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INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO

#CONCEITOS INICIAIS:
 Características da ITU na infância:
 Frequente/comum
 Recorrente
 Podem levar ao desenvolvimento de sequelas pelo acometimento do parênquima renal: HAS, DRC
 Mecanismos que levam a ITU:
 Principal: Via ascendente (ex: bactéria no períneo ou prepúcio que ascende até a bexiga, levando a
cistite OU ascendência da cistite até parênquima renal, gerando a pielonefrite)
 Via hematogênica (+ comum no RN)
 Mecanismo de defesa do organismo contra ITU:
 Esvaziamento vesical regular

#FATORES DE RISCO:
 Ausência de circuncisão (prepúcio favorece quantidade de bactérias)
 Sexo feminino
 Obstrução urinária
 Sexo masculino: válvula de uretra posterior (membrana na uretra prostática) -> presença de
hidronefrose fetal bilateral, distensão vesical e jato urinário fraco. Tratamento é cirúrgico com ablação
da válvula.
 Disfunção vesical
 Constipação (bolo fecal pode interferir mecanicamente no esvaziamento da bexiga)
 Refluxo vesicoureteral -> fator de risco para pielonefrite

#PICOS DE INCIDÊNCIA:
 1° Pico (1° ano): Meninos com anomalias (fimose, válvula de uretra posterior)
 2° Pico (2-3 anos): Meninas no início do controle esfincteriano
 3° Pico (adolescência): Meninas em início da atividade sexual

#ETIOLOGIA:
 Escherichia Coli
 Proteus (+ comum no sexo masculino) -> alcaliniza a urina favorecendo a formação de cálculos de estruvita
 Outros Gram-negativos:
 Klebsiella
 Pseudomonas (pensar em pct submetida a manipulação do trato urinário)
 Gram-positivos: (obs: quando urocultura mostra gram-positivos em pequena quantidade pode ser
contaminação do exame pela pele)
 Enterococos
 S. saprophyticus (importante em mulheres jovens sexualmente ativas)
 Vírus: Cistite hemorrágica pelo adenovírus (urocultura negativa)

#CLÍNICA:
 Cistite em crianças maiores:
 Disúria, polaciúria, estrangúria
 Dor suprapúbica
 Incontinência urinária
 Pielonefrite:
 Com ou sem sintomas de cistite
 Calafrio, dor lombar
 Manifestações inespecíficas: vômito...
 FEBRE (pode ser a única manifestação: ITU é a principal causa de febre sem sinais de localização em
lactentes) -> afasta cistite
#DIAGNÓSTICO:
 EAS (Urina tipo I, sumário):
 Bioquímica:

 ESTERASE LEUCOCITÁRIA (enzima da degradação de leucócitos -> marcador sensível de


inflamação)
 NITRITO (marcador menos sensível e mais específico): a presença de bactéria gram-negativas
no trato urinário transforma o nitrato normalmente presente na urina em nitrito. As bactérias
para isso precisam ter um contato de pelo menos 4h com a urina.
 Sedimento:
 LEUCÓCITOS (≥ 5 p/c ou 10.000/ml)
 Bacterioscopia com coloração de Gram
 URINOCULTURA: com bacteriúria significativa -> único exame que confirma (SEMPRE FAZER NA SUSPEITA)
 Amostra de urina com jato médio: POSITIVA ≥ 100.000 UFC/ml

 Saco coletor: ruim pois entra em contato com as bactérias da pele e por isso melhor quando usado no
EAS. Só descarta a possibilidade de ITU se resultado totalmente negativo.

 Cateterismo: Positivo se ≥ 50.000 colônias


 Punção suprapúbica: qualquer valor é considerado positivo

Obs: cuidado com bacteriúria assintomática, pois deve ser tratada SOMENTE em gestantes e pcts que
vão ser submetidos a procedimentos urológicos
Obs: sempre colher urinocultura antes de iniciar o tratamento

#TRATAMENTO:
 Cistite:
 Duração do tto: 3-5 dias
 Tto ambulatorial
 ATB:
 Sulfametoxazol-trimetroprim (foi identificado bactériasresistente e por isso entrando em
desuso)
 Nitrofurantoína
 Algumas referências falam em amoxicilina e cefa de 1° geração (cefalexina)
 Pielonefrite:
 Duração do tto: 7-14 dias
 Indicação de hospitalização:
 Quadro grave (sepse, vômitos, incapaz de beber líquidos)
 < 3 meses
 ATB hospitalar:
 Ceftriaxona
 Ampicilina e aminoglicosídeo
 ATB ambulatorial:
 Ceftriaxona IM
 Ciprofloxacina (indicada quando a maior risco de infecção por pseudomonas)
 Algumas referências falam em amoxicilina-clavulanato e cefa de 1° geração (cefalexina)
Obs: NÃO PODE FAZER NITROFURANTOÍNA, pois não atinge boa concentração no parênquima
renal
 Após o tratamento: Avaliar fatores de risco na criança para impedir novo evento

#REFLUXO VESICOURETERAL:
 Primário: Alteração na inserção do ureter na bexiga - reflui urina da bexiga p/ ureter
 Malformações anatômicas

 Idiopático (em que há inserção perpendicular do ureter ao invés de ser obliquo como de costume) ->
principal!! Geralmente há uma resolução espontânea com o avanço da idade, mas isso varia de acordo
com grau/gravidade do refluxo

 Secundário: Aumento importante da pressão vesical (ex: válvula de uretra posterior)


 Classificação do refluxo:

Obs: a partir do grau III-V é indicado quimioprofilaxia com ATB para manter urina estéril
 Exames de imagem:
 USG de rim e vias urinárias: identifica somente alterações grosseiras
 Cintilografia renal com DMSA: na fase aguda identifica pielonefrite / na fase crônica identifica
cicatrizes
 Uretrocistografia miccional: diagnostica e define gravidade do refluxo

Obs: p/ realização desse exame é necessária uma urocultura prévia de controle negativa
 Indicação de exames: Nelson
 1° pielonefrite (2-24 meses) -> USG
 Normal: não faz nada
 Alteração: Faz Uretrocistografia
 Após 2° pielonefrite -> Uretrocistografia sempre
Obs: SBP diz que após episódio de ITU confirmada se < 2 anos faz USG e UCM / > 2 anos faz somente
USG

#DISFUNÇÃO MICCIONAL:
1) Incontinência urinária:
 Enurese = incontinência urinária durante o sono em criança com > 5 anos
 Primária X Secundária
 Primária: sempre tem enurese
 Secundária: parou de ter enurese por ≥ 6 meses e depois voltou a ter enurese. Causas: ITU,
DM, maus tratos
 Monossintomática (somente enurese) X Não monossintomática (enurese + outras alterações durante
o dia)
 Diurna:
 Avaliar bexiga hiperativa
 Urgência urinária e tenta fazer manobras de contenção (ex: curvar períneo, mão na barriga)
 Sempre avaliar constipação
 Considerar oxibutinina (anticolinérgico -> pode piorar constipação e por isso deve ser
avaliado)

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