secreção de ADH, alterando as aferências neurais para as células secretoras do ADH. Entretanto, carcinoma de células pequenas ou pulmão produz e secreta diversos peptídeos, incluindo o ADH.
DIABETES INSÍPIDUS
O diabete insípido (DI) é uma síndrome caracterizada pela incapacidade
de concentração do filtrado urinário, com consequente desenvolvimento de urina hipotônica e aumento de volume urinário. Pode ocorrer por deficiência do hormônio antidiurético (ADH) ou por resistência à sua ação nos túbulos renais. Quando há deficiência na síntese do ADH, o DI é chamado central, neuro-hipofisário ou neurogênico; quando há resistência à sua ação nos túbulos renais, é dito renal ou nefrogênico. O diagnóstico diferencial de DI inclui polidipsia primária (polidipsia psicogênica) e causas de diurese osmótica. Na polidipsia primária, o distúrbio inicial é o aumento da ingestão de água, manifestando-se principalmente em pacientes com transtornos psiquiátricos e mais raramente em pacientes com lesões hipotalâmicas que afetam o centro de controle da sede. O diagnóstico de diurese osmótica ocorre por aumento da filtração de um soluto osmoticamente ativo e consequente aumento do volume urinário. A mais comum dentre as causas de diurese osmótica é o diabete melito, com o aumento da diurese devido à ação osmótica da glicose na urina. É importante a diferenciação entre os tipos de DI. Os tratamentos para o DI central e para o renal são distintos. O DI central, associado à redução na secreção de ADH, é mais frequentemente idiopático, ou associado a trauma, cirurgia, tumores da região hipotalâmica ou a encefalopatia hipóxica/isquêmica. Já o DI renal, associado a diferentes graus de resistência à ação do ADH, ocorre nas formas hereditárias, induzido por fármacos (por exemplo, lítio) ou secundário à hipercalcemia. O DI gestacional, causada pela expressão de vasopressinases (enzimas que degradam o ADH) pela placenta, é uma forma rara e transitória da doença, que se manifesta mais comumente no terceiro trimestre da gestação e apresenta resolução do quadro alguns dias após o parto. O prognóstico dos pacientes com DI depende da etiologia, das comorbidades associadas e da instituição de tratamento adequado. O tratamento com desmopressina, um análogo do ADH, foi descrito em 1972 e é, desde então, o padrão para os casos de DI central e gestacional. O DI renal não será abordado neste protocolo por tratar-se de doença decorrente da resistência renal à ação do ADH. Não há estudos epidemiológicos sobre DI no Brasil. Referência: Fisiologia - Margarida Aires - 4ª edição Fisiologia Médica - Boron, Walter F - 2ª edição Fisiologia Humana - Uma Abordagem Integrada - Silverthorn - 7ª Edição Tratado de Fisiologia Médica - Guyton - 13ª Edição Fisiologia - Berne & Levy - 6ª Edição Tratado de Fisiologia - Aplicada às Ciências Médicas - Douglas - 6ª Edição Princípios de Anatomia e Fisiologia - Tortora - 14ª Edição
Soluções para Diabetes e Hipoglicemia (Traduzido): Como preveni-lo e livrar-se dele naturalmente, sem medicamentos, mas adotando um estilo de vida saudável