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Luto complicado
Luto traumático
- relacionado a perdas inesperadas, envolve a exposição a eventos traumáticos,
desencadeando respostas como desligamento emocional, confusão, desamparo
e paralisia
- Tríade do trauma: repetição contínua de memórias intrusivas, hiperativação
com reações exageradas e evitamento através de amnésia, isolamento e
comportamento de fuga
Luto inibido
- reação emocional à perda é insuficiente, resultando na supressão ou inibição
das expressões de luto, manifestando-se através de um funcionamento
aparentemente normal, tentativas de minimização, repressão, pensamentos
intrusivos, perturbações do sono, sintomas físicos, tensão muscular e
dificuldades relacionais.
Luto crónico
- duração excessiva e estático, onde os níveis de tristeza, irritabilidade e culpa
permanecem inalterados
- superação da situação parece inatingível
Luto ambíguo
- Presente fisicamente, mas ausente psicologicamente (e.g., doentes com
demência)
- Presente psicologicamente, mas ausente fisicamente (e.g., situações de rapto)
Luto exagerado
- comportamentos autodestrutivos para aliviar dor emocional (e.g., drogas)
Critérios de luto complicado/prolongado
Afetivos
- dificuldade em falar do objeto perdido, tristeza injustificada em certas
circunstâncias, irritabilidade persistente, entorpecimento, etc
Cognitivos
- recalque/dissociação; comportamento “seco”, como se nada fosse
Físicos
- Fobia de doença ou de morte; evitamento desproporcionado de rotinas e
contacto com pertences do falecido, etc
Comportamentais
- comportamentos autodestrutivos
Interpessoais
- evita relacionamentos; solidão; etc
Transpessoais
- sentimento de vida insatisfatória; sem futuro; diminuição de sentimento de
identidade
PLP vs. Depressão vs. Ansiedade de separação vs. P. Psicótica
- PLP está focado em sentimentos de perda e separação em vez de refletir um humor
deprimido generalizado
- PLP relaciona-se com sofrimento em relação à separação da pessoa falecida enquanto
PAS é relativo a figuras de vinculação atuais
- PLP tem alucinações sobre o falecido mas sem psicose, pensamento desorganizado ou
sintomas negativos, não é P. Psicótica
Preditores de luto complicado
- antes da morte: perda anterior, exposição ao trauma, histórico psiquiátrico anterior,
etc
- associados à morte: morte violenta; proximidade conjugal/familiar; preparação; etc
Fatores de risco
- circunstâncias da perda: súbita, traumática, estigmatizada
- características do objeto: mãe, filhos
- apoio familiar e social: disfunção familiar, isolamento
- vulnerabilidade pessoal: perturbação psiquiátrica; personalidade e estilo de coping
- natureza da relação: excessivamente dependente; ambivalente; exclusivista
- contacto problemático com serviços de saúde: falta de controlo de sintomas;
dificuldades diagnósticas
Mediadores de luto complicado
Fatores situacionais
- circunstâncias da perda (inesperada, traumática, etc)
- condições de cuidados (satisfação) (falta de controlo de sintomas;
comunicação com profissionais; etc)
- condições do cuidador (excesso de responsabilidades; condições materiais;
etc)
- stressores concorrentes/perdas secundárias (problemas
financeiros/laborais/familiares; etc)
Fatores intrapessoais
- características demográficas do enlutado: idade, género
- antecedentes psiquiátricos: história pessoal/familiar de perturbação
psiquiátrica
- personalidade, estilo de vinculação
- estilo de coping, locus de controlo
- mecanismos de defesa: imaturos; eu frágil
- experiência de perdas anteriores: perda precoce de progenitores; acumulação
de perdas “não resolvidas”; trauma cumulativo;
- espiritualidade: crença, sentido, propósito
Fatores interpessoais (objeto de perda)
- características demográficas: idade, género (mulheres), estado (viuvez,
divórcio/separação)
- grau de parentesco: filhos, irmãos, pais
- qualidade da relação anterior: excessivamente dependente (relação de
segurança); exclusivista; ambivalente (irritado e inseguro com problemas de
alcoolismo, etc); conflituosa
- questões pendentes, projetos truncados: financeiros, laborais, sociais,
familiares
Fatores interpessoais (relação com o exterior)
- funcionamento familiar: disfunção familiar (e.g., má comunicação e coesão,
elevado conflito) ou famílias funcionais
- suporte social: isolamento (e.g., migrantes, recente mudança de residência);
alienação (e.g., perceção de fraco apoio social, dificuldade de encontro com
familiares e amigos, etc);
- contexto cultural e religiosidade: crença; sentimento de pertença; não
possibilidade de realização de rituais religiosos ou outros
Luto desautorizado
● embora a pessoa esteja a vivenciar uma reação de luto
○ não há reconhecimento social de que a pessoa tem direito ao luto
○ não recebe os mesmos “direitos” ou papel de enlutado
○ não beneficia de compensações (dias por falecimento) ou diminuição de
responsabilidades sociais
○ não reclamam a empatia ou apoio social
● Falha empática: integra as dimensões sociais e intrapsíquicas do luto desautorizado;
falha em manifestar empatia e prestar apoio suficiente
○ Ex: ambivalência em relação a um filho com deficiências que rompem com as
expectativas dos pais → falha empática no contexto familiar ou rede de
socialidade
● Acontece em situações que:
1. A relação não é reconhecida (e.g., amantes, vizinhos, sogros, padrastos, cuidadores,
etc)
2. A perda não é reconhecida
a. não envolvem morte - perdas significativas cujo objeto de perda permanece
fisicamente vivo;
b. “morte social” - pessoas em coma;
c. “morte psicológica” - morte cerebral;
d. “morte psicossocial”/perda ambígua - ausência psicológica com presença
física em que a personalidade mudou devido a doenças, síndromes, etc;
e. perdas secundárias face à doença terminal como mudanças no estilo de vida,
intimidade relacional, etc;
f. perda de relações amorosas na infância e adolescência;
g. reação de luto à infertilidade e perdas gestacionais/perinatais;
h. perda de emprego
3. O enlutado está excluído
a. enlutado não é socialmente definido como sendo capaz de fazer o luto (e.g.,
pessoas com demência, deficiência intelectual, etc)
b. quando a família não aceita o parceiro sobrevivente ou quando aceita, mas
pretendem que essa relação não seja revelada publicamente
4. Circunstâncias da morte/perda
a. perdas estigmatizadas (HIV, suicídio, etc)
b. Perdas que geram grande ansiedade (e.g., mutilação, suicídio)
c. perdas que provocam embaraço (e.g., asfixia auto-erótica)
d. perdas em que o falecido é desvalorizado (e.g., alcoólatra)
5. A forma como o indivíduo sofre
a. maior aceitação por estilos mais expressivos
b. menor aceitação por estilos mais instrumentais (expressão mais física,
cognitiva ou comportamental)
Experiências pessoais de luto desautorizados
● Dimensões pessoais e sociais
● Falhas empáticas
● Normas sociais
● Limitações na ritualização
Luto profissional em psicólogos clínicos
● Suicídio
● Morte natural ou por doença
● Dropout
● Alta clínica