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INTERNATO MÉDICO – PEDIATRIA

10º período do curso de medicina

INFECÇÃO DO TRATO
Docente: Dra. Thaise Brasileiro

URINÁRIO E
GLOMERULOPATIAS
ACADÊMICOS:
Heloysa Saraiva R. M. De Sousa
Lara Juliana De Carvalho M. Silva
Wanderson Souza Pais
ITU
A infecção do trato urinário (ITU) é definida pela
presença de germe patogênico único no sistema
urinário associada a processo inflamatório
sintomático.
Introdução
 Principal causa de FSSL em lactentes
 Costuma ser um desafio na pratica clinica pediátrica, visto que os sinais e sintomas em menores de 2 anos
costumam ser inespecíficos.
 Infecção ascendente – período neonatal: hematogênica!
 Grande chance de recorrência
 < 1 ano: mais comum em meninos ; > 1 ano: mais comum em meninas
 Picos: 1º ano, quando passam a ter controle do esfíncter e na adolescência (atividade sexual/meninas)
 Se não tratada pode levar a HAS E DRC
Fatores de risco e
Etiologias Lactentes e neonatos
Cálculos de estruvita + urina alcalin
● Sexo feminino comum nos meninos não circuncisad
● Ausência de circuncisão
● Disfunção miccional esvaziamento vesical Gram + / adolescentes sex. ativas
incompleto
● Constipação Neonatos
● Obstrução – válvula de uretra posterior
Manipulação do TGU, hospitalizaçã
(hidronefrose bilateral, distensão vesical, jato fraco) ATB
● Refluxo vesicoureteral – principal fator de risco
para pielonefrite
Virus (adenovírus) – cistite
hemorrágica + urocultura negativa
Quadro Clínico
 Depende da idade e o local da infecção
 Outros fatores também podem influenciar, como: estado nutricional, presença de alterações anatômicas do
TU, numero de infecções anteriores e o intervalo de tempo do último episódio infeccioso.

Manifestações comuns em > 2 anos e adolescentes

Cistite Pielonefrite

Afebril Febre

Disúria, polaciúria, Com ou sem sintomas de


estranguria cistite
Dor suprapúbica Dor lombar

Incontinência urinária / Manifestações inespecíficas


enurese secundária
 Recém-nascidos
 Geralmente se manifesta como um quadro séptico com manifestações inespecíficas, como: insuficiente ganho de peso,
anorexia, vômitos, dificuldade de sucção, irritabilidade, hipoatividade, convulsões e hipotermia ou um quadro menos
agudo.
 Lactentes
 A febre é a principal manifestação, muitas vezes o único sinal. Pode ocorrer hiporexia, vômitos, dor abdominal e ganho
ponderoestatural insatisfatório.
 Nessa faixa etária é incomum presença de sinais e sintomas ligados ao trato urinário (polaciúria, disúria..)
Diagnóstico
Diferencial
● A presença de disúria isolada nem sempre
corresponde a um quadro de ITU em
adolescentes/meninas, deve-se excluir :

1. Vaginite
2. Corpo estranho vaginal
3. Corpo estranho uretral
4. Oxiuríase
5. Irritantes locais: sabonetes líquidos
6. Abuso sexual
Diagnóstico
 Clinico + laboratorial
Anamnese Exame físico

Intensidade e duração da febre Exame genital (fimose, irritação, secreção...)

Sintomas apresentados (urinários e outros). Palpação abdominal: rins ectópicos, a presença


Ritmos: urinários e intestinais de fecalomas, lojas renais (aumento de volume
dos rins).
Clinico Se houve perda de peso, falta de apetite, Persistência de bexiga palpável após a micção:
processo obstrutivo anatômico ou disfunção
do trato urinário inferior.
Doenças anteriores recentes, se uso de ATB Punho percussão lombar revela de desconforto
recente, atividade sexual a forte reação dolorosa (Giordano positivo).
Laboratorial
 EAS + UROCULTURA (padrão-ouro)
 EAS sozinho não dá diagnóstico, mas serve para iniciar precocemente o tratamento.
Não se deve esperar o resultado da urocultura para iniciar o tratamento. Risco
de cicatriz renal, além de HAS.
 Também pode ser pedido o hemograma + PCR
Laboratorial
 EAS (fita reatora e sedimentoscopia)  UROCULTURA
 Esterase leucocitária – sensível  Jato médio: ≥ 100.000 UFC/ml
 Nitrito – específico  Saco coletor: só tem valor quando é negativo.
 Piúria (≥ 5/campo) Se positivo, confirmar com outra técnica.
 Sonda vesical: ≥ 50.000
 Punção suprapúbica: qualquer valor

 BACTERIOSCOPIA/GRAM: não fecha


diagnóstico
Naqueles sem controle miccional a urina pode ser coletada de 3. Cateterismo vesical;
quatro maneiras:
○ Método invasivo, pode lesar a mucosa uretral, oferece
1. Eliminação espontânea; menos segurança, é desconfortável para a criança,
estressante para os pais e é pouco prático.
 Algodão ou gaze embebido em soro fisiológico frio ou ○ Crianças com retenção urinária, desde que não
gelado para fazer estimulação na região suprapúbica. apresentem vulvovaginite ou balanopostite.
 Bem-sucedida em cerca de 60% dos casos por meio de ○ Se as condições da genitália não permitirem uma
micção reflexa. coleta confiável, a punção suprapúbica deverá ser
usada.
2. Saco coletor
4. Punção suprapúbica (PSP).
 Perfeita adaptação do adesivo no contorno da genitália
e com trocas a cada 30 minutos.  Prática segura quando executada por especialista e
 Alta taxa de falso-positivos. guiada por ultrassonografia.
 A cultura negativa por esse método é confiável .  Indicada nos casos em que a coleta por via natural
levanta dúvidas.
 Assepsia rigorosa.
 Crescimento bacteriano em qualquer número.
Abordagem e Conduta
 Objetivos:

(1) Resolução dos sintomas agudos da infecção;


(2) Reconhecimento imediato de bacteremia concomitante, particularmente em bebês com
menos de 2 meses de idade
(3) Prevenção de dano renal pela erradicação do patógeno bacteriano,
(4) Identificação de anormalidades do trato urinário
(5) Prevenção de infecções recorrentes.
Abordagem e Conduta
● A maioria das cistites e pielonefrites podem ser tratadas ambulatorialmente

● A HOSPITALIZAÇÃO deve ocorrer em lactentes < 3 meses, imunodeprimidos e graves (desidratação,


vômitos incoercíveis, doença de base grave), além da falta de atenção dos cuidadores.

Obs:
1. Evitar ácido nalidixico pois pode levar ao
abaulamento da fontanela
2. A amoxicilina sozinha não tem ao resposta
3. Tempo médio de duração do tratamento deve ser de
10 dias, variação entre 7-14 dias.

• Lembrar que bacteriúria assintomática não se


trata, apenas em mulheres gravidas !!!!
Em medicações injetáveis tem-se como 1º escolha - Ceftriaxona, 80-100 kg, dividido em duas tomados por até 14 dias, média
de 10 dias. Se a boa resposta clínica, 24-48h após a medicação injetável, pode-se migrar da medicação oral. Se em 72 horas a
criança tiver boa resposta clinica ela pode ser liberada com termino do tratamento em domicilio.

No período neonatal, ou até 3 meses de idade, pode usar associação de ampicilina + aminoglicosídeos (gentamicina ou
amicacina). Naqueles em que as bactérias isoladas forem o Staphylococcus ou Enterococcus usar vancomicina com
aminoglicosídeo.
Indicação de USG de vias urinárias Indicação para uretrocistografia (UCM)
1. Criança com idade inferior a 2 anos, febril e com ITU • O objetivo é investigar a presença de refluxo vesicoureteral. Só
2. Crianças de qualquer idade com ITU atípica se solicita quando a criança termina o tratamento da pielonefrite,
3. Crianças de qualquer idade com ITU recorrente não pede durante o curso do tto
4. Criança de qualquer idade com ITU e antecedente • Criança de qualquer idade com duas ou mais ITUs febris ou em
familiar de doença renal ou urológica, baio ganho um destas duas situações:
ponderal ou hipertensão. 1. com qualquer anormalidade no USG de vias urinárias
Obs: Pode solicitar no final do tratamento ou após 48 horas 2. Com combinação de ITU atípica e antecedente familiar de
de tto doença renal ou urológica, baixo ganho ponderal ou hipertensão
a cintilografia renal (investigar a cicatrizes renais) solicita-se após 6 meses do
primeiro episodio de ITU. Em criança < 3 anos, solicita-se quando a ITU é
atípica ou recorrente. > de 3 anos quando é recorrente.

Nelson (AAP) • 1ª Pielonefrite (2-24m): USG >


ALTERADO OU NOVO
EPISODIO > UCM
• 2ª Pielonefrite: UCM
SBP ITU > 2 ANOS: USG + UCM
ITU > 2 ANOS: USG
Prevenção de recorrência
1. Intervir ou prevenir a constipação intestinal
2. Encorajar o aumento do consumo hídrico: 4 a 8 anos – 1.000 a 1.400 ml/dia; 9-13 anos de
idade – 1.600 a 2.400 ml/dia; 14-18anos de idade – 1.800 a 2.000 ml/dia
3. Realizar micção dupla (fazer um novo esforço para esvaziar completamente a bexiga)
4. Urinar a cada duas ou três horas – se tiver controle esfincteriano; considerar a postectomia em
meninos com fimose
Profilaxia
 Depois de completado o tratamento da ITU e no decorrer da investigação de possíveis alterações morfofuncionais
do trato urinário.
 Quando do diagnóstico de anomalias obstrutivas do trato urinário até a realização da correção cirúrgica.
 Na presença de refluxo vesicoureteral (RVU) de graus III a V.
 Nos casos de refluxo de graus I ou II, com ITU de repetição ou com cintilografia estática alterada.
 Recidivas frequentes da ITU, mesmo com estudo morfofuncional do trato urinário dentro da normalidade; nesses
casos, deve ser utilizada por período de 6-12 meses, podendo, quando necessário, prolongar-se o tempo de uso.
Somente no grau IV e V, usa-se antimicrobiano profilático por 3 a 6 meses, espera-se que
até o 5º ano de vida ocorra uma melhora espontânea .
 Para a profilaxia de recorrência de ITU, recomenda- se, em dose única, à noite, o uso de
nitrofurantoína (1 a 2 mg/Kg/dia) ou de sulfametoxazol + trimetoprim (10 a 20 mg/kg/dia de
sulfametoxazol), pode 3 a 6 meses
 Em menores de 2 meses recomenda-se o uso da cefalexina
 São usadados 25% apenas da dose terapêutica.
Referências

● RIELLA, Miguel C. Princípios de nefrologia e distúrbios hidroeletrolíticos. 6ª ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2018.
● SILVA, Luciana R. et al. Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria. 5ª ed. Barueri, SP:
Manole, 2022.
● SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Infecção do Trato Urinário em Pediatria – Existe consenso
entre os consensos? – Atualização 2021. Departamento Científico de Nefrologia (2019-2021), 2021.
Disponível em: https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/infeccao-do-trato-urinario-em-pediatria-existe-
consenso-entre-os-consensos-atualizacao-2021/. Acesso em: 25 de novembro de 2022.
(ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE TAUBATÉ – SP
Lactente de 8 meses, sexo feminino, com quadro de febre há sete dias, apresentando vômitos incoercíveis há 20 horas.
A mãe procura serviço médico e, durante interrogatório sobre antecedentes pessoais, relata que a paciente teve
Infecção do Trato Urinário (ITU) duas vezes, aos quatro e cinco meses de vida. Exame físico: regular estado geral e
palidez moderada. Exame de urina (coletado por cateterismo vesical); leucocitúria: 60.000/ml; bacterioscopia: muitas
bactérias. Faz-se o diagnóstico provável de ITU e solicita-se urinocultura. A conduta mais adequada é:

a) Solicitar internação hospitalar, hidratação venosa, início imediato de antibioticoterapia venosa.


b) Solicitar internação hospitalar, hidratação venosa e aguardar resultado de urinocultura para iniciar antibioticoterapia.
c) Prescrever antibioticoterapia oral, antiemético e liberar, com orientações e encaminhamento, para nefrologia pediátrica.
d) Solicitar ultrassonografia de vias urinárias, para descartar malformações, antibioticoterapia oral e liberar, com orientações.
e) Aguardar parecer da nefrologia pediátrica para traçar conduta, já que se trata de uma criança com ITU de repetição.
(ACESSO DIRETO 1)
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE TAUBATÉ – SP

Lactente de 8 meses, sexo feminino, com quadro de febre há sete dias, apresentando vômitos incoercíveis há
20 horas. A mãe procura serviço médico e, durante interrogatório sobre antecedentes pessoais, relata que a
paciente teve Infecção do Trato Urinário (ITU) duas vezes, aos quatro e cinco meses de vida. Exame físico:
regular estado geral e palidez moderada. Exame de urina (coletado por cateterismo vesical); leucocitúria:
60.000/ml; bacterioscopia: muitas bactérias. Faz-se o diagnóstico provável de ITU e solicita-se
urinocultura. A conduta mais adequada é:

a) Solicitar internação hospitalar, hidratação venosa, início imediato de antibioticoterapia venosa.


b) Solicitar internação hospitalar, hidratação venosa e aguardar resultado de urinocultura para iniciar
antibioticoterapia.
c) Prescrever antibioticoterapia oral, antiemético e liberar, com orientações e encaminhamento, para nefrologia
pediátrica.
d) Solicitar ultrassonografia de vias urinárias, para descartar malformações, antibioticoterapia oral e liberar, com
orientações.
e) Aguardar parecer da nefrologia pediátrica para traçar conduta, já que se trata de uma criança com ITU de
repetição.
No pronto atendimento de Pediatria, você atendeu uma criança com
infecção do trato urinário. Os seguintes critérios devem ser
considerados, ao se indicar a internação hospitalar, nesses casos,
EXCETO:

A - Imunodeprimidos.
B - Idade inferior a 2 meses.
C - Comprometimento do estado geral.
D - Patologias obstrutivas do trato urinário.
E - Urgência e/ou incontinência urinária.
No pronto atendimento de Pediatria, você atendeu uma criança com infecção do
trato urinário. Os seguintes critérios devem ser considerados, ao se indicar a
internação hospitalar, nesses casos, EXCETO:

A - Imunodeprimidos.
B - Idade inferior a 2 meses.
C - Comprometimento do estado geral.
D - Patologias obstrutivas do trato urinário.
E - Urgência e/ou incontinência urinária.
SÍNDROME
NEFROTICA
Conceito
● É um distúrbio que leva ao excesso de proteínas a serem levando ao edema

excretadas pela urina ● ALBUMINA:


● Patologia glomerular que prejudica a filtração do sangue  Produzida pelo fígado
● Causa acúmulo de lipídios no sangue, acarretando a uma  É responsável por dar mais viscosidade do sangue

maior tendência para coágulos sanguíneos  Mantém o PH, transporta nutrientes


● Maior suscetibilidade à infecção.  Essencial na regulação da pressão oncótica do
plasma

● HIPOALBUMINEMIA SANGUÍNEA
 Albumina deixa a corrente sanguínea e entra nos tecidos,
Quadro Clínico
● Perda de apetite ● Durante a noite, o líquido fica acumulado nas partes
● Uma sensação de mal-estar geral superiores do corpo, como as palpébras
● Edema palpebral e edema intersticial em virtude ao ● Acumula-se nos tornozelos e nas partes inferiores do
excesso de sódio e retenção de água corpo durante o dia.
● Dor abdominal
● Urina espumosa
● Ascite

● O edema fica sujeito a força da gravidade


Etiologia
● Na faixa etária pediátrica 80 a 90% dos casos de SN são ● DOENÇA DE LESÃO MÍNIMA:
primárias ou idiopáticas.  Principal causa de SN em crianças
● Primária: origina-se nos rins  Idiopática
EX:LHM; glomerulonefrite membranosa idiopática  Geralmente entre 01 a 06 anos
● Secundária: causada por uma ampla gama de outros  Início abrupto de edema e proteinúria
distúrbios. EX: DM; amiloidose; artrite reumatoide;  Função renal não se altera
infecções(bacterianas, virais, protozoárias); uso de AINES  Em geral hipertensão e uremia ausent e
● Na maioria dos casos o comprometimento glomerular é por
lesão histológica mínima
Doença de Lesão Mínima
FATORES ASSOCIADOS:
● Uso de AINES
● Podem causar toxicidade para os rins
● Doenças hematológicas malignas (especialmente Linfoma
de Hodgkin
Doença de Lesão Mínima
FISIOPATOLOGIA:
● Aumento da permeabilidade da barreira de filtração
glomerular
● Proteinúria > 50mg/kg/dia
● Hipoalbuminemia; hiperlipidemia
● Ativação do eixo renina-angiotensina aldosterona; com
diminuiçao da atividade da renina
Principais complicações

● TVP – via renal


● Infecções (pneumococo) - podendo cursar com
PBE- ascite
● Aterogênese acelerada
Diagnóstico
● História clínica do paciente  Proteinúria acima de 50mg/kg/dia-que confere
● Caracterizado por um edema intenso, mole, frio, depressível aspecto espumoso a urina
e sujeito à ação da gravidade.  Sedimento urinário: hematúria em 25% dos
● Que normalmente inicia-se na face e vai se estendendo de pacientes; presença de cilindros hialinos e lipídios
maneira insidiosa para todo o corpo, com grande tendência  Cilindrúria se relaciona com as perdas proteicas;
a invadir serosas, levando à anasarca indicando uma possível glomerulonefrite
● Com a piora do edema, pode ocorrer formação de ascite ,
edema escrotal e/ou peniano, edema labial e derrame
pleural.
● EXAMES LABORATORIAIS:
Exames Laboratoriais
● Albumina diminuída < 2,5g/dL
● Componentes lipídicos elevados no sangue
● Complemento apresenta-se normal
● Ureia e creatinina podem estar elevadas em razão do edema
ou de situações de hipovolemia.

Exames complementares - SOROLOGIAS PARA AFASTAR


CAUSAS SECUNDÁRIAS:
● Toxoplasmose
● Rubéola
● Citomegalovírus
● Hepatite B
● Sífilis
● HIV
Tratamento
Medidas gerais: ● INDICAÇÕES DE BIÓPSIA RENAL:
● Dieta hipossódica; repouso  Síndrome nefrótica córtico-resistente

● Restrição do edema: evitar ingesta de sódio e uso cuidadoso  Crianças entre 2 e 7 anos de idade sem resposta à

de diuréticos corticoterapia após 4 a 8 semanas de tratamento


 Recidivas persistentes por mais de 12 a 18 meses do
● Havendo tromboembolismo, os anticoagulantes são usados
diagnóstico
nos esquemas convencionais
 SN no 1º ano de vida ou em maiores de 8 anos
● LEMBRAR: MONITORAR POTÁSSIO
 Complemento sérico baixo.
Tratamento
● Corticoterapia 1,5mg/kg/dia (01 vez por dia em dias alternados) por 4 a 6
● Prednisona diária - 2mg/kg/dia máximo 60mg/dia (dose semanas, com diminuição proguessiva da dose durante 6
única) pelo período de 4 a 6 semanas meses; (máximo 40mg/dia).
● Orientar a família sobre a possibilidade de períodos de
recidiva
● Remissão completa em 95% dos casos em crianças

Avaliar resposta ao tratamento:


● Se teve remissão: deve ser ajustada a dose para
Tratamento Especifico
CICLOFOSFAMIDA: redicivantes frequentes ou como alternativa terapêutica para
● Tratamento de pacientes redicivantes frequentes na dose de os corticorresistentes
2,5 mg/kg/dia (dose total máxima: 200 mg) - dose única ● Só deve ser utilizada em pacientes com funções hepática e
pela manhã por 60 a 90 dias. renal normais.
● Necessário controle rigoroso de hemograma a cada 7 ou 15
dias, pelo risco de depressão medular.
● Interromper durante processos infecciosos

CICLOSPORINA: NEFROTÓXICO
● Utilizada no tratamento de pacientes corticodependentes,
Profilaxia
● Antibioticoterapia: usada
como profilaxia para recidivas de infecções​
● Principalmente por estreptococo​
● A profilaxia é feita com penicilina
VO em doses baixas ou com vacina
antipneumocócica​
● Tratar a hiperlipidemia
Profilaxia
CURA : Após 5 anos sem recidiva e sem
medicamentos

PROGNÓSTICO :
● Causa da síndrome nefrótica
● Idade da pessoa
● Tipo de lesão renal
● Grau da lesão renal
SÍNDROME
NEFRÍTICA
Ou GNDA ou GLOMERULITE
• Pode ser entendida como sendo o conjunto de sinais e sintomas que surgem quando um indivíduo tem os seus
glomérulos renais envolvidos por um processo inflamatório agudo.

• A síndrome nefrítica clássica, também denominada Glomerulonefrite Difusa Aguda (GNDA), tem como protótipo a
Glomerulonefrite Pós-Estreptocócica (GNPE).

• O paciente que desenvolve síndrome nefrítica é aquele que se queixa de urina "presa" e "vermelho-acastanhada“.
Os imunocomplexos (IC, antígeno +
anticorpo) se depositam nas estruturas + Reação Inflamatória gera desestruturação celular
glomerulares, e eletroquímica

Diminuindo sua filtração e levando a passagem


de proteínas, hemácias, leucócitos ...

Origem primária Origem secundária

• Idiopática • Patologia de base gera o


• Glomerulopatia do C3 acúmulo de ICs
• Nefropatia por IgA
Condição aguda ou crônica caracterizada pela associação de :

Hematúria
Oligúria Edema HAS
Dismorfica

Outros sinais
Hematúria com dismorfismo
• Redução da TFG – aumento de creatinina sérica eritrocitário ou cilindros
hemáticos – marcador
• Proteinúria - 150 mg a 3,5 g / 24h principal
Diagnóstico
● História clínica + história familiar + presença de
sinais e sintomas extra-renais + exame físico
● A investigação laboratorial é necessária em todos os
casos, podendo ser extensa, dependendo do grau de
suspeição etiológica da glomerulopatia, das
manifestações clínicas e/ou da causa secundária
associada.

Clearence de
Sumário de urina Hemograma Perfil eletrolítico
creatinina

Evidência
sorológica de Sorologias para Complemento Total
Marcadores imunes
infecção infecções virais e frações
estreptocócica:
Glomerulonefrite
Difusa Aguda pós-
estreptocócica
(GNPE)
Conceito Etiologia
● Processo inflamatório de origem imunológica que • A doença manifesta-se após infecção pelo Streptococcus beta-

acomete todos os glomérulos de ambos os rins; hemolítico do grupo A (EBHGA);

● Sequela tardia e não supurativa de estreptocócica. • Somente algumas cepas, denominadas nefritogênicas, são
capazes de causar a glomerulonefrite;
• Essas cepas são identificadas pela presença de uma proteína
localizada na parede de suas células, chamada proteína M.
Epidemiologia
● É rara em menores de 2 anos, sendo mais frequente no período pré-escolar e escolar;
● É duas vezes mais frequente no sexo masculino que no feminino;
● Equivalência entre os gêneros quando a infecção é de pele.
Quadro Clínico

● Apresentação clínica variável


● Hematúria microscópica – sempre
● Hematúria macroscópica – 30%
● Edema – 85%
● Hipertensão arterial – 80%
● Hipervolemia
● Geralmente autolimitada – 6 a 8 semanas
● Na maior parte dos casos, as queixas são vagas,
como indisposição, inapetência, cefaleia e edema
periorbital.
Complicações
CONGESTÃO CIRCULATÓRIA
● É a complicação mais frequente;
● Sinais clínicos de hipervolemia;
● Taquicardia;
● Dispneia;
● Tosse;
● Estertores subcrepitantes em bases pulmonares;
● Eventualmente, hepatomegalia.

ENCEFALOPATIA HIPERTENSIVA.
ISUFICIÊNCIA RENAL AGUDA (IRA).
Diagnóstico
● Questionar se a criança apresentou quadros prévios
de faringite ou impetigo;

● Checar se o período de incubação é compatível;

● Provas laboratoriais da infecção estreptocócica;

● Deve estar atento para a presença de edema,


hematúria, hipertensão e manifestações extra renais.
Exames complementares
SANGUE:
● ASO – antiestreptolisina O;
● Dosagem de complento sérico;
● Ureia e cratinina;
● Sódio, potássio, bicarbonato;
● Hematócito;
● Albumina.

URINA:
● EAS – Elementos anormais e sedimentados.
Diagnostico Diferencial
1. Glomerulonefrite membranoproliferativa:
○ Acomete sobretudo o sexo feminino e ocorre geralmente em maiores de 7 anos de idade e na infância, costuma apresentar-se com
complemento sérico baixo por meses.

2. Glomerulonefrite rapidamente progressiva:


○ Caracterizada por manifestações clínicas importantes e aumento progressivo dos níveis de creatinina.

3. Doença de Berger:
○ Apresenta hematúria recorrente, sem os demais sinais clínicos que caracterizam a GNDA, com complemento sérico normal e cujo
diagnóstico é confirmado por biópsia, com imunofluorescência positiva para IgA.

.
Tratamento
De preferência ambulatorial;
• Internar quando houver complicações ou pelo nível socioeconômico/cultural;
• Repouso;
• Peso diário, volume urinário diário, medida da PA.

Medidas dietéticas:
 Restrição hídrica 20 ml/kg/dia;
 Diminuição da ingestão de sódio;
 Restrição proteica, se IRA;
 Restrição de potássio se oliguria importante (diurese <240ml/m²/dia).
 .

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Tratamento Medicamentoso
● Infecção estreptococica:
Penicilina benzatina:
< 25 kg : 600.000 UI
> 25 kg : 1.200.000 UI
Penicilina V por 8 a 10 dias
Eritromicina:
30-40 mg/kg/dia de 6/6H por 8 a 10 dias.

● Diurético:
Furosemida 1 a 5 mg/kg/dia, se congestão, oligoanúria ou hipertensão sintomática.

● Bloqueadores de cálcio.
● Inibidores da ECA.
Prognóstico

● Em geral, a GNPE apresenta bom prognóstico;

● Nas crianças, é de 95% delas se recuperam completamente;

● Apenas 5% dos pacientes se tornam crônicos;

● Óbitos por GNPE são raros.


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 .

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Referências

● SILVA, Luciana R. et al. Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria. 5ª ed. Barueri, SP:
Manole, 2022.
Vamos Praticar?
RESIDÊNCIA MÉDICA R3 – 2018 TÍTULO DE ESPECIALISTA EM PEDIATRIA)
Pré-escolar, quatro anos, sexo masculino, apresenta episódios recorrentes de hematúria macroscópica, principalmente
quando em vigência de infecções de vias aéreas superiores. O diagnóstico mais provável é:

a) Doença de Berger.
b) Síndrome de Alport.
c) Glomerulonefrite difusa aguda.
d) Púrpura de Henoch-Schönlein.
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Vamos Praticar?
RESIDÊNCIA MÉDICA R3 – 2018 TÍTULO DE ESPECIALISTA EM PEDIATRIA)
Pré-escolar, quatro anos, sexo masculino, apresenta episódios recorrentes de hematúria macroscópica, principalmente
quando em vigência de infecções de vias aéreas superiores. O diagnóstico mais provável é:

a) Doença de Berger.
b) Síndrome de Alport.
c) Glomerulonefrite difusa aguda.
d) Púrpura de Henoch-Schönlein.
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Vamos Praticar?
Considerando a Glomerulonefrite Difusa Aguda (GNDA), assinale a alternativa correta:

A - Decorre da deposição de complexos antígenos anticorpos na membrana glomerular.

B - O edema na GNDA é decorrente do aumento da pressão oncótica do plasma.

C - Durante o tratamento, a quantidade de líquidos a ser ministrado deve ser livre.

D - Hematúria macroscópica pode estar presente até 1 ano depois da regressão dos sinais e sintomas clínicos.

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Vamos Praticar?
Considerando a Glomerulonefrite Difusa Aguda (GNDA), assinale a alternativa correta:

A - Decorre da deposição de complexos antígenos anticorpos na membrana glomerular.

B - O edema na GNDA é decorrente do aumento da pressão oncótica do plasma.

C - Durante o tratamento, a quantidade de líquidos a ser ministrado deve ser livre.

D - Hematúria macroscópica pode estar presente até 1 ano depois da regressão dos sinais e sintomas clínicos.

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Vamos Praticar?
Deve-se restringir cada vez mais a indicação de biópsia renal em síndrome nefrótica na infância. Com relação a esse
tema, assinale a opção que apresenta fator que pode auxiliar na indicação de biópsia renal para confirmar diagnóstico
primário de síndrome nefrótica idiopática.

A - alterações clínico-laboratoriais que confirmem esse diagnóstico


B - resposta clínica à terapia entre quatro e seis semanas após seu início
C - ausência de desenvolvimento de resistência aos esteroides
D -presença de proteinúria persistente de 100 mg/m2 /24 h
E -início antes de um ano de idade ou após os dez anos de idade

 .
Vamos Praticar?
Deve-se restringir cada vez mais a indicação de biópsia renal em síndrome nefrótica na infância. Com relação a esse
tema, assinale a opção que apresenta fator que pode auxiliar na indicação de biópsia renal para confirmar diagnóstico
primário de síndrome nefrótica idiopática.

A - alterações clínico-laboratoriais que confirmem esse diagnóstico


B - resposta clínica à terapia entre quatro e seis semanas após seu início
C - ausência de desenvolvimento de resistência aos esteroides
D -presença de proteinúria persistente de 100 mg/m2 /24 h
E -início antes de um ano de idade ou após os dez anos de idade Indicadores de biopsia:
• Síndrome nefrótica córtico resistente;
• Recidivas persistentes por mais de 12-18
meses de diagnóstico;
• Complemento sérico diminuído
• SN em menores de 01 ano ou maiores de 08
anos
.
Vamos Praticar?
A Síndrome Nefrótica em crianças é caracterizada por

A. Proteinúria, Hiperproteinemia, Hiperlipidemia E Edema.


B. Proteinúria, Hipoproteinemia, Hipolipidemia E Edema.
C. Proteinúria, Hiperproteinemia, Hipolipidemia E Hipovolemia.
D. Proteinúria, Hipoproteinemia, Hiperlipidemia E Edema.
E. Proteinúria, Hipoproteinemia, Hiperlipedemia E Hipervolemia.

.
Vamos Praticar?
A Síndrome Nefrótica em crianças é caracterizada por:

A. Proteinúria, Hiperproteinemia, Hiperlipidemia E Edema.


B. Proteinúria, Hipoproteinemia, Hipolipidemia E Edema.
C. Proteinúria, Hiperproteinemia, Hipolipidemia E Hipovolemia.
D. Proteinúria, Hipoproteinemia, Hiperlipidemia E Edema.
E. Proteinúria, Hipoproteinemia, Hiperlipedemia E Hipervolemia.

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