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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

LUTO
“O luto (do latim luctu) é um conjunto de reações a uma perda significativa, geralmente
pela morte de outro ser” (FERREIRA, A. B. H,1986. p.1 054). É bom entender que o luto é um
processo doloroso e inevitável de elaboração de uma perda e que todas as pessoas que passam
por uma perda de um ente querido tendem a passar por isso. Na verdade é um momento que
desencadeia uma grande quantidade de sentimentos e lidar com isso interfere no
funcionamento emocional do enlutado, além dos sentimentos tem toda uma questão de
readaptação já que mudanças acontecem com a perda.
Embora quando falamos sobre luto a primeira coisa que se passa na nossa mente é a morte de
alguém querido, o luto está relacionado a perdas, podemos inserir nesse conceito a perda de
um animalzinho de estimação, um membro do nosso corpo, um término de um
relacionamento amoroso. No entanto temos a tendência a não nomear esses momentos de
perdas como luto, já que estamos presos na ideia inicial de que se refere apenas a morte de
alguém.
O “Processo de Luto” é vivenciado de formas diferentes, depende muito das questões
envolvidas sejam elas culturais, religiosa, grau de parentesco, como se deu a perda, a
representação econômica que o falecido tinha para o sobrevivente, tudo isso influencia na
forma de como vai ser o enfrentamento da situação pelo enlutado, por isso existem variações
de definições sobre esse tema por vários autores diferentes.
De acordo com Engel (1961, cit. por Averill & Nunley,1993), o luto não é só um estado
pessoal de intensa angústia, mas, também, um fenómeno associado a uma grande variedade de
perturbações psicológicas e somáticas. Shuchter & Zisook (1993 cit Hagman,1996) afirmam
que o luto é um fenómeno natural que ocorre depois da perda de uma pessoa significativa,
sendo um processo individual, que varia de pessoa para pessoa, de momento para momento e
que envolve muitas dimensões do ser humano.
Segundo os autores Moore & Fine (1990 cit. por Hagman,1996) o luto é visto como um
processo mental no qual o equilíbrio físico é restabelecido após a perda de um ente querido,
sendo uma resposta mental a qualquer perda significativa e a mais comum a dor que,
normalmente é acompanhada pela perda de interesse em relação ao mundo exterior,
preocupação com as memórias do objeto perdido e diminuição da capacidade de investir em
novos relacionamentos.
O luto é um processo natural e inevitável, no luto “normal” não existe tratamento nem
psiquiátrico nem psicológico, não tem como não doer, é preciso literalmente de um tempo,
para que a “ferida” sare, nesse momento é vivenciado uma montanha russa de emoções, tais
como, extrema dor, anestesia e raiva, a dor não tem como ser negada, o que acontece é uma
construção de uma cicatriz e uma criação de uma nova perspectiva de vida mesmo com a
ausência do objeto perdido. Também na maioria dos casos acontecem alterações biológicas
como por exemplo, momentos de insônia, alterações no apetite, sendo que tratando-se do luto
normal isso não acontecerá na maioria dos dias, e isso não atrapalhará os afazeres do
cotidiano.
Outra coisa que acontece quando o processo de luto está dentro do padrão de normalidade é o
surgimento de sentimentos como saudade, culpa, isso não surge como algo paralisante e
permanente, pequenos prejuízos são inevitáveis. Porém com tempo a vida segue.
De acordo com Lindemann (1944, cit. por Middleton, Raphael, Martinek & Misso, 1993) a
normalidade é definida pela duração do trabalho de luto. Esta depende do trabalho de luto do
enlutado, definido como a emancipação dos laços estabelecidos com o morto, o reajustamento
com o meio envolvente e, a formação de novas relações.
Já no luto Patológico, o enlutado começa apresentar comportamentos autodestrutivos, como a
busca de algo que traga satisfação momentânea, o indivíduo se vê tomado por pensamentos
como “e se”, a sua mente fica repleta de pensamentos relacionados a perda e a pessoa que
partiu, causando uma negação tóxica que a impedirá de estabelecer novas relações, ela
apresentará dificuldade de concentração, de raciocínio caindo em uma grande confusão
mental. Tudo isso irá interferir na execução de tarefas simples, partindo para o que chamamos
de luto prolongado.
Segundo Horowitz (1980, cit. por Worden, 1983), o luto patológico está mais relacionado
com a intensidade e duração das reações do que propriamente com a simples presença ou
ausência de um comportamento específico.Um fato de grande importância para os estudos
sobre luto foi o trabalho da psiquiatra Kübler-Ross (1969), depois de falar com 500 pacientes
terminais, indetificou cinco estágios durante o processo de reconciliação com a morte, são
eles: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação.

A morte é uma supresa um fato na maioria das vezes imprevisível, não existe uma preparação,
nem podemos projetar como vamos nos comportar diante desse fato, até porque isso vai variar
de indivíduo para indivídou é algo muito subjetivo, com influência, social, cultural, religiosa,
dependendo também do contexto da perda e do vínculo com o objeto da perda.Entendemos
também que isso pode durar meses como também poderá se prolongar passando de um estado
de luto normal para complicado(prolongado) ou seja patológico.

A MATERNIDADE
Ter um filho é um desejo desde antes mesmo da gestação em si, as expectativas sobre esse
acontecimento passa pela infância, adolescência, ou seja a mulher naturalmente sonha com
isso. O fato da gravidez ser algo biologicamente capaz de ser um feito realizado somente por
pessoas do sexo feminino torna tudo mais romantizado.
“A maternidade é um evento único na vida da mulher, repleto de expectativas e sentimentos,
vivenciado de modo diferente que varia de pessoa para pessoa” (Piccinini, Gomes, Nardi &
Lopes, 2008).
“Além disso, intensos sentimentos podem ser vivenciados pela mulher, entre eles: alegria,
tristeza, satisfação e insatisfação. Nesse momento, ela deixa de ser somente filha e esposa
para assumir também o papel de mãe” (Freitas, Coelho & Silva, 2007).
Embora a mulher seja considerada o sexo frágil é a ela que cabe a responsabilidade de trazer
uma nova pessoa a vida, é a ela que é atribuído a grande responsabilidade de cuidar
principalmente nos primeiros instantes de vida, fase em que o novo serzinho é totalmente
dependente dela, o vínculo acontece desde da descoberta da gestação.
A gravidez trás muitas mudanças físicas e emocionais na mulher, fatores hormonais que
mechem com corpo e mente, a grandeza da maternidade trás mudanças conflituosas, tais
como total comprometimento por parte da genitora e a grande carga emocional de ser
responsável por alguém, os laços maternos ficam cada vez mais estreitos na medida que se
aproxima a chegada da criança, a mãe é tomada por sentimentos antes desconhecidos e como
tudo que é desconhecido trás ansiedade com a maternidade não é diferente.
Ser mãe não é só “padecer no paraíso”, existem muitos desafios a serem superados, medos a
serem enfrentados, emoções precisam ser medidas e controladas, acontecem mudanças no
contexto familiar com a chegada dos filhos, o cenário muda as prioridades dos membros da
família mudam, atenções são redirecionadas, ou seja um cenário onde o bebê e a mãe passam
querendo ou não a serem os personagens principais.

O LUTO NO PERÍODO PERIONATAL


A morte já parece algo cruel para se superar, algo que não se calcula nem se prevê na maioria
dos casos um fato triste, a maternidade diferente da morte é algo que se pode prevê e que na
maioria dos casos é um acontecimento repleto de alegria e esperança, quando infelizmente
esse cenário é modificado de forma que o nascimento seja seguido de morte em especial no
período que chamamos de perionatal (basicamente nos 3 primeiros meses de vida) é algo que
causa um grande impacto em toda família em especial na mãe.
FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova
Fronteira. 1986. p. 1 054.
KUBLER- Ross, E. “Sobre a morte e o morrer”: 8ª Ed., Martins Fontes. São Paulo, 1998

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