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Enfermagem de Saúde Infantil e Pediatria

Aula Teórica - 4º semestre CLE

A criança com disfunção respiratória

Professor@s: Ananda Fernandes; Lurdes Lomba; Márcia Pestana-Santos; Marília Flora


Jorge Apóstolo

2022-2023
Sumário
1. Vias respiratórias – Aspetos gerais
2. Estrutura das vias respiratórias na criança
3. Avaliação da função respiratória
4. Infeções das vias respiratórias
4.1. Etiologia e características
4.2. Sinais e sintomas
5. Identificação precoce de complicações respiratórias
6. Compromisso das vias respiratórias na criança – Problemas mais comuns
6.1. Via aérea superior
6.2. Síndromes de Croup
6.3. Via aérea inferior
6.4. Agentes não infeciosos
6.5. Disfunção respiratória crónica
Objetivos

1. Identificar as especificidades das vias respiratórias em lactentes e crianças


2. Identificar os principais sinais de disfunção respiratória em lactentes e crianças
3. Distinguir os efeitos das diversas infeções respiratórias em crianças e lactentes
4. Identificar os problemas de disfunção respiratória mais frequentes em lactentes e crianças
5. Descrever a fisiopatologia da fibrose cística nos sistemas gastrointestinal e pulmonar
Vias respiratórias
Aspetos gerais
1. Vias respiratórias - Aspetos gerais

Vias aéreas Superiores e Vias aéreas inferiores


Fossas nasais, seios
Via Parte inferior da traqueia
perinasais
aérea
Nasofaringe, círculo superior
amigdalino de Waldeyer Brônquios

Laringe Bronquíolos
Via aérea
Parte superior da traqueia inferior Alvéolos
Estrutura das vias respiratórias na criança
2. Estrutura das vias respiratórias na criança

Bebés até às 4 - 6 semanas


respiram pelo nariz Via aérea é mais estreita ao nível da cricoide,
em crianças com idade inferior a 8 anos
A língua é grande em proporção à
boca, tornando a obstrução das vias Vias respiratórias mais pequenas e estreitas;
respiratórias mais provável na Tornam as crianças mais suscetíveis à
criança inconsciente obstrução das vias respiratórias e ao
desconforto respiratório
Menor capacidade pulmonar e
O tórax dos neonatos e toddlers assemelha-
músculos intercostais
se à forma de barril
subdesenvolvidos dão às crianças
menos reserva pulmonar As crianças dependem muito do diafragma
para respirar
Taxas respiratórias mais elevadas e
A falta de estrutura óssea firme no tórax
a necessidade de O2 pequenas
tornam a hipoxia fácil de ocorrer torna a criança mais propensa a retrações
quando em dificuldade respiratória
nas crianças
2. Estrutura das vias respiratórias na criança
2. Estrutura das vias respiratórias na criança

A posição da trompa de Eustáquio está num ângulo menor


(mais horizontal) na criança pequena, resultando numa
diminuição da drenagem

Fim da trompa de Eustáquio na faringe nasal abre durante a


sucção

A trompa de Eustáquio equaliza a pressão de ar entre o


ouvido médio e o ambiente externo e permite a drenagem
das secreções da mucosa do ouvido médio
2. Estrutura das vias respiratórias na criança

Nasofaringe mais pequena, facilmente ocluída durante a infeção

O tecido linfático (amígdalas, adenoides) cresce rapidamente na primeira


infância; atrofia após os 12 anos de idade
Narinas mais pequenas, obstruem facilmente
Pequena cavidade oral e língua grande aumentam o risco de obstrução
Epiglote longa e flácida vulnerável ao edema com a consequente obstrução
Laringe e glote são mais elevadas no pescoço, aumentando o risco de
aspiração
Como as cartilagens da tiroide, cricoide e traqueia são imaturas, podem
colapsar facilmente quando o pescoço é flexionado
Como há menos músculos funcionais nas vias aéreas, são menos capazes
de compensar o edema, o espasmo e o trauma
As grandes quantidades de tecido mole e as membranas mucosas
flacidamente ancoradas que revestem as vias aéreas aumentam o risco de
edema e obstrução
Avaliação da função respiratória
3. Respiração – padrão respiratório
2.1.
Frequência – Normal; Taquipneia; Bradipneia (atendendo à idade da criança – ver slide
seguinte)

Profundidade – Normal; Hipopneica; Hiperpneica, estimada pela amplitude torácica e


abdominal (dependente da idade)

Ritmo –Variação na frequência e profundidade das respirações

Facilidade - Sem esforço; Com esforço; Ortopneia; Associada a retrações intercostais


ou subesternais; Pulso paradoxal; Adejo nasal; Balançar da cabeça (cabeça apoiada, balançando
para a frente em sincronia com cada inspiração); Gemido, sibilância ou estridor

Respiração laboriosa – Contínua; Intermitente; Agravamento progressivo; De início


súbito; Em repouso ou durante a atividade física; Associada a sibilância, gemido ou dor
torácica
3. Avaliação da função respiratória

Valores normais da frequência respiratória de acordo com a faixa etária (mrm*)

Idade Normal Taquipneia Bradipneia

1 a 12 meses 30 a 53 mrm Mais de 60 mrm Menos de 30 mrm

1 a 2 anos 22 a 37 mrm Mais de 40 mrm Menos de 22 mrm

3 a 5 anos 20 a 28 mrm Mais de 40 mrm Menos de 20 mrm

6 a 12 anos 18 a 25 mrm Mais de 30 mrm Menos de 18 mrm

13 a 18 anos 12 a 16 mrm Mais de 20 mrm Menos de 12 mrm


*mrm – movimentos respiratórios por minuto
3. Avaliação da função respiratória
Obstrução nasal

Rinorreia

“Abano da cabeça” (na inspiração)


2.2. Alteração da coloração da pele / Cianose
Observações
associadas Dispneia obstrutiva
(Tiragem; Adejo nasal)

Respiração ruidosa
(Ressonar; Estridor; Gemido; Farfalheira e Pieira)

Tosse

Dor torácica

Unhas em vidro de relógio;


Dedos em baqueta de tambor
3. Avaliação da função respiratória

2.2.
Observações
associadas

Fig. Dedos em baqueta de tambor


Unhas em vidro de relógio Fig. Locais onde podem ser observadas
retrações costais
Infeções das vias respiratória
Etiologia e características
4.1. Infeções das vias respiratórias – Etiologia e características
Maioritariamente vírus
- VSR; Rinovírus; Vírus parainfluenza; Vírus influenza; Adenovírus; Metapneumovírus
humano
Agentes
infeciosos Outros agentes envolvidos
- GABHS; Bordetella pertussis; Estafilococos; Haemophilus influenzae; Chlamydia
trachomatis; Mychoplasma; Pneumococos

Meses de Inverno e Primavera


- Maioria das infeções das vias respiratórias ocorrem neste período
- Época propícia a infeção por VSR, quando as crianças estão fechadas e em contacto
próximo umas com as outras
- Asma relacionada com infeções (ex. bronquiolite asmática) ocorre mais frequentemente
Variações durante o clima frio
sazonais
Outono e início do Inverno
- Período mais propício a infeções por Mychoplasma
4.1. Infeções das vias respiratórias – Etiologia e características

< 3 meses
-Taxa de infeções respiratórias reduzida nesta faixa etária
- No entanto, neste período, estas crianças são suscetíveis a infeções respiratórias por
Pertussis, por exemplo

3 a 6 meses
- A taxa de infeções respiratórias aumenta
- Corresponde ao período entre o desaparecimento dos anticorpos maternos e a
Idade produção dos anticorpos da própria criança

1 aos 5 anos
- A taxa de infeções respiratórias por vírus mantém-se elevada

> 5 anos
- As infeções respiratórias são menos frequentes mas a incidência de infeção por
Mychoplasma pneomoniae e GABHS aumenta
4.1. Infeções das vias respiratórias – Etiologia e características

Diâmetro
- Via aérea menor ↑ edema ↑ aumento produção de secreções

Tamanho Distância entre estruturas


- Mais curta ↑ facilidade de proliferação da infeção pelas diferentes
estruturas do sistema respiratório

Condições que fragilizam o sistema imunitário


- Desnutrição, anemia e fadiga

Outras condições
Resistência - Alergias; displasia broncopulmonar; Asma; História prévia de infeção por VSR;
Anomalias cardíacas que causam congestão pulmonar; Fibrose quística

Condições ambientais
- Frequência de creche e Exposição ao fumo passivo
4.1. Infeções das vias respiratórias – Etiologia e características

Crianças 6M – 3A
- Reagem de forma mais severa às infeções das vias respiratórias que as crianças mais velhas
- Apresentam um conjunto de sinais e sintomas que diferem dos observados nas crianças mais velhas
e nos adultos

Avaliação
- Esforço respiratório (FR; Ritmo; Profundidade; Utilização de músculos acessórios; Retrações
costais; Adejo nasal)
- Saturação O2 (Oximetria de pulso; Cor da pele; cor dos lábios)
- Temperatura corporal
- Nível de atividade da criança
- Nível de conforto da criança
4.2. Infeções das vias respiratórias – Sinais e sintomas

Febre
- Pode estar ausente nos RN (<28 dias)
- Pico de incidência em crianças entre 6M e 3A
- A temperatura pode chegar aos 39,5 C a 40,5 C mesmo aquando infeções ligeiras
- Aparece com frequência como 1º sinal de infeção
- Pode causar inquietação e irritabilidade, com alteração do padrão de atividade (geralmente
diminuição)
- Leva algumas crianças a falar com rapidez não habitual
- Tendência familiar para desenvolver temperaturas elevadas perante infeção
- Pode precipitar convulsões febris
4.2. Infeções das vias respiratórias – Sinais e sintomas

Meningismo
- Sinais meníngeos sem infeção das meninges
- Ocorre com início abrupto da febre
- É acompanhado de:
- Cefaleia
- Dor e rigidez no dorso e pescoço
- Presença dos sinais de Kernig e Brudzinski
- Desaparece à medida que diminui a temperatura corporal
4.2. Infeções das vias respiratórias – Sinais e sintomas

Recusa alimentar e Anorexia


- Comum em crianças pequenas doentes
- Frequentemente, é o primeiro sinal de evidência de doença
- Persiste, em maior ou menor grau, durante toda a fase febril da doença
- Frequentemente, estende-se até à convalescença

Diarreia
- Habitualmente ligeira e transitória, mas pode tornar-se intensa
- Frequentemente acompanha as infeções da via aérea causadas por vírus
- Causa frequente de desidratação
4.2. Infeções das vias respiratórias – Sinais e sintomas

Vómitos

- Comuns em crianças pequenas com doença


- Indício do início da infeção
- Podem preceder outros sinais, por várias horas
- Habitualmente são de curta duração, mas podem durar todo o período de doença
- É uma causa frequente de desidratação
4.2. Infeções das vias respiratórias – Sinais e sintomas

Dor abdominal
- Queixa comum
- Por vezes, na criança maior, é difícil de distinguir da dor por apendicite
- Pode ser causada por linfadenite mesentérica
- Pode ser causada por dor reflexa (ex: dor torácica associada a pneumonia)
- Pode ser causada por espasmos musculares por vómitos , principalmente em crianças tensas e
nervosas
4.2. Infeções das vias respiratórias – Sinais e sintomas

Obstrução nasal
- As narinas estreitas dos lactentes são facilmente bloqueadas pela exsudação e pelo edema da
mucosa
- Nos lactentes - Interfere com a respiração e com a alimentação
- Pode contribuir para o desenvolvimento de otite média e sinusite

Tosse
- Característica comum
- Pode ser evidente apenas na fase aguda da doença
- Pode persistir por vários meses após a doença
4.2. Infeções das vias respiratórias – Sinais e sintomas

Secreção nasal

- Ocorrência frequente
- Pode ser fina e aquosa (Rinorreia) ou espessa e purulenta
- Depende do tipo e do estadio da infeção
- Associada a prurido
- Pode causar irritação da pele do lábio superior e em torno do nariz
4.2. Infeções das vias respiratórias – Sinais e sintomas

Sons respiratórios
- Sons associados a doença respiratória
- Tosse
- Rouquidão
- Gemido
- Estridor
- Sibilância
- Audíveis à auscultação
- Sibilos
- Estertores
- Ausência de sons respiratórios (movimento do ar)
4.2. Infeções das vias respiratórias – Sinais e sintomas

Odinofagia
(Dor de garganta)

- Queixa frequente em crianças mais velhas


- As crianças mais pequenas (são incapazes de descrever os sintomas) podem não se queixar mesmo
quando a garganta está muito inflamada
- Os pais identificam pelo aumento da baba
- A criança recusa-se a ingerir líquidos ou sólidos
Identificação Precoce de Complicações
Respiratórias
5. Identificação Precoce de Complicações Respiratórias

Os pais devem procurar um profissional de saúde se a criança apresentar

- Recusa de alimentar
- Evidência de otalgia (dor de ouvidos)
- Hiperpneia (mais que 50 a 60 respirações/min)
- Temperatura superior a 38,3° C (Febre)
- Apatia
- Confusão
- Aumento da irritabilidade, com ou sem febre
- Tosse persistente por 2 dias ou mais
- Sibilância (obstrução parcial da via aérea)
- Inquietação e padrão de sono insatisfatório
Compromisso das vias respiratórias na
criança
Patologias respiratórias mais comuns na infância
6.1. Compromisso das vias respiratórias na criança
Via aérea superior
Nasofaringite viral
- Mais grave no lactente e criança que no adulto
- Manifestações Clínicas: Febre; Inquietação; Irritabilidade; Diminuição do apetite e da ingestão de
líquidos; Diminuição da atividade; Espirros; Muco nasal abundante; Vómitos ou diarreia

Faringite estreptocócica
- Não é uma doença grave mas pode provocar sequelas graves (febre reumática aguda; glomerulonefrite
aguda)
- Manifestações Clínicas: Mal estar geral; Cefaleias; Febre; Dor de garganta moderada; Anorexia

Amigdalite
- Infeção comum nas crianças pequenas
- Manifestações Clínicas: Relacionadas com a inflamação (edema; obstrução à entrada de ar e de
alimentos); Halitose; Voz nasalada; Tosse persistente
6.1. Compromisso das vias respiratórias na criança
Via aérea superior

Amígdala faríngea
(Adenoides)

Amígdala
tubária
Amígdala
palatina
Amígdala
lingual

Fig. Localização das várias amígdalas (massas de tecido linfóide)


6.1. Compromisso das vias respiratórias na criança
Via aérea superior
Mononucleose infeciosa
- Doença aguda, infeciosa e autolimitada; Comum entre os jovens
- Geralmente leve; Ocasionalmente grave; Raramente acompanhada por complicações
- Manifestações clínicas: Cefaleia; Epistaxis; Mal estar; fadiga; Febre baixa; Anorexia; Edema ocular
Características da doença aguda: Febre; Odinofagia; adenopatias cervicais

Gripe

- Transmissão por gotículas; Doença sazonal; Taxas mais elevadas em crianças mais novas;
Habitualmente mais grave em lactentes [e em idosos]
- Manifestações clínicas: Podem ser subclínicas, moderadas ou graves. Febre de início súbito; arrepios;
tosse seca; fotofobia; mialgias; hiperestesia; prostração, especialmente nas crianças mais pequenas
- Os sintomas podem perdurar por 4 a 5 dias
6.1. Compromisso das vias respiratórias na criança
Via aérea superior
Otite média
- É uma das doenças com maior prevalência na infância
- Incidência mais elevada no nos meses de Inverno
- Maioria dos episódios ocorrem nos primeiros 2 anos de vida e com novo pico de incidência aos 5-6 anos

Otite média - Manifestações clínicas


Otite Média Aguda: É precedida de infeção respiratória superior; Febre (pode ou não estar presente);
Otalgia; Otorreia (pode ou não estar presente)
Lactentes e crianças muito pequenas: Choro, inquietação, irritabilidade (especialmente quando
deitadas); Tendência para esfregar, segurar, ou puxar a orelha do ouvido afetado; Rodar a cabeça de um
lado para o outro; Dificuldade para consolar a criança; Perda de apetite, recusa de alimentar
Crianças mais velhas: Choro ou verbalização de desconforto; Irritabilidade; Letargia; Perda de apetite
Otite Média Crónica: Perda auditiva; Dificuldade em comunicar; Sensação de plenitude, tinido (acufenos
ou zumbido) ou vertigens/perda de equilíbrio podem estar presentes
6.2. Compromisso das vias respiratórias na criança
Sindromes Croupe

Epiglotite aguda • Os síndromes Croup ocorrem com mais frequência nos


meninos que nas meninas - incidência de 2:1
• O número de casos aumenta no final do Outono e início
Laringite aguda do Inverno
• Predominância em crianças dos 6M aos 3A
Laringotraqueobronquite • É raro aparecer em crianças com mais de 6 anos de
aguda idade
Laringite espasmódica • Pode ser causado por agente viral ou bacteriano com
aguda componente alérgico
• Os Croupe são definidos de acordo com a região
anatómica primária afetada: Epiglote; Supraglote;
Traqueíte bacteriana
Laringe; Traqueia; Laringe e Traqueia
6.2. Compromisso das vias respiratórias na criança
Sindromes Croup

A-

B-

A – Laringe normal. B – Obstrução e A – Via aérea saudável. B – Croup.


estreitamento resultante do edema de croup.
6.3. Compromisso das vias respiratórias na criança
Via aérea Inferior
VSR e Bronquiolite

- Mais comum no Inverno e início da


Primavera

- Causa mais frequente de hospitalização de


crianças com menos de um ano

- Nas crianças, a porção reativa da via aérea


inferior inclui os brônquios e bronquíolos

- O músculo liso, nestas estruturas,


representa um fator importante na
constrição das vias respiratórias, em
particular nos bronquíolos (porção que se
estende dos brônquios até aos alvéolos)
6.3. Compromisso das vias respiratórias na criança
Via aérea Inferior
Bronquite Bronquiolite
Bronquiolite
- Ocorre habitualmente com a infeção
- Doença infeciosa mais comum das vias respiratórias inferiores
Descrição respiratória alta
- Impacto obstrutivo máximo a nível bronquiolar
- Raramente é uma doença isolada
- Habitualmente crianças 2 a 12 M; Raramente a partir dos 2 A
Grupo etário afetado - Primeiros 4 anos de vida
- Pico de incidência, aproximadamente aos 6 M
- Geralmente viral
- Víroses, predominantemente VSR; também Adenovírus; Vírus
- Outros agentes (ex: bactérias, fungos,
Agentes etiológicos Parainfluenza; Metapneumovírus humano; Mycoplasma
perturbações alérgicas; agentes irritantes para
pneumoniae
a via aérea) podem despoletar sintomas
- Esforço respiratório; Diminuição da ingestão alimentar;
Características - Tosse seca persistente, (agrava à noite),
Taquipneia; Adejo nasal; Enfisema; Aumento secreções nasais;
predominantes tornando-se produtiva em 2-3 dias
Pieira; pode surgir Febre
- Oferecer Oxigénio suplementar se SpO2 ≤90%
- Broncodilatadores (opcional); Aspiração de secreções da naso
Tratamento - Antitússicos, se necessário
e orofaringe
- Aporte líquido adequado; Manter oxigenação adequada
6.3. Compromisso das vias respiratórias na criança
Via aérea Inferior

VSR e Bronquiolite
Sinais e Sintomas de Infeção

Inicial Com a Progressão da Doença Grave


- Rinorreia Doença
- Faringite -Taquipneia, >70 ciclos/min
-Tosse, espirros - Aumento da tosse e espirros - Apatia
- Sibilância - Taquipneia e tiragem - Crises de apneia
- Possível infeção ocular ou - Recusa da mama ou biberão -Trocas gasosas insuficientes e
ouvido - Secreções abundantes sons respiratórios pouco
- Febre intermitente - Cianose audíveis
6.3. Compromisso das vias respiratórias na criança
Infeções mais comuns - Via aérea Inferior
Pneumonia
Inflamação do parênquima pulmonar; É comum na infância, mas ocorre mais frequentemente na primeira
infância; Pode ocorrer como uma doença primária ou como uma complicação de outra doença. O agente
causador ou é inalado diretamente ou provém da corrente sanguínea
A sua classificação baseia-se no agente etiológico (ex: viral, bacteriana, micoplasma, ou aspiração de
corpo estranho)

Pneumonia - Manifestações clínicas


Febre (habitualmente alta)
Respiratórias: Tosse (não produtiva a produtiva com expetoração esbranquiçada); Taquipneia; Sons
respiratórios diminuídos; Dor torácica; Retrações costais; Rubor nasal; Palidez a cianose (depende da
gravidade)
Comportamento: Irritabilidade; Inquietação; Mal-estar; Letargia
Gastrointestinal: Anorexia, Vómitos, Diarreia, Dor abdominal
6.4. Compromisso das vias respiratórias na criança
Agentes não infeciosos
Corpo estranho no nariz

Tendência para as crianças pequenas colocarem objetos estranhos no nariz: Comida (ex: amendoins,
milho, ervilhas, feijões), pontas de lápis de cor, pequenas peças de brinquedo (ex: lego)
Comum em crianças de 1 a 3 anos
Manifestações clínicas
Corrimento nasal unilateral; Cheiro fétido; Dor

Ingestão de corpo estranho

- Entre os corpos estranhos, frequentemente, ingeridos pelas crianças estão as pilhas


alcalinas “tipo botão”
Manifestações clínicas
- Sialorreia; recusa alimentar; Odinofagia
6.4. Compromisso das vias respiratórias na criança
Agentes não infeciosos
Aspiração de corpo estranho

- Frequente: crianças mais velhas e crianças entre 1-3 anos

- A gravidade da situação depende do tamanho, tipo de material, e local onde fica alojado o
corpo estranho aspirado

Manifestações clínicas

Inicialmente: Asfixia, engasgamento e acessos de tosse

Obstrução laringotraqueal: Dispneia; Tosse; Estridor e rouquidão (devido à entrada


diminuída de ar)

A maior parte das crianças: Estridor; Retração esternal; Pieira; Tosse


6.5. Compromisso das vias respiratórias na criança
Disfunção respiratória crónica
Asma
Perturbação inflamatória crônica das vias aéreas
Caracterizada pela recorrência de sintomas (obstrução das vias aéreas e hiperreatividade brônquica)
Nas crianças suscetíveis, a inflamação causa episódios recorrentes de sibilos, falta de ar, rigidez torácica e
tosse, principalmente à noite ou ao início da manhã
A obstrução ou limitação de fluxo de ar é reversível espontaneamente ou com tratamento
A inflamação causa um aumento na hiperreatividade brônquica aos estímulos
A utilização de anti-inflamatórios, especialmente os esteroides inalatórios, são um componente importante
no tratamento da asma
A asma é classificada em quatro categorias com base nos sintomas indicadores da gravidade da doença:
- Intermitente
- Persistente leve
- Persistente moderada
- Persistente grave
6.5. Compromisso das vias respiratórias na criança
Disfunção respiratória crónica
Asma
6.5. Compromisso das vias respiratórias na criança
Disfunção respiratória crónica
Asma – Manifestações clínicas (1)
Tosse
Curta, seca e intermitente, paroxística, irritativa, não produtiva
Torna-se ruidosa e produtiva com expetoração espumosa, clara e gelatinosa

Sinais Respiratórios Relacionados


- Falta de ar
- Fase expiratória prolongada
- Sibilância audível
- Pode haver rubor na região malar e orelhas eritematosas
- Lábios cor vermelho-escura
- Pode evoluir para cianose do leito ungueal ou perioral
- Agitação
- Apreensão
- Sudorese intensa à medida que a a crise progride
- Crianças maiores sentam-se eretas com ombros encurvados e mãos e braços apoiados (tripé)
- Fala com frases curtas, ofegantes e interrompidas
6.5. Compromisso das vias respiratórias na criança
Disfunção respiratória crónica
Asma – Manifestações clínicas (2)
Tórax
- Hiperressonância à percussão
- Sons pulmonares grosseiros e de elevado volume
- Sibilos audíveis em todos os locais de auscultação pulmonar
- Expiração prolongada
- Estertores
- Sibilância inspiratória e expiratória generalizada – cada vez mais aguda

Consequências dos episódios repetidos


- Tórax em barril
- Ombros elevados
- Utilização da musculatura acessória da respiração
- Aparência facial - achatamento dos ossos malares, círculos escuros abaixo dos olhos, nariz estreito,
dentes superiores proeminentes
6.5. Compromisso das vias respiratórias na criança
Disfunção respiratória crónica
Fibrose Cística
Doença hereditária autossómica recessiva (ambos progenitores portadores do gene)
Gene responsável pela mutação – localizado no cromossoma 7
Condição que afeta 1 em cada 3500 nados vivos
Primeiros sintomas - No 1º ano de vida

Fibrose Cística - Fisiopatologia


Aumento da viscosidade das secreções das glândulas mucosas
Elevação significativa dos eletrólitos no suor
Aumento de vários constituintes orgânicos e enzimáticos da saliva
Anomalias no funcionamento do sistema nervoso autónomo

As crianças com FC demonstram um aumento de sódio e cloreto tanto na saliva como no suor. Esta
característica é a base para o teste de diagnóstico do cloreto de suor.
6.5. Compromisso das vias respiratórias na criança
Disfunção respiratória crónica
Fibrose Cística – Manifestações clínicas
Pulmonares
Gastrointestinais Inicialmente

Ileus Meconial * Fezes volumosas, soltas, - Respiração sibilante


espumosas, de cheio fétido -Tosse seca e não produtiva
Distensão abdominal
Perda de apetite Eventualmente
Vómitos - Aumento da dispneia
Perda de peso
Obstipação -Tosse paroxística
Atrofia muscular marcada - Evidência de enfisema obstrutivo e áreas
Evolução rápida para
Atraso de crescimento focais de atelectasia
desidratação
Abdómen distendido Envolvimento progressivo
-Tórax em barril, hiperinsuflado
Extremidades finas
- Cianose
Pele pálida - Dedos das mãos e pés em baqueta de
* ± 10% dos casos Défice vitaminas A,D, E e K tambor
Anemia - Episódios repetidos de bronquite e de
broncopneumonia
6.5. Compromisso das vias respiratórias na criança
Disfunção respiratória crónica
Fibrose Cística
Esperança de vida - Os indivíduos podem viver até aos 37 anos
Tratamento
- Gestão de problemas pulmonares
-Terapia para limpeza das vias aéreas
- Gestão de problemas gastrointestinais
- Gestão de problemas endócrinos
Gestão dos cuidados de Enfermagem Tratamento inovador
- No hospital
- No domicílio Em Portugal existem
- Apoio familiar cerca de 400 pessoas
- Transição para a vida adulta diagnóstico de FC
- Aconselhamento genético
Bibliografia de referência

1. Hockenberry M., Wilson D., Rodgers, C. Wong ́s Fundamentos Enfermagem


Pediátrica. 10 ed. Rio de Janeiro: Elsevier editora Ltda; 2018.
[Capítulo 21]

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