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Mitos

sobre o
luto
Catalogação na publicação
Fernanda Emanoéla Nogueira – CRB 9ª/1607
Biblioteca de Ciências Humanas – UFPR

Mitos sobre o luto [recurso eletrônico]. / Amanda Marchioro Muniz, Gabriela Costa
Gosch, Victor Kmiecik Follador; orientação e coordenação Joanneliese de Lucas
Freitas, Luciano Imar Palheta Trindade. – Curitiba : Laboratório de Psicopatologia
Fundamental UFPR, 2020.

Disponível em : https://plataformaintegrada.mec.gov.br/recurso?id=357871&name=Mitos%20sobre%20o%20luto

1. Terapia do luto. 2. Luto – Aspectos psicológicos. 3. Morte – Aspectos psicológicos.


4. Atitude frente à morte. I. Muniz, Amanda Marchioro. II. Gosch, Gabriela Costa.
III. Follador, Victor Kmiecik. IV. Freitas, Joanneliese de Lucas. VI. Trindade, Luciano
Imar Palheta. VII. Título.

CDD – 155.937
Autoria e elaboração:

Amanda Marchioro Muniz

Gabriela Costa Gosch

Victor Kmiecik Follador

Orientação e Coordenação

ª ª
Prof . Dr . Joanneliese de L. Freitas

Luciano Imar Palheta Trindade

Assessoria editorial

Victor Kmiecik Follador

Revisão Ortográfica

Vera Aparecida de Lucas Freitas

Revisão Técnica

Ms. Luís Henrique Fuck Michel

Ms. Rebecca Barata Moereira

Imagens e ilustrações

Canva

Diagramação

Amanda Marchioro Muniz

Gabriela Costa Gosch

Marluce Reque

LABORATÓRIO DE PSICOPATOLOGIA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ


FUNDAMENTAL UFPR PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM
PSICOLOGIA
" Morte é rio que pulsa sem sabermos

para onde irá nos levar,

nunca se sabe quando estancará.

Para que o rio, que também é vida -

vida e morte num lindo arranjo de

forças - não fique tão turbulento;

aproveitemos o tempo do que não se

pode medir, o tempo dos afetos, dos

contatos, dos encontros

pois vida e morte são rios poderosos,

que correm potentes que nem o

sangue em nossas crias,

o seu estancar físico não significa seu

fim simbólico

a lembrança de um afeto sempre há de

perdurar em nós!

AMANDA MARCHIORO MUNIZ


SUMÁRIO
6 Introdução
7 Sempre passamos por todas as "Fases
do luto"?
9 A dor do luto acontece imediatamente
após a morte?
11 O Luto tem tempo determinado?
13 O luto é sempre triste?
15 Devemos esquecer a pessoa que se foi?
17 Quanto mais você ama, mais você
sofre?
19 Devemos esconder a morte das
crianças?
21 Algumas considerações
23 Por fim, pedir ajuda é necessário?
25 Onde buscar ajuda?
27 Principais referências
INTRODUÇÃO
O luto pode ser entendido como uma

reação a uma perda significativa.

Sentimos o luto quando perdemos

algo insubstituível e para sempre,

fazendo com que nossa vida nunca

mais seja a mesma.

O LUTO TEM JEITO CERTO DE ACONTECER?


TEM COMEÇO MEIO E FIM?
TEM TEMPO DETERMINADO?

Nessa cartilha, vamos tentar desmistificar algumas

frases que escutamos por aí sobre o luto,

exclusivamente aqueles gerados pela morte de

pessoas. Explicaremos que cada pessoa reage de

maneira diferente diante de uma perda, e que

não existem regras para vivenciar o luto.

O luto é um momento que pode ser de


grandes dores, mas também de
oportunidades. Nele é possível se reinventar
e dar novos sentidos à existência!

6
SEMPRE PASSAMOS
POR TODAS AS
"FASES DO LUTO"?
Negação, raiva, barganha, depressão, aceitação.
É comum ouvirmos de amigos, familiares e até

mesmo de profissionais da saúde que o luto

acontece através de “Fases”. Essa ideia dá a

entender que todo mundo passará por essa

experiência de forma parecida e com uma

determinada ordem de acontecimentos.

O que sabemos, é que essas


fases não devem ser vistas
como uma regra e elas não
acontecem em uma ordem
específica, pois o luto não é
como um processo de escalada,
em que casa degrau se chega
mais perto de uma conclusão.

7
Assim, não podemos achar que todas as pessoas irão

sentir sempre as mesmas coisas durante o luto!

Como não existem fases


definidas, é esperado, por
exemplo, que as sensações de
dor ou tristeza possam "ir e vir"
podendo também serem
vivenciadas de formas mais
intensa em datas
comemorativas como o Natal,
Ano Novo e/ou aniversários...

Na verdade, ainda que existam experiências que

podem ser comuns entre enlutados (como dor,

sensação de que a vida perdeu o sentido, vontade

de morrer, culpa, entre outras),

CADA PESSOA IRÁ


ENCONTRAR SUA
PRÓPRIA MANEIRA DE
LIDAR COM O LUTO!
8
A DOR DO LUTO ACONTECE
IMEDIATAMENTE APÓS A
MORTE?
O luto pode ser entendido como um

conjunto de respostas que se inicia


logo após a morte de alguém que tem
um grande significado em nossas vidas.

Essas respostas podem ser bastante

variadas, tais como: dor, medo, angústia,

solidão, raiva, alívio, negação, culpa, etc.

Além de reagirmos de diferentes formas,

essas respostas também aparecem em


momentos diferentes para cada pessoa.

nem sempre
Dessa forma

sentiremos dor
imediatamente após a morte
de um ente querido... Os
nossos sentimentos muitas vezes

não acompanham o

acontecimento das coisas da

maneira como esperamos.

9
Esse conjunto de respostas, que

configuram o luto, é sempre

único, pois está relacionado com

a nossa história de vida.


Quando um ente querido morre,

iniciamos uma nova forma de nos

relacionarmos com o mundo.

Sabendo disso, devemos


respeitar o modo como cada
um demonstra seus sentimentos

e o momento em que essas

reações irão aparecer para

cada pessoa.

Após uma morte, muitas


pessoas podem demorar
anos para sentir a dor do
luto, algumas podem nunca
sentir essa dor e outras
podem sentir dor antes
mesmo da pessoa morrer.

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O LUTO TEM TEMPO
DETERMINADO?
Compreender que a pessoa não está mais viva e

buscar umanova forma de organizar a rotina e a


vida emocional diante da ausência desta pessoa
leva tempo. Isso pode demorar dias para algumas

pessoas e anos para outras. É importante destacar

que:

ORGANIZAR A VIDA COTIDIANA APÓS A


MORTE DE UMA PESSOA NÃO QUER
DIZER, DE FORMA ALGUMA, PARAR DE
SENTIR FALTA DE QUEM MORREU.

Pessoas são insubstituíveis, desta forma é


possível dizer que os enlutados, muito
provavelmente sempre sentirão falta de seus
entes queridos. A vida que se tinha com uma
pessoa que faleceu nunca poderá ser vivida

novamente, mas isso não significa que a vida em

conjunto não acontecerá por meio das lembranças

que são mantidas.

11
O luto é um momento de
transformação que envolve
reflexão e reorganização da vida!

Cada pessoa levará um tempo diferente para

aprender a lidar com essa mudança. Vale lembrar

que, pelo fato de as lembranças em relação à

pessoa que morreu continuarem vivas,

{ O SOFRIMENTO DO ENLUTADO
PODE IR E VIR CONFORME A
VIDA SE DESENVOLVA

Aniversários e feriados festivos tendem a ser

momentos quando a falta da pessoa que faleceu se

intensifica. É importante entender que se sentir triste

ou deprimido de vez em quando é normal e não

indica complicações em relação ao luto,

independentemente de quanto tempo se passou

depois da morte da pessoa querida.

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O LUTO É
SEMPRE TRISTE?
É fato que muitas pessoas se sentem extremamente

tristes com a morte de um ente querido. A perda de

uma pessoa amada, para muitos, chega a doer de

formas muito intensas gerando um sofrimento

devastador para quem fica.

Entretanto, é preciso entender que

a tristeza não está


necessariamente ligada ao luto,
pois muitas pessoas reagem à morte

expressandooutros tipos de
sentimentos.

Da mesma forma que


muitos se sentem tristes,
também é comum durante
o luto o sentimento de
alívio ou a sensação
de liberdade.
13
Isso não significa que vivenciar o luto sem tristeza é

melhor ou pior do que ficar triste com a perda, nem

que isso fará com que haja uma superação mais

rápida do luto. Isso somente indica que:

NEM SEMPRE PRECISAMOS ESTAR


EM UM SOFRIMENTO INTENSO PARA
PASSAR PELO LUTO,

o luto é uma experiência que pode

conter diversas reações e sentimentos!

Relembrar boas memórias,


ir a lugares que te lembrem
da pessoa, ou incorporar
hábitos do(a) falecido(a) são
modos de vivenciar o luto
sem necessariamente
envolver tristeza.

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DEVEMOS
ESQUECER A PESSOA
QUE SE FOI?
A pessoa que perdeu seu ente querido muitas

vezes se sente bastante pressionada a superar

essa perda, achando que para isso acontecer é

preciso esquecer a pessoa que se foi. Essa

cobrança ocorre geralmente pelos familiares,

amigos e em alguns casos pelos(as) próprios(as)

profissionais da saúde.

Vemos que esse tipo de


ação pode gerar mais
prejuízos ao enlutado do
que benefícios: É preciso
ter paciência e
compreensão ao acolher
um enlutado.

15
Afinal,  durante uma

experiência de luto, inúmeras


pessoas continuam
mantendo uma ligação com o
ente que se foi, seja por meio
de diálogos, orações, fotos,

objetos, idas ao cemitério,

entre outras coisas..

Nesses momentos, o importante é

sempre ter a sensibilidade de

buscar perceber até que ponto essa

ligação está sendo saudável, sem


negar que ela exista.

Em muitos casos a
pessoa nunca esquece a
pessoa que morreu,
apenas aprende a lidar
com a sua morte.

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QUANTO MAIS
VOCÊ AMA, MAIS
VOCÊ SOFRE?
Muitos enlutados dizem que “a dor do luto é o

preço do amor”, contudo, mesmo isso sendo uma

experiência válida para muitas pessoas, não é em

todos os casos que isso acontece.

Amor de mãe, romântico, platônico, fraterno...


são várias formas de expressar o amor! E assim
como cada relação amorosa acontece à sua
maneira cada perda afeta o outro de forma única!

A forma como se enxerga o mundo e as relações

afetivas, interfere na dor que se tem depois da

morte de uma pessoa amada. Por vezes, mesmo

amando muito podemos vivenciar o luto de forma

leve e sem tristeza. Afinal, nossas reações a uma

perda dependem de vários aspectos:

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Experiências de vida, vivências anteriores do
luto, crenças, valores, a relação com a morte,
entre outros fatores, modificam a intensidade e a
forma do sofrimento do luto.

O amor, é mais um desses fatores!

A morte de alguém que não amamos, ou que não

fez parte da nossa vida ativamente (como artistas,

políticos, figuras públicas etc,) também pode nos

afetar de maneira muito intensa. A morte pode

também nos comover pela forma como ocorreu ou

por nos despertar para a finitude da nossa própria

vida, nos provocando um grande sofrimento mesmo

que não amássemos a pessoa que se foi.

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DEVEMOS
ESCONDER A MORTE
DAS CRIANÇAS?
Quando algum amigo ou familiar de uma criança

morre, é comum que as pessoas tenham dúvidas

sobre como tratar a morte com as crianças. Muitas

pessoas, com a intenção de poupar a criança do

sofrimento, acham que o melhor caminho é fingir

que nada aconteceu, escondendo delas a morte.

No entanto, as crianças são capazes de notar


diferenças quando uma morte acontece!
Elas têm sentimentos e também vivem o luto.

não falar sobre a morte pode


Por conta disso,

provocar-lhes medo, dúvidas e insegurança.


Sendo assim, a maneira de lidar com o sofrimento

de forma construtiva não é evitá-lo, e sim favorecer

a conversa compartilhando os sentimentos.

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Nesses casos, é importante adequar a linguagem
de um modo que seja acessível para a criança,

mostrando que a morte é um processo natural


que atinge a todos.

Do mesmo modo, não há problemas no fato de


crianças participarem de velórios e enterros,
pois se tratam de rituais importantes para aqueles

que se despedem da pessoa amada. Durante a

cerimônia a criança deve estar acompanhada de

um adulto que se disponha a escutá-la e responder

suas perguntas, a fim de auxiliá-la durante esse

momento.

Uma boa ideia é utilizar filmes,


livros ou jogos adequados à
faixa etária da criança que
tratem sobre a morte.

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ALGUMAS
CONSIDERAÇÕES...
Diante da morte, é normal sentir-se desconfortável.

Trata-se de um evento em que o desconhecido e o

fim se apresentam, nos convidando à reflexão sobre

o modo como vivemos. Além disso, a morte do outro

traz consigo a saudade para aqueles que ficaram.

O que se pode fazer nesta situação é criar

significado para a existência da pessoa que faleceu

e criaruma nova forma de viver mesmo diante


da falta que a pessoa faz.

Momentos que exigem uma


nova forma de ver a
realidade acontecem várias
vezes durante a vida: pessoas
nascem, se casam, entram
em uma religião, tem filhos,
e por aí vai...

21
Nestes momentos, temos que admitir
que algo mudou e reorganizar os
modos como a vida se estrutura.

Com a morte de um ente

querido não é diferente.

Trata-se de um momento que

exige a compreensão de que

a pessoa querida faleceu,

para que então, seja possível

refletir qual foi o impacto da


morte naqueles que ficaram
e por fim, permitir que

UMA REESTRUTURAÇÃO
DA VIDA ACONTEÇA!

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POR FIM, PEDIR
AJUDA É
NECESSÁRIO?
O acontecimento da morte

geralmente torna-se mais

suportável quando nos

aproximamos das pessoas

que amamos e daquelas que

sentimos que podem nos

ajudar de alguma forma.

Mesmo sendo o luto uma

vivência que acontece de

maneiras diferentes para as

pessoas, a união entre

familiares e amigos pode

permitir novas compreensões

a respeito do falecimento,

além de propiciar

acolhimento dos sentimentos

que a perda provoca.

23
O atendimento de um(a) profissional da
saúde como o(a) psicólogo(a), assim
como a participação em grupos de
ajuda mútua para enlutados podem ser
benéficos nesse momento.

A iniciativa de procurar a ajuda de

um(a) psicólogo(a), pode ser um

momento de muitas dúvidas e receios.

Muitas vezes a ida a esse(a) profissional

está associada com à “loucura” ou ao

enfrentamento de problemas psíquicos

a psicologia é um
graves. Entretanto,

espaço de escuta segura, de


acolhimento e descobertas e que
pode ajudar muito na vivência de uma
perda e na prevenção quanto ao

sofrimento psíquico mais intenso.

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ONDE BUSCAR
AJUDA?
Alguns dos pontos de referência listados abaixo

podem ajudar nessa busca:

Ambiente de trabalho: algumas empresas contam


com profissionais no seu quadro de trabalhadores

que podem lhe auxiliar, como psicólogos(as) e

assistentes sociais por exemplo.

CAPS (Centro de Atenção Psicossocial): fornece


atendimento psicossocial gratuito a toda

população.

UBS (Unidade Básica de Saúde) ou a Secretaria


de Saúde presentes na sua região: possuem
atendimento psicológico gratuito por agendamento.

25
Grupos de ajuda mútua para pessoas em luto:
Grupos de pessoas para trocas de experiências e

apoio mútuo entre enlutados.

CVV (Centro de Valorização da Vida): realiza


apoio emocional e prevenção ao suicídio,

atendendo de forma voluntária todas as pessoas

que querem conversar por telefone, e-mail, chat,

etc. É só acessar: https://www.cvv.org.br/quero-

conversar/

Universidades: tanto as Universidades Públicas


quanto as Privadas, geralmente oferecem

atendimento psicológico gratuito ou a preços mais

acessíveis. Nessas Instituições também é possível

conseguir a indicação de um(a) psicólogo(a)

particular, que atenda por  valores abaixo do

mercado.

26
PRINCIPAIS
REFERÊNCIAS

27

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