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O uso de recursos lúdicos na Gestalt-Terapia: possibilidades de

intervenção clínica em psicoterapia infantil.

The use of recreational resources in Gestalt-Therapy: clinical possibilities of clinical

intervention in child psychotherapy.

Fátima Maria Campelo Noronha1, Marília Maia Lincoln Barreira1.

1
Curso de Psicologia, Faculdade de Tecnologia Intensiva.

RESUMO: A psicoterapia infantil tem se tornado, cada vez mais, campo fértil de pesquisa e
prática em Psicologia. Nesta perspectiva, o lúdico constitui-se como a forma primordial de
linguagem da criança, adentrando espaços terapêuticos com fins de acessar esta forma de
comunicação. Assim, este trabalho tem como objetivo principal analisar a utilização de
recursos lúdicos como possibilidades de intervenção clinica em psicoterapia infantil, mais
especificamente em Gestalt-Terapia. Como metodologia, trata-se de um estudo de natureza
qualitativa, com base na revisão bibliográfica sobre a temática, envolvendo leitura,
fichamento e classificação de artigos pesquisados no Google Acadêmico, referente aos
últimos três anos e capítulos de livros relacionados ao assunto. A literatura consultada
permitiu concluir que o uso do lúdico no atendimento clínico com crianças, é uma das formas
mais adequadas para se compreender o funcionamento das crianças, assim como suas formas
de expressão e de contato. Da mesma forma, pode-se perceber e entender a forma adequada
para o uso dos recursos lúdicos e do jogo como facilitadores da terapêutica com crianças e
resultando em um melhor aproveitamento deste processo. Entende-se, que, em Gestalt-
Terapia, o lúdico facilita a relação terapeuta-cliente e possibilita a utilização destes recursos
como experimentos, que favorecem o objetivo da psicoterapia.
Palavras-chave: Criança. Ludoterapia. Terapêutica. Gestalt-Terapia.

ABSTRACT: The child psychotherapy has become, increasingly fruitful field of research
and practice in Psychology. The playfulness was established as the primary form of child
language, entering therapeutic spaces for purposes of accessing this form of communication.
This work aims to analyze the use of recreational resources as a clinical intervention
possibilities in child psychotherapy, specifically in Gestalt therapy. As a methodology, it is a
qualitative study, based on literature review on the topic, involving reading, BOOK REPORT
articles and classification searched on Google Scholar, for the last three years and chapters of
books related to the subject. The literature consulted concluded that the playful use in clinical
care with children, is one of the best ways to understand the functioning of children as well as
their forms of expression and contact. Similarly, one can see and understand the proper way

Revista Eletrônica Saúde em Diálogo Jan-Jun 2016 Volume VI Número 1

 27:
for the use of recreational resources and play as facilitators of the therapeutics with children
and resulting in a better use of the therapeutics. It is understood, that in Gestalt therapy, the
playful facilitates the therapist-client relationship and enables the use of these resources as
experiments, which favor the goal of psychotherapy.

Keywords: Child. Play therapy. Therapeutic process. Gestalt Therapy.

Recebido em: 04 de março de 2016.

Aceito em: 24 de maio de 2016.
Autor correspondente: mariliamlbarreira@gmail.com

Revista Eletrônica Saúde em Diálogo Jan-Jun 2016 Volume VI Número 1


1 INTRODUÇÃO
O presente artigo justifica-se pela
curiosidade em entender como se dá a
compreensão e a prática do psicoterapeuta
com o uso de recursos lúdicos. Entende-se
o lúdico como uma possibilidade de
intervenção clinica em psicoterapia
infantil, através da criação de novos canais
de expressão do sofrimento psíquico da
criança.
Neste trabalho, considera-se a Gestalt-
Terapia como abordagem de ferramenta de
trabalho, juntamente com uma das técnicas
do psicoterapeuta existencial que é a
linguagem verbal e não verbal. No
encontro existencial entre terapeuta e
cliente, deverá levar em consideração não
só a linguagem falada, como a expressa
através de sinais, maneiras como se
portam, seu olhar, sua voz e postura que
envolve o seu corpo.
A Gestalt-Terapia aponta que o brincar
pode ser observado sob os diferentes
enfoques das ciências que estudam o ser
humano, e isso leva à constatação de que
ele está presente em todas as dimensões da
existência do indivíduo, especialmente na
vida das crianças. Assim, é possível
afirmar que brincar também é viver, tem o
significado de criar algo, pois a criança
aprende a brincar brincando e brinca
aprendendo.
O presente trabalho traz como objetivo
principal analisar a utilização do uso de
recursos lúdicos como possibilidades de
intervenção clinica em psicoterapia
infantil.
Como metodologia, trata-se de um
estudo de natureza qualitativa, com base na
revisão bibliográfica sobre a temática,
Revista Eletrônica Saúde em Diálogo
28:
envolvendo leitura, fichamento e
classificação de artigos, periódicos e
capítulos de livros relacionados ao assunto.
Procurou-se pesquisar a opinião dos
autores e entender o valor do brincar na
psicoterapia infantil.
Buscou-se respaldo teórico para a
sustentação das ideias em autores que
abordaram essa temática. Também se
dividiu os temas em tópicos a fim de
clarificar a compreensão dos fenômenos e
enriquecer as reflexões.
Assim, o trabalho está estruturado em
três partes. Na primeira, descrevem-se as
origens da psicologia da Gestalt; na
segunda, fala-se sobre a importância do
brincar na psicoterapia infantil e no
terceiro item descrevem-se as ações
desenvolvidas na sala de ludoterapia.
2 MATERIAL E MÉTODOS
A metodologia é a explicação
apropriada das técnicas, métodos, e
instrumentos que serão utilizados na
investigação da pesquisa, como também a
maneira de como o pesquisador irá buscar
respostas a suas indagações sobre o tema1.
O presente trabalho foi desenvolvido a
partir de pesquisa bibliográfica, que
envolveu uma revisão da literatura em
teóricos pertinentes ao tema em estudo, em
abordagem qualitativa e descritiva. A
pesquisa qualitativa preocupa-se com o
mundo dos significados, valores, atitudes e
motivos que se referem ao comportamento
humano, suas relações e seus processos o
que requer uma interpretação e um
aprofundamento do pesquisador1.
Jan-Jun 2016 Volume VI Número 1

Para Minayo1:
O ambiente natural é a fonte direta para a
coleta de dados e o pesquisador é o
instrumento chave e descritiva, cujos dados
são analisados indutivamente, o processo e
seu significado são os focos principais da
abordagem, onde o ambiente natural é a
fonte direta para a coleta de dados e o
pesquisador é o instrumento chave1.
O material obtido foi em decorrência de
pesquisas e obras já publicadas
recentemente, constituído, principalmente,
por livros, periódicos, sites, artigos
monográficos e quaisquer outras fontes
relacionadas ao assunto, buscadas através
do Google Acadêmico. Buscaram-se os
conceitos do tema em estudo, segundo o
referencial teórico fornecido por autores
que estudaram o assunto, como Lakatos2
que afirma:
A pesquisa bibliográfica, ou de fontes
secundárias, abrange toda bibliografia já
tornada pública em relação ao tema de
estudo [...] Sua finalidade é colocar o
pesquisador em contato direto com tudo que
foi escrito, dito ou filmado sobre
determinado assunto [...] A pesquisa
bibliográfica não é mera repetição de que já
foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas
propicia o exame de um tema sob novo
enfoque ou abordagem, chegando a
conclusões inovadoras.
Assim, a pesquisa bibliográfica é
produto de materiais já publicados, como:
artigos, periódicos, livros, dentre outros.
Porém, não se restringe à reprodução das
pesquisas já realizadas, há, portanto, uma
análise de estudos, sugerindo novos
aspectos, enfoques e reconstruções
teóricas.
A busca foi realizada através da base de
dados Google Acadêmico, utilizando-se
Revista Eletrônica Saúde em Diálogo
29:
dos seguintes descritores: “ ludoterapia
gestáltica”; “psicoterapia infantil”;
“recursos lúdicos”. A partir desta busca,
consideraram-se os livros e artigos
encontrados, sendo excluídos apenas
aqueles duplicados.
Este artigo tem, portanto, como
finalidade apresentar a importância da
ludicidade no desenvolvimento da criança
no processo psicoterapêutico sob a luz da
gestalt-terapia, a fim de proporcionar
momentos diversificados e interessantes
que ampliem o horizonte de conhecimento
entre psicoterapia x criança.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Origens e desenvolvimento da Gestalt-
Terapia
O termo Gestalt foi tomado emprestado
da Psicologia da “Gestalt” para a
abordagem “Gestáltica”. Em sua fase
embrionária, tem seu inicio com Frederick
Salomon Perls e Laura Posner Perls, na
década de 1940, na África do Sul e seu
batizado oficial deu-se nos anos de 1950,
nos EUA, com o lançamento do livro
“Gestalt-therapy” 3.
Frederick Salomon Perls, médico
neuropsiquiatra, foi o fundador destacado
da Gestalt-terapia, e recebeu, durante sua
existência acadêmica e pessoal, influencia
do Humanismo, Existencialismo,
Fenomenologia, Psicologia da Gestalt,
Teoria de Campo de Kurt Lewin, teoria
organísmica de Goldstein, Psicanálise,
Taoismo, Zen Budismo, Psicodrama e
Terapia Corporal Reichiana, que o levou a
questionar a Psicanálise e, juntamente com
Jan-Jun 2016 Volume VI Número 1
 30:
o “grupo dos sete”, formular a Gestalt- mostrava-se como uma técnica dinâmica,
terapia4. com ótimos efeitos terapêuticos em curto
prazo. Aliados ao intenso trabalho com
O “grupo dos sete” era formado por:
grupos, esses fatores contribuíram para que
Perls, Laura sua esposa, Paul Goodman,
essa abordagem fosse vista como uma
Isadore From, Paul Weiss, Elliot Shapiro e
alternativa de intervenção de alta
Sylvester Eastman. Eles se juntaram, ainda
viabilidade, quando confrontada com o
com suas discórdias, à procura de uma
modelo tradicional da psicoterapia
terapia realmente existencial que tivesse
individual de longo prazo 6.
condição de dar apoio ao homem do século
XX, atormentado e sempre em busca de A Gestalt-Terapia se baseia na
seu crescimento e autorrealização 5. experiência imediata, no sempre expor o
que ocorre e não simplesmente explanar os
A Gestalt-Terapia encontrou espaço nos
acontecimentos, por isso o uso do “como”
Estados Unidos da América na década de
e do “o quê” no lugar do “por que”;
1960, com a eclosão dos movimentos de
“agora” diz respeito a este momento, entre
contracultura diante de uma abordagem
psicoterápica que acolhia as vontades dos o passado e o futuro esta o momento
presente circulando a todo instante7. Esse
jovens americanos. Entretanto, foi somente
processo se mostra “em tudo que diz
nas décadas de 1970 e 1980 que a Gestalt
respeito à forma como o homem
veio a se expandir pelo mundo passando
experimenta sua existência, a assume, a
por diversos questionamentos,
orienta, a dirige. e participa ativamente da
desenvolvendo e consolidando o seu corpo
construção de seu projeto existencial em
teórico e revendo sua prática3.
sua relativa liberdade”8.
No Brasil, a Gestalt-Terapia é apreciada
A gestalt-terapia vem expandindo seu
desde a década de 1960, por influência da
campo de compreensão no Brasil desde a
teoria de Rogers, do Psicodrama, e da
sua eclosão, e principalmente nesta última
pedagogia de Summerhill. O primeiro
década, não se restringindo apenas a uma
trabalho apresentado sobre a Gestalt-
teoria para adultos utilizada apenas em
Terapia no Brasil foi o artigo que falava
consultórios, mas vêm se tornando útil
sobre Elementos de Psicoterapia
também no atendimento às crianças,
Guestáltica, escrito por Térèse Tellegen,
adolescentes, grupos e em diferentes áreas:
publicado em 1972, no Boletim de
organizacional, hospitalar, escolar,
Psicologia de São Paulo. No entanto 3
institucional .
existem registros de psicoterapeutas que já
estavam trabalhando em Curitiba e no Rio
de Janeiro, na década de 1960, no Origens da Psicologia da Gestalt
referencial da Gestalt-Terapia. No Brasil, a
divulgação do pensamento da Gestalt,
A psicologia surgiu durante o século
intensificou-se no início dos anos 1970,
XIX, como uma vertente filosófica. Nessa
por meio de grupos de estudo, com
época, os psicólogos procuravam entender
destaque ao grupo de Thérèse Tellegen,
o homem, o seu todo por meio do
Tessy Hantzschel, Jean Clark Juliano e
conhecimento das partes, sendo provável
Walter da Rosa Ribeiro. Já naquela época,
compreender uma imagem somente através
sob o olhar terapêutico, a Gestalt-Terapia

Revista Eletrônica Saúde em Diálogo Jan-Jun 2016 Volume VI Número 1


dos seus elementos. Em oposição a esse
método, surgiu a Gestalt 9.
O termo Gestalt ou Gestanten, nasceu
em 1523 como escola, no início do século
XX. O termo é de origem alemã e cunhado
por Chrinstiam Von Ehrenfels, filósofo e
psicólogo, sendo seus precursores diretos:
Max Wertheimer Wolfgang Kohler e Kurt
Koffka8.
A Psicologia da Gestalt surgiu na
Alemanha nos meados de 1920, tendo sua
base teórica estruturada a partir dos
estudos de autores como: Max
Wertheimer, Wolfgang Köhler e Kurt
Koffka, que estabeleciam a forma e sua
percepção, passando, por isso, a ser
considerada como uma orientação de vida,
um lembrete, em que a consciência é
sempre útil e oferece técnicas e estratégias
especificas para desenvolvê-la10.
Todas essas técnicas e estratégias,
entretanto, estão alicerçadas em filosofias
como o Humanismo, o Existencialismo e a
Fenomenologia, e em teorias como a
Psicologia da Gestalt, a Teoria de Campo
de Kurt Lewim, a Teoria Organísmica de
Goldstein e em práticas orientais como o
Taoismo e o Zen Budismo.
Embasadas nestas filosofias e teorias, a
Gestalt-Terapia enfatiza a integração da
atenção e da tomada de consciência, como
fundamentais para o crescimento do
indivíduo, demonstra o valor de considerá-
los na sua individualidade e na sua
concretude, focalizando o “aqui e agora”
de sua experiência imediata,
desenvolvendo uma perspectiva
unificadora às pessoas, integrando na
mesma ocasião às dimensões sensoriais,
afetivas, intelectuais, sociais e até
espirituais8.
Revista Eletrônica Saúde em Diálogo
31:
A importância do brincar na psicoterapia
infantil
A brincadeira divide-se em dois tipos
distintos: recreativa e terapêutica. A
brincadeira recreativa tem como objetivo
central o prazer e a distração, com
participação espontânea da criança, não
sendo estruturada. A brincadeira
terapêutica refere-se a atividades
direcionadas por um profissional, sendo
estruturada, visando bem-estar emocional e
físico do paciente11.
Através do brincar a criança sente, vive
e revive as experiências de sua relação com
o mundo exterior e com ela mesma, facilita
o relacionamento terapêutico,
comunicação, rapport, vínculo, atitude de
contato e a permissividade do terapeuta
que deve agir como facilitador junto à
criança e possa lhe proporciona meios de
desenvolvimento em um espaço que lhe
deixe demostrar os significados de seus
conflitos, angustias e medos12.
O psicoterapeuta que adota a
abordagem da Gestalt-Terapia utiliza seu
espaço disponível, o brincar, e a ludicidade
em um todo e seus recursos como meios
disponíveis que o possibilite seguir a
criança por intermédio de uma conduta
terapêutica baseada no método dialógico
onde seu mundo interno e externo estejam
em constante interação, já que se deparam
em pleno desenvolvimento. “A criança em
desenvolvimento, portanto, é fruto das
influências ambientais (sociais, culturais),
da aleatoriedade dos acontecimentos e das
potencialidades inatas herdadas” 13.
A ludicidade é um modo intenso de
contato para a criança, assim sendo, o
relacionamento origina-se no contato. Por
meio dele, as pessoas crescem e formam
identidades. Contato é o experimento da
Jan-Jun 2016 Volume VI Número 1

fronteira entre o “eu” e o “não eu”. É o
experimento de interagir com o “não-eu”
enquanto mantém uma autoidentidade
distinta do “não-eu”7.
Para obter maior compreensão do que o
lúdico significa realmente para a criança,
devemos considera-lo em relação com seu
presente imediato e a sua necessidade
diária de adaptação ao mundo que a
rodeia14.
Quando criança utiliza o brinquedo,
aprende mais sobre o seu mundo, por isso
o brincar consiste em algo eficaz para que
tenha um desenvolvimento sadio. Para a
criança, brincar é uma coisa séria, dotada
de sentido, através da qual ela se
desenvolve mentalmente, fisicamente e
socialmente. Portanto, “através da
segurança da brincadeira toda criança pode
experimentar suas próprias e novas formas
de ser e, por isso, a brincadeira
desempenha uma função vital” 15.
A brincadeira é imprescindível ao bem-
estar intelectual, emocional e físico na
infância, devido ser a ocasião de poder
expressar-se e autorealização ao praticar
tarefas livres com peças de encaixe tipo
lego, brinquedos educativos, encenações
de teatros, estórias, fantasia de
16
personagens . Assim estimulam e aguçam
a capacidade criativa, porque determinam
que a fantasia penetre no jogo. No entanto,
assim que a criança pega um jogo
organizado, que já vem com alguma
sugestão e solicita um maior desempenho,
no caso dos quebra-cabeça, e outros, que
exigem motivação, facilita escolhas e
decisões da criança.
Nos estudos de Moyles17, qualquer tipo
de brinquedo para a criança é uma chance
de desenvolvimento tanto cognitivo como
social. Com o brinquedo, a criança sente,
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32:
se dá conta, idealiza, aprende e atribui
desenvolturas, bem como tem instigada a
curiosidade e segurança, ajustado o
aumento da linguagem, do pensamento, da
atenção e da concentração.
Os brinquedos e jogos realizam funções
importantes no desenvolver da criança. Ao
levarmos em conta que durante a
participação em jogos a criança assimila de
uma maneira intuitiva, compreende-se que
a própria apresenta um ganho, fortalecendo
suas percepções no meio social em que
vive18.
É importante ressaltar que, para as
interações sociais futuras serem saudáveis,
de acordo com a proposta de Ribeiro 5, ao
comparar o processo de desenvolvimento
da criança no inicio de sua vida, estaria na
confluência e deveria se encaminhar para o
“egotismo”.
A criança, quando disposta a brincar, se
entrega aos jogos e às brincadeiras com
satisfação e contentes. Ao se falar a
expressão jogo, pode-se entendê-la de
variadas formas. Podemos estar citando o
futebol, brincar de pega-pega, de carrinhos,
de bonecas, papai e mamãe, de médico,
engenheiro e outros; esses jogos, embora
recebam a mesma designação cada um tem
sua função13.
Vygotsky discorre sobre a brincadeira
com bastante atenção: “As maiores
aquisições de uma criança são conseguidas
no brinquedo, aquisições que no futuro
tornar-se-ão seu nível básico de ação real e
moralidade” 19. Para o autor,
O brinquedo cria uma zona de
desenvolvimento proximal na criança. No
brinquedo, a criança sempre se comporta
além do comportamento habitual de sua
idade, além de seu comportamento diário;
no brinquedo, é como se ela fosse maior do
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que é na realidade. Como no foco de uma
lente de aumento, o brinquedo contém
todas as tendências do desenvolvimento
sob forma condensada, sendo, ele mesmo,
uma grande fonte de desenvolvimento 19.
A zona de desenvolvimento proximal
menciona a passagem em que a
aprendizagem se desenvolve no individuo,
pois se esse indivíduo recebe de jeito
normal, ordenado no momento, no futuro
ele será capaz de seguir sozinho sem
grandes dificuldades aos novos eventos
que apareceram ao longo de sua vida19.
O uso da técnica de brincar, em
psicoterapia infantil, é um meio natural de
manifestação dos seus pensamentos, em
que a criança liberta-se dos seus
sentimentos e conflitos através da
brincadeira. É a forma da criança organizar
sua realidade lidando com suas
possibilidades, limitações e problemas,
visto que, na maioria das vezes, ela não
sabe ou não quer falar a respeito deles13.
São alcançadas nas brincadeiras
conquistas que posteriormente se tornarão
grau fundamental de atuação verdadeira.
Porém, o brincar é necessário não somente
para a ampliação cognitiva, mas também
para um melhoramento da linguagem e da
socialização. Assim, ressalta Vygotsky que
o lúdico tem grande influência para o
desenvolvimento da criança. Assim, a
utilização do brinquedo para
desenvolvimento da criança, ocasiona uma
nova configuração de desejo, vontades e de
sentimentos19.
Winnicott20 recomenda aos
psicoterapeutas infantis que valorizem
necessariamente o brincar, pois as
brincadeiras são mais importantes do que
as interpretações que surgem nos momento
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em que a fantasia, a criatividade, o faz de
conta aparecem.
Para que isso aconteça, é necessário que
tanto o terapeuta quanto a criança estejam
livres para um brincar genuíno, para que a
criança possa se fortalecer e construir uma
identidade própria com autonomia
crescente e assim consiga resolver seus
conflitos internos21.
Ludoterapia
O brincar e o brinquedo fazem parte da
representação psíquica do interior da
criança, é através deles que elas podem
expressar seus sentimentos, angustias e
medos que em varias ocasiões encontram-
se no inconsciente, dessa maneira, a
ludoterapia surgiu juntamente com as
origens da Psicoterapia Infantil, tendo sido
consagrado pela psicanalise a partir das
ideias de Melanie Klein na década de XX e
contribuições de Ana Freud, Hermine Von
Hug-Helmith, que com seus trabalhos
apontaram a primeira proposta de
ludicidade como expressão simbólica não
verbal das crianças, já que estas não
conseguiam utilizar a associação livre de
seus conflitos inconscientes22.
Axline expos suas primeiras definições
e contribuições da importância sobre
ludoterapia na literatura do Brasil, e cita
que: “a ludoterapia [...] pode ser descrita
como uma oportunidade que se oferece à
criança de poder crescer sob melhores
condições” 12.
Seu objetivo é “ajudar a tomar
consciência de si mesma e de sua
existência em seu mundo” 15.
A palavra ludoterapia é derivada da
palavra inglesa play-therapy, podendo ser
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literalmente traduzida como “terapia pelo
brincar”, podendo ser realizada de varias
formas, a meta é promover ou restabelecer
o bem estar psicológico do indivíduo por
meio de atividades lúdicas, fazendo parte
do desenvolvimento social da criança,
facilitando o repertório infantil e
integrando dimensões da interação humana
necessárias como uma das técnicas
utilizadas pelo terapeuta a fim de que seja
realizada a análise psicológica com maior
precisão12.
O termo Ludoterapia para a psicologia
tem como significado o emprego de
técnicas de psicoterapia através do ato de
brincar diferente de como a criança está
acostumada, com regras, limites, sendo um
meio psicoterapêutico no qual o brinquedo
vai estabelecer a estratégia empregada pelo
psicoterapeuta, através da brincadeira, cuja
finalidade é chegar à autenticidade e
observação de seus sentimentos,
12
angustias .
A Ludoterapia trata-se do tratamento
psicoterápico voltado à criança. É a
psicoterapia realizada através do lúdico, do
brincar, e tem como objetivo facilitar a
expressão da criança. É através do brincar
que a criança tem maior possibilidade de
expressar seus sentimentos e conflitos e
buscar melhores alternativas para lidar com
essas demandas. A Ludoterapia é baseada
no fato de que o jogo é o meio natural de
auto expressão da criança. É uma
oportunidade dada à criança de se libertar
de seus sentimentos e problemas através do
brincar12.
A ludoterapia fundamenta-se no
emprego de recursos lúdicos perpassando
pela adaptação do processo
psicoterapêutico para o universo infantil,
na qual a brincadeira é a mais genuína
forma de expressão: faz-de-conta, estórias,
Revista Eletrônica Saúde em Diálogo
34:
pinturas, argilas, desenhos, jogos com
regras ou não, e até brincadeiras livres2.
A conduta da criança ao observar o
lúdico tem princípio desde seu nascimento,
quando este apresenta a manifestação
prazerosa ao observar determinado objeto.
Exemplo disso é algum mobile colorido
pendurado em seu berço 23.
A função do lúdico na vida das crianças
é de suma importância, pois o brincar é
uma ação privilegiada do desenvolvimento
humano e particularmente da infância. É
necessário enxergar a criança como alguém
que tem ideias e sentimentos próprios e
que precisa de possibilidades para
desenvolver prazerosamente suas
diferentes competências cognitivas,
afetivas e motoras. Brincar é viver e viver
é aprender. Portanto, brincar e aprender
andam juntos, completam-se. Daí a
necessidade evidente de refletir e,
consequentemente, de resgatar o brincar no
cotidiano da criança24.
É através do brinquedo que a criança
conhece o seu mundo e aprende mais sobre
ele e, por isso, o brincar consiste em algo
eficaz para que tenha seu desenvolvimento
saudável15.
Portanto, através das vivencias lúdicas,
a criança está em constante aprendizado. É
no mundo da fantasia, da imaginação, do
faz de conta, do jogo e da brincadeira onde
a criança está livre para criar e é através da
criatividade que o sujeito descobre seu eu.
Ludoterapia e Gestalt-terapia
O psicólogo ao trabalhar com
ludoterapia na psicoterapia infantil pode
observar como as crianças brincando
conseguem mostrar seu modo de ser, o que
Jan-Jun 2016 Volume VI Número 1

estão sentindo naquele momento,
colocando suas angustias e emoções sem
notar que estão expondo suas dificuldades,
conflitos, agressividades e medos. É uma
das técnicas de como o psicólogo pode
obter da criança seu relato de uma maneira
não diretiva.
A ludoterapia permite a constituição das
reproduções psicológicas. É na hora do
brincar onde a criança troca objetos por
outros que lhe dão mais sentido e mais
prazer naquele momento. Esse sentido
estimula a criança a se constituir como um
ser social.
A ludicidade auxilia a criança na sua
constituição subjetiva para com os signos,
significados e de ressignificação dos
acontecimentos diários e das suas
afinidades com as pessoas com as quais
convive19.
A Gestalt-terapia com crianças utiliza
técnicas e instrumentos pelo meio do
lúdico que facilita a auto-expressão dos
sentimentos vivenciados pela criança, onde
se desenvolve a awareness de si, pois
geralmente tem medo, não quer falar ou
tem uma linguagem verbal ainda não
desenvolvida25.
Na visão gestaltica, valoriza-se a
liberdade de expressão através de variadas
técnicas utilizadas com a ludoterapia,
fundamental para a legitimidade do
encontro dialógico 15.
Existe um número interminável de
técnicas específicas para ajudar as crianças
a exprimir sentimentos por intermédio do
desenho e da pintura. Independente do que
a criança e eu escolhemos fazer em
qualquer sessão, o meu propósito básico é
o mesmo. Minha meta é ajudar a criança a
tomar consciência de si mesma e da sua
existência em seu mundo. Cada terapeuta
Revista Eletrônica Saúde em Diálogo
35:
encontrará o seu próprio estilo para
conseguir esse delicado equilíbrio entre
dirigir e orientar a sessão, de um lado, e
acompanhar e seguir a direção da criança,
de outro15.
Diante da utilização dessas técnicas
apontadas acima, o terapeuta terá
condições de levar a criança a
compreender a si mesma, ao mesmo tempo
que mostra que a está aceitando do jeito
que ela é e livre do que diga ou faça: “A
grande arte da terapia infantil consiste em
o terapeuta conseguir olhar a criança e o
mundo em sua volta como ela mesma se vê
e vê o mundo” 26
A sala de ludoterapia
A sala de ludoterapia é parte do
processo psicoterapêutico e consiste em
um método contínuo no qual novos
aspectos e modificações vão surgindo
através da intervenção do psicólogo, pois
geralmente é nesse local que a criança se
descobrirá, criará confiança em si e nos
outros, solucionará muito dos seus medos,
temores e insegurança, portanto, deverá ser
um lugar onde o terapeuta deixara livre a
criança para que a imaginação, a
criatividade, a invenção sejam caminhos
para suas reflexões25.
Esse espaço deve conter materiais que
envolvam tintas, colas e outros materiais
em que o terapeuta não fique preocupado
com a sala e sua limpeza no momento da
terapia, para isso é preciso que as paredes
sejam pintadas com tinta lavável e chão
que possa ser facilmente limpo. Ademais, é
adequado proporcionar o máximo de
isolamento acústico; que os brinquedos
sejam escolhidos pela sua resistência e não
oferecer riscos à criança; sejam tomados
Jan-Jun 2016 Volume VI Número 1

cuidados com objetos de decoração;
confortabilidade, atratividade e segurança
da sala, inclusive com suas janelas;
necessidade de haver uma pia na sala, bem
como mesa com cadeiras infantis,
prateleiras que possam ser de fácil acesso à
criança, armários para guardar material de
pintura, recorte, colagem, lápis de várias
cores, canetinhas, giz de cera e outro
armário somente para guardar jogos de
preferencia armazenados por idade.
O cuidado com esse espaço é, portanto,
de essencial importância para a
psicoterapia da criança, que emerge como
um constante recriar de situações do seu
cotidiano, revelando por meio da
brincadeira as diferentes maneiras como se
relaciona com seu mundo, ampliando seu
conhecimento sobre si mesmo.
O atendimento psicoterápico da criança
No ambiente da psicoterapia, a relação
constituída entre o psicoterapeuta e a
criança tem como objetivo possibilitar a
apropriação dos objetos do meio externo,
dos eventos e das relações interpessoais do
contexto social e cultural, bem como a
construção dos sentidos constituídos nessa
relação onde surgem questionamentos que
o psicoterapeuta deve empreender na busca
por investigar os significados do cliente.
A aceitação da criança exatamente
como ela é, o respeito pelo seu tempo e
pela sua capacidade em resolver seus
problemas, a não-diretividade das suas
ações ou conversas, o estabelecimento de
um sentimento de permissividade e o
desenvolvimento de uma solida relação de
confiança entre criança e psicoterapeuta
são os princípios básicos dessa nova forma
Revista Eletrônica Saúde em Diálogo
36:
de compreender e trabalhar
psicoterapeuticamante com a criança25.
Um dos maiores desafios da
psicoterapia infantil é trabalhar com as
habilidades verbais das crianças que na
maioria das vezes são pouco
desenvolvidas, logo a necessidade de
utilizar meios que venham a favorecer o
vínculo entre profissional e cliente e,
consequentemente, a evolução da criança
no processo terapêutico. No entanto, o
terapeuta deverá sempre buscar conduzir a
criança na procura de sua independência e
autonomia, para isso, deve acompanhar e
intervir, informando sempre que puder aos
responsáveis pela criança, como poderão
ajudar nesse processo gradualmente, já que
fazem parte de um dos campos de
observação e intervenção 27.
Durante o atendimento psicoterápico e
de Ludoterapia, a criança pode ser
direcionada pelo terapeuta, que assume a
orientação e interpretação e a
responsabilidade, bem como pode ocorrer
a sessão não diretiva, na qual o terapeuta
deixa as crianças livres, com oportunidade
de mostrar o seu crescimento na terapia por
ser um lugar de construção, transformação
e ressignificação dos objetos, eventos e
relações humanas e de construção de
sentidos vivenciados no consultório 12.
Seja qual for o recurso lúdico escolhido
pela criança ou a técnica utilizada pelo
psicoterapeuta, o ponto central de qualquer
processo terapêutico é a relação que se
estabelece entre eles. Antes de qualquer
coisa, é a relação que podemos caracterizar
como realmente “terapêutica”, ou seja,
como o que de fato vai fazer diferença na
possibilidade de reconfigurações mais
satisfatórias na criança e em seu meio 25.
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A relação entre psicoterapeuta e cliente
leva a atividades que têm como objetivo a
promoção da melhoria do cliente,
quaisquer que sejam os recursos lúdicos e
as técnicas utilizadas pelo terapeuta25. De
tal forma é também necessária a utilização
dos princípios da relação dialógica como
embasamento diante da criança,
permitindo-lhe uma reconfiguração de seus
conflitos no momento vivido.
Axline12 coloca alguns princípios que
ajudam a orientar o terapeuta na
experiência com a criança. Esses princípios
são esclarecidos através da relação que se
estabelece entre a criança e o terapeuta.
Este deve desenvolver um bom
relacionamento, que seja sincero com a
criança para o estabelecimento do rapport,
para que a criança queira estar ali por
vontade própria, como também deverá
aceitar a criança completamente, do jeito
que ela se apresenta, sempre estabelecendo
um sentimento de permissividade quanto
aos brinquedos escolhidos pela criança
durante a sessão.
O terapeuta deverá reconhecer e refletir
sobre os sentimentos da criança, gostar
dela e ser paciente quanto ao seu tempo
nas brincadeiras da terapia, mantendo o
respeito e aceitando genuinamente o que
ela diz ou faz, já que a criança pode
perceber a negação. Aquele deve ser o
espaço em que a criança indique o caminho
e o psicoterapeuta o segue sem fazer
perguntas, com liberdade para que a
criança tome iniciativa e possa seguir com
segurança, confiança e determinação. A
psicoterapia não pode ser apressada,
devendo o psicoterapeuta se organizar e
acatar o ritmo da criança, sem apressá-la
ou retardá-la sob qualquer aspecto do
processo terapêutico. Por fim, o valor dos
limites devem ser enquadrados
Revista Eletrônica Saúde em Diálogo
37:
gradativamente para que a criança vá
assimilando o que pode e o que não pode,
o que deve e o que não deve fazer durante
a terapia, para que sirva de reflexão e
assim coloque na sua vida cotidiana12.
O brincar das crianças no consultório do
terapeuta é proveitoso para outros
propósitos além do processo direto de
terapia. Brincar é divertido e ajuda a
promover a afinidade necessária entre o
terapeuta e a criança. O medo e
resistências iniciais por parte da criança,
muitas vezes, é drasticamente reduzido
quando ela se defronta com a sala cheia de
brinquedos atraentes15.
Portanto, é dando a oportunidade de se
sentir aceita, experimentar, errar, falhar,
acertar, criar, refletir, que a criança, de
acordo com a idade e sua capacidade de
aprendizado, irá conhecer-se e reconhecer
o outro. “[…], a criança adquire a coragem
de seguir em frente e de se tornar um
indivíduo mais maduro e independente” 12.
4 CONCLUSÃO
Procurou-se com este trabalho mostrar a
relevância do uso de recursos lúdicos sob a
luz da gestalt-terapia, com as
possibilidades de intervenção clínica em
psicoterapia infantil, visto que nesta
abordagem teórica tem-se a compreensão
de que as relações entre a criança, seu
contexto familiar e convívio social são de
fundamental importância nos processos de
saúde e adoecimento do paciente. Percebe-
se, nas leituras, que alguns psicólogos, para
apresentar seu trabalho, empregam uma
abordagem psicológica específica, porém
algumas dessas abordagens não trazem o
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trabalho com o público infantil como corpo
de sua teoria de forma específica.
Logo, os profissionais da psicologia
necessitam buscar em outras teorias um
embasamento mais diretivo acerca do
desenvolvimento infantil, e suas
possibilidades de atuação e promoção da
saúde mental para exercer um trabalho de
qualidade.
Como resultado dessa revisão
bibliográfica, permite-se concluir que a
ludoterapia é uma maneira de intervenção
que contribui para preservar a saúde
emocional da criança.
O atendimento clínico com crianças no
setting terapêutico é um dos jeitos mais
genuínos de transparecer o comportamento
infantil. O psicólogo utiliza essa técnica
para compreender e interpretar o universo
de fantasias da criança já que no inicio
dessa fase da infância a criança está
construindo a maturidade para constituir-
se, envolver-se e absorver experiências
vividas no dia a dia, e começam a expor
sintomas onde evidenciam que alguma
coisa não vai bem no seu desenvolvimento
psíquico e biológico.
O momento de o psicoterapeuta aplicar
a ação lúdica é muito importante, é
necessário que exista um clima e espaço
apropriado que proporcione um bom
andamento do setting terapêutico; tal
procedimento ocasiona não apenas a
evolução no que diz respeito aos sintomas,
mas também à probabilidade de a criança
ter um maior ingresso em seu mundo
interno para que, em seguida ao seu
desenvolvimento, tenha maiores
oportunidades de se tornar adolescente e
adulto mais consciente e conhecedor de
seus sentimentos e emoções.
Revista Eletrônica Saúde em Diálogo
38:
Portanto, concorda-se com Winnicott,
quando diz “ser o trabalho efetuado pelo
terapeuta dirigido no sentido de trazer o
paciente de um estado no qual não é capaz
de brincar, para um onde o é”20. Desse
modo, observamos ao longo desse estudo
que a riqueza da habilidade infantil em
comunicar seu mundo interno é ao mesmo
tempo, um desafio e um estimulo ao
psicoterapeuta infantil.
Dada a permanente mutação do mundo
e dos modos de conceber o
desenvolvimento da criança e seu processo
de construção do conhecimento, considera-
se que o trabalho em tela não apresenta
conceitos prontos, sugerindo
aprofundamentos futuros, em outros níveis
de estudos, a fim de que se possa dar uma
contribuição mais significativa aos
acolhimentos psicoterápicos com a
ludicidade nos atendimentos infantis.
AGRADECIMENTOS
À Faculdade de Tecnologia Intensiva –
FATECI, pelo incentivo ao
desenvolvimento do trabalho.
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