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O luto (do latim luctu)[1] é um conjunto de reações a uma perda significativa, geralmente pela

morte de outro ser. Segundo John Bowlby, quanto maior o apego ao objeto perdido (que pode ser
uma pessoa, animal, fase da vida, status social etc.), maior o sofrimento do luto. O luto tem
diferentes formas de expressão em culturas distintas.[2]

Psicologia da morte
A característica inicial do processo de luto acontece pelas relembranças da perda, aliadas ao
sentimento de tristeza e choro. Este é um processo que evolui, onde as relembranças são
intercaladas com cenas agradáveis e desagradáveis, sem, necessariamente, serem acompanhadas de
tristeza e choro. Além destes sentimentos, é comum o estado de choque, a raiva, a hostilidade, a
solidão, a agitação, a ansiedade e a fadiga. Sensações físicas como "vazio no estômago" e "aperto
no peito" podem ocorrer.
A duração deste processo é inconstante e seguido de uma notável falta de interesse pelo mundo
exterior. Com o passar do tempo, o choro e a tristeza vão diminuindo e é esperado que a pessoa vá
se reorganizando, porém é um processo a longo prazo e os episódios de recaída são comuns. Caso
alguém não consiga lidar de uma forma socialmente adequada com a perda por mais de 6 meses,
continue em intenso sofrimento e/ou não consiga se reorganizar, é considerado um luto patológico e
é recomendado que se faça psicoterapia.
Existem escalas para medir a gravidade do luto que avaliam fatores emocionais, cognitivos, físicos,
sociais, espirituais e religiosos. Um exemplo é a escala proposta por David Fireman.
O luto pode provocar uma crise na família, pois exige a tarefa de renúncia, de excluir e incluir
novos papéis na cena familiar. Percebe-se, então, que existe, aí, uma complexidade, pois esta crise
pode estagnar o desenvolvimento da família.
Entre alguns psicólogos, é comum se referir às pessoas em processo de luto pela perda de um ente
querido como "sobreviventes", como forma de reforçar positivamente a luta pela sobrevivência
diante de desafios difíceis.
Como forma de encarar melhor a morte, o psicólogo pode ressaltar o caráter de "fim de sofrimento"
da morte ou mesmo estimular moderadamente crenças religiosas/espirituais positivas, independente
da religião do indivíduo. Outra possibilidade é associar a morte com um descanso, tranquilidade,
paz, retorno para a natureza e parte natural do ciclo da vida.
Luto na criança

Filhas do Príncipe Consorte Albert, de luto em 1861 ao lado de um busto representativo do pai
Mesmo bebês em fase antes de aprender a falar já demonstram o processo de luto, observável em
desenhos e jogos. Entretanto, é somente a partir do período das operações formais que a criança
pode compreender a morte enquanto fenômeno irreversível, universal e inevitável.[3]
Entre os fatores que influenciam o luto dos adolescentes e crianças, destacam-se: o apego e
dependência com relação à pessoa perdida; a percepção que possuem da morte; o quanto tempo
tiveram para se preparar para essa situação (luto antecipatório); e a forma de restruturação familiar
no caso de perda de um membro da família.[4] Caso o luto não seja enfrentado adequadamente é
comum resultar em depressão nervosa ou transtorno de estresse pós-traumático.
Para a psicologia, a própria passagem para a adolescência também consiste em um processo de luto
da infância. Um luto dessa fase, mal resolvido, envolve um período mais prolongado de
dependência dos cuidadores e, posteriormente, dos parceiros amorosos. Na psicanálise, refere-se o
retorno à infância como "regressão".

Luto nacional
Ver artigo principal: Luto nacional

Consolação
Na Antiguidade, a carta de consolação era um gênero literário popular, sendo essencialmente um
veículo para apresentar aspectos cruciais de uma escola filosófica e ao mesmo tempo dar conselhos
reais sobre como lidar com a perda e o luto. O gênero literário Consolação foi cultivado por todas
as grandes escolas, nela, o filósofo procura entender a dor que abala a pessoa a ser consolada e,
ainda, compreender sua visão de mundo para assim expor sua filosofia, de forma que seja melhor
assimilada pelo espírito em luto. Cleonice van Raij, diz:
Entre os filósofos e retores romanos o primeiro que se ocupou desse gênero foi
Cícero, por ocasião da morte de sua filha Túlia, quando escreveu uma Consolação,
a fim de abrandar a própria dor. Tal Consolação, infelizmente, não chegou até
nós, restando dela apenas alguns fragmentos conservados nas Tusculanas. Sêneca,
sem a menor dúvida, foi o mais fecundo escritor latino de Consolações, se
considerarmos não só os textos conhecidos sob esse nome, mas também os vários
tratados de alto teor consolatório, como Sobre a brevidade da vida, Sobre a
tranquilidade da alma e as cartas que, em grande parte, pertencem a esse gênero,
como as LXIII, LXXXI, XCIII e CVII, dirigidas a Lucílio.

Sêneca escreveu três cartas de consolações:


• Consolação a Márcia endereçada a Márcia em luto pela morte de seu filho Metílio.[5]
• Consolação a Minha Mãe Hélvia. Carta para sua mãe consolando-a em sua ausência
durante o exílio.[6]
• Consolação a Políbio. Dirigida a Políbio, Secretário particular do Imperador Cláudio, para
consolá-lo sobre a morte de seu irmão.[7]

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