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Aromaterapia e a Gratidão – I

“Devemos agradecer às pessoas que nos fazem


felizes... São elas os jardineiros encantadores que fazem
nossas almas florescerem.”

Marcel Proust

Iniciamos o mês de junho e para o blog da Equipe do Bem Viver, esse é um mês de
celebração! Para iniciarmos a comemoração dessa nossa jornada de um ano vamos iniciar hoje
com uma sequência muito especial de textos sobre a gratidão e como a Aromaterapia, por meio
do uso dos óleos essenciais, podem nos auxiliar a cultivar essa tão nobre virtude. Para cada texto
será abordado a indicação de uma aromaterapeuta de destaque na área que desenvolveu
(algumas continuam desenvolvendo) trabalhos significativos sobre o tema e o uso dos óleos
essenciais na metafísica e na espiritualidade.

A gratidão pode ser um dos motivos que nos leva a praticar ações para demonstrar o
quanto estamos nos sentindo gratos. O aspecto relevante desse movimento é que esse
sentimento seja fruto do nosso reconhecimento pela ação do outro. Toda ação é movida por
uma intencionalidade, que pode ser clara e consciente ou não. A real intenção, que é
responsável pela ação realizada, é o que confere o teor energético (e muitas vezes emocional)
do que está sendo feito e de como a pessoa recebe essa ação.

Uma vez, há uns 5 anos atrás, uma interagente comentou comigo que estava chateada
porque havia recebido um telefonema do seu chefe para agradecer o trabalho dela.
Normalmente as pessoas ficariam contentes em uma situação como essa, mas esse não foi o
caso. Depois de conversarmos, entendi o ponto de vista dela. O chefe havia ligado em um
domingo, próximo ao horário do almoço e disse que a ligação era única e exclusivamente para
agradecer a ela pelo trabalho que ela havia desenvolvido nos últimos anos, o quanto ele a
admirava pela sua capacidade e pela colaboração dela como parte da empresa. Ela ficou
exultante! Uma onda de alegria tomou conta dela que foi maior do que a perplexidade causada
no início por dois motivos: o chefe ligar no domingo (algo extremamente incomum) e por ele
agradecer, já que essa não era uma ação praticada por ele. Agradecer não era algo que fazia
parte do repertório dele.

Com um simples agradecimento pela ligação, a conversa teria sido encerrada ali e todos
ficariam felizes. Mas não foi o que houve. Ainda sem entender muito bem o que estava
acontecendo, um pensamento rápido cruzou a cabeça dessa pessoa – O que será que eu fiz que
despertou essa ação? A curiosidade foi maior e a própria pessoa confessou que queria muito
saber isso porque assim ela poderia repetir essa ação mais vezes, fazer a coisa “certa” de novo
e assim, possivelmente, merecer essa demonstração de reconhecimento pelo seu trabalho.
Sendo assim ela perguntou ao chefe qual era o motivo pelo qual ele estava agradecendo-a
daquela maneira, o que o havia levado a fazer essa ação. Ele respondeu que naquele mesmo
dia, no período da noite, iria fazer uma longa viagem de avião e que como acidentes acontecem,
ele estava com receio de ir viajar e passar por algum tipo de infortúnio que o levasse a morte.
Ele não gostaria de falecer sem dizer a ela obrigado. Nesse mesmo instante toda a alegria sentida
deu lugar a um sentimento estranho de indignação porque o real motivo que o levou a agradecer
não era exatamente algo que ela havia feito. O que havia motivado o chefe a agir era o medo e
talvez um certo pesar na consciência pelo fato de não ter agradecido antes e agora, caso viesse
a falecer, não partir sem ter contabilizado essa ação na sua lista.

Resultado: a pessoa ficou triste porque nunca havia recebido um agradecimento sincero
e ansiava pelo reconhecimento. Quando finalmente achou que esse momento havia chegado,
experimentou o que seria a sensação daquilo que ela almejava e em seguida voltou ao mesmo
ponto em que se encontrava. O chefe também ficou frustrado por não ter sua ação
compreendida. Ele viajou, não houve nenhum acidente e continua vivo até hoje. Atualmente,
depois de mais de 10 anos, essa pessoa não trabalha mais na empresa e segundo ela, o principal
motivo da sua saída foi o relacionamento com o chefe. Observando esse exemplo, podemos
refletir e obter alguns aprendizados:

- Incorporar a gratidão em nossas vidas. Agradecer pode sim se tornar um hábito muito
saudável, desde que seja praticado e movido pelo coração, baseado em um sentimento real e
autêntico. Por exemplo, antes de dormir, pense em um motivo pelo qual você gostaria de
agradecer em relação àquele dia vivido. Mesmo que no início você se sinta meio estranho e
talvez não tão grato assim, continue praticando. Você vai se surpreender com o que irá
acontecer posteriormente! Até a forma como você se sente também passará por
transformações e ser grato será algo que de fato estará presente na sua rotina de uma maneira
cada vez mais natural.

- Demonstrar gratidão. Deixe que os outros (os jardineiros da nossa alma, segundo
Proust) saibam que você se sente grato. Expresse o seu agradecimento do jeito que melhor lhe
aprouver. Assim como no item acima, faça isso quando o seu coração desejar, pois suas ações
estarão imbuídas de um sentimento afetuoso que certamente será perceptível para quem as
recebe. Como essa pessoa comentou, não era comum o chefe agradecer e se isso fosse apenas
um pouco mais habitual, talvez a reação dela poderia ter sido outra. Por outro lado, esse chefe
por ser uma das inúmeras pessoas que existem e que encontram sérias dificuldades em
expressar o seu sentimento. Talvez tenha sido exigido uma coragem Hercúlea dele para ligar em
um domingo e dizer que se sentia grato. Para essas pessoas, além de praticar para poder vencer
essa barreira, também temos óleos essenciais que podem ajudar nessa abertura.

- A motivação da gratidão. Uma dúvida permanecerá: será que o chefe teria ligado para
sua funcionária naquele domingo se ele não estivesse na eminência da viagem? Nesse caso a
viagem era a representação de um possível momento de despedida em função da possibilidade
de falecer. Normalmente, quando as pessoas se encontram em situações críticas, como essas
que envolvem vida e morte, há uma certa afobação para não deixar “assuntos pendentes”. Será
que precisamos esperar chegar esse momento para agir? E se a partida for absolutamente
inesperada e não houver tempo hábil para “acertar as contas”? Hoje, aqui e agora é o momento
para que algo definitivamente possa ser feito. O que passar disso são conjecturas e estão muito
além da nossa governabilidade. Não espere fazer uma viagem, o avião cair, o mundo acabar ou
o sol sumir – exercite a sua gratidão nesse momento. Isso mesmo, nesse momento! Comece já!
Pare por uns instantes e pense em algo que faz (ou fez) você se sentir grato. Permita-se sentir
esse agradecimento e desfrute por 1 ou 2 minutos da agradabilidade e afetuosidade desse
sentimento.

Se desejar utilizar um óleo essencial para realizar o seu exercício, cujo aroma herbáceo
e fresco nos move de um estado de ressentimento para um estado de gratidão, inale o óleo
essencial de Melissa (Melissa officinalis). Esse óleo foi utilizado com a interagente mencionada
acima e o resultado foi muito positivo – antes de sair da empresa ela foi agradecer o chefe por
ele ter dado a ela a oportunidade de refletir e perceber como ela lidava com as questões
relacionadas com o ato de agradecer e receber elogios, o que permitiu que ela tomasse
consciência da necessidade de melhoria e do quanto esse processo foi importante para ela.

Segundo Zeck¹, Melissa suaviza emoções extremas, alivia os ressentimentos, alegra o


coração e envolve a alma em sua própria graciosidade. Além disso, a radiância do óleo essencial
de Melissa direciona o espírito para uma reflexão plena de tudo pelo que você deve ser grato.
Inale o aroma fresco e leve do óleo essencial de Melissa e deixe a gratidão abrir você para os
tesouros do seu coração e a real motivação para que se sinta grato.

A escrita também pode ser terapêutica e por isso mesmo convidamos você para
compartilhar conosco, aqui nos comentários, um dos motivos pelo qual você se sente grato(a).

Agradecemos a sua companhia nessa jornada e expressamos o nosso desejo de que a


gratidão seja sua aliada durante todo o percurso. Sigamos em frente!

Até a próxima.

Namastê!

Kátia Veloso

Educadora, Aromaterapeuta, Terapeuta Maha Lilah

¹ZECK, R. The Blossoming Heart – aromatherapy for healing and transformation. Aroma Tours,
East Ivanhoe, 2004.

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