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Enfermagem de Saúde Infantil e Pediatria

Aula Teórica - 4º semestre CLE

A criança com Disfunção Genitourinária

Professor@s:
Ananda Fernandes, Jorge Apóstolo, Lurdes Lomba; Márcia Pestana-Santos; Marília Flora.

2022-2023
Sumário
1. Distúrbios do trato geniturinário
1. Infeção do trato urinário (ITU)
2. Doença glomerular
1. Síndrome nefrótico
2. Glomerulonefrite aguda
3. Insuficiência renal
1. Insuficiência renal aguda
2. Insuficiência renal crónica
4. Cuidados de enfermagem
1. Colheita de urina: técnica de clean-catch; saco coletor; punção vesical supra púbica; cateterismo vesical.
Distúrbios do Trato Urinário: ITU

Infeção do Trato Urinário (ITU)

CAUSAS
No neonato a ITU está associada a malformações.
Na 1ra infância a ITU tem CAUSAS MULTIFATORIAIS como: malformações genitourinárias (ex.
refluxo vesicouretral) , higienização, anatomia feminina (proximidade de uretra com ânus), ou masculina
(existência de prepúcio, fimose, inexistência de secreções prostáticas) hidratação inadequada.
FATORES EXTRÍNSECOS como o tipo de roupas ou fraldas apertadas, higiene deficitária, produtos
de higiene não indicados, que irritam uretra da criança e banhos de espuma.

ITU alta ou pielonefrite aguda: infeção do trato urinário superior que compromete o parênquima
renal e ureteres.
ITU baixa: infeção limitada à bexiga (cistite) e uretra (uretrite).
Distúrbios do Trato Urinário: ITU

Infeção do Trato Urinário (ITU): Sinais e Sintomas

ITU Alta ou Pielonefrite


RN / Lactentes – Má progressão ponderal, irritabilidade, vómitos, diarreia, menor volume de urina na
fralda (oligúria).
Crianças < 2ª- Quadro de febre >39ºC com mais de 48h de evolução, sem outro foco, despistar ITU.
Crianças > 2A - Dor abdominal difusa, vómitos, astenia´, disúria ou polaquiúria.

ITU Baixa
Disúria, polaquiúria, urgência miccional, enurese, incontinencia urinaria, hematúria, urina turva com cheiro fétido,
associados a febrícula (37,5 - 38 °C).
Se antecedentes de ITU, colher urina para despistar ITU.

Ramirez et al., 2022


Distúrbios do Trato Urinário: ITU
Diagnóstico de ITU
Bacteriuria significativa: Formação de Unidades de Colónias (CFU) por mililitro
considerando positivo se:
1) Jacto médio: ≥100 000 CFU/ml
2) Cateterismo vesical: 2 ≥10 000 CFU/ml
3) Punção supra-púbica: qualquer colonização é considerada positiva

Em Portugal, segundo a Norma 008/2012 da Direcção-Geral da Saúde é


considerado significativo o crescimento de:
1) Jato médio: > 105 CFU/ml
2) Cateterismo vesical: > 104 -105 CFU/ml
3) Punção supra-púbica: ≥ 1 CFU/ml
Doença Glomerular: Síndrome Nefrótico

Síndrome Nefrótico: Sinais e Sintomas

Sinais e Sintomas
Ø Edema Prevalência em crianças 2-7 A
Ø Proteinúria Rara <6 M. Pouco comum após os 8A.
Ø Hipoalbuminémia
Ø Hiperlipidémia

Aumento da permeabilidade glomerular na proteína plasmática, resultando perda proteica


massivamente.
O transtorno pode ocorrer como
1) Nefrose idiopática
2) Síndrome Nefrótico com Alterações Mínimas (SNAM)
Doença Glomerular: Síndrome Nefrótico

Síndrome Nefrótico: Tratamento

ü Restrição alimentar com dieta hipossalina


ü Restrição de líquidos
ü Antidiuréticos
ü Infusão de albumina a 25%
ü Antibioterapia em caso de infeções agudas
ü Corticosteroides (1ª linha de SNAM)
Doença Glomerular: Glomerulonefrite Aguda

Glomerulonefrite Aguda : Sinais e Sintomas

Sinais e Sintomas Prevalência em crianças 6-7 A


Pouco comum em crianças <2A.
Ø Hipertensão 2x mais prevalente em rapazes do que em raparigas
Ø Oligúria
Ø Edema Inflamação do glomérulo dos rins, ou seja, as estruturas
Ø Proteinúria capilares formadas por vasos e fibras nervosas
Ø Hematúria responsáveis pela filtragem do sangue e formação da
urina. Maioritariamente pós infeciosa, associada a
infeções pneumocócicas, estreptocócicas e virais.

Glomerulonefrite Aguda Pós Estreptocócica (GNAPE) é a mais comum das doenças


pós infeciosas.
Doença Glomerular: Glomerulonefrite Aguda

Glomerulonefrite Aguda Pós Estreptocócica (GNAPE): Tratamento

ü Restrição alimentar com dieta hipossalina


ü Restrição de líquidos
ü Restrição de alimentos com quantidades de potássio (durante o período de oligúria)
ü Monitorização de sinais vitais (com vigilância da Pressão Arterial)
ü Monitorização de peso corporal diário
ü Registo de balanço hidro-electrolítico
Insuficiência Renal Aguda

Decorre quando os rins não conseguem


regular o volume e composição de urina.
Sinais e Sintomas Sinais e sintomas:
1) Oligúria associada a azotemia, acidose
metabólica e desequilíbrios hidro-
electrolíticos.

A causa mais comum em pediatria pode


resultar de
1) Desidratação extensa
Causas
2) Obstrução do trato urinário
3) Lesão renal aguda
4) Cirurgia cardíaca

1 – Tratar a causa subjacente


2 – Controlar as complicações de
Tratamento insuficiência renal
Insuficiência Renal Crónica

Deterioração da condição clínica com


Sinais e Sintomas alterações bioquímicas que culminam com
UREMIA.

1. Malformações congénitas
2. Pielonefrite crónica
3. Glomerulonefrite crónica
Causas 4. Glomerulonefropatia (associada a
doenças sistémicas como púrpura ou
lúpus eritematoso)

1. Reduzir a ingestão de sódio, potássio e


Tratamento sal, de acordo com prescrição.
2. Manter o equilíbrio hidro eletrolítico
dentro de limites bioquímicos seguros.
3. Tratar complicações sistémicas.
4. Promover uma vida ativa e saudável.
Cuidados de enfermagem

Procedimentos de Enfermagem para a Colheita Asséptica de Urina

Técnica de Clean-Catch Urine


Saco coletor
Punção vesical supra púbica
Cateterismo vesical
Cuidados de enfermagem
Procedimentos de Enfermagem para a higiene perineal

§ A lavagem deve ser efetuada com compressas esterilizadas humedecidas com água tépida
corrente e sabão neutro e segundo a orientação nº 008/2012, da DGS, para reduzir ao
máximo a existência de microrganismos na pele, recomenda-se a utilização de soro
fisiológico a 0,9%.
• Na higiene genital asséptica pressupõe-se a realização de movimentos únicos
descendentes da zona genital mais limpa para a mais suja.
• Nas meninas, afastando os grandes lábios, a lavagem é realizada da zona mais afastada
para a mais próxima (grandes lábios, pequenos lábios e meato), nos meninos, traccionar o
prepúcio e limpar em movimentos também eles circulares da região interna para a externa
do pénis (glande e meato urinário).
Colheita de urina não invasiva: técnica de Clean-Catch
Clean – Catch Urine

- A técnica de Clean Catch é um método não invasivo de recolha de urina e consiste em recolher
urina por jato médio para um contentor esterilizado após higiene genital assética.
- O músculo detrusor da parede da bexiga é composto pelos nervos pélvicos parassimpáticos
que quando estimulados permitem a contração do músculo e esvaziamento da bexiga
produzindo um arco reflexo de urina.
- A técnica é antecedida pela hidratação oral prévia seguida de cerca de 25 minutos antes da
higiene genital asséptica.

Fernández et al., 2013; kaufman et. al., 2017a


Colheita de urina não invasiva: técnica de Clean-Catch

Clean – Catch Urine

Nesta técnica são necessárias duas pessoas, uma segura o recém-nascido/latente por baixo das
axilas, deixando as pernas pendentes no sexo masculino e fletidas no sexo feminino a outra aplica as
pancadas secas e suaves na região abdominal supra-púbica com a frequência de 100/minutos durante
30 segundos seguidas de massagens circulares na região paravertebral lombar durante 30 segundos.
Estas manobras são repetidas até que se obtenha urina num máximo de 5 minutos.

Fernández et al., 2013; kaufman et. al., 2017


Colheita de urina não invasiva: técnica de Clean-Catch

Clean – Catch Urine “Quick – wee”

A técnica Quick-wee, é realizada após estimulação cutânea suprapúbica usando gaze embebida
em 10 ml de solução salina fria a 2,8ºC, com movimentos circulares, no máximo durante 5
minutos.

kaufman et. al., 2017a


Colheita de urina não invasiva: Saco coletor de urina

Saco Coletor de Urina

A DGS recomenda a sua


substituição após 30 minutos.

A colheita por saco coletor de urina um método de colheita não invasivo, quando negativo permite a exclusão
do diagnóstico de ITU, mas que tem grande probabilidade de contaminação por bactérias fecais ou
colonização uretral.

DGS, 2012
Colheita de urina não invasiva: Punção vesical supra-púbica

Punção Vesical Supra Púbica (PSP)

ü A PSP é considerada o método de obtenção de urina mais invasivo e a


sua realização pressupõe a garan\a da bexiga cheia, sendo para isso
necessária uma boa hidratação, aguardar uma hora após a úl\ma
micção ou u\lizar a ecografia supra-púbica para melhorar a sua eficácia.
Após hidratação, deve-se aguardar pelo menos 30 minutos antes da
realização da punção.
ü A técnica é realizada posicionando a criança com uma ligeira elevação
da zona supra-púbica e após desinfeção cuidadosa da pele, o pediatra
punciona 1 cm acima da sínfise púbica com uma agulha de calibre 22, a
uma profundidade de 2 a 3 cm, com inclinação da agulha de 30 a 45 no
sen\do caudal.

DGS, 2012
Colheita de urina não invasiva: Cateterismo Vesical

Cateterismo Vesical

- A técnica de colheita de urina por cateterismo vesical é uma técnica invasiva, que é habitualmente utilizada
para colheita assética de urina para urocultura em recém-nascidos e lactentes, pela falta de controlo dos
esfíncteres.
- A realização desta técnica pressupõe a existência de urina na bexiga, que possibilite a sua drenagem
através da sonda vesical. Neste sentido deve ter-se em conta a hora da última micção e da última ingesta
assim como das quantidades para evitar cateterismos vesicais que não resultem na obtenção de urina.
- RISCOS ASSOCIADOS: procedimento doloroso que permite a entrada de microorganismos no
trato urinário ou lesões da mucosa uretral

DGS, 2012
Colheita de urina
Sumária de Urina / Urocultura / COMBUR teste

No caso de ITU despistar a presença de Nitritos, Leucócitos e Hematúria.

DGS, 2012
Referências
Direção-Geral da Saúde. (2012). Diagnóstico e tratamento da infeção do trato urinário em idade pediátrica. Lisboa: DGS. Acedido em https://www.dgs.pt/directrizes-
dadgs/normas-e-circulares-normativas/norma-n-0082012-de-16122012.aspx

Hockenberry M., Wilson D., Rodgers, C. Wong ś Fundamentos Enfermagem Pediátrica. 10 ed. Rio de Janeiro: Elsevier editora Ltda; 2018.

Herreros Fernández, M. L., González Merino, N., Tagarro García, A., Pérez Seoane, B., de la Serna Martínez, M., Contreras Abad, M. T., & García-Pose, A. (2013). A new
technique for fast and safe collection of urine in newborns. Archives of disease in childhood, 98(1), 27–29. https://doi.org/10.1136/archdischild-2012-301872

Kaufman, J., Fitzpatrick, P., Tosif, S., Hopper, S. M., Donath, S. M., Bryant, P. A., & Babl, F. E. (2017). Faster clean catch urine collection (Quick-Wee method) from
infants: randomized controlled trial. BMJ (Clinical research ed.), 357, j1341. https://doi.org/10.1136/bmj.j1341

Ramírez, F., Exeni, A., Alconcher, L., Coccia, P., García Chervo, L., Suarez, Á., Martin, S., Caminiti, A., Santiago, A., & Colaboradores (2022). Guía para el diagnóstico, estudio
y tratamiento de la infección urinaria: actualización 2022 [Clinical practice guideline for the diagnosis and management of urinary tract infections: 2022 update]. Archivos
argentinos de pediatria, 120(5), S69–S87. https://doi.org/10.5546/aap.2022.S69

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