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UTI NEONATAL

Nutrição parenteral prolongada ou total (NPP ou NPT)

Início nas primeiras 24 horas quando há contraindicação de nutrição enteral. Tem por objetivo
corrigir ou prevenir deficiência nutricionais diante da contraindicação da dieta enteral.
Indicações absolutas:

 Clínicas: enterocolite necrosante, íleo meconial, íleo paralítico secundário a doença


generalizada, ECMO e prematuridade (< 1500g e/ou <30 semanas)
 Cirúrgicas: onfalocele, gastrosquise, atresia intestinal e de esôfago, peritonite
meconial, hérnia diafragmática, síndrome do intestino curto e doença Hirschprung
 Não suportam a via enteral
 Asfixia grave

Indicações de acordo com o tempo de início

 Para RNPT, com IG < 31 semanas ao nascer (antes de 31 + 0 semanas), iniciar a


nutrição parenteral o mais rápido possível, de preferência na primeira prescrição
 Para RNPT, com IG ≥ 31 semanas ao nascer, iniciar a nutrição parenteral nas primeiras
72 horas após o nascimento, se não houver perspectiva de progressão adequada da
alimentação enteral.
 Iniciar NPT se a alimentação enteral precisar ser suspensa por mais de 48 horas.
Vias de ADM:

 Cateter periférico:
o Utilizado quando a osmolaridade da NPP estiver entre 300 e 900 mOsm/L;
o Má tolerância à infusão de glicose e cálcio, gerando esclerose venosa. A
concentração máxima de glicose em acesso periférico é de 12,5%.
 Cateter central:
o Quando há necessidade de alta oferta de nutrientes (concentração máxima de
glicose: 25%), tempo prolongado de NPP e acesso venoso periférico difícil.

Necessidades hídricas

 Início com 70-80 mL/kg/dia, aumentar de 10-20 ml/kg/dia até atingir a necessidade de
150 a 170 ml/kg/dia
 Hidratação em excesso é prejudicial e a restrição hídrica nos primeiros dias parece ser
benéfica. É permitida perda de peso de 2 a 3% ao dia e máxima de 10% nos primeiros
dias. Os ajustes de volume devem ser frequentes na primeira semana de vida
Manejo nutricional

Necessidades calóricas

 Hidratos de carbono: 55 a 65%;


 Lipídios: 35 a 50%
 Proteínas: 15%
A recomendação nos RNPT > 1.000 g é iniciar com lipídio em solução de TCM e TCL a 20% e
nos < 1.000 g iniciar com Smof Lipid a 20% (ricas em ômega-3, mais bem toleradas). A oferta
calórica, principalmente, em recém- -nascidos prematuros deve ser de pelo menos 85 – 95
kcal/kg/dia.
Os eletrólitos devem ser iniciados na NPP quando a diurese já estiver estabelecida e após os
controles laboratoriais iniciais. Iniciar suplementação de sódio e potássio quando estes
estiverem abaixo de 135 mEq/dL e 4 mEq/dL, respectivamente. Após a 1º semana de vida o
incremento mais elevado de sódio pode beneficiar o crescimento e o neurodesenvolvimento do
prematuro extremo
Complicações da NPP com nutrientes

 Lipídios: infecção fúngica, hiperbilirrubinemia, colelitíase;


 Aminoácidos: alteração da função renal (aumento de uréia e amônia) e hepática
(colestase com aumento de BD, FA e gama GT);
 Glicose: hiper ou hipoglicemias;
 Distúrbios eletrolíticos.

Controle da glicemia capilar

 Meta é manter Dx entre 60 e 120 mg/dL


 Níveis acima de 110 mg/dL: não aumentar a VIG;
 Níveis acima de 150 mg/dL: redução da VIG, se glicosúria positiva
Solução de lipídio a 20% deve ser protegida da luz e sua monitorização é realizada através do
controle dos triglicerídeos, sendo que:

 Níveis acima 150 mg/dL: intolerância iminente


 Níveis acima 200 mg/dL: reduzir ou interromper a dose de lipídio

Momento ideal para a suspensão da NPP

 A medida que a dieta enteral é aumentada deve-se reduzir o volume de NPP


gradualmente. Esta deve ser suspensa quando oferta energética enteral alcançar 80 a
100 kcal/kg/dia.

Alimentação enteral no RN

RN termo

 Aleitamento materno precoce  1ª hora após o parto


 Se fórmula láctea: iniciar com 10 mL/mamada e progredir conforme livre demanda 
indicações de fórmula
o Hipoglicemia que não melhora após seio materno, de acordo com protocolo
específico
o Erros inatos do metabolismo
o Desidratação aguda e/ou perda de peso excessiva (10-15%) que não melhora
com a rotina de amamentação
o Mãe ausente ou com instabilidade clínica
o Uso materno de medicações que contra indiquem o aleitamento materno
o Doença materna que contraindique o aleitamento materno (HIV, HTLV 1 e 2)

RN pré-termo
Suporte nutricional enteral o mais precoce possível: idealmente primeiras 24 horas de vida:
 Preferencialmente leite humano
 Retardar o início da alimentação quando:
o Anóxia neonatal grave;
o Desconforto respiratório
o Sepse
o Instabilidade hemodinâmica
o Convulsões
o Malformações do trato gastrintestinal

Método de adm da dieta


 Via oral
o IG > 32-34 semanas
o Coordenação sucção-deglutição
o Estabilidade hemodinâmica
 Via gavagem por sonda gástrica
o IG < 32 semanas
o Pré-termo que requerem combinação via oral e gavagem
o RN impossibilitado ou com dificuldade de oferta VO
o Via gavagem contínua por bomba de infusão 30 a 60 minutos quando houver
intolerância com gavagem intermitente

Esquema de alimentação

 Início: nutrição enteral mínima (NEM) – 10 a 20 mL/kg/dia a cada 3 a 6 horas


dependendo da idade gestacional, peso de nascimento e quadro clínico
 Confirmada boa tolerância, progredir volume da dieta:
o RN com peso < 1.500 g: 2 a 3 mL por mamada por dia ou 10 a 20 mL/kg/dia;
o Considerar avanços mais rápidos e maiores quando RN estiver recebendo
volume > 100 mL/kg/dia, tendo o cuidado de não ultrapassar 30 mL/kg/dia
o A dieta enteral trófica deve ser interrompida apenas em casos suspeitos de
obstrução intestinal
o O objetivo é de alcançar a dieta enteral plena (150-180 mL/kg/dia) em 2
semanas para os RNPT EBP e em 7-10 dias para os RNPT com muito baixo
peso ao nascer (MBP).
o Não verificar rotineiramente os resíduos gástricos – não é preditor confiável de
intolerância alimentar
o Deve-se valorizar a ocorrência de resíduos hemorrágicos, de vômitos biliosos e
distensão abdominal, que podem indicar quadros de obstrução intestinal e íleo

Colostroterapia

 Benefício maior nos menores de 28 semanas


 Início nas primeiras 48 horas de vida: 0,1 mL de colostro materno em cada canto da
boca do RN a cada 3 h;
 Fornece IgA secretora e lactoferrina
 Reduz incidência de sepse neonatal e melhora a aceitação alimentar.

Aditivos do leite materno

 FM85: fórmula de nutrientes para recém-nascidos de alto-risco, devendo ser oferecida


na diluição de 1 g para cada 20 mL de leite materno;
 TCM – AGE: triglicerídeos de cadeia média associados a ácidos graxos essenciais, de
fácil absorção; o volume a ser oferecido ao paciente deve ser calculado de acordo com a
oferta calórica desejada, diluindo-se 2,5 mL do TCM em 100 mL de preparação (de
qualquer tipo, quente ou fria – sucos, sopas, cremes, leite ou qualquer dieta enteral).
Após preparo, manter a solução refrigerada e consumir em até 12 h; se mantida em
temperatura ambiente, em até 4 h.
Valores laboratoriais em neonatologia
Critérios de alta do prematuro

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