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CLASSIFICAÇÕES
ITU não complicada: mulheres (cis) não
grávidas, em idade fértil, sem alterações
anatômicas ou de funcionalidade do trato
urinário conhecidas. É aguda, limitada,
podendo ser esporádica ou recorrente e
acometer TU inferior ou superior.
ITU recorrente: ITUs complicadas ou não complicadas; frequência maior ou igual a 3 infecções por ano por 2 anos
consecutivos ou maior ou igual a duas ITUs nos últimos 6 meses (OBS: é necessário se provar que são infecções
distintas, e não recidiva de infecção mal tratada).
ITU associada a cateter: ocorre em posso cujo TU está atualmente cateterizado ou teve um cateter colocado nas
últimas 48h.
Urosepse: disfunção de órgãos ameaçadora da vida causada por uma resposta desregulada do hospedeiro ante a
uma infecção originada no trato urinário e/ou em órgãos genitais masculinos (sic).
FATORES DE RISCO
Relações sexuais
o Sexo anal seguido de sexo vaginal (perguntar se há troca de preservativo; ou orientar trocar a
ordem)
Uso de espermicidas
o Alcalinização da vagina favorável à proliferação de bactérias
Infecção urinária prévia
Nova parceria sexual (no último ano)
o “Cistite de lua de mel” “troca de bactérias”
História de ITU
o Paciente que teve na infância
Padrões de micção pré e pós coito
Consumo diário de bebidas
o Álcool redução da imunidade do TU
Frequência de micção
o Não beber água
Hábitos de micção
o Retardar micção
Uso de tampões
o Formação de meio de cultura absorventes internos mal manipulados
Ducha vaginal
Gravidez
Obstrução do trato urinário
Bexiga neurogênica
Refluxo vesicouretral
Cateterização urinária
INCIDÊNCIA
No primeiro ano de vida, é mais comum no sexo masculino (malformações na uretra) a partir daí, é mais
comum no sexo feminino, tendo um pico especial no início da vida sexual
Nos idosos do sexo masculino, há aumento significativo em vista de patologias da próstata
MICROBIOLOGIA
Mulheres (cis) jovens, em idade fértil, com sinais clássicos de ITU, sem ser de repetição e não complicada
possível tratamento empírico
o E. coli responsável pode 75 a 95% dos episódios de cistite e de pielonefrite não complicada (em
mulheres)
o Fímbiras facilitam a adesão no endotélio urogenital
Demais casos são causados por enterobactérias, como Klebsiella pneumoniae, e bactérias Gram positivas,
como Staphylococcus saprophyticus, Enterococcus faecalis e Streptococcus agalactie (do grupo B)
o No caso de mulheres com sintomas de cistite não complicada, Enterococcus faecalis e Streptococcus
agalactie, quando isoldados da amostra de urina, costumam representar contaminação da amostra
QUADRO CLÍNICO
CISTITE
Algúria (terminal), disúria (terminal), polaciúria, urgência miccional, odor fétido da urina, hematúria (pode
estar presente)
Dor suprapúbica
Tenesmo vesical
Algúria e disúria terminais ocorrem pela contração do detrusor
PIELONEFRITE
Febre (>38°C), lombalgia/dor em flancos, calafrios, náuseas e vômitos
o Com ou sem sintomas de cistite típicos
Idosos: podem ter sinais ausentes ou inespecíficos
Em crianças: dor abdominal e irritabilidade
Gestantes: pode ter efeitos em gestante cm anemia, insuficiência renal ou respiratória, mais comum parto
pré-termo
Giordano positivo, pode ter urina fétida e hematúria, queda do estado geral
ITU com nefrolitíase pode acompanhar sinais como cólica nefrética, mal estar, fadiga, dor abdominal
URETRITE
Sintomas exuberantes, urocultura negativa, sedimento
Disúria e algúria constantes (???)
COMPLICAÇÕES
Bacteremia
Sepse
Abcesso
Disfunção múltipla de órgãos
Choque
Falência renal aguda
DIAGNÓSTICO
Em ITU não complicada clínico (???0
EXAMES COMPLEMENTARES
Apenas em ITU complicada
Exame qualitativo de urina (EQU/EAS/urina 1)
o Nitritos na urina, piúria, cilindros (hemáticos, leucocitários), bacteriúria significante
Urocultura com antibiograma
o Também em cistite não complicada com sintomas atípicos
Hemograma
o Leucocitose com desvio à esquerda
Glicemia e creatinina
o Descompensação de DM aumento do catabolismo, gliconeogênese e aumento da glicemia
o Taxa de filtração glomerular função renal
Exames de imagem
o Avaliação de obstrução uretral por cálculos
o Abscessos renais
Cistoscopia e outros conforme cenário clínico
TRATAMENTO
CISTITE NÃO COMPLICADA
1ª linha:
o Nitrofurantoína (Macrodantina) 100mg 2X dia/ 5 dias
o Fosfomicina (Monuril) 3g dose única (sachê)
Recomendar antes de dormir e não urinar depois
Alternativos (???):
o Bactrim (160/800mg) por 3 dias (acho que não será cobrado)
Considerar como droga de escolha em áreas com resistência conhecida de E. coli >20%
o Não se recomenda uso de Clavulim ou ampicilina + sulbactam; cefalosporinas orais para tratamento
empírico (apenas casos selecionados)
o Cuidado com uso de fluoroquinolonas! Efeitos adversos potenciais de longo prazo. Usar apenas se for
considerado inapropriado uso de outros agentes antimicrobianos comumente recomendados para
tratamento dessas infecções
Aula: cuidado com medicamentos como fenazopiridina (Pyridium): efeito analgésico no trato urinário
modifica cor da urina, mascara sintomas (caso ITU não foi tratada adequadamente) podendo complicar
silenciosamente, além de atrapalhar urocultura. Não citado no guidelines, mas UpToDate cita para ITU não
complicada usar 3X ao dia por até 48h (tempo para sintomas desaparecerem após início do uso de
antimicrobianos). Uso prolongado mascara sintomas e não permite análise de evolução clínica
PIELONEFRITE NÃO COMPLICADA
OBS: exame de imagem pra ver se complicação (p. ex. abscesso, obstrução)
Quinolonas: cipro ou levo
Bactrim (160/800mg)
Cefpodoxima (cefalosporina de 3ª geração)
Espera-se redução da febre em até 48h (ou 72h? do guideline) após início da terapia
o O não cessar da febre pode ocorrer por: abscessos, falha terapêutica ou má adesão
PARENTERAL
Pacientes
com
pielonefrite
não
complicada
que
requerem
hospitalização tratar inicialmente com atb IV (p. ex.: quinolona, aminoglicosídeo – com ou sem ampicilina
– ou penicilina ou cefalosporina de amplo espectro
PROFILAXIA EM INFECÇÕES RECORRENTES
Reinfecção: recorrência causada por cepa diferente de bactéria que causou a infecção anterior
o Na prática, quando a nova infecção ocorre mais que duas semanas depois e há documentação de
urocultura normal
OBS: pessoas imunossuprimidas, casos de bexiga neurogênica e de sondagem vesical de demora podem
precisar de profilaxia a vida toda
Relapso: recorrência causada pela mesma cepa ou dentro de 2 semanas do término da infecção anterior
Exames complementares extensivos (imagem, cistoscopia, etc.) não devem ser rotineiros. Reservar para
casos atípicos (p. ex.: suspeita de cálculo renal, obstrução, cistite intersticial ou CA de urotélio)
ESTRATÉGIAS
Modificações comportamentais:
o Modo de higiene adequada, consumo de fluidos, urinar após relação sexual, não fazer ducha vaginal,
não utilizar espermicida (troca de método contraceptivo), evitar roupa íntima apertada, etc. OBS:
embora razoável sugerir, há falta de evidência
o Reposição hormonal
Reposição de estrógeno intravaginal para mulheres pós menopausa
Após menopausa queda dos níveis de estrógeno locais
o Imunoterapia: OM-89 (Uro-Vaxom)***
Pacientes do sexo feminino
o Probióticos (Lactobacillus spp.)
Não demonstrou benefício, mas precisam-se de novas pesquisas para recomendação
definitiva
o Cranberry
Estudos limitados e para ITUs baixas
Meta-análise mostrou que os produtos de cramberry atuais não reduziram de forma
significativa UTI sintomática recorrente em mulheres
Resultados contraditórios
o D-mannose
Estudo randomizado com placebo, sem cegamento sugere efetividade
Indicativo, mas não suficiente para recomendação
o Instilação intravesical
Com ácido hialurônico e sulfato condroitina
Necessário ensaios clínicos em larga escala não é possível fazer recomendação ainda
PROFILAXIA
Quando medidas não antimicrobianas forem mal sucedidas
3 a 6 meses usar medicamento diferente dos utilizados no tratamento (doses baixas por períodos
prolongados)
o Espera-se que em até 6 meses seja possível identificar e retirar o fator de risco
o Se não for possível retirar fator de risco, profilaxia poderá ser mantida indefinidamente
Ou regime pós coital (considerar também em gestantes com histórico de ITU recorrente antes da gravidez)
o Cefalexina: 125 ou 250mg 1X/dia ou cefaclor 250mg 1X/dia OBS: gestantes
o Bactrim 800/100mg 1X/dia
o Nitrofurantoína 50 ou 100mg 1X/dia
Cuidado! Uso prolongado está associado a quadro de fibrose pulmonar por uso de droga
o Fosfomicina 3g a cada 10 dias
ITU COMPLICADA
APRESENTAÇÃO CLÍNICA
Pode ser típica ou atípica (p. ex. pacientes com nefrostomia)
Pode se apresentar como uma pielonefrite aguda obstrutiva severa, com urossepse iminente
IMPORTANTE!
Urocultura para determinar bacteriúria em caso de suspeita de ITU complicada
Antibiograma importante, pois o espectro de microrganismos e de resistência é muito maior (OBS:
maiores índices de resistência)
o E. coli, Proteus spp., Klebsiella spp., Pseudomonas spp., Serratia spp. e Enterococcus spp. mais
comumente isolados
o Variação entre hospitais
TRATAMENTO
Escolha de antimicrobianos depende da severidade da apresentação clínica, dos padrões de resistência
bacteriana locais e fatores específicos do hospedeiro (p. ex. alergias)
Tratamento empírico inicial deve ser individualizado e seguido por tratamento guiado por antibiograma
Pacientes com ITU e sintomas sistêmicos, necessitando hospitalização iniciar com tratamento IV (p. ex.
aminoglicosídeo com ou sem amoxicilina ou cefalosporina de segunda ou terceira geração ou penicilina de
espectro ampliado com ou sem aminoglicosídeo). Considerar dados epidemiológicos de resistência local.
Seguir com tratamento guiado pela cultura
Alternativas para multirresistentes
Não utilizar quinolonas para tratamento empírico! Especialmente se paciente utilizou cipro nos últimos 6
meses
o Apenas se paciente tiver anafilaxia com beta-lactâmicos e não estiver seriamente doente
Duração de tratamento: 7 a 14 dias
BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA
Crescimento urinário assintomático de bactérias comum; colonização comensal
o Pode proteger contra ITU sintomática superinfectante (?) tratamento deve ser feito apenas em
casos em que há benefícios evidentes
Definição: indivíduo sem sintomas do trato urinário e uma amostra de urina mostrando crescimento
bacteriano ≥ 105 ufc/mL em duas amostras consecutivas para pessoas do sexo feminino e em uma única
amostra para sexo masculino. Em caso de indivíduos cateterizados, independente do sexo, temos o valor de
102 ufc/mL para caracteriza a bacteriúria.