Você está na página 1de 29

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO

PACIENTE COM AFECÇÕES NO TRATO


URINÁRIO
Enfermeiro Alfredo Araújo

MANAUS 22 DE OUTUBRO,2021
Conteúdo desta aula

Nesta aula, veremos a aplicação do processo de enfermagem (PE) direcionado ao sistema urinário.
Portanto, nossos objetivos serão:

•Estabelecer a importância do conhecimento técnico do profissional realizador do exame;


•Descrever o passo a passo do planejamento e a execução da prática do exame físico urinário.

CONTEXTUALIZAÇÃO POSSÍVEIS NANDA


SISTEMA URINÁRIO ENTREVISTA E CUIDADOS

1 2 3 4 5

PLANEJAMENTO FASES E PRÓXIMOS


DO EXAME FÍSICO TÉCNICAS DE PASSOS
EXAME
1. Contextualização - Sistema urinário

1.1 BREVE REVISÃO SOBRE A FISIOLOGIA E ANATOMIA

O sistema urinário é o responsável em formar e eliminar a urina através dos órgãos que o
compõem,
sendo eles dois rins, dois ureteres, bexiga urinária e uretra.
As funções primordiais deste sistema são:

 Manter equilíbrio hídrico e eletrolítico;


 Excretar ureia, creatinina, K, H, derivados
nitrogenados tóxicos;
 Regular volume e composição dos líquidos
corpóreos;
 Regulação hormonal: realizada pela angiotensina
II e ADH;
 Produzir a eritropoetina;
 Regulação do equilíbrio ácido básico. Fig. 1 Sistema Renal (MARQUES, 2011).
1. Contextualização - Sistema urinário

1.2 O processo patológico e a ação de enfermagem

A abordagem ao cliente, com suspeita de problemas do sistema urinário, deve ser


orientada à obtenção de uma história de saúde abrangente a qual inclui situações
clínicas e diversas doenças que aumentam o risco de disfunções do TU (Trato
Urinário).

Obter uma história de saúde urológica requer competência do enfermeiro, pois muitos
pacientes sentem-se embaraçados em discutir/comentar as funções ou sintomatologias
geniturinárias.

São pontos de foco na avaliação a presença de doenças, tais como: infecções do TU,
hipertensão, LES (Lúpus Eritematoso Sistêmico), diabetes melitos, lesões obstétricas,
cirurgias pélvicas, síndromes nefróticas. tumores e lesões raquimedulares
(SMELTZER, 2015).
Avaliação Urinária e Renal
Etapa 1: História de Saúde Pregressa

História Pregressa: uso de medicamentos nefrotóxicos;


presenca de doença renal; hipertensão arterial, doenças
sistêmicas; distúrbios congênitos; câncer; cirurgias urinárias ou
renais; traumatismo ou cirurgia.

Padrões de Saúde: percepção de saúde urinária (cansaço;


alteração de peso; sede excessiva; inchaço; tabagismo;
5
problemas urológicos; padrões nutricional metabólico; padrões
de eliminação
Avaliação Urinária e Renal

Etapa 2: Exame Físico

Exames dos rins:

Percussão:
Dor: hipersensibilidade no flanco, direita ou esquerda
pode indicar infecção.
Palpação: somente na existência de tumores e rim
policístico. 6
Edema: comum em nefropatias. Anasarca ou facial.
Avaliação Urinária e Renal
Etapa 2: Exame Físico

•Hálito: odor amoniacal .

•Pele: amarelada ou palha, púrpura, eczemas.

•Pressão Arterial: média de (140x9mmhg).

•Fundo de Olho: edema de papila.

•Aparelho Cardiovascular: derrame pleural, congestão pulmonar, 7


sopro diastólico.
Avaliação Urinária e Renal
Etapa 2: Exame Físico
Edema Facial

8
Avaliação Urinária e Renal
Etapa 2: Exame Físico

Anasarca

9
Avaliação urinária e renal
Etapa 2: Urina e Bioquímica

1.Avaliação urinária

2.Avaliação do ato miccional

3.Avaliação macroscópica da urina

4.Avaliação microscópica da urina: Urina 1

5.Avaliação quantitativa e avaliação qualitativa


10
6.Avaliação da função renal e avaliação bioquímica
Avaliação urinária : ato miccional

Alterações da Micção:

• Hesitação: dificuldade de iniciar a micção


• Polaciúria: aumento da frequência de micções (< 8 vezes/dia)
•Urgência Miccional: desejo súbito e forte de urinar
•Disúria: dor
•Noctúria: diurese expressiva durante o horário de sono (diurna ou
noturna)
•Incontinência Urinária: perda ou vazamento urinário acidentais
• Retenção: incapacidade de esvaziar a urina da bexiga
11
Avaliação Urinária macroscópica quantitativa

 Volume Urinário: Normal= 800 a 2000


ml/dia
 Oligúria: volume <= 400ml/dia
 Poliúria: > = 2500 ml/dia
 Anúria: <= 100 ml/dia
12
Avaliação Urinária macroscópica qualitativa

COR E ASPECTO

Aspecto da urina: Cor da Urina:


Normal:
Normal:
Limpo amarelo-claro
amarelo-citrino
Anormal: amarelo-escuro
•Ligeiramente turvo
Anormal
•Turvo-piúria (infecção)
Hematúria
•acentuadamente turvo
Âmbar 13
Esverdeada
Avaliação urinária macroscópica qualitativa

Aspecto da urina:
Refere-se à transparência da amostra de urina.

A urina normal, recém eliminada geralmente é límpida, podendo apresentar


certa opacidade devido a precipitação de cristais , presença de filamentos de
muco e células epiteliais na urina de mulher.

Procedimento de avaliação:
Observar visualmente a amostra homogeneizada num ambiente de boa
iluminação. 14
Alterações no aspecto da urina:
Substâncias que provocam turvação:

•Cristais
•Leucócitos
•Hemáceas
•Bactérias
•Sêmen
•Linfa
•Lipídios
•Muco
•Contaminantes externos ( medicamentos).
15
Diferentes colorações da urina

16
Diferentes colorações da urina
Urina Turva

17
Hematúria

18
2. Planejamento do exame físico
2.1 Preparo do ambiente:

É de extrema importância o preparo do ambiente para a realização do exame. Alguns fatores devem
ser considerados:

 O ambiente em si – o local, a iluminação, a privacidade do cliente, o som ambiente, a temperatura, o


conforto;
 A condução da entrevista – a prática do acolhimento, a criação do vinculo, o processo de escuta
ativa.

BARROS e cols, citam como fatores pertinentes:

 O preparo do ambiente – quarto ou sala de consultório com mobiliários básicos, com boa iluminação,
privacidade e sem correntes de ar;
 O preparo do material – refere-se aos materiais para tomada de medidas antropométricas;
 O preparo do paciente – o posicionamento mais adequado aos procedimentos.

Lembre-se: compete ao enfermeiro dialogar com o paciente proporcionando conforto para exposições de questões
relacionadas a sua saúde sejam elas gerais ou de campo íntimo.
3. Entrevista

3.1 Coleta de dados:

Ao obter a história de saúde o enfermeiro deve perguntar sobre:

A queixa principal;
A localização da dor bem como a duração fatores de alivio e precipitação;
História de infecções do trato urinário (ITU) pregressos e hospitalizações;
Febres e calafrios, alterações da coloração, odor e volume da urina;
Exames diagnósticos e uso de sondas urinárias;
Sintomas tais como: disúria, hesitação ou esforço na micção, hematúria, nictúria,
oligúria ,
anúria e poliúria;
Hábitos: uso de tabaco, álcool ou drogas;
Histórico de IST e número de partos vaginais.
3. Entrevista
3.2 Principais focos de dor:

São demonstradas no Quadro 1:

Tipo de dor Localização Caráter Possível Etiologia

Rim Ângulo costovertebral Dor maciça e Obstrução aguda,


até a cicatriz umbilical. pontiaguda constante cálculo renal,
quando ocorre pielonefrite.
distensão súbita. Cólica.
Bexiga Área suprapúbica. Dor maciça e contínua, Bexiga hiperestendida,
grave quando a bexiga infecção e cistite
está cheia. intersticial.
3. Entrevista

Tipo de dor Localização Sinais e sintomas Possível Etiologia


Associados
Ureteral Ângulo costovertebral, Dor intensa, penetrante Cálculo ureteral, edema
flancos, testículo e tipo cólicas. ou estenose, coágulo
grandes lábios. sanguíneo.
Prostático Períneo e reto. Desconforto vago, Câncer de próstata,
sensação de plenitude, prostatite aguda ou
dor lombar. crônica.
Uretral Homens: ao longo do Dor variável, mais Irritação do colo vesical,
pênis até o meato intensa durante e infecção da uretra,
uretral. imediatamente a trauma, corpo estranho.
micção.
4. Fases e técnicas de exame

a) Inspeção

 O rim, em condições normais, pouco informa sobre alterações, no entanto, nos


grandes aumentos dos rins (hidronefrose e tumores) poderão ser observados
abaulamentos localizados no flanco e na fossa ilíaca;

 Deve-se realizar a inspeção da urina a partir do qual se observa coloração,


aspecto e odor;

 Também é imprescindível verificar a presença de sinais de insuficiência renal


tais como: edema periorbital, sacral e de extremidades, mudanças na coloração
da pele, estado mental e sinais de encefalopatia urêmica, hálito urêmico,
alterações do peso e volume urinário entre outros.
.
4. Fases e técnicas de exame

O rim normal é capaz de eliminar 1200 a 1500 ml (aproximadamente ) de urina em 24 horas.

Quanto ao volume urinário identificamos:

 Poliúria: Volume aumentado de urina eliminada (acima de 1800 ml nas 24 horas) que pode
estar relacionada ao diabetes melito, diabetes insípido, uso de diuréticos, ingesta hídrica
excessiva e intoxicações por lítio;

 Oligúria: Débito urinário menor que 400 ml/dia podendo estar relacionado à pouca ingesta
hídrica ou à insuficiência renal crônica.

 Anúria: Débito urinário menor que 50 ml/dia.


4. Fases e técnicas de exame

b) Percussão
Através da punho percussão, nos processos inflamatórios agudos, podemos constatar a presença
do sinal de Giordano (positivo se houver dor / negativo na ausência de dor) conforme a figura 2.

Fig. 2 Punho percussão/ Sinal de


Giordano (SEMIOLOGIA, 2016).
4. Fases e técnicas de exame
c) Palpação

Método semiológico que fornece algumas evidências importantes. Algumas técnicas podem ser
seguidas tais como o método de Devoto (Fig. 3) e o Método de Israel (Fig. 4).

MÉTODO DE DEVOTO

Paciente em decúbito dorsal com joelhos


levemente fletidos;
Enfermeiro pede ao paciente relaxar a
musculatura;
Mão contrária ao rim a ser examinado, no
ângulo lombocostal exercendo a pressão de
trás para frente;
Procura-se pinçar o polo inferior do rim na
sua descida inspiratória.
Fig. 3. Método de Devoto (BARROS e cols, 2009).
4. Fases e técnicas de exame

d) Ausculta

Realizada para observar a presença de ruído da artéria renal, causado por estenose
ou aneurisma da artéria ou da aorta abdominal;

Posteriormente na 12ª costela e anteriormente flancos e fossa ilíaca.


Referências

ANDRIS, Debora A. et al. Semiologia — bases para a prática assistencial. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2006.
BARROS e Cols. Anamnese e exame e exame físico. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
(Material Estácio)
MARQUES, Elaine Cristina Mendes (Org). Anatomia e fisiologia humana. São Paulo:
Martinari, 2011.
SMELTZER, Suzane C. BRUNNER & SUDDARTH. Tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
T. Heather (Org). Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: definições e classificações
2015-2017. Porto Alegre: Artmed, 2015.
Obrigado!!!!

Você também pode gostar