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Maria Izabella - Nutrição

Jejum Intermitente
- Bom na saúde cardiovascular - ⇩de gordura e melhora do perfil lipídico do
corpo. ⇩de citocinas inflamatórias, ⇩da resistência à insulina, e ⇩produção de
radicais livres.
● Mudanças na regulação da fome.
- A perda de gordura se deve ao estado cetogênico (obtenção de energia por
meio da gordura, quando não há glicose disponível). Ao invés do corpo usar
glicose, passa a usar ácidos graxos e cetonas (sendo estas o principal
combustível para o cérebro durante o jejum). As cetonas produzidas durante
o metabolismo lipídico exigem maior gasto energético, reduzindo o peso
corporal.
● ⇩do LDL e ⇧ do HDL sanguíneo, após 8h de jejum.

- ⇩ risco de DCV, pois há tratamento de doenças correlatas como obesidade e


síndrome metabólica. Sugere-se que isso se deve a diminuição do estresse
oxidativo (diminuição da ingestão de energia = diminuição da produção de
radicais livres pelas mitocôndrias).

Alterações metabólicas:

Leptina:
- ⇩ da ingestão alimentar, e ⇧ no gasto de energia.
- Produzido no tec. adiposo, a sua concentração sérica está diretamente
relacionada à quantidade de gordura corporal.
● ⇧ produção de peptídeos anorexígenos (⇩ da ingesta alimentar)
● ⇩ produção de orexígenos (para não estimular o apetite)
- Não é um hormônio agudo; não é um hormônio da saciedade ligado a uma
única refeição;

GRELINA:
- ⇧ o apetite = ⇧ganho de peso
- Produzido na mucosa gástrica e hipotálamo;
- Segue ciclo circadiano, e ⇧ próximo aos horários costumeiros de alimentação;
- Não há relação da grelina com período de jejum;

INSULINA:
- Responsável pela entrada de glicose na célula;
- O jejum ⇩ a concentração de insulina, pois ⇩ a via glicolítica. A diminuição da
ingestão de glicose gera secreção menor de insulina.

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● Isso se deve às alterações nas enzimas glicolíticas (ilhotas pancreáticas e


fígado).

- No jejum há melhora da resistência à insulina, e isso se deve ⇩ do IMC, ⇩ dos


níveis de leptina, e ⇧ dos níveis de adiponectina (que tem função regulatória,
antiinflamatória e cardioprotetora).

GLUCAGON:
- ⇧ a glicose no sangue, para suprir a demanda energética dos tecidos.
- Quando a glicose está baixa, há ⇧ dos níveis de glucagon.
- No jejum de 24h, a relação insulina/glucagon é reduzida. Acontece
mobilização de AG e glicerol, para ocorrer síntese de proteína e glicose no
fígado.
● Ocorre ativação da oxidação de ácidos graxos que são liberados para o
fígado.
- Em jejum de 72h, há esgotamento da reserva hepática de glicogênio, e
redução pela metade do glicogênio muscular.

CORTISOL:
- Stress, picos pela manhã e diminuição gradual ao longo do dia.
- Controle via hipotálamo-hipófise-adrenal.
● No jejum, em resposta ao estresse, há ⇧ do cortisol sérico.
● Durante o jejum, há aumento de neuropeptídeo-y , o que aumenta o
apetite. Além de aumento sérico de leptina, insulina e cortisol.

CATECOLAMINAS (hormônio essenciais há resposta adrenérgicas: dopamina,


epinefrina norepinefrina):
- Jejum é responsável pela alteração em norepinefrina hipotalâmica e
neuropeptídeo y (agem na perda de peso a curto prazo).
- Jejum atinge a reserva de gordura visceral (sensível à ação de catecolaminas).

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Nutrição na Gravidez e Lactação


- A gravidez é um estado fisiológico, e intervenções terapêuticas/nutricionais
propostas para gestantes saudáveis e normais são desnecessárias. O organismo já
passa por mudanças fisiológicas.
- O corpo da mãe é mais preservado do que o fetal, em condições de privação, para
que a amamentação seja garantida.
- A gestação se divide na fase materna (primeira metade de gravidez) e fase fetal.
● Fase materna: o organismo da mãe se prepara para o crescimento fetal que
ocorrerá dali em diante - ⇧do apetite (ingestão acima do necessário), ⇧ da
ventilação, ⇧estoques de nutrientes, ⇧ da produção de insulina, ⇧ da volemia.
● Fase fetal: o feto vai crescer muito (em 20 semanas vai crescer 125 vezes) - as
reservas da mãe permanecem estáveis.

Alimentação da gestante na lactação:

- Deve ser igual a da mulher não gestante, normal. Recomendações gerais:


● Comer de 3h-3h, evitar industrializados, variar o cardápio, 20% da
alimentação de origem animal, evitar álcool, excesso de sal e açúcar,
dividir alimentação em 5 ou 6 refeições = evitar excesso de peso na
gestação.
- Aspartame, sucralose, acessulfame-K e estévia são seguros.
Sacarina e ciclamato devem ser evitados.

Necessidades energéticas na gravidez e lactação NORMAL:


- Não há necessidade de alimentação abundante.
- A gestante e a nutriz necessitam de 300 kcal a mais que uma mulher não
grávida. O consumo passa de 25-30kcal/kg/dia para 30-35kcal/kg/dia. Ao
longo dos 280 dias, são consumidos 80.000 kcal.
- Quando a gestação/lactação é normal, não há necessidade de alterar dieta ou
suplementar.
Proteínas:
● Não há necessidade de aumentar muito o consumo: apenas dois copos de
leite + 1 ovo, por exemplo.
● A grávida necessita de 1,1g/kg/dia, sendo ⅓ de origem animal e ⅔ de origem
vegetal.
● Em NG, recomenda-se 0,8g/kg/dia. Na gravidez são sintetizados cerca de
1000 g de ptn (500g do feto, 60g na placenta e 440g da própria gestante).

Ferro:

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● Durante a gestação, a necessidade diária aumenta (de 3 mg para 4 mg),


devido a ⇧ da massa de eritrócitos, desenvolvimento fetal, das mamas, do
útero, e placenta, bem como perdas sanguíneas no parto e puerpério.
- Mulheres adultas têm menos reservas de ferro, pelas perdas
menstruais.
● Durante a gestação, a capacidade de absorção de ferro ⇧; dieta deve estar
equilibrada e consumo de ferro adequado.
● Recomenda-se suplementação em qualquer suspeita de anemia. Quadro
de anemia moderada pode ⇧ morbidade materna, parto prematuro, baixo
peso ao nascer e mortalidade perinatal.

● No Brasil, além da fortificação de farinhas (ferro e ácido fólico), existe o


Programa Nacional de Suplementação de Ferro (para lactantes, gestantes e
crianças). A partir da segunda metade até o término da gravidez; para
lactantes, até o terceiro mês pós-parto ou aborto.
- 300mg/dia de sulfato ferroso (30mg a 60mg de ferro elementar/dia).
Contém 20% de ferro elementar.

➥Carne e órgãos bovinos, aves e peixes são ricos em ferro biodisponível.


- Facilitadores: ferro heme (animais) e vitamina C (também chamado de
ác. ascórbico).
- Dificultadores: fitatos (cereais, leguminosas, nozes e sementes); ferro
ligado a compostos fenólicos (taninos).

Água: Só é necessário haver maior ingestão na lactação, sobretudo em clima


quente; na gestação, se mantém normal.

Zinco: Necessidade ⇧ na G e ⇧ ainda mais na L.

Cálcio: Suplementação se faz necessária, quando este está ⇩, quando não há


consumo de leite e derivados, ou, quando a gestante usa medicamentos que inibem
sua absorção (heparina, prednisona)
- Necessidade ⇧ na G, e ⇧ ainda mais na L.

Ácido fólico: Consumo duplica na gestante/nutriz.


- Deficiente é pouco comum hoje em dia(abundante em muitos alimentos;
farinhas fortificadas). Ocorre em mulheres subnutridas, ou naquelas que
apresentem quadros clínicos relacionados à hemólise, anemia macrocítica,
doenças inflamatórias crônicas no tubo digestivo, ou que usam anticonvulsivo.
- O uso de ác. fólico para prevenção do fechamento do tubo neural, só tem valor
quando for feita pré-concepção (mínimo de 30 dias antes). Caso a mulher

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tenha histórico associado a essa complicação, suplementar-se com dose mais


alta.
- Dose acima de 1g é excessiva, e mascara a deficiência de B12.

Vitamina D:
- Necessidade ⇧ bastante, dobra na G e na L. Não há necessidade de
suplementar, o Brasil tem sol abundante.
- Luz solar transforma, na pele, pró-vitamina (7-dehidrocolesterol) em
pré-vitamina D3 (calciferol).
- Bebê não deve ser suplementado enquanto mamar no peito. Pode tomar
banho de sol, 30min/semana, a partir da segunda semana de vida.

Situações especiais

● Suplementação necessária quando houver deficiência específica.

Gravidez sucessiva: intervalo < 1 ano, uso de sulfato ferroso, 300mg, durante os
últimos 6 meses de gestação.

Gestante adolescente: necessidade calórica é de 38-50kcal/kg/dia; quanto mais


nova, > gasto energético. ⇧ de 500 kcal/dia. Necessidade proteica se mantém igual a
da adulta, 1,1g/kg/peso.
- Suplementação com Vit. complexo B.
- Suplementação com ferro: ⇧ crescimento e expansão de massa de eritrócitos,
e ⇧ do crescimento físico da gestante.
- Suplementação de cálcio: prevenir hipertensão, pré-eclâmpsia e proteger
mineralização óssea.

Anemia ferropriva(anemia hipocrômica - hemácias com menos hemoglobina):


- É necessário usar ferruginosos em doses terapêuticas, durante gravidez e
até 3 meses após o parto. Não há como suprir a demanda de ferro em
estados ferroprivos só com a dieta. Usa-se 1.200mg de sulfato ferroso (240mg
de ferro elementar), 30 min antes das refeições.

Anemia macrocítica(hemácias maiores que o normal - VCM⇧) ou doenças


hemolíticas:
- Necessita de suplementação de ácido fólico (4 mg/dia), ou ⇧ do consumo de
verduras verde escuro (terapia empírica), além de vit. B12, até que os níveis
retornem ao adequado.
- Vegetarianas podem produzir leite com deficiência de B12, o que gera prejuízo
para a criança.

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Gestante alcoólatra:
- Suplementar vitaminas do complexo B.

Insuficiências: São raras pois a fertilidade tende a ⇩ nessas mulheres.


- Hepática: atentar-se ao balanço energético, ingestão proteica, e suplementar
vitamina K e complexo B.
- Renal crônica: atentar-se ao balanço proteico, sódio, cálcio e potássio.

Gastrectomizadas: apresentam grande dificuldade absortiva, e é necessário


suplementar praticamente tudo. Costumam ter deficiência de: ferro, cálcio, B12,
tiamina, lipossolúveis (A, D, E e K), e hipoalbuminemia.
- Uso profilático de ferro (parenteral, se necessário)
- Suplementação com cálcio (citrato de cálcio - melhor absorvido em
hipocloridria), além de vit. A e D.

Gestantes obesas:
- ⇧ de pré-eclâmpsia, infecções urinárias, parto cesariano e hemorragia
(vitamina K) no pós-parto. ⇧ taxa de defeito no tubo neural (ácido fólico), ⇧ do
óbito e macrossomia fetal.
- Os bebês são predispostos à obesidade e diabetes.
- Deve-se evitar o excesso de peso na gravidez!

Uso prolongado de medicamento:


- Antibióticos que atacam gram-positivas podem ⇩ vitamina K; recomenda-se
suplementação com vitamina K1.
- Se houver uso de tuberculostáticos, administrar B6.
- Medicamento para convulsão, usar ácido fólico.

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Transtornos de conduta alimentar e


terapia nutrológica
- TASOE = transtorno alimentar sem outra especificação
- AN = anorexia nervosa
- BN = bulimia nervosa
- TCAP = transtorno de compulsão alimentar periódica
Etiopatogenia:
- Complexa e multifatorial, depende de gatilhos que expõem vulnerabilidades.
- Fatores predisponentes (biológicos, genéticos, psicológicos e socioculturais),
precipitantes (dietas e eventos estressantes) e mantenedores (distorções,
fisiologia e eventos interpessoais).

Predisponentes (origem):
- Genético: parentes de primeiro grau apresentam ⇧ risco. A vulnerabilidade
genética precisa da interação com um ambiente desfavorável.
- Biológico: alterações em neuromoduladores e neurotransmissores. Na bn e
tcap, há ⇩ de serotonina (fator predisponente). Os episódios compulsivos
podem ser um combate a ⇩ da serotonina. Na AN, a serotonina se encontra ⇩,
pela ⇩ ingestão de triptofano.
- Físico: obesidade ⇧ procura por dietas, logo há ⇧ da vulnerabilidade.
- Psicológico: AN é relacionada com ansiedade, perfeição, obsessão, inibição e
submissão. BN é associada a impulsividade e instabilidade emocional.
- Traumas: ⇧ transtornos psiquiátricos em geral. Bullying, críticas, etc.
- Familiares:comportamento alimentar inadequado da família, excessiva
preocupação com ganho de peso da criança, abuso de álcool e drogas,
desordem afetiva.
- Socioculturais: a magreza é valorizada. Culture bound syndrome.
Nutricionistas, bailarinas, aeromoças, atletas são grupo de risco (magreza
profissional). Tríade da atleta (TCA, amenorréia e osteoporose).

Precipitantes (desenvolvimento):
- Dietas: Low carb ⇩ triptofano (precursor de serotonina); Gatilho, ⇧ fome.
- Eventos estressores, marcos;

Mantenedores:
- Distorções de imagem:
- Fisiologia: ligada a AN (inanição), onde a doença é perpetuada.
- Dietas

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➛ O tratamento de todos os transtornos é interdisciplinar (são multifatoriais). O


diagnóstico é difícil, comumente feito por eliminação.
➛ Avaliação nutricional deve incluir antropometria (BIA é ruim para obesos ,
desnutridos e desidratados), exames bioquímicos (para analisar complicações),
anamnese alimentar (diário alimentar ou recordatório 24h), e análise detalhada do
padrão alimentar.

Anorexia nervosa:

- Típica em mulheres jovens; início dos 14 aos 25.


- A doença se inicia por restrição dietética. A pessoa passa a viver
exclusivamente em função da dieta, e tem muito medo de engordar. Há uma
perda de peso progressiva e contínua é observada, distorção de imagem,
não aceitação de sua magreza evidente, padrão alimentar secreto e
ritualístico, isolamento social.
- Quadro clínico: esgotamento de massa proteica de tecidos não
indispensáveis, mudanças fisiológicas (diversas alterações no metabolismo
de lipídios e glicose, alterações endócrinas, hematológicas, imunológicas…
leptina, adiponectina). Osteopenia é a complicação mais grave.
- A desnutrição gera problemas orgânicos, e até problemas psicológicos podem
estar associados à inanição.
- IMC ⇩que 17,5 associado a outros sintomas é considerado anorexia. IMC ⇩ de 16
é desnutrição grau III.

➜Exame clínico: As complicações estão ligadas a desidratação e desnutrição:


Amenorreia, osteoporose e fraturas, hipotensão, déficit de crescimento (quando
adolescente). Morte por suicídio é frequênte.
- Anemia, ureia ⇧ (desidratação), hipoglicemia, T4 ⇩, estrogênio (mulher) ⇩,
testosterona (homem) ⇩, cortisol ⇧, amilase sérica ⇧.
- Fraturas, cifoescoliose, osteopenia são um risco grande.
- ⇩ fertilidade.

➜ Tratamento: A hospitalização é indicada quando há perda rápida de peso (⇩ 30%


em 3 meses), IMC ⇩ de 13,5 kg/m², hipopotassemia, outros problemas psiquiátricos,
crianças, suicídio e rede de apoio instável.

● Terapia nutricional: primeira estratégia, ⇧ de peso.


- Educação alimentar básica, uso diário alimentar, avaliação do
progresso.
- Primeiro é necessário deter o emagrecimento, depois aumentar
gradativamente até o saudável, e depois manter. Usa-se 30-40

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kcal/kcal/dia, até que a mulher volte a menstruar, e um ganho de até


450 g por semana é esperado.
- Suplementação com potássio, zinco (15 mg), e ômega-3 é bacana.
- Ácido fólico, B12, ferro, selênio, e aminoácidos (triptofano).

● Terapia medicamentosa:
- Muitas alterações somem quando há retorno a um peso normal. Risco
de toxicidade em pacientes de ⇩ peso. Drogas são usadas para tratar
quadros associados, como transtorno de personalidade, TOC, depressão,
ansiedade (isso em todos os TCA).
- Olanzapina (antipsicótico), melhora a distorção corporal, e
Metoclopramida e domperidona estimulam o esvaziamento gástrico.
Esses medicamentos favorecem ⇧ de peso.

● Psicoterapia:
- Enquanto ainda estiver desnutrida, a paciente pode demorar a assimilar
a psicoterapia. Trabalhar distorção da imagem, aceitação do ganho de
peso e diminuir restrição.
- Técnicas Cognitivo Comportamentais (TCC), psicoeducativas e
psicodinâmicas. Envolver a família.

O curso da anorexia é prolongado, e recaídas são frequentes, além de ter ⇧ risco de


suicídio (até 20%). Apenas metade dos pacientes se recuperam totalmente (peso
saudável, hábitos alimentares, sociais e fisiologia totalmente recuperados); de resto,
as consequências ficam para a vida toda.
- Possível evolução para bulimia.

Bulimia nervosa:

- Prevalente em mulheres jovens, aparecimento mais tardio que AN;


- Caracteriza-se por episódios de compulsão alimentar seguido de
comportamento compensatório (vômitos, laxantes, exercícios exagerados).
- Intenso sentimento de culpa, vergonha, e autopunição.
- A pessoa pode ter peso normal ou acima, e comem compulsivamente em
segredo.

➜Exame Clínico: Sinal de Russel, ulcerações no dorso da mão, podem ser indicativo
de BN. Complicações associadas às práticas compensatórias: inflamação esofágica,

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cáries e abrasão do esmalte do dente, perda de minerais e eletrólitos, sofrimento


gástrico.
● Distúrbios eletrolíticos (abusos de laxante e vômito), principal complicação;
- hipopotassemia por exemplo (cãibra, fraqueza muscular, arritmia), se
for severa, precisa de internação.
- Alterações no bicarbonato sérico (alto indica vômito, baixo indica
diarreia e laxativos)

➜ Tratamento: Internação quando há complicação grave relacionada a purgação,


suicídio, e hipopotassemia grave.

● Terapia nutricional:
- Diminuir as restrições, e não focar em perda de peso em si. Foco é
tratar a compulsão e a compensação. Alimentação adequada e bem
fracionada, para evitar a fome, favorecer a saciedade, com bom aporte
de fibras.
- Tratar complicações do desequilíbrio hidroeletrolítico (causado pela
purgação e laxante).
- Se atentar a baixa de zinco, ferro, sódio e potássio.
- Uso do diário alimentar.

● Terapia medicamentosa:
- Antidepressivos para melhorar compulsão e purgação. A fluoxetina vai
ajudar nisso tudo.

● Psicoterapia:
- TCC; agir no conjunto de crenças disfuncionais que mantém o
transtorno, ⇩ a compulsão e a recorrência a métodos compensatórios.

Pode evoluir para compulsão alimentar (apenas para de vomitar).

Transtorno de compulsão periódica:

- É muito comum em mulheres e pessoas que fazem dieta para controle de


peso. Ligada a obesos, onde o início dos episódios é na infância e
adolescência.
- Episódio de compulsão alimentar (2x semana por 6 meses) sem a parte da
eliminação forçada.

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- Perda de controle no ato de comer, e sensação de grande desconforto e


empanturramento.
- Agravos clínicos ligados às complicações da obesidade: diabetes, hipertensão,
colesterol alto, DCV, etc.

➜ Tratamento: As consequências são associadas à obesidade.


● Terapia nutricional:
- Primeiro, o foco é ⇩ compulsão, e apenas depois pensar numa ⇩ de
peso. Foco em educação alimentar, melhorar saúde, aceitação, inclusão
de exercícios. Restrições nesses pacientes podem ⇧ o descontrole.
- Não oferecer dieta com menos de 1.500kcal, gatilho.
- Focar na saciedade, fracionamento correto, melhorar horários, etc.

● Terapia medicamentosa:
- Antidepressivos (fluoxetina, fluvoxamina, sertralina), ajudam na ⇩ da
compulsão. A sibutramina pode ser usada, além de topiramato
(anticonvulsivante), orlistat.
● Psicoterapia:
- TCC, terapia comportamental dialética. Foco em ⇩ compulsão, trabalhar
na perda de peso e aceitação.

Transtornos sem especificação:

● Vômitos autoinduzidos em pessoas que não apresentam compulsão


● Transtorno de ruminação: mastigar e cuspir
● Hiperfagia associada a estresse pós-traumático pode levar à obesidade.
● Ortorexia: obsessão em comer saudável, exclusão de grupos alimentares, ⇩ da
sociabilidade. Sobreposição com AN e BN, onde, durante a recuperação, pode
haver passagem para ortorexia.
● Drunkorexia: abuso de bebida alcoolica, gravde deficiencia nutricional peso
abuso de alcool (complexo B, C, A e D)
● Pregorexia: alterações no comportamento alimentar e medo excessivo de
engordar na gravidez.

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Nutrigenomica e Nutrigenetica
Nutrigenética Nutrigenômica

Analisa a resposta de diferentes Estuda os mecanismos, como os


genótipos aos nutrientes e as variações nutrientes atuam como sinais químicos
genéticas individuais. modificando a expressão de genes
Estuda o fim, o resultado de uma dieta celulares. Estuda os meios, de que
sob determinado genoma. forma uma dieta (nutrientes e
compostos bioativos) é capaz de
modificar a transcrição e o metabolismo
de proteínas.
- (transcriptômica, proteômica e
metabolômica)

⇢ Mutação: ocorre em menos de 1% da população, relacionada a doenças


monogênicas. Anemia falciforme, distrofia muscular de Duchenne, fenilcetonúria,
hemofilia e fibrose cística.

⇢ Polimorfismo: ocorre em mais de um gene, relacionada a doenças multifatoriais


(fatores ambientais + fatores genéticos|somatório de diversos alelos).

Sofrem influência direta da dieta⇣:


- Fenilcetonúria: causa acúmulo de fenilalanina no sangue, e isso causa retardo
mental e dano neurológico.A dieta deve ter baixo teor proteico.
- Galactosemia: não há digestão da galactose, dieta deve ter pouca galactose e
lactose.
- Anencefalia e espinha bífida podem ser evitadas com ingestão de ácido
Fólico.

Doenças multifatoriais envolvem fatores ambientais e genéticos, e a forma como


os genes respondem às modificações nutricionais. A nutrigenética foca
principalmente em doenças multifatoriais, e a maneira com que o hábito alimentar
influencia pessoas com perfis genéticos diferentes. Obesidade, câncer, diabetes,
doença cardiovascular
- Câncer: relacionado a taxa de danos no DNA, e estes podem estar
aumentados por deficiências nutricionais ou exposição excessiva a agentes
mutagênicos. Conhecer fatores que levam ao ⇧ do dano ao DNA ajudará a
prevenir o câncer. Os estudos buscam detectar em que extensão uma dieta
afeta o risco do surgimento de câncer, em pessoas com diferentes genéticas.

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● Aporte correto de Ácido fólico e B12 ⇩ dano ao DNA (⇩ homocisteína,


que por sua vez ⇧ o dano ao DNA e DCV)
● Folato, vitamina importante na metilação. Sua ⇩ ingestão está
associada ao surgimento de câncer. É um fator profilático.
● B-caroteno e ácido ascórbico possuem poder antimutagênico.
● Ácidos graxos são importantes na prevenção e no surgimento. Oleico
e o palmitoleico melhoram as alterações metabólicas, enquanto que
gorduras saturadas e trans possuem perfil pró-inflamatório e
aterosclerótico.

- Diabetes tipo II (não insulinodependente): genes suscetíveis que se


relacionam na regulação do metabolismo lipídico e sensibilidade à insulina.

- Obesidade: o controle da saciedade é afetado por polimorfismos que


alteram leptina, adiponectina e insulina. Alterações nos genes PLIN e UCP
também estão associados à saciedade.

- Microbiota intestinal: dieta intervém diretamente na quantidade e qualidade


da microbiota, que por sua vez está relacionada ao metabolismo alimentar e
controle glicêmico.
● Metabólitos bacterianos (N-óxido trimetilamina) promovem a
aterosclerose sob certas dietas.
● Microbiota pode ter papel causal em doença inflamatória intestinal
● Amido resistente, melhora a microbiota e melhora a saúde
● Microbiota boa ajuda a tratar epilepsia, mesmo papel da dieta
cetogênica

➜Outras substâncias que interferem na atividade genética:


● Semente de romã: ⇩ estresse oxidativo e aterosclerose, pois ⇧ atividade do
gene PON1, associada ao HDL.
● Dieta mediterrânea: composta por azeite diariamente, vinho diariamente, rica
em vegetais, frutas, produtos lácteos fermentados fermentados, frutos do mar,
aves, ingestão correta de água, atividade física diária, além de baixo consumo
de carne vermelha, e açúcar.
- Dieta rica em antioxidantes (mecanismo de ação protetor, pois
modula genes, expressão de proteínas, produção de metabólitos e ⇩
estresse oxidativo). Sabe-se que a oxidação e inflamação crônica são
processos entrelaçados, e relacionados a doenças crônicas não
transmissíveis.
- Adesão da dieta mediterrânea ⇩ risco de cardiopatologias, obesidade
e diabetes. Grande defesa contra a aterosclerose, hipertensão, infarto
e AVC.

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❖ Suprimento de nutrientes ⇩ do ideal antes do nascimento e na primeira


infância ⇧ risco de obesidade e doenças metabólicas.
❖ Predisposição genética (grande responsável por DCV) explica as diferentes
respostas após os mesmos tratamentos dietéticos.
❖ Conhecer o perfil genético, nos dará um melhor norte de como os indivíduos
irão responder a uma determinada dieta, e isso ajudará na prevenção e
tratamento de doenças.
❖ A nutrição individualizada visa prevenir e gerenciar doenças crônicas,
através de recomendações mais pontuais de acordo com o perfil genético e
metabólico de cada indivíduo. A nutrigenética identifica variantes genéticas e
prevê a variabilidade dos indivíduos as alterações na dieta.

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Overtraining - Nutrição e esporte


⟶Periodização do treinamento: programação do treinamento a curto, médio e
longo prazo, visando atingir rendimento máximo do atleta. Tudo ocorre em etapas e
ciclos planejados, para que o atleta fique em sua melhor condição.

Overload ⇢ condição planejada, pouca melhoria e desempenho.


Overreaching ⇢ treinamento que envolve um período leve de overload, e posterior
repouso inadequado, revertido em período de descanso. Aumento de volume e
intensidade de treinamento. Ótima melhoria e desempenho.

Overtraining ⇢ excede o overreaching, resulta em má adaptação fisiológica e


redução crônica do desempenho devido ao desequilíbrio entre treinamento e
recuperação, má adaptação ao exercício e intolerância ao estresse. Mais comum em
esportes de endurance. Há fadiga crônica durante o treinamento e no período de
recuperação, padrão de sono alterado, infecções, imunossupressão e função
reprodutiva alterada, inflamação, distúrbios de humor, mal estar, desinteresse no
treino…

⇢ O aumento do gasto energético pode perdurar por várias horas após o térmico da
atividade física (alto consumo de oxigênio).
⇢ Exercício prolongado, sobretudo no calor,pode resultar em hipovolemia,
hipertermia, hiponatremia, hipotensão e dano térmico (consumo de líquidos
eletrólitos e nutrientes durante o exercício são bem vindos)

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A deficiência de nutrientes altera a imunocompetência e aumenta risco de


infecções (isso pode ocorrer de forma direta ou indireta)

Carboidratos:
● 8 - 10 g/kg; 60% do GET ( importante na reposição de estoque de glicogênio
muscular e hepático e manutenção da glicose)
● Sua relação com o sistema imune:
- Direta: afeta o sistema linfocitário (combustível energético de linfocitos,
neutrófilos e macrófagos)
- Indireta: Influencia nível sérico de catecolaminas, adrenocorticóides e
cortisol (atenua o efeito supressivos de cortisol e catecolaminas no SI).
1. Catecolaminas são hormônios adrenérgicos (dopamina,
epinefrina (adrenalina), e norepinefrina)
2. Adrenocorticóides são reguladores imunológicos
3. Cortisol é um glicocorticóide, produzido na supra renal (porção
córtex adrenal, mais especificamente)

● O consumo de carboidrato está ligado à menor concentração de cortisol,


epinefrina e GH, além de menor alteração na contagem de células do sistema
imune. Associa-se também a menor fagocitose e atividade oxidativa de
granulócitos, bem como a menor resposta de citocinas.
● Atletas que não possuem consumo adequado de CHO são mais suscetíveis a
permanecerem no quadro de imunossupressão induzida pelo exercício
intenso.

Lipídios:
● A recomendação é a mesma para a população no geral (30% - onde 10% é
saturada, 10% monoinsaturada, 10% poliinsaturada e até 1,2% de ômega 3)
● Ômega 3 e Ômega 6 são essenciais.
● Funções principais:
1. Transporte de lipídios e sinalização
2. Componente de membrana
3. Substrato para síntesis de moléculas bioativas (eicosanoides)
- Eicosanoides: prostaglandinas, tromboxanos leucotrienos, que são
mediadores inflamatorios.

● Sua relação com o sistema imune:


- Direto: alteração na fluidez das membranas
- Indiretos: Precursores de eicosanóides. Além disso, reduzem agregação
plaquetária, coagulação, quimiotaxia de leucócitos e contração da
musculatura lisa.

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Proteínas:
● Consumo baixo: prejudica sistema de células T, causa atrofia do tecido
linfóide e ⇧ infecções oportunistas.
● Consumo excessivo: pode ser danoso ao sistema imune, sobretudo em
restrição de CHO, pois ⇩ concentração sanguínea e muscular de glutamina.
● Fadiga crônica em atletas: ⇩ glutamina, alanina, serina e histidina.
- Glutamina é a principal aminoacídica muscular, melhora a imunidade e
recuperação.

Vitaminas:
● São precursoras de coenzimas envolvidas no metabolismo. Atletas precisam
de antioxidantes (Vit C, Betacaroteno), pois o exercício intenso ⇧ a formação
de EROS, pelo ⇧ do metabolismo oxidativo.
● Vitamina A, E, B12, C, B6 e ácido fólico são essenciais para o sistema imune.
● Vitamina E: inibe prostaglandinas da série 2 (PG2), favorecendo citocinas.
● Carência de vitamina A causa atrofia do timo, diminui contagem de IgA, e
aumenta aderência de bactérias no trato respiratório.
- Timo: (envolvido na maturação e produção de células T)
- IgA: imunoglobulina A, protege infecções nas mucosas.
● Carência de B12 e ácido fólico prejudica a produção medular de células
brancas e vermelhas.

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Alimentos Funcionais para Atletas


⟹Alimento funcional caracterizam-se por conter compostos bioativos, que
beneficiam a saúde, além de oferecem a nutrição inerente ao próprio alimento.
Quando consumidos habitualmente, contribuem com o aumento/regulação de
mecanismos biológicos, além de evitar/tratar doenças. Possuem capacidade de
modular funções alvo no corpo e contribuem para um estado de saúde, além de
reduzir o risco de doenças crônicas. Modulam, potencializam e antagonizam funções
celulares.
- Podem ajudar os atletas com o estresse oxidativo, regulação ácido básica,
disfunção imune, problema ósseo e articular, lesão muscular, e distúrbio
gastrointestinal.

⟹Hidratação: A água oferece certa limitação na reidratação, pois resulta na diluição


do sangue e queda da osmolaridade, causando hiponatremia (baixa concentração
de sódio). Isso estimula a produção de urina, e aumenta a eliminação de água. A
fração de líquido retida está intimamente ligada a quantidade de sódio e potássio
na bebida, portanto, eletrólitos são importantes.
Os níveis plasmáticos de glicose são maiores quando há consumo de água de côco
e bebida esportiva, pois contém glicose. A ingestão de carboidrato na reidratação é
mais eficiente pois repõe o glicogênio muscular.
● Água de coco: apresenta melhor reidratação que a água, por conter
carboidrato. Se adicionar sódio, é melhor ainda.
● Leite: rico em nutrientes e ótimo para reidratação, quando é baixo em
gorduras.
● Isotônicos, repositores hidroeletrolíticos (eletrólitos + carboidratos). Os
eletrólitos repõem sódio, potássio e cloro, o que contribui para o volume
plasmático. O carboidrato, regula os níveis de glicose, e poupam glicogênio
muscular e hepático.

O fornecimento de energia após o exercício e a adequada reposição de glicogênio


muscular, asseguram uma recuperação rápida. O consumo de CHO e eletrólitos
durante o exercício intenso melhoram o desempenho do atleta, pois poupam esse
glicogênio.
Além da questão do glicogênio muscular, podemos citar a acidose metabólica
transitória como importante fator que interfere na capacidade física (isso está
relacionado a sistemas de tamponamento).
- A acidose metabólica transitória se caracteriza pelo aumento de lactato no
sangue, e posterior ⇩ do pH sanguíneo. Com isso, para alcalinizar o sangue, o
cálcio presente nos ossos passa para o sangue, e o os rins excretam mais cálcio

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( ⇩ a reabsorção tubular). Ou seja, se não houver reposição adequada, há


grande prejuízo na saúde óssea.
- Água mineral alcalinizante: influencia no equilibrio ácido básico do
organismo.

● Chá verde: Age como anticarcinogênico, antidiabético e antiaterogênico. Rico


em flavonoides e catequinas (Epigalocatequina galato, epicatequina galato,
galocatequina e epigalocatequina).
● Café: cafeína, ⇧ termogênese, ⇧ oxidação de lipídios, ⇩ da percepção de
esforço (age no SNC).
● Alimentos ricos em ômega - 3: podem amenizar frequentes lesões
musculares, possuem efeito vasodilatador, melhora o fluxo de oxigênio e
nutrientes para os tecidos.
● Especiarias: propriedades antioxidantes, devido aos compostos fenólicos, que
são efetivos na proteção do dano oxidativo.
- Alecrim, tomilho, cravo da índia, mostarda, canela e erva doce.
● Azeite de oliva: cerca de 30 compostos fenólicos, ⇧ atividade antioxidante e
scavengers de radicais livres. Tornam os EROS ⇩ relativos e os neutraliza.

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