I N T E L I G Ê N C I A E M O C I O N A L

EDIÇÃO ESPECIAL

5 habilidades de Afie sua

que você precisa inteligência com
para ter sucesso exercícios para o
na vida cérebro
PÁGINA 72 PÁGINA 20

Aprenda a cuidar
Saiba como da família e dos
aumentar seu relacionamentos
Q.I. emocional PÁGINA 88
PÁGINA 62
Neste ano, dê uma assinatura
da Revista Seleções de presente
Mais que uM presente, é a chance

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(21) 4004-2124

Há 75 anos trazendo inspiração,

informação e diversão.
 DA EDITORA
O conceito certo,
no momento exato
E
sta edição especial tem como
tema a inteligência emocional –
e um dos principais fatores
que me fez prepará-la com muito
cuidado e carinho foi o fato de ter
sido escolhido por você, leitor. Das
15 proposições apresentadas em
uma pesquisa on-line, a inteligência
emocional foi a mais votada.
Apurada a pesquisa, lá fomos nós,
aqui no Editorial, pesquisar sobre o
tema e planejar como seria este
especial. Aprendemos muito. Desco-
brimos as muitas facetas da inteli-
gência emocional. E constatamos
que, para viver uma vida plena, de-
vemos procurar desenvolvê-la em
todos os seus aspectos.
E dentre todas as maneiras
como a inteligência emocio-
nal pode nos ajudar a levar
uma vida mais feliz e
realizada, destaco aqui
o equilíbrio. Que lição
preciosa neste momento
de polarizações e
paixões intransigentes é apreender a
absoluta importância do equilíbrio –
a harmonia da razão e da emoção –
em nossa vida. Como podemos
torná-la mais abundante se escolher-
mos vivê-la com equilíbrio.
E, de todo o conteúdo que prepara-
mos para você – ressaltando a impor-
tância do autoconhecimento, da
empatia, do autocontrole, da inteli-
gência emocional associada à racio-
nal para alcançarmos nossas metas e
nossos objetivos –, eu gostaria que
fosse este o norte da sua leitura (e da
vida!): o equlíbrio. Seja nos relaciona-
mentos, na família, nas amizades, nas
finanças, no trabalho – e também
nas redes sociais.
Boa leitura e uma vida equili-
brada – é o que lhe desejo!
Raquel Zampil,
editora-executiva
Escreva para mim em
editor@selecoes.com.br
edição especial 1
 CONTENTS
SUMÁRIO

Artigos
6 O que é inteligência
emocional?
Muitos de nós vemos as
emoções como algo totalmente
involuntário, mas a verdade é
que muitas vezes elas podem
ser controladas. E nós podemos
treinar nosso cérebro para isso.
14 A valsa dos sentimentos
Raiva, medo, alegria, surpresa,
desgosto, tristeza: emoções
básicas que experimentamos
em nosso dia a dia. Aprender
a lidar com elas é fundamental
para uma vida mais feliz.
28
36 Saiba usar a inteligência
As faculdades intelectuais não
são o único fator que determina
nosso sucesso. A personalidade,
a maneira como exploramos
nossas competências e o modo
como agimos podem nos ajudar
ou nos impedir de aproveitar
nosso potencial.
44 Debates sobre a inteligência
A ciência ainda tenta desvendar
os mistérios da inteligência –
este conceito tão abrangente.

20 Segredos da inteligência
56
A perspicácia racional precisa
ser aliada à inteligência
emocional para chegarmos
o mais próximo possível de
alcançar nosso potencial.

28 Os otimistas vivem mais

Engana-se quem acha que a
lição de Poliana é coisa de
criança. Ver o lado positivo dos
acontecimentos significa extrair
o melhor de cada situação.
Assim podemos ter maior
satisfação e alegria de viver.

2 edição especial
 48 Aprenda a ter
empatia
Colocar-se no lugar das
outras pessoas é importante
para entendermos a nós mesmos.
56 Uma alquimia sutil
A felicidade pode ser um
sentimento duradouro? Ou será
a percepção de instantes felizes,
plenos de significado?
62 Qual é seu Q.I. emocional?
O autor Daniel Goleman,
que popularizou o termo
“inteligência emocional”, fala
sobre os elementos necessários
para ter um Q.E. (quociente
emocional) alto.
68 Leia ficção e seja uma
pessoa melhor
A literatura pode aumentar sua
inteligência emocional.
72 As 5 coisas de que
você precisa para ter
inteligência emocional
Você precisa desenvolver
apenas cinco aspectos da
inteligência emocional para
ser bem-sucedido na vida
profissional e particular.
76 Escolha o caminho
do sucesso
Entenda a relação entre a
© istock
inteligência emocional e o
Q.I. (quociente intelectual).
84 Dinheiro importa
A inteligência emocional é um
fator importante também na
gestão das suas finanças.
88 Família e relacionamentos
Toda família é composta de
indivíduos com personalidade
e opiniões próprias.
Portanto, os conflitos – e o
estresse decorrente – são
inevitáveis na vida familiar.
Laboratório do amor
100 Por que devo pedir
perdão?
Dois terapeutas demonstram
como a inteligência emocional
é eficaz na solução de conflitos
de um casal.
102 8 sinais de que você
está criando filhos com
inteligência emocional
Uma das coisas mais importan-
tes que você pode fazer por seus
filhos é ajudá-los a administrar
as próprias emoções.
106 Aprenda a relaxar
Enfrente o estresse com
inteligência.
Caderno espeCiaL
112 Comida
Os alimentos podem afetar
nosso humor. Escolha os
que nos influenciam
positivamente.
edição especial 3
Editora-executiva Raquel Zampil TRUSTED MEDIA BRANDS, INC. (EUA)
Editora de Arte Tanara Vieira Presidente e CEO Bonnie Kintzer
Estagiários Douglas Ferreira e Julia Monsores Vice-presidente e Diretor de Operações Internacionais
Gerente de Assinaturas e Circulação Avulsa Brian Kennedy
Nicole Ingouville Editor-chefe, Edições Internacionais Raimo Moysa
Supervisor de Produção Felipe Figueiredo
Gerente de Negócios Rodrigo Alvim
Coordenadora do Serviço ao Cliente Keith Ferreira
Diretor-executivo Luis Henrique Fichman

Copyright © 2019 Radha Brasil Edições e Serviços Ltda. – Publicação autorizada por Trusted Media Brands, Inc. –
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LIGUE AGORA MESMO PARA (21) 4004-2124*
 Emoções são reações quase sempre involuntárias
a situações que representem uma ameaça ou um
prazer, mas podemos também influenciá-las
com a nossa inteligência

O que é
INTELIGÊNCIA
EMOCIONAL?
As emoções são essenciais à sobre-
vivência: o medo faz fugir do perigo,
o prazer motiva o ato sexual, perpe-
tuando a espécie. Mas podemos, com
base nessa constatação, reduzir as
emoções a reações de sobrevivência?
Ser racional
O filósofo francês René Descartes
(1596-1650) estabeleceu uma fronteira
clara entre razão e emoção, julgando
que a primeira devia se libertar da
influência da segunda para encontrar
o caminho da verdade. Mas Descar-
tes também refletiu sobre a maneira
pela qual o ser humano pode intro-
duzir a razão e a inteligência em sua
vida emocional. Diferentemente do
animal, o ser humano pode sentir sua
emoção interiormente, tomar cons-
ciência dela, nomeá-la e decidir, em
nome do livre-arbítrio, se ela se adapta
a um contexto preciso. Numa situação
na qual enfrentar um perigo é uma
atitude realista, ele se torna capaz de
decidir combater, a despeito de sua
emoção inicial, que o incitaria a fugir.
Descartes formulou assim as premissas
do que seria chamado, quatro séculos
mais tarde, de inteligência emocional.
Uma inteligência particular
As emoções não são apenas mudan-
ças bioquímicas das quais seríamos

6 edição especial
edição especial 7
escravos: elas são mensagens que o
corpo e o cérebro nos enviam e que
devemos saber interpretar. Devemos
então dar provas de inteligência, po-
rém de uma forma muito particular:
a inteligência emocional.
Ela designa a capacidade de experi-
mentar emoções, identificá-las em nós
mesmos e nos outros, elucidar suas
causas, utilizá-las para tomar decisões,
mas também para manter um distan-
ciamento e nos controlar para não so-
frê-las de maneira bruta e passiva.
De acordo com vários estudos, as

A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
1. O autoconheci- portante, porém mais ções de outras pessoas:
mento ajuda a orientar distante no tempo. É é saber se colocar no
as escolhas em função uma condição essencial lugar do outro.
de expectativas para empreender esfor-
pessoais, e não das ços e perseverar em 5. A arte das relações
pressões externas ou uma ação ou em um humanas é a capaci-
de convenções sociais. aprendizado. dade de manter boas
Ele nos permite levar relações com os outros,
uma vida mais de 4. A empatia é a facul- de criar um ambiente
acordo com a nossa dade de perceber e favorável à convivência
natureza profunda. compreender as emo- e de despertar simpatia.

2. O controle das
emoções é a capaci-
dade de não se deixar
dominar ou submergir
pelas explosões emo-
cionais, a conservar seu
sangue-frio e a dar
prova de limite.

3. A automotivação é
a resistência aos impul-
sos, a capacidade de su-
portar certa dose de
frustração para atingir
um objetivo mais im-

8 edição especial
pessoas mais inteligentes emocional-
mente têm mais sucesso profissional,
possuem relações mais estáveis e
experimentam mais prazer em seus
contatos sociais.

Como dominar
suas emoções
A s emoções são ao mesmo tempo
nossas aliadas e inimigas. Elas podem
nos ajudar a tomar decisões acerta-
das, mas também podem nos fazer
agir rápido demais e em contradição
com o bom senso. É difícil encontrar
o caminho certo que nos permita con-
duzir bem nossa vida, pois devemos
ao mesmo tempo dar ouvidos a nos-
sas emoções e evitar nos deixar domi-
nar por elas.
• Controle da impulsividade
Um exemplo clássico de dominação
pelas emoções é a conduta impulsiva.
A impulsividade é a dificuldade de
adiar um prazer imediato em proveito
de um benefício superior, mas dis-
tante no tempo. Nas pessoas impulsi-
vas, uma região do cérebro, o estriado,
se ativa de modo muito importante
quando elas são confrontadas com
uma vontade que lhes parece irre-
sistível. Pode ser que essa tendência
impulsiva seja em parte hereditária.
A impulsividade é uma tendência
natural na infância e na adolescência.
A maturidade consiste, em especial,
em pensar a longo prazo e resistir aos
impulsos imediatos. Um dos papéis da
EMOÇÕES TIRANIZAM
As dependências do tabaco, das
drogas, do álcool e dos videogames
são o exemplo típico de distúrbios
nos quais as emoções se tornam
predominantes.
O prazer que uma substância ou
uma prática traz exige renovação.
O indivíduo dependente procura
obter as mesmas emoções repe-
tindo o mesmo comportamento
com a obrigação de aumentar
incessantemente as estimulações,
pois a repetição gera uma erosão
das sensações (fenômeno de
tolerância). Nesse caso, harmonizar
sua vida e seu mundo emocional
não consiste mais em procurar a
emoção por ela mesma, mas em
dar a ela seu estatuto natural:
o de uma mensagem que ajuda
a tomar decisões.

edição especial 9
 Proponha a uma criança a
seguinte troca: ou você lhe dá
uma bala imediatamente, ou lhe
dá duas balas se ela esperar que
você termine suas compras.
Esse “teste da bala” propõe uma
escolha entre um prazer
imediato e um prazer adiado,
porém superior.

10 edição especial
educação é precisamente o de colocar
limites e proibições, possibilitando
que a impulsividade dê lugar ao con-
trole inibidor, ou seja, à capacidade
de adiar prazeres e conter os impulsos
emocionais. O celular desempenha
certamente um papel negativo nesse
domínio, ao favorecer a expressão ime-
diata e incontrolada das emoções.
• Os motivos da raiva
A raiva e a cólera são sentimentos que
experimentamos inexoravelmente.
Nós podemos contê-las por um
tempo, ao preço de grandes sacrifícios
e força de vontade, mas, no fim, essas
medidas não as controlam, e podem
provocar ressentimentos e estresse.
Curiosamente, “perder a cabeça” tam-
bém não melhora em nada: exprimir
a raiva dá no momento a sensação de
se sentir melhor, mas com o tempo
desenvolve-se em um sentimento de
angústia e mal-estar.
Os psicólogos têm um método que
pode permitir que cada pessoa admi-
nistre seus distúrbios emocionais: o
controle automático. Esse método ba-
seia-se na forma como interpretamos
aquilo que nos rodeia, no jeito como
encaramos uma situação, mais do que
na própria situação. Esse método uti-
liza uma lei básica das emoções: as
emoções não são desencadeadas pela
situação, mas pela interpretação que
fazemos dela. Cada situação emocio-
nal pode assim dar origem a um ques-
tionamento ou a uma reflexão sobre a
origem real da nossa reação, quer essa
se deva ao ciúme, ao estresse, a um
sentimento de culpa ou a lembranças
do passado. Entregar-se a essa aná-
lise introspectiva é útil por duas ra-
zões: ela basta, muitas vezes, para nos
acalmar, e permite um conhecimento
melhor de nós mesmos, o que é uma
das competências essenciais para a
inteligência emocional.
• Tomada de consciência
Existem evidentemente outras ma-
neiras de viver de forma saudável
com suas emoções. O primeiro passo
é compreender que a maioria delas se
apazigua com o tempo. Numa nego-
ciação imprevisível ou num conflito
de casal, basta, às vezes, sair para to-
mar ar por alguns minutos para voltar
com a mente serena.
Estudos mostraram que no mo-
mento em que se vive uma decep-
ção, sempre superestimamos sua
intensidade e duração. A tomada de
consciência dessa volatilidade das
emoções ajuda a suportar o presente,
pois ela leva a crer que tudo voltará ao
normal um dia.
Mudar seus pensamentos também
pode ser eficaz. As músicas suaves
fazem com que o hormônio do es-
tresse (o cortisol) diminua no sangue,
e cada um de nós já experimentou o
poder de distração do cinema, do
esporte ou da música. O orgulho e a
ideia que temos de nós mesmos tam-
bém podem constituir uma forte mo-
tivação. Mas o essencial é não ocultar
definitivamente nossas emoções.
edição especial 11
Uma experiência de psicologia revelou
que fãs de futebol abatidos pela derrota
do time para o qual torcem têm a
convicção de que sua decepção durará
várias semanas, ao passo que, na
verdade, ela é quase sempre esquecida
no dia seguinte.
• A didática das emoções
O córtex pré-frontal, situado na parte
anterior do cérebro, armazena as vi-
vências emocionais relacionadas às
situações passadas e as reativa em
resposta às situações presentes.
Um bom funcionamento do pro-
cesso emocional permite, por exem-
plo, que um rapaz cuja namorada
o tenha deixado em razão de erros
de comportamento experimente
12 edição especial
emoções negativas ao reproduzir os
mesmos erros com sua nova compa-
nheira. Se ele identificar essa reati-
vação, corrigirá sua conduta a fim de
não vivenciar um novo fracasso.
Essa faculdade de não reproduzir
os próprios erros torna possível pro-
gredir na vida. Para tirar partido dela,
não se deve procurar desenvolver
sua sensibilidade afetiva, mas, antes,
refletir sobre o que nos impede de
seguir o que nos diz nossa intuição,
como ideias preconcebidas sobre o
sucesso, a educação ou as relações
entre o casal. Abandonar momenta-
neamente seus costumeiros esquemas
mentais permite levar mais em conta
suas emoções.
TESTE: VOCÊ É EXPLOSIVO?
As situações descritas aqui com frequência acarretam reações desproporcionadas, que mos-
tram dificuldade em conter as emoções e em avaliar serenamente a importância real de certos
fatos. Responda às questões abaixo para saber se você se controla ou se explode facilmente.
Frequentemente Raramente
1. Quando você fica preso em engarrafamentos ou em
uma fila interminável numa loja, ou quando, após uma
longa espera ao telefone, o serviço de socorro ou de
reserva que você contatou corta a ligação, você fica
muito irritado e com tendência à agressividade.

2. Após um dia árduo no trabalho, quando você volta para

casa, as crianças fazem um barulho terrível enquanto
brincam. Você não consegue não gritar com elas, embora
saiba que sua irritação se deve a seu cansaço.

3. Você vocifera contra os objetos e aparelhos que não

funcionam bem.

4. Atrasos deixam você exasperado, mesmo quando não

trazem consequências significativas: ônibus ligeiramente
atrasado, rua bloqueada que vai atrasar sua volta etc.

5. Não encontrar algo no momento em que você precisa,

porque tal objeto foi colocado fora do lugar, deixa-o
fora de si.
RESULTADO
Você respondeu mais de
4 “frequentemente”
Você tem dificuldade em
olhar as situações de forma
objetiva, embora tenha cons-
ciência, sem dúvida, do cará-
ter excessivo de suas reações.
Você sabe que a irritação e a
cólera não resolvem a situa-
ção. A conduta mais simples
consiste em sair do contexto:
ouvir rádio no carro, dar uma
volta para respirar calma-
Total
mente, dar uma desculpa
para interromper uma con-
versa que se torna desagra-
dável etc.
Você respondeu 5
“raramente”
Se você consegue sempre
manter a calma, isso é um
sinal de maturidade e de
serenidade, ou um sinal de
que você anula permanente-
mente suas emoções, o que
pode se tornar perigoso com
o tempo.
outros casos
Você contém sua raiva em
certas circunstâncias, mas
explode em outras. Tome
cuidado para não cair em
extremos, o que poderia
gerar ressentimento no
primeiro caso e conflitos
quase sempre injustificados
no segundo.

edição especial 13
 Raiva, medo, alegria, surpresa, desgosto, tristeza:
as emoções nos invadem a todo momento.
Mas sabemos realmente lidar com elas?

A valsa dos
sentimentos
Corpo e alma
A palavra emoção vem do latim emo-
vere, que significa “colocar em mo-
vimento”. Sabemos que as primeiras
manifestações da emoção são físi-
cas. Nosso ritmo cardíaco se acelera,
nossa respiração se agita e transpira-
mos. Mas a emoção também é afetiva
e subjetiva. Quando estamos tristes,
além de sentirmos um nó na gar-
ganta, mergulhamos num estado de
espírito particular, que é uma mistura
sutil de pensamentos desagradáveis,
sofrimento moral e sentimentos ne-
gativos. Essa passagem do físico ao
psicológico constitui o fundamento
psicológicos são transmitidas ao cé-
rebro por meio de sensores distri-
buídos por todo o organismo. Então
sentimos a emoção no âmbito mais
profundo de nós mesmos, e o cére-
bro transforma essa sensação física
em experiência subjetiva. A emoção
se define finalmente como uma troca
entre o corpo e a alma, como um diá-
logo orquestrado pelo cérebro.
Uma linguagem universal
No mundo todo, independentemente
da cultura observada, as emoções
fundamentais exteriorizam-se da
mesma maneira. O medo, por exem-
© istock

da emoção. plo, sempre se traduz no rosto pelo

As modificações dos parâmetros arregalar dos olhos, pela elevação das

14 edição especial
edição especial 15
Ver alguém bocejar provoca sempre uma vontade in-
controlável de imitá-lo. Um estudo parece mostrar
que a natureza contagiosa do bocejo é uma manifes-
tação inconsciente de empatia – que também nos faz
sentir o que o rosto de nosso interlocutor exprime.

Um sistema de ressonância

(bebê) © jupiter images; (outras fotos) © oredia/alexandre jacques

sobrancelhas ou pelo reflexo de aper-
tar os lábios. Essa contração da parte
superior do rosto permite aumentar o
campo da visão periférica, facilitando
a detecção de eventuais ameaças no
meio ambiente. A expressão facial
do medo seria, assim, uma resposta
ideal do ser humano para acelerar
seu tempo de reação diante do perigo.
Outras emoções, como a alegria, a
tristeza e o desgosto, também são acom-
panhadas por expressões particulares,
que resultam da contração de certos
músculos do rosto. O psicólogo ame-
ricano Paul Ekman registrou cerca de
46 movimentos elementares dos mús-
culos faciais, analisando precisamente
quais deles são utilizados na expressão
de cada emoção.
emocional
Reconhecemos as emoções dos ou-
tros, sabemos compreendê-las e,
em certa medida, também as sen-
timos. Essa faculdade de empatia
estaria ligada à ativação de uma
classe específica de neurônios: os
neurônios-espelhos. Eles possuem a
particularidade de se ativarem quando
realizamos uma ação, mas também
quando vemos alguém efetuar uma
ação idêntica. Quando o músculo zi-
gomático maior e o grande orbicular
do rosto de nosso interlocutor se con-
traem para expressar alegria, nossos
neurônios-espelhos ativam-se como
que para nos fazer contrair esses

16 edição especial
EMOÇÕES PRIMÁRIAS
Existem seis emoções primárias nos seres humanos: medo, repulsa, alegria,
tristeza, raiva e surpresa. A elas vêm se juntar inúmeras nuances ou emoções
secundárias, que pertencem ao domínio dos sentimentos: vergonha,
desprezo, culpa, orgulho, indignação e simpatia.

O medo. Um temor abaixamento das los em ação quando um

súbito ou uma situação sobrancelhas, a forma- indivíduo fica triste
ameaçadora ativa a ção de rugas em torno com frequência.
amígdala cerebral, o dos olhos e a contração
que provoca um reflexo de músculos que A raiva. É ao mesmo
de fuga ou de recusa, cercam o nariz. tempo uma emoção
ou, ainda, uma tensão negativa e uma reação
muscular preparando o A alegria. Num sorriso de defesa diante de
corpo para um enfren- espontâneo, os cantos uma ameaça real ou
tamento ou para sua da boca se erguem sob simbólica. Ela se traduz
imobilização. Nesse a ação do músculo zi- por uma contração do
caso, o sujeito fica para- gomático maior e os rosto (sobrancelhas
lisado. Outras regiões olhos formam rugas – e testa erguidas,
do cérebro registram os pés de galinha – em ríctus etc.).
esses sobressaltos do decorrência da contra-
corpo e possibilitam ção do grande músculo A surpresa. É uma ex-
tomar consciência da orbicular. Para saber se pressão fugaz: as so-
emoção sentida. Para a expressão é natural brancelhas erguidas
detectar o medo no ou simulada, devemos formam rugas na testa,
rosto dos outros, basta olhar os olhos de nosso provocam o aumento
olhar seus olhos. interlocutor: podemos e arredondamento dos
nos forçar a sorrir com olhos, enquanto a boca
A repulsa. Esta pode- a boca, mas as rugas aberta faz um movi-
rosa emoção é desen- ao redor dos olhos mento oval. Nem posi-
cadeada à vista de são mais difíceis de tiva nem negativa, a
alimentos estragados simular. surpresa tem, apesar
e põe em jogo a parte de tudo, uma conota-
anterior do córtex insu- A tristeza. As rugas de ção favorável. Quando
lar, região que pertence expressão nos cantos perguntamos às pes-
ao sistema límbico. da boca podem denun- soas sobre suas lem-
Resulta daí uma contra- ciar um temperamento branças de surpresas,
ção característica de triste, pois elas são o re- elas evocam geral-
certos músculos do sultado de repetidas mente momentos feli-
rosto que provoca o contrações dos múscu- zes ou agradáveis.

edição especial 17
Os atores, e mais ainda os mímicos como o francês Marcel Marceau (na foto),
estimulam emoções e nos fazem acreditar em sua autenticidade. Diversos sinais
do rosto, porém, permitem detectar sentimentos como hipocrisia e mentira ou,
ao contrário, sinceridade. Pesquisadores americanos classificaram cerca de
10 mil microexpressões capazes de nos trair.

mesmos músculos. Sabemos que o pode regular a maneira como sen-

rosto de nosso interlocutor exprime
alegria e sentimos a mesma emoção
por mimetismo.
Sorria!
Podemos, em certa medida, controlar
a expressão do rosto para dissimular
timos a própria emoção. O simples
fato de sorrir “mecanicamente” acar-
reta melhora do humor. Durante uma
experiência, pesquisadores pediram
aos participantes que desenhassem
figuras geométricas segurando uma
caneta com os dentes, ou da maneira
mais cômoda para cada um (com a
© corbis

uma emoção ou atenuar seus efeitos. boca fechada), e tomando cuidado

Mas esse mesmo controle também para não tocar a caneta com os lábios.

18 edição especial
Nesse caso, era preciso contrair o
grande músculo zigomático, que
normalmente entra em ação quando
sorrimos. Ao fim da experiência, os
pesquisadores constataram que as
pessoas que não tinham tocado a
caneta com os lábios estavam mais
positivas e alegres.
Esse exemplo mostra que, quando
estamos felizes e sorrimos, nosso
cérebro registra ao mesmo tempo
um sentimento de felicidade e as
contrações do rosto corresponden-
tes. Formam-se conexões entre o
aspecto motor do sentimento e as
regiões do cérebro que provocam a
sensação subjetiva. Assim, quando o
aspecto motor é despertado, as cone-
xões ativam automaticamente o afeto
correspondente.
As aplicações são muitas: quando
nos forçamos a manter o rosto sereno
ao sentir raiva, essa atitude contribui
para diminuir o impacto emocional
do que nos contraria. Não devemos,
no entanto, abusar desse método,
pois o fato de lutar demais contra as
emoções, a longo prazo, apresenta
efeitos nefastos para o humor e a
autoestima.

Alunos dedicados
Há uns anos, dei aulas de direção a uma senhora que não
tinha grande fé em sua capacidade de guiar. Passávamos
muitas vezes numa estrada estreita, ladeada por árvores, e,
quando vinha algum carro em sentido contrário, eu precisava
ajudá-la a segurar o volante. Um dia, tudo parecia estar
correndo bem sem a minha intervenção.
– Está indo muito bem – elogiei.
– Pois é – respondeu ela. – É porque fecho os olhos
quando vejo um carro se aproximando!
m. Herbrink, Holanda

Um dia, depois de buscar minhas duas filhas no colégio,

perguntei o que tinham aprendido naquele dia.
Minha filha mais nova disse:
– Hoje a professora nos contou a história de
"Chapeuzinho Vermelho".
– E o que essa história ensinou a vocês?
– Que temos de nos lembrar exatamente como
é a nossa avó – respondeu ela, bem segura de si.
kitti kamolsantisuk

edição especial 19
 Quer ser brilhante como uma lâmpada e
rápido como um raio? Afie sua inteligência
dominando o poder das palavras, dos
idiomas e da mnemônica.

SEGREDOS
DA
INTELIGÊNCIA
por Andrea Au Levitt e Brandon Specktor

NUMA ÉPOCA EM QUE A GELADEIRA pode nos ajudar a fazer

a lista de compras e o celular responde a quase todas as perguntas,
não é mais preciso se lembrar de nada. E assim as façanhas dos fotografado por NIKKI orMErod

campeões de memória, que recordam centenas de nomes e rostos,

sequências aleatórias de números ou palavras ou a ordem das cartas
em vários baralhos, parecem mais super-humanas do que nunca.
Mas essa gente de memória fenomenal tem um segredinho:
em um estudo publicado recentemente na revista Neuron,
pesquisadores constataram que os supermemorizadores não têm
regiões cerebrais maiores que lhes permitem absorver e guardar

20 edição especial
edição especial 21
uma quantidade prodigiosa de infor-
mações. Sua estrutura cerebral, em
essência, é a mesma que a nossa.
COMO MELHORAR
A MEMÓRIA
Ao comparar exames cerebrais de 23
campeões da memória (que ficaram
entre os 50 primeiros lugares do
Campeonato Mundial de Memória)
com os de 23 pessoas comuns da
mesma idade, sexo e Q.I., os cientis-
tas só encontraram uma diferença: no
cérebro dos campeões, as regiões as-
sociadas à memória e ao aprendizado
visual e espacial se iluminaram com
um padrão específico. No cérebro das
pessoas comuns, essas mesmas regiões
se ativaram de forma diferente.
Por que isso é importante? Porque
aprendemos vendo, e quanto mais
vemos, mais recordamos coisas. Es-
ses supermemorizadores aperfeiçoa-
ram o método de converter os itens
que querem recordar (números, ros-
tos, cartas e até formas abstratas) em
imagens que eles “veem” na mente. É
um processo chamado “construção do
palácio da memória”.
Eis como funciona: primeiro, você
transforma os itens numa imagem –
qualquer coisa da qual vá se lembrar.
Por exemplo, para recordar sequên-
cias de cartas, Ed Cooke (reconhe-
cido como Grão-Mestre da Memória
pelo Conselho Mundial de Esportes
de Memorização) contou ao escritor
americano Tim Ferriss que atribui a
22 edição especial
cada carta uma celebridade, uma ação
e um objeto; assim, cada combinação
de três cartas forma uma imagem
única com a celebridade da primeira
carta, a ação da segunda e o objeto da
terceira.
Dessa maneira, “valete de espadas,
seis de espadas, ás de ouros” se tor-
nam o dalai-lama usando o vestido
de carne de Lady Gaga e segurando a
bola de basquete de Michael Jordan.
O sistema de Cooke se baseia na ideia
de que a memória se prende melhor
às pistas incomuns.
Depois, ponha mentalmente essa
imagem em algum lugar que você
conheça: em sua casa ou em algum
ponto da ida para o trabalho, por
exemplo. Finalmente, crie uma histó-
ria sobre os itens que vai ajudá-lo a
pÁgINa aNtErIor: (taLENto) roBIN HagEN/CIottI; (ModELo) MILo CaStINg;
ligá-los na ordem correta.
Eis alguns truques favoritos que aju-
(CaBELo E MaQUIagEM) roMY ZaCK; (fIgUrINo) StEpHaNIE MaJor
dam a lembrar coisas na vida cotidiana.
Para lembrar: Palavras novas
Técnica: Mude a rotina
Em um estudo clássico realizado na
década de 1970 na Universidade de
Michigan, um grupo de alunos estu-
dou uma lista de palavras em duas
sessões separadas. Alguns o fizeram
numa salinha cheia de coisas e ou-
tros num espaço com duas janelas e
um espelho falso. Um grupo de alunos
passou ambas as sessões na mesma
sala, enquanto o outro fez cada sessão
em um ambiente. Em uma prova rea-
lizada numa sala totalmente diferente,
os alunos que estudaram em vários

lugares recordaram 53% mais do que
os que estudaram em uma só sala.
Estudos subsequentes mostraram
que variar outros aspectos do am-
biente (a hora do dia, a música de
fundo, ficar sentado ou em pé etc.)
também ajuda a recordar, pois o cé-
rebro liga as palavras (ou o que você
estiver aprendendo) ao contexto que
o cerca, e, quanto mais pistas contex-
tuais você associar às palavras, mais
base o cérebro terá para recordá-las.
Para lembrar: Senha numérica
Técnica: Conte-a
Você pode usar seu aniversário, é
claro, ou o número de telefone, mas
os ladrões de identidade conseguem
descobrir essas senhas bem depressa.
Em vez disso, experimente esta dica
de Dominic O’Brien, oito vezes Cam-
© tHE VoorHES
peão Mundial de Memória: escreva
uma frase de quatro palavras e conte
o número de letras de cada uma. Por
exemplo “Esta é minha senha” = 4155.
Para lembrar: Fatos e números
Técnica: Dê tempo ao tempo
Mamãe tinha razão: estudar na vés-
pera não é a melhor maneira de me-
morizar. Para aprender e recordar
estatísticas (ou praticamente qualquer
tipo de informação factual), reler o
material algumas vezes num período
maior é muito mais eficaz do que re-
peti-lo num período curto.
Essa técnica data de 1885, quando
o psicólogo Hermann Ebbinghaus
descobriu que conseguia aprender
uma lista de palavras sem sentido se
a repetisse 68 vezes num dia e mais
sete vezes antes de ser testado no dia
seguinte. Mas aprendia igualmente
bem o mesmo número de palavras se
as repetisse um total de 38 vezes no
decorrer de três dias.
Pesquisas mais recentes demonstra-
ram o intervalo ótimo das sessões de
estudo: se a prova for daqui a uma se-
mana, estude hoje e, novamente, da-
qui a um dia ou dois. Se for daqui a um
mês, estude hoje e espere uma semana
antes de rever o conteúdo. Daqui a três
meses? Espere três semanas para vol-
tar a estudar. Quanto mais distante for
a prova, maior o intervalo ótimo entre
as duas primeiras sessões de estudo.
(Uma revisão final na véspera da prova
também é boa ideia.)
Para lembrar: Um novo idioma
Técnica: Leia e escute
Em um estudo realizado na Univer-
sidade de Porto Rico, 137 estudantes
falantes de espanhol foram separados
edição especial 23
em dois grupos. Durante oito sema-
nas, um grupo leu um livro em inglês
enquanto, ao mesmo tempo, escutava
a versão em áudio; o outro só leu o
livro em silêncio. A cada semana, to-
dos os estudantes respondiam a um
questionário. Em todos os oito ques-
tionários, os que leram e escutaram
tiveram pontuação melhor do que o
grupo que só leu.
Para lembrar: Rostos
Técnica: Foco no nariz
Embora alguns supermemorizadores
se especializem em associar nomes a
rostos (uma das disciplinas dos Cam-
peonatos Mundiais da Memória), a
técnica do palácio da memória não
funciona tão bem quando a imagem
do rosto estiver cortada, com as cores
corrigidas ou com alguma alteração.
Recordar rostos e lembrar-se deles
em contextos diferentes pode ser uma
habilidade especial que vários estudos
ligam à personalidade: os extroverti-
dos reconhecem rostos muito melhor
do que os introvertidos, por exemplo.
Uma dica: em vez de se concentrar nos
olhos, como faz a maioria, concentre-
-se no centro ou à esquerda do nariz.
Isso permite que você capte o rosto
inteiro de uma vez.
Para lembrar: A lista de compras
Técnica: Envolva o corpo
Com que frequência você já escre-
veu sua lista e depois esqueceu onde
a guardou? Nessa variante do palá-
cio da memória, visualize os itens
24 edição especial
da lista em diversas partes do corpo.
Por exemplo, imagine que equilibra o
queijo na cabeça, um ovo no nariz e
uma caixa de leite no ombro.
POR QUE LER É
IMPORTANTE
A pergunta é simples; responda com
franqueza, porque sua resposta pode
aumentar o prazer da vida cotidiana,
retardar a demência e até ajudá-lo a
viver mais: quantas horas você de-
dicou à leitura de livros na semana
passada?
Desde 1992, essa pergunta chega a
milhares de lares americanos de dois
em dois anos, no Estudo de Saúde e
Aposentadoria (HRS, na sigla em in-
glês) da Universidade de Michigan.
Item pequeno numa pesquisa imensa
com mais de 20 mil aposentados, ela
foi ignorada por muito tempo na aná-
lise da saúde cerebral dos idosos.
Mas, em 2016, quando pesquisadores
da Escola de Saúde Pública de Yale, nos
EUA, desenterraram 12 anos de dados
do HRS sobre hábitos de leitura e saúde
de mais de 3.600 homens e mulheres
com mais de 50 anos, um padrão espe-
rançoso surgiu: quem lê livros – ficção
ou não ficção, prosa ou poesia – pelo
menos meia hora por dia durante vários
anos vive em média dois anos mais do
que quem não lê nada.
Ainda mais estranho, os leitores
de livros que relataram mais de três
horas de leitura por semana tiveram
probabilidade 23% menor de morrer
 entre 2001 e 2012 do que os colegas
que só liam jornais e revistas.
Se você estiver lendo isso, prova-
velmente não é preciso convencê-lo
dos méritos da palavra escrita. Talvez
já conheça estudos recentes que indi-
cam que crianças de apenas 6 meses
cujos pais liam livros para elas várias
vezes por semana apresentam, qua-
tro anos depois, maior capacidade de
alfabetização, pontuação melhor em
testes de inteligência e maior chance
de realização profissional no futuro.
Mas pesquisas recentes defendem
que a leitura pode ser igualmente
importante na idade adulta. Quando
praticadas a vida inteira, a leitura e a
capacidade de aquisição da lingua-
gem promovem, de forma substancial,
o funcionamento saudável do cérebro.
Para entender por quê – e como
cada um de nós pode obter o máximo
das palavras –, comece fazendo a bos e de ambos os hemisférios. Com o
mesma pergunta que a equipe de Yale: tempo, essas redes neurais promovem
o que há na leitura de livros que au- pensamento mais rápido e permitem
menta o poder cerebral e que a leitura uma defesa melhor contra os piores
de jornais e revistas não tem? efeitos da degeneração cognitiva.
Para começar, postulam os pes- Em segundo lugar, já se demonstrou
quisadores, os livros com capítu- que a leitura de livros, principalmente
los estimulam a “leitura profunda”. de ficção, eleva a empatia e a inteli-
Ao contrário, digamos, de dar uma gência emocional. Um estudo de 2013
olhada numa página cheia de títu- constatou que os participantes que
los, ler um livro (de qualquer gênero) leram apenas a primeira parte ou pri-
força o cérebro a pensar de maneira meiro capítulo de uma história exibi-
crítica e a fazer conexões entre um ca- ram, uma semana depois, um aumento
pítulo e outro e com o mundo exterior. perceptível da empatia, enquanto os
Quando você faz conexões, o cérebro leitores de notícias mostraram redução.
© IStoCK

também faz, forjando literalmente no- Esses achados talvez pareçam tri-
vas vias entre regiões dos quatro lo- viais, mas não são; o desenvolvimento

edição especial 25
de ferramentas sociais como a empa-
tia e a inteligência emocional pode
levar a mais e melhores interações
humanas, que, por sua vez, baixam o
nível de estresse – e ambos os fatores
ajudam a viver mais e ter mais saúde.
Isso não é dizer que revistas, jor-
nais e textos da internet não tenham
seus méritos. Ler qualquer coisa que
preencha a mente e nos exponha a
novos mundos, expressões e fatos traz
benefícios mentais. Novas pesquisas
indicam que um vocabulário maior
pode tornar a mente mais resiliente
por alimentar o que os cientistas cha-
mam de reserva cognitiva.
Um modo de entender essa reserva
26 edição especial
é como a capacidade do cérebro de se
adaptar a lesões. A reserva cognitiva
ajuda os neurônios a encontrarem
novas vias mentais em torno de áreas
danificadas por AVCs, demência e ou-
tras formas de degeneração.
Isso pode explicar por que, depois
de sua morte, descobriu-se que muitos
idosos aparentemente saudáveis abri-
gavam no cérebro sinais avançados da
doença de Alzheimer, apesar de terem
poucos sintomas em vida. Acredita-
-se que a reserva cognitiva permita a
alguns idosos compensar, de forma
imperceptível, lesões cerebrais ocultas.
E como se aumenta a reserva cog-
nitiva? É outra boa notícia para os
amantes da palavra. Sabe-se que o vo-
cabulário resiste ao envelhecimento; de
acordo com pesquisadores da Univer-
sidade de Santiago de Compostela, na
Espanha, ter um vocabulário rico pode
retardar de forma significativa a mani-
festação do declínio mental. Ao analisar
a pontuação de mais de 300 voluntários
com 50 anos ou mais em testes de voca-
bulário, a equipe verificou que os par-
ticipantes com nota mais baixa tinham
risco de degeneração cognitiva três a
quatro vezes maior do que os partici-
pantes com nota mais alta.
Aprender palavras estrangeiras
também oferece importantes nutrien-
tes cognitivos. A pesquisa mostra que
aprender algo novo, como tocar um
instrumento ou falar outro idioma, é
uma das melhores coisas que se pode
© ISTOC K
fazer pelo cérebro em qualquer idade.
Lembra-se daquela poderosa rede de
conexões cerebrais que obtemos com a Atlantic o Dr. Thomas Bak, da Univer-
leitura? Aprender um segundo idioma sidade de Edimburgo.
faz essa rede crescer; já se comprovou É claro que aprender um novo
que os poliglotas são melhores do que idioma não é algo rápido. Por sorte, o
os monolíngues na multitarefa, na me- efeito de uma única aula pode dar gra-
morização e na concentração em infor- tificação instantânea. Pesquisadores da
mações importantes. Alemanha e da Espanha mandaram 36
Um estudo pu- participantes lerem
blicado em 2013 na duas frases contendo
revista Neurology PESSOAS QUE a mesma palavra
mostrou que pa-
cientes que falavam
FALAVAM DOIS OU estrangeira: “Todo
domingo, a avó ia ao
dois ou mais idio- MAIS IDIOMAS jedin” e “O homem foi
mas desenvolveram APRESENTARAM enterrado no jedin”.
demência 4,5 anos
mais tarde, em mé-
DEMÊNCIA 4,5 ANOS Quando perguntaram
o que significa jedin,
dia, do que pacien- MAIS TARDE DO QUE os que adivinharam
tes monolíngues. E, AS MONOLÍNGUES. “cemitério” mostra-
embora o cérebro ram reações nas mes-
que aprende uma mas partes do cérebro
segunda língua no que percebem o pra-
início da vida provavelmente tenha zer e que reagem a comida, sexo, jogo e
mais vantagens cognitivas do que o outros estímulos satisfatórios.
que aprende depois, nunca é tarde de- Mas, quando se trata de palavras, o
mais. Também não é preciso se tornar abuso é incentivado. Vale a pena au-
um falante fluente. “Basta ter o básico mentar sua competência com elas –
daquelas conexões linguísticas para hoje e pelo resto da vida. (Saiba mais
retardar a demência”, disse à revista sobre leitura na página 68.)

Viajante distraído
Um hóspede com reserva na nossa pousada teve
dificuldade para nos encontrar e, por engano, foi à
funerária do outro lado da rua. Com a sacola de viagem sobre
o ombro, ele entrou e deu uma olhada à sua volta:
– É aqui que me registro para entrar? – perguntou à pessoa na recepção.
– Não – veio a resposta. – Aqui você se registra para sair.
JaNN E rogEr LEE

edição especial 27
 Pensar positivamente não significa ver a vida através
de lentes cor-de-rosa. Significa extrair o melhor de
cada situação, com inteligência emocional, alcançando
maior satisfação e alegria de viver.

OS OTIMISTAS
VIVEM MAIS
I
magine-se numa tarde de do-
mingo com chuvas torrenciais.
Você tem a opção de se aborrecer
porque gostaria de dar um belo
passeio ao ar livre, ou de alegrar-
-se por finalmente encontrar tempo
para ler um bom livro.
Independentemente da escolha
que fizer, é certo que continuará
chovendo. Então é melhor aceitar o
tempo e adaptar-se à situação.
Este exemplo é capaz de demons-
trar o princípio do pensamento posi-
tivo. Não se trata de considerar belo
e bené fico tudo o que acontece co-
nosco, mas de reconhecer que a maio-
ria das coisas e dos acontecimentos
terapeutas comprovam há décadas: o
pensamento positivo pode, sim, mu-
dar a vida!
Não se trata absolutamente de ne-
gar os problemas, mas de desenvolver
uma postura mais otimista perante a
vida, em todos os aspectos.
Fórmulas sugestivas
e desejos realistas
Qualquer um pode aprender o mé-
todo: invente fórmulas sugestivas ou
repita-as várias vezes por dia. Basta
uma frase bem simples como “Sei
fazer isto” ou “Vou conseguir fazer
isto”. Guie-se pela frase do psicólogo
alemão Jens Corssen: “Assim como o
© istock

tem um aspecto positivo. medo leva à infelicidade, a coragem

Em todo o mundo, psicólogos e leva à felicidade!”

28 edição especial
edição especial 29
 Demonstre coragem para enfrentar
novos desafios e abandone hábitos
arraigados e potencialmente nocivos.
Seus desejos, no entanto, devem ser
realistas! Ninguém aprende a falar
uma língua estrangeira fluentemente
de uma hora para outra só porque fica
repetindo para si mesmo, mil vezes ao
dia, que é capaz de fazê-lo.
Entretanto, essa atitude de que-
rer fazer o melhor e extrair algo po-
sitivo até mesmo das situações mais
desagradáveis é o caminho para uma
postura de vida mais otimista de
modo geral.
Quando você tentar reconhecer e
enfatizar suas próprias características
positivas, subitamente as limitações e
as fraquezas de cada pessoa se torna-
rão secundárias.
Para isso, entretanto, é preciso re-
servar um tempo para refletir com
calma sobre si mesmo. Neste cami-
nho de autoconhecimento você logo
descobrirá que há muito mais aspec-
tos positivos em sua vida do que você
poderia imaginar até então.
Faça um balanço
da própria vida
Reserve meia hora para anotar, com
tranquilidade, tudo o que você já
realizou.
Comece pela infância, e não se es-
queça das supostas pequenas coisas
– como, por exemplo, o prêmio que
ganhou numa competição de desenho.
Siga adiante até a sua juventude,
à conclusão do ensino médio ou da
30 edição especial
MANDALAS
ARQUÉTIPOS DA VIDA
A palavra “mandala” vem da
Índia e significa círculo, centro
ou segredo.
✦ As mandalas são imagens em
forma de círculo ou polígono que
simbolizam as relações mentais
e são usadas em sistemas reli-
giosos orientais e em práticas
psicofísicas como instrumento
de meditação.
✦ Ao desenhar ou observar
uma mandala, traçamos a nossa
própria ordem interna. É como
se a pessoa reconhecesse nesses
diagramas um espelho de si
mesma.
✦ As mandalas criam acesso
à meditação para quem não
domina nenhuma técnica espe-
cífica de relaxamento. Durante
a pintura de uma mandala,
o corpo relaxa sensivelmente,
os problemas e aborrecimentos
© istock
tornam-se secundários.
faculdade. Em seguida, anote os êxitos
profissionais.
Procure recordar-se sempre desta
lista – você verá que já alcançou muita
coisa boa em sua vida.
O pensamento
positivo é válido
Cientistas da renomada Clínica Mayo,
em Rochester, nos Estados Unidos,
comprovaram numa pesquisa de
30 anos realizada com mais de 800
pacientes que há evidentes ligações
entre os pensamentos pessimistas e
uma expectativa de vida menor.
O fator determinante é que os pes-
simistas tendem a ter comportamen-
tos mais passivos e, por isso, passam
por menos experiências positivas do
que os otimistas.
Além disso, os pessimistas frequen-
temente tendem – porque “nada faz
sentido mesmo” – a ignorar as suges-
tões e as orientações médicas. A ten-
dên cia maior à depressão tam bém
exerce influência negativa em relação
à expectativa de vida. O sistema imu-
nológico das pessoas otimistas, por
outro lado, é bem mais resistente do
que o das pessoas pessimistas.
Só por esses motivos já é válido
identificar o pessimismo antes mesmo
que ele se instale e combatê-lo com
pensamentos positivos.
O programa de duas semanas apre-
sentado a seguir vai ajudá-lo nesta
tarefa. Não o veja como uma simples
terapia de 14 dias, mas sim como o
começo de uma nova vida, positiva e
otimista.

PROGRAMA DE 2 SEMANAS
RELAXAMENTO EXERCÍCIOS ALIMENTAÇÃO
Nos próximos 14 dias Expresse autocon- Faça das suas
você poderá relaxar. Por fiança por meio do refeições uma festa
meio dos exercícios seu corpo. e acostume-se a:
mentais aqui propostos, ✦ Alcance mais fir- ✦ transformar a
você aprenderá a: meza com o qi gong. comida em uma
✦ satisfazer suas neces- ✦ Rodopie para gerar experiência positiva,
sidades, expressando- em seu íntimo o gosto com pouco esforço.
-as positivamente; pela vida. ✦ melhorar o seu
✦ resolver conflitos, humor com alimentos
criando imagens em selecionados (por
pensamento e fixando- exemplo, o chili e o
-as em seu subcons- chocolate nos deixam
ciente. mais felizes).

edição especial 31

QUEM SEMPRE
PENSA NEGATIVO...
...nada alcança. Era o que aconte-
cia com Mauro. Ele não conseguia
levar nada até o fim. Bastava sur-
gir um problema para ele desistir
dos seus planos, ficar decepcio-
nado ou enfurecido consigo
mesmo e perder-se cada vez mais
neste autorretrato negativo. Fe-
lizmente, Mauro conhecia uma
terapeuta que conseguiu conven-
cê-lo em poucas sessões a não di-
zer mais “Não consigo fazer nada
mesmo”, para passar a enumerar
“o que já conseguiu fazer”. Mauro
está aprendendo a velejar e, em
breve, pretende lançar-se ao mar
num longo percurso.
Cada um é responsável
por sua felicidade
O nosso comportamento ou desem-
penho é influenciado pelo subcons-
ciente. Ele está relacionado a formas
de conduta adquiridas. Basta quei-
mar a mão uma única vez no tabu-
leiro para que, na próxima vez, você
use um pegador de panela, evitando
assim uma nova queimadura, porque
A QUALIDADE DO PENSAMENTO
DEFINE A QUALIDADE DA VIDA.
32 edição especial
a informação “Cuidado, quente” fica
armazenada no subconsciente.
Se você acredita que não domina
determinada situação, isso também
ficará gravado no seu subconsciente
– e você acabará realmente não do-
minando. Por outro lado, os pensa-
mentos positivos e o enfrentamento
consciente das dificuldades estimu-
lam a harmonia interior, tornan-
do-o resistente também a condições
adversas.
Pratique com os exercícios a seguir:
BOLHA PROTETORA
u Em situações difíceis, quando, por
exemplo, o chefe fizer uma reclama-
ção a seu respeito ou você estiver te-
mendo algo, envolva-se numa bolha
imaginária até ter a sensação de estar
totalmente protegido.
u Agora preencha esse “invólucro
protetor” com bastante luz, que tam-
bém pode ser colorida. Os neuropsi-
cólogos afirmam que este exercício
acalma e gera harmonia interior.
DIÁLOGO INTERNO, CONFLITOS
RESOLVIDOS
u Quando souber que você terá, por
exemplo, uma discussão com o seu
chefe, antecipe-se imaginando como
transcorrerá essa situação.
u Pense em cada passo dessa con-
versa: você e o outro estão sentados
frente a frente. Formule, em pensa-
mento, os seus argumentos e deixe
seu interlocutor imaginário respon-
der a eles.
u Em seguida, você poderá tentar
prosseguir com esse diálogo inicial-
mente interno munido de um papel
e lápis, o que o obrigará a elaborar
de forma mais clara e precisa suas
exposições.
u Com a análise imaginária do pos-
sível transcurso da conversa, você se
sentirá mais seguro na situação real e
também estará mais aberto aos argu-
mentos da outra pessoa.
IMPONHA-SE
PENSAMENTOS POSITIVOS
Preparação
u Reserve ao menos 15 minutos
diários para refletir sobre o que lhe
passa pela cabeça ao longo do dia e
o que você diz. A maioria dos seus
pensamentos é negativa? Procure, a
partir de agora, interromper o pensa-
mento negativo e substituí-lo por um
positivo e completo.
Exemplos
u Não diga: “Não me agrada nem um
pouco passear agora.” Diga: “Eu gos-
taria de ler.”
u Não diga: “Mais uma vez tenho de
fazer tudo sozinho.” Diga: “Você pode-
ria fazer o almoço hoje?”
u Não diga: “Estou aborrecido. Meu
chefe não me disse até agora se terei
CINESIOLOGIA:
LIBERE OS BLOQUEIOS
A cinesiologia é o “estudo do
fluxo energético no músculo
em movimento”. Ela foi desen-
volvida na década de 1960 pelo
quiroprático americano George
Goodheart, que descobriu que
a contração e o relaxamento
dos músculos permitem tirar
conclusões sobre o estado de
saúde de uma pessoa. Em sua
terapia, também incluiu os en-
sinamentos da medicina chi-
nesa a respeito do fluxo
energético no corpo.
O principal objetivo da cine-
siologia é estabelecer equilíbrio
no corpo nos casos de sintomas
como dores nas costas, tensões
musculares ou problemas do
sistema imunológico.
Além disso, a cinesiologia é
empregada nos estados de-
pressivos ou de pânico, inquie-
tação e ansiedade antes de
provas e concursos.
Método
Por meio de testes musculares
especiais determinam-se os
pontos de desequilíbrio no sis-
tema energético do corpo. Es-
ses bloqueios energéticos são
liberados, por exemplo, pela
massagem de zonas reflexas.
edição especial 33
aumento.” Diga: “Eu tenho direito a
um aumento. Meu chefe já teve tempo
suficiente para decidir, então ele me
dirá hoje o que resolveu.”
u Não diga: “Estou exausto, mas não
posso descansar porque ainda pre-
ciso arrumar as coisas.” Diga: “Quem
manda aqui sou eu. A arrumação
pode esperar até amanhã.”

ENCARE AS MUDANÇAS
DE FORMA POSITIVA
Faça um balanço
u Nas transformações que estão por
acontecer em sua vida – como mudar
de casa ou assumir novas responsa-
bilidades – e que trazem muitas in-
certezas, você poderá ver tudo com
mais clareza se relacionar os prós e
os contras.
u Pegue lápis e papel e trace uma
linha no centro. Do lado esquerdo,
escreva um grande sinal de menos
e, do lado direito, um belo sinal de
mais. Agora liste o que você con-
sidera ne gativo e o que considera
positivo na mudança em questão,
como, por exemplo: “Sentirei falta
dos meus amigos”, “Conhecerei novas
pessoas interessantes”. As questões
mais importantes para você devem ser
escritas no alto da folha.
VISÕES PARA O SUCESSO
Fortaleça a autoconfiança e combata
os medos procurando ter uma visão
precisa dos seus desejos e objetivos.
A cor vermelha simboliza vitalidade,
alegria e energia. Envolva-se totalmente
em disposição para a vida!
plo, no trabalho, e defina um prazo
para alcançá-lo. Analise-o. Você con-
seguirá alcançá-lo com suas próprias
forças, ou precisará de ajuda? É um
objetivo realista? Se for preciso, mude
o seu objetivo. De maneira alguma
exija demais de você.
u Quais serão as consequências desse
objetivo, uma vez alcançado? Pergun-
te-se que efeito seus planos terão so-
bre os seus amigos e familiares.
u Procure ter uma imagem precisa da
nova situação, com todos os detalhes.
u Avalie de vez em quando: quanto
© istock

Tarefa falta para alcançar seu objetivo?

u Formule o seu objetivo, por exem- u Tenha em mente que você está

34 edição especial

QI GONG
Há mais de 2.500 anos o qi gong
(exercícios que promovem a cir-
culação de energia no corpo)
tem um importante papel no
pensamento religioso e médico
na China. Desde o fim dos anos
1980, a popularidade do qi gong
cresceu no mundo ocidental.
Os exercícios físicos têm
efeito integral sobre o corpo
e a mente. A sua prática regular
previne doenças, estimula o
processo de convalescença e
fortalece os sistemas imunoló-
gico e nervoso. Algumas acade-
mias oferecem cursos de qi
gong. Saiba como usar essa
prática para melhorar a postura
física e a “postura interna”.
pensando sobre o seu futuro e inte-
riorize: “Este é o meu objetivo!”
Mantenha-se sempre firme
A autoconfiança é expressa, entre ou-
tros fatores, pela linguagem corporal.
Ande pelo mundo de cabeça erguida
e olhe nos olhos do seu interlocutor,
mesmo que a conversa não seja agra-
dável. Defenda seu ponto de vista a
cada instante e reforce a postura in-
terna positiva com atitudes de evidente
autoconfiança. Treine o equilíbrio e a
postura com piruetas e qi gong – e irra-
die firmeza e tranquilidade.
Para isso, pratique com os seguintes
exercícios:
EMPURRE O CÉU
u De pé, posicione-se com as per-
nas afastadas e os joelhos levemente
flexionados.
u Junte as mãos em frente ao abdome
e eleve-as à altura do peito. Continue
elevando as mãos e, na altura da ca-
beça, vire as palmas para a frente.
Eleve as mãos acima da cabeça e,
quando estiverem acima do ponto
mais alto da cabeça, os dedos das
mãos devem apontar para o teto e os
polegares, para a frente.
u Estique os braços, com as palmas
das mãos viradas para cima, como se
empurrasse o céu, até erguer os calca-
nhares. Para finalizar, estique os bra-
ços lateralmente, abaixe-os ao lado do
corpo e apoie os calcanhares ou-
tra vez no chão. Faça duas vezes
diariamente.
PIRUETA PELO PRAZER DE VIVER
u Fique de pé com as pernas um
pouco afastadas.
u Agora levante os braços esticados
lateralmente e gire em torno do pró-
prio eixo em sentido horário. Deter-
mine você mesmo a velocidade e o
“número de rotações”.
Sugestão
u Para não se sentir imediatamente
tonto, fixe um ponto com os olhos, por
exemplo, na parede. Faça até duas ve-
zes por dia.
edição especial 35
 A s faculdades intelectuais não determinam
nosso sucesso. A personalidade, a maneira
com que exploramos nossas competências e o
modo como funcionamos podem
ser motores potentes ou freios
que nos impedem de
aproveitar nosso
potencial.

36 edição especial
SAIBA USAR A
INTELIGÊNCIA

edição especial 37
Você é um especialista
ou um generalista?
Algumas pessoas parecem extrema-
mente sábias e competentes em certa
área do conhecimento, à qual devo-
tam toda sua energia, mas se mos-
tram despreparadas em outras áreas
que pertencem à cultura coletiva. Um
especialista pode resolver brilhan-
temente um problema jurídico que
exige um conhecimento muito pro-
fundo e analisar um fato histórico em
detalhes, mas se mostrar ignorante
38 edição especial
sobre outros temas como esporte,
economia ou arte.
O generalista navega por entre mui-
tos domínios para satisfazer sua curio-
sidade; e acumula conhecimentos
variados. Isso pode ajudá-lo a ter uma
visão global dos problemas, avaliando
todos os parâmetros de uma situação.
Às vezes, ele corre o risco de armaze-
nar conhecimentos superficiais, pouco
úteis. O ideal do “homem culto” do sé-
culo 17 está hoje fora do nosso alcance.
Esses dois perfis são caricaturais:
DOS ERROS, EXTRAIA
ENSINAMENTOS
CONSTRUTIVOS SEM
FAZER DRAMA.
não somos nem um nem outro, mas
com certeza mais um do que outro.
Além disso, a sociedade precisa de
“especialistas generalistas” capazes
de resolver problemas complexos,
que tenham uma visão de conjunto
sobre vários parâmetros (aprimorar
um produto novo levando em conta
as repercussões ecológicas, ou ante-
cipando sua introdução em países
de culturas diferentes, por exemplo).
O ideal é um equilíbrio entre essas
duas tendências.
O perfeccionismo
O perfeccionismo é um motor pode-
roso de sucesso se a exigência que
nos leva a fazer melhor não se tornar
contraprodutiva. Um perfeccionista
realizado aceita progredir passo
a passo e sente verdadeiro prazer
diante do trabalho bem-feito. Dos
seus erros ele retira ensinamentos
construtivos sem fazer drama. Um
perfeccionista neurótico, em com-
pensação, pode insistir durante horas
para atingir uma perfeição impossível
edição especial 39

ou desnecessária. Ele nunca está con-
tente consigo mesmo, não consegue
delegar, sempre coloca as obrigações
antes do prazer e não admite se enga-
nar. Apenas nossas emoções podem
nos informar sobre o limite que não
deve ser ultrapassado, sobre o mo-
mento em que se deve ceder antes
de sucumbir à frustração e não poder
mais avançar.
Quando perseverança
rima com motivação
Da mesma forma que se submeter a
um esforço que nos é imposto cos-
tuma gerar uma sensação de tédio e
ineficiência, o esforço espontâneo
e motivado traz um prazer e uma satis-
fação que geram a vontade de persistir,
de descobrir mais e de ultrapassar os
40 edição especial
“NÃO SABER É
RUIM, NÃO QUERER
SABER É PIOR”, DIZ UM
PROVÉRBIO AFRICANO.
limites. Esse é o mecanismo que nos
estimula a aprender uma língua es-
trangeira, a escalar uma montanha, a
pesquisar sobre um escritor de quem
gostamos, a passar horas estudando
compassos de uma partitura para um
breve instante de realização. Assim,
mais ainda do que o Q.I., a motivação
como ambição e a vontade de ultra-
passar os limites são os fatores mais
importantes do sucesso.
A engenhosidade
A história do Pequeno Polegar que
marca o caminho na floresta com pe-
drinhas brancas para conseguir voltar
para casa ilustra bem o que é a enge-
nhosidade. Levado aos seus limites, o
homem pode revelar capacidades de
inovação e adaptação para otimizar
recursos e, por menores que estes
sejam, encontrar uma solução astu-
ciosa. A engenhosidade, essa gestão
eficaz dos desafios da vida cotidiana,
nasce do casamento da criatividade
com o domínio da técnica. Colocada
a serviço de um objetivo ou de um
projeto, ela é a fonte essencial dos
inventores e dos vanguardistas.
O mistério da intuição
Por que dizemos que “a primeira
impressão é a que fica”? Por que às
vezes temos a sensação de conhecer
algo, mas sem saber por quê? Além da
reflexão lógica, uma parte do cérebro
parece sempre capaz de tirar conclu-
sões pertinentes com base em um mí-
nimo de informações.
Os pesquisadores chamam de “in-
consciente de adaptação” essa ca-
pacidade do cérebro de trabalhar na
superfície do consciente sem passar
pelos circuitos racionais. Tudo acon-
tece como se, com o transcorrer do
tempo, o cérebro gravasse os dados
das experiências passadas para apro-
veitar esquemas comportamentais
que ele reativa em certas circuns-
tâncias. Assim, o inconsciente pode,
em determinados momentos, filtrar
e eliminar o excesso de informações
para reagir eficazmente numa fra-
ção de segundo. O cérebro vai direto
ao assunto, sem nos informar das
etapas percorridas. Se alguns estão
mais atentos a suas intuições que ou-
tros, é provável que as decisões mais
pertinentes se baseiem num justo
equilíbrio entre o pensamento deli-
berado e o pensamento instintivo.
A curiosidade
“Não saber é ruim, não querer saber
é pior”, diz um provérbio africano. A
curiosidade bem direcionada é um
dos motores da inteligência e do co-
nhecimento. É observando, lendo e
perguntando que nós desenvolvemos
e aprimoramos a capacidade de resol-
ver problemas, elaborar estratégias,
encontrar soluções e compará-las
com outras.
A curiosidade se adquire e se au-
toalimenta: quanto mais associada
ao prazer de aprender, mais ela se
intensifica e mais os assuntos se mul-
tiplicam. Ler um jornal pode parecer
entediante no início, mas, depois de
algumas semanas de prática, esse laço
com a atualidade se torna um prazer,
um momento privilegiado de cone-
xão com o mundo. A mente aberta e
a sede de aprender estão na base de
nossas relações de amizade e sociais,
não somente pela qualidade e riqueza
das trocas que elas induzem, mas
também porque o interesse que temos
pelos outros é uma condição essencial
de afeição mútua.
Inversamente, a falta de curiosi-
dade ou a indiferença pode levar ao
tédio, a um isolamento, a uma men-
talidade limitada, e até mesmo a uma
regressão ligada à ausência de estí-
mulo cerebral.
edição especial 41
TESTE SUA ENGENHOSIDADE
Leia várias vezes as instruções e reserve um tempo para observar com atenção os desenhos
e as figuras apresentados. Em seguida, seja astucioso... e estes jogos de aparência com-
plexa vão lhe parecer brincadeira de criança.

Os nOve pOntOs a ligar Os palitOs

Ligue os nove pontos com a ajuda de Mexa apenas um palito para que esta
quatro linhas retas sem interromper figura tenha 6 quadrados em vez de 5.
o traçado.

Os númerOs dOs ciclistas JOgO de mOedas

Numa prova de ciclismo, são distribuí- Dez moedas estão
dos três números de identificação azuis dispostas assim:
e dois vermelhos. Três deles são colo-
cados nas costas de três ciclistas que se
seguem, do no 1, em primeiro lugar, ao
no 3. Cada um desconhece tanto a cor
de seu próprio número como a cor do
daquele que o segue. Perguntamos ao
no 3 se ele sabe qual é a cor do seu nú-
mero: a resposta é negativa. A mesma
pergunta é feita ao no 2, que dá a
mesma resposta. Finalmente pergun-
tamos ao no 1. Ele responde que sim. Mexendo uma única
Cada um ouviu a resposta dos outros. moeda, tente formar
Qual é a cor do número de identifica- duas fileiras de cinco
ção do no 1? ........................................ moedas.

42 edição especial
 ..........................................................................................

Quais foram as duas empresas com maior faturamento

o mundo em 2008? AVALIE SUA CURIOSIDADE
a. Alcan (Canadá) d. Shell (Grã-Bretanha)
b. Renault Não é fácil se manter
(França) informado
e. Wal Mart (EUA) em todos os domínios. Quantas perguntas
ligadas à realidade atual vocêdo
O preço é capaz de responder?
trigo
c. Exxon Mobil (EUA) f. Volkswagen Os número
(Alemanha)
as medalhas Olímpicas
Entre junho e abril de 2008, o trigo dobrou de preço no Para calcular a audiência
as línguas
mercado mundial. Você tem ideia do preço da tonelada programas de televisão:
Quantas medalhas o Brasil ganhou nos Qual dos seguintes idiomas
do produto na primavera de 2008?
Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em a. Analisam-se as ond
não é uma língua oficial da
As medalhas
agosto de 2016? olímpicas Comunidade da União Europeia?eletromagnéticas q
emanam de cada
a. 65 dólares
...... medalhas de ouro
Ouantas
preço do trigo
medalhas o Brasil trouxe dos jogos Olímpicos de
a. Maltês c. Gregotelevisão ligada.
Os números da audiência
...... medalhas de prata
em agosto de 2008?b. 250 dólares b. Instala-se um apare
Oequim
preço do trigo Osb.números
Norueguês da audiência
d. Romeno
televisão, numa am
...... medalhas
il de 2008, o trigo dobrou de
nobronze
... medalhas c.de preço
650 dólares Para calcular a audiência dos
da população.
. Você tem ideia do preço da tonelada programas de televisão:
l dede2008,
ouro o trigo dobrou de preço no Para calcular a audiência dos c. Cada rede organiza
mavera de 2008?
. Você tem ideia do preço da tonelada a. Analisam-se
programas as ondas
de televisão: financiadas pelos a
mavera de 2008?
... medalhas eletromagnéticas que
a. Analisam-se as ondas validados por uma
de prata emanam de cada
dólares eletromagnéticas que
televisão ligada.
emanam de cada
dólares
... medalhas
dólares prêmiO
b. televisão
Instala-se nObelchamado
um aparelho
ligada.
da pazaudímetro sobre
de bronze
televisão, numa amostra de lares representativos
dólares
dólares Maracaibo b. Quem
Instala-se um aparelho
ganhou o Prêmiochamado
Nobel daaudímetro
Paz sobre
de
da população.
televisão,
2019? numa amostra de lares representativosAs
dólares
maracaibO c. da
Cada rede organiza sondagens diárias que são
população.
Onde fica a cidade financiadas pelos anunciantes publicitários e
de Maracaibo? c. Cada rede organiza sondagens
No Brasil,diárias
as perdas repre
que são
validados por uma empresa. identificação azul.
Asficalínguas
O etíope Abiy Ahmed Ali.
Onde a cidade de Maracaibo? financiadas pelos anunciantes publicitários e
que tem um número de
a. 2% do fatura
Prêmio Nobel da Paz.
validados por uma empresa.
Maracaibo: Paraguai no 1 pode então anunciar
enxergando nada, o ciclista
Europeia.
ual dos seguintes idiomas não é uma língua oficial não faz parte da União
b. 7% do fatura
no ciclista no 1. Mesmo não
a Comunidade da União Europeia? b. Paraguai
Maracaibo
As línguas: b. A Noruega que ele vê um número azul
a. Argentina c. 15% do fatur
rar a cor do seu número, é
As perdas
6 de prata, 6 de bronze).

Maracaibo
frase). Como ele afirma igno-
a. Maltês c. Grego
19 medalhas (7 de ouro,
era azul (veja a primeira
As perdas
As medalhas olímpicas:
e
da cruz. lho, o no 2 saberia que o dele
b. Norueguês d. Romeno
No Brasil, as perdas representam cerca de:
moeda que fica na interseção tivesse um número verme-

e a. Argentina das sobre a ou azul e vermelho. Se o no 1

números são ambos azuis,
No Brasil, as
a. perdas
2% do representam cerca de:
fileira de 6 moe-
b. Paraguai moeda da faturamento das lojas.
dele é azul. Assim, ou os
c. Venezuela empilhar uma é ele que os segue, que o
a.
b. 2%
7% do
do faturamento
faturamento das
das lojas.
lojas.Prêmio N
moedas. É só pois o no 3 teria sabido, como
b. Paraguai Jogo de ciclistas não são vermelhos,

b.
c. 7%
15%dodofaturamento
faturamentodas
daslojas.
figura. às costas dos dois primeiros
b. Paraguai terços esquerdo e direito da lojas.
Os números de identificação
dois, formados pelos dois Quem ganhou o
Os números dos ciclistas.
c. Venezuela c. 15% do faturamento das lojas.
Obama acrescentamos
quadrado mas
prêmio Nobel da a ligar
perdemos um Paz de 2009? pontos
Em 4 de novembro de 2008, a população americana elegeu .........................................
Os palitos. Nós Os nove

Barack Obama pelo sufrágio universal.

c. Venezuela .........................................
RESPOSTAS:

c. Venezuela Prêmio Nobel da Paz

12.01.10 15:43:02
Prêmio Nobel da Paz43
edição especial
Verdadeiro Quem ganhou o
 Os filósofos, psicólogos e neurobiologistas ainda
tentam desvendar os mistérios da inteligência –
este conceito tão abrangente

Debates sobre
a inteligência
UMA OU
MÚLTIPLAS?
O conceito de inteligência em si é as-
sunto de debate. Alguns acreditam que
existe uma inteligência global que age
em todos os domínios. Outros distin-
guem várias formas de inteligência
mais ou menos especializadas e inde-
pendentes umas das outras. Os pesqui-
sadores se questionam também sobre
as bases biológicas da inteligência.
Haveria um ou vários genes da inteli-
gência? Será que podemos atribuir a
rapidez de compreensão à maior eficá-
cia de conexões interneuronais? Pode-
mos associar algumas áreas ou regiões
cerebrais ao processo de raciocínio?
Essas questões geram debates con-
cretos sobre a educação, o aprendizado
e o envelhecimento. O que a neuro-
ciência nos ensina e que poderíamos
aplicar a todas as fases da vida para de-
senvolver, enriquecer e manter nosso
potencial? Seria necessário valorizar a
inteligência acadêmica, a do quociente
de inteligência, ou colocar no mesmo
patamar a criatividade ou a inteligên-
cia emocional? A inteligência deve ser
reservada a uma esfera intelectual ou
definida de maneira mais ampla, in-
cluindo qualidades como a capacidade
de ser feliz, o sucesso individual ou a
habilidade de agir com eficácia nas si-
tuações do dia a dia?
TEORIAS SOBRE A
INTELIGÊNCIA
Desde o início do século 20 e das pri-
meiras tentativas de medir a inteli-
gência, vários cientistas elaboraram
teorias sobre ela. Mas nenhuma delas

44 edição especial
edição especial 45
pode pretender ser a verdade absoluta: Robinson Robinson

Robinson Cru
essas teorias fornecem perspectivas di-
ferentes sobre um conjunto de capaci- Crusoé Crusoé

soé
Baseado no livro
Daniel Defoede
dades que são reunidas, com ou sem Ilustrado
Peter Dennipors
razão, sob o termo inteligência.
O fator G. Para o psicólogo inglês
Charles Spearman (1863-1945), todas Quando o navi
o em que Rob
as aptidões estão relacionadas: existe navegava nau
ficaria pres fragou, ele
o numa ilha
Esta é a incr
inson Crusoé
não imagino
deserta por u que
trinta e cinc
ível história o anos!
uma inteligência geral, chamada “fator de
a esta fantástic como ele sobreviveu
a aventura.

G”, que determina o nível de aptidão ISBN 978-8

5-7645-314
-7

dos domínios da lógica, da lingua-

gem, da representação espacial ou da
memória. De acordo com essa pers-
BZ_cover_crus
oe.indd 1

pectiva, os testes de inteligência que

utilizam uma grande diversidade de A inteligência é frequentemente associada
11/22/11
11:54 AM

à capacidade de adaptação a situações

competências dão resultados bastante
novas, à elaboração de estratégias
equilibrados: nós somos mais ou me- eficazes diante do desconhecido. Um
nos bons em cada uma das disciplinas. exemplo extremo são as habilidades
Inteligências fluida e cristalizada. De- que alguns náufragos demonstram.
pois de Spearman, os psicólogos ten-
taram definir os “subconjuntos” que segundo ele, deve possuir essas três
compõem a inteligência geral. Raymon facetas: “A criatividade para ter ideias,
Cattell (1905-1998) estabeleceu assim a inteligência analítica para se assegu-
uma distinção entre uma inteligência rar de que são boas, a inteligência prá-
fluida e uma inteligência cristalizada. tica para fazer com que sejam aceitas e
A primeira é independente da cultura: aplicadas.” E ele acrescenta uma quarta
é a capacidade de refletir, de adaptar e qualidade indispensável à função do di-
de aprender. A segunda se relaciona aos rigente: a sabedoria.
conhecimentos, às experiências, à capa- Inteligências múltiplas. Nos anos
cidade de memorização e de utilização 1980, outro psicólogo americano,
do que foi apreendido. Esse tipo de inte- Howard Gardner, propõe uma nova
ligência melhora com a idade, ao passo classificação distinguindo oito tipos
que a inteligência fluida tende a piorar. de inteligência, que todos temos em
Inteligência eficaz. O psicólogo ame- graus variados e que se desenvolvem
ricano Robert Sternberg distingue três diferentemente dependendo do in-
formas de inteligência: a analítica (me- divíduo, constituindo, por fim, nosso
dida pelo Q.I.), a criativa e a prática. A “perfil intelectual”. Esse perfil pode
inteligência eficaz é uma combinação evoluir com o aprendizado, a inicia-
dessas três qualidades. Um bom líder, tiva, a prática e a motivação.

46 edição especial
 OS 8 TIPOS DE INTELIGÊNCIA DE HOWARD GARDNER

1 A inteligênciA lin-
guísticA é a habili-
dade de exprimir ideias
paisagens naturais, de
entender rapidamente
esquemas de monta-
um outro elemento da
inteligência emocio-
nal. Corresponde ao
e sentimentos por meio gem, modos de utiliza- autoconhecimento, à
da linguagem. Ela faz ção ou funcionamento boa avaliação de suas
parte das competências de aparelhos, mapas de capacidades e de seus
medidas nos testes de localização etc. limites, das qualidades
Q.I. e abrange a riqueza
do vocabulário, o domí-
nio das regras grama-
4 A inteligênciA
corporAl-cines-
tésicA é a habilidade
que permitem conduzir
a vida de maneira har-
moniosa e equilibrada.
ticais, a qualidade do
estilo, a capacidade de
se comunicar e de se
de ter o controle do
corpo, de imitar e me-
morizar movimentos
7 A inteligênciA
musicAl é a capa-
cidade de reconhecer
fazer compreender. ou gestos. É a destreza e analisar com pre-

2 A inteligênciA ló-
gico-mAtemáticA
necessária tanto para
a prática de esportes
cisão sons, ritmos e
melodias.
nos permite raciocinar,
calcular e resolver pro-
blemas científicos. As-
quanto para alguns
trabalhos como ar-
tesanato, escultura,
8 A inteligênciA
nAturAlistA é
a compreensão do
sim como a inteligência cirurgia etc. É a “inteli- meio ambiente: saber
linguística, ela tem um gência do gesto”. identificar as espécies
papel importante nos
testes de Q.I. 5 A inteligênciA
interpessoAl de-
vegetais ou animais,
compreender a dinâ-

3 A inteligênciA
espAciAl é a capa-
cidade de perceber e
termina a qualidade
de nossas relações com
os outros, nossa habili-
mica dos fenômenos
naturais (as marés,
o ciclo da água, os
representar o mundo dade de compreender ventos), se interessar
em três dimensões. e de nos adaptar a por mineralogia, astro-
É o tipo de inteligência todos os meios. Pode nomia, ecologia etc. É
dos arquitetos e enge- ser comparada à inteli- a inteligência dos geó-
nheiros, a capacidade gência emocional. logos, dos agricultores,
de se localizar numa
cidade ou em 6 A inteligênciA
intrApessoAl é
dos paisagistas e dos
biólogos, entre outros.

edição especial 47
48 edição especial
 Qual foi a última vez que você realmente
tentou entender os sentimentos e pontos de
vista dos outros?

Aprenda a ter
EMPATIA por Roman Krznaric

DE REPENTE, A PALAVRA “empatia” está na boca de

cientistas e líderes empresariais, especialistas em
educação e ativistas políticos. A empatia não é
apenas uma maneira de ampliar as fronteiras do
seu universo moral. De acordo com novas pesqui-
sas, trata-se de um hábito que podemos cultivar
para melhorar nossa qualidade de vida.
Mas o que é empatia? É a capacidade de se colo-
car no lugar do outro, com o objetivo de com-
ilustrado por kunal bele

preender seus sentimentos e perspectivas, e usar

essa compreensão para orientar nossas próprias
ações. Isso a distingue da bondade e da piedade.
E não a confunda com a Regra de Ouro “Faça aos
outros o que gostaria que fizessem a você”. Como

edição especial 49
George Bernard Shaw observou: “Não
faças aos outros o que gostarias que
fizessem a ti. Eles podem ter um gosto
diferente do teu.” A empatia consiste
em descobrir esses gostos.
A boa notícia é que a empatia pode
ser aprendida. No meu novo livro, O
poder da empatia: a arte de se colocar
no lugar do outro para transformar o
mundo (Editora Zahar), aperfeiçoei
seis hábitos fundamentais que as
pessoas altamente empáticas (PAEs)
levam para o seu cotidiano. E então,
o que é preciso para aprender a ser
empático?
HÁBITO 1:
Ligue seu cérebro empático
A recente agitação sobre empatia de-
corre de uma mudança revolucionária
na maneira como os cientistas en-
tendem a natureza humana. A visão
antiga de que somos essencialmente
criaturas autocentradas está sendo
firmemente substituída por evidên-
cias de que também somos o Homo
empathicus, feitos para a empatia, a
cooperação social e a ajuda mútua.
Na última década, os neurocien-
tistas descobriram que 98% de nós
temos a capacidade de ter empatia.
Eles também identificaram no cérebro
um “circuito da empatia” de dez se-
ções que, se danificado, pode reduzir
nossa capacidade de compreender o
que os outros sentem.
Biólogos evolucionistas como
Frans de Waal mostraram que somos
50 edição especial
animais sociais que evoluíram natu-
ralmente para cuidar uns dos outros,
exatamente como nossos primos pri-
matas. E psicólogos revelaram que so-
mos preparados para a empatia pelas
relações de apego estabelecidas nos
dois primeiros anos de vida.
Uma boa maneira de começar a ati-
var seu cérebro empático é simples-
mente fazer uma anotação mental
toda vez que perceber um exemplo
de pensamento ou ação empática em
si ou nos outros. Como ver seu chefe
entendendo o ponto de vista de outra
pessoa ou observar uma cooperação
empática entre seus filhos. Pense
nisso como o processo de se tornar
um “detetive da empatia”.
HÁBITO 2:
Dê o salto imaginativo
Pessoas altamente empáticas fazem
um esforço concentrado para se
imaginarem na situação de outras
pessoas, como um ator que absorve
a personalidade de seu personagem.
Esse salto imaginativo pode ser im-
pulsionado pela “escuta empática”. “O
que é essencial”, diz Marshall Rosen-
berg, psicólogo e criador da Comuni-
cação Não Violenta (CNV), “é a nossa
capacidade de estar presente no que
realmente está acontecendo dentro
de nós – nos sentimentos e necessi-
dades únicas que uma pessoa está
experimentando naquele exato mo-
mento.” As PAEs escutam atentamente
os outros e fazem tudo que está ao seu

NOVA ERA DA EMPATIA?
Olhando de fora, por que é tão
importante desenvolver esses
seis hábitos? O século 20 foi a Era
da Introspecção, quando a cul-
tura da autoajuda e da terapia
nos incentivou a acreditar que a
melhor maneira de entender
quem somos e como viver era
olhar para dentro de nós mes-
mos. Mas isso nos deixou fitando
o próprio umbigo. O século 21
deve se tornar a Era da Empatia,
quando nos descobrimos não
apenas por meio da autorrefle-
xão, mas nos interessando pela
vida do outro. Precisamos de em-
patia para criar um novo tipo de
revolução. Não uma revolução
antiquada construída sobre no-
vas leis, instituições ou políticas,
mas uma revolução radical nas
relações humanas.
alcance para compreender seu estado
emocional e suas necessidades, seja
um amigo que acabou de descobrir
que está com câncer ou um cônjuge
chateado com elas por trabalharem
até tarde mais uma vez.
Todos sabemos, instintivamente,
que a empatia é uma ótima ferra-
menta para manter relacionamen-
tos saudáveis. Pense em todas as
vezes em que você discutiu com sua
parceira e pensou: Por que ela não
consegue entender o que estou sen-
tindo? O que você está pedindo? Em-
patia, é claro. Você quer que ela se
coloque no seu lugar, ainda que ape-
nas por um momento.
É por isso que vale a pena praticar
a escuta empática em seus relacio-
namentos. Da próxima vez que as
coisas ficarem tensas com seu par-
ceiro ou sua parceira, concentre-se
em escutar seus sentimentos e ne-
cessidades – sem interromper (e só
isso já pode induzi-los a retribuir o
favor). Você pode até pedir que ele
ou ela fale sobre seus sentimentos e
necessidades. É incrível como fazer
isso pode impedir que uma contrarie-
dade sem importância se transforme
em ressentimento ou numa grande
discussão. Em última análise, a maio-
ria de nós deseja apenas ser ouvida e
compreendida.
HÁBITO 3:
Busque aventuras
experienciais
Você acha que escalada no gelo e voo
de asa-delta são esportes radicais?
Então você precisa tentar a empatia
experiencial, o mais desafiador – e
potencialmente gratificante – de to-
dos. As PAEs expandem sua empatia
obtendo a experiência direta da vida
de outras pessoas, colocando em prá-
tica o provérbio indígena americano:
“Ande uma milha com os mocassins de
outro homem antes de criticá-lo.”
edição especial 51

O escritor George Orwell é um
modelo inspirador. Depois de vá-
rios anos como policial na Birmânia
britânica na década de 1920, Orwell
retornou à Grã-Bretanha decidido a
descobrir como era a vida dos que
viviam às margens da sociedade. Ele
então se vestiu como um mendigo,
com um casaco e sapatos surrados,
e morou nas ruas da região de East
London junto com pedintes e anda-
rilhos. O resultado, registrado em seu
livro Na pior em Paris e Londres, foi
uma mudança radical em suas cren-
ças, prioridades e relacionamentos.
Não só ele percebeu que os sem-teto
52 edição especial
não são “canalhas bêbados” como
também fez novas amizades, mudou
sua opinião sobre a desigualdade e
reuniu um material literário esplên-
dido. Foi a melhor experiência de via-
gem de sua vida. Ele percebeu que a
empatia não apenas torna você bom
– também é bom para você.
Cada um de nós pode conduzir o
próprio experimento. Se você é um
religioso praticante, tente uma “Troca
de Deus”, participando dos serviços de
fés diferentes da sua, incluindo uma
reunião de humanistas. Ou, caso seja
ateu, experimente assistir a discur-
sos nos templos ou visitar diferentes
igrejas!
Faça trabalho voluntário nas férias.
E, na próxima vez em que estiver pla-
nejando uma viagem, não se pergunte
“Para onde posso ir depois?”, mas
sim “Sapatos de quem posso calçar
depois?”.
HÁBITO 4:
Pratique a arte da conversa
Pessoas altamente empáticas têm
uma curiosidade insaciável com re-
lação a estranhos. Conversam com a
pessoa sentada a seu lado no ônibus,
tendo guardado aquela curiosidade
natural que todos tínhamos quando
crianças, mas que a sociedade é tão
boa em arrancar de nós. Acham os
outros mais interessantes do que
elas mesmas, mas não querem inter-
rogá-los, respeitando os conselhos do
historiador Studs Terkel: “Não seja
um examinador, seja um pesquisador Pense num filme como Cidade de
interessado.” Deus, que revela o mundo violento de
A curiosidade expande nossa em- dois meninos que crescem nas favelas
patia quando conversamos com pes- do Rio. Ou no romance O sol é para
soas de fora do nosso círculo social todos, com sua clássica frase: “Você
habitual, encontrando vidas e visões só entende uma pessoa quando en-
de mundo muito diferentes das nos- xerga as coisas do ponto de vista dela
sas. Conversas com estranhos podem – quando entra por sua pele e anda por
realmente ajudar a desafiar nossas aí dentro dela.” De fato, houve uma
suposições sobre as pessoas, de modo avalanche de pesquisas recentes em
que superamos nossos julgamentos neurociência e psicologia mostrando
imediatos sobre elas com base na que entrar na vida do outro através de
aparência ou no sotaque. É também livros e filmes é uma das melhores ma-
um excelente remédio para a solidão neiras de aprender a ter empatia (veja
crônica. Não admira que o guru da fe- página 68).
licidade Martin Seligman identifique Nem sempre é fácil encontrar os
a curiosidade como uma qualidade livros e filmes de empatia mais inspi-
essencial que pode aumentar a satis- radores e fortes, e é por isso que, junto
fação com a vida. (Saiba mais sobre com o meu novo livro, acabei de criar
curiosidade na página 41.) a primeira Biblioteca de Empatia on-
Cultivar a curiosidade requer mais -line do mundo (www.empathylibrary.
do que uma rápida conversa sobre o com), em inglês. Você vai encontrar
tempo. Envolve falar sobre as coisas os melhores romances, não ficção, li-
que realmente importam na vida, vros infantis, longas-metragens e cur-
como amor, morte ou política. Pro- tas-metragens, todos sobre empatia.
ponha a si mesmo o desafio de con-
versar com um estranho por semana.
Só é preciso coragem.
HÁBITO 6:
Inspire uma revolução
HÁBITO 5: Empatia não é apenas algo que acon-
tece entre indivíduos. Também pode
Viaje na sua poltrona florescer em grande escala e começar
Se tudo isso lhe parece um pouco ex- a mudar os contornos da própria so-
tenuante, você sempre pode adicio- ciedade. Muitos participantes de mo-
nar à mistura um pouco de “empatia vimentos sociopolíticos são motivados
de poltrona”. Consiste em ler livros e pela empatia – empatia por aqueles
assistir a filmes que catapultam nossa cujas vidas foram devastadas pela crise
imaginação para dentro da vida de ou- financeira ou que sofreram violência
tras pessoas muito diferente da nossa. policial. Uma maneira importante de

edição especial 53
 7 CONSELHOS PARA MELHORAR SUA REDE PESSOAL

1 Compartilhe suas emoções

Reunir pessoas para viver emo-
ções comuns é uma das bases do
extrovertidos, simpáticos e sociáveis
quando nos apresentamos às outras
pessoas sorrindo. Além disso, as pes-
comportamento social. Estudos de soas se recordam mais tempo de
psicologia mostram que o ser hu- nosso rosto e de nosso nome.
mano, ao viver uma emoção intensa,
como o nascimento de um filho ou a
morte de um ente querido, tem o re-
flexo de compartilhar o que sente com
amigos ou pessoas próximas. A fun-
ção desse reflexo é a de estreitar os la-
ços com os outros: um cimento social
do qual não devemos nos privar.

2 Seja educado
Os comportamentos corteses
dão uma impressão positiva e valori-
zam nossa imagem numa rede de
pessoas. Estudos mostram que não
somente os passantes guardam uma
boa lembrança de uma pessoa que
se dirige a eles com polidez, mas
prestam mais atenção a seu discurso
e respondem a ele mais favoravel-
mente. Ter boa educação e saber se
4 Ofereça bebidas quentes
Servir um café no momento certo
pode facilitar as trocas. Experiências
comportar polidamente são aspec- realizadas na Universidade de Bris-
tos obrigatórios para dar uma boa bane, na Austrália, mostraram que as
impressão. pessoas ouvem mais seu interlocutor
após tomarem um café e percebem

3 Sorria
Exibir um sorriso franco é uma
boa maneira de ser lembrado. Expe-
riências conduzidas na Universidade
de São Paulo mostraram que somos
percebidos como mais inteligentes,
seu discurso mais favoravelmente.
Uma outra experiência, realizada na
Universidade de Londres, concluiu
que somos percebidos como pes-
soas mais calorosas se dermos uma
bebida quente a nosso interlocutor,

54 edição especial

pois o cérebro interpreta o calor
sentido no contato com a xícara
como calor afetivo!
5 Olhe as pessoas nos olhos
Um olhar direto ajuda a conven-
cer seu interlocutor e dá uma impres-
são de confiança. A conclusão de uma
experiência de psicologia é que a taxa
de aceitação de um pedido, como a
assinatura de um abaixo-assinado ou
uma doação em dinheiro, é multipli-
cada por dez quando ela recebe o re-
forço de um olhar direto.
6 Inspire confiança
O estabelecimento de uma rela-
ção de confiança é essencial e pode
se basear em alguns detalhes sim-
ples. Por exemplo, o fato de balançar
a cabeça incentiva seu interlocutor a
falar mais e se traduz por um grande
grau de satisfação após uma troca.
7 Tenha um cachorrinho
Um cachorrinho na coleira aju-
dará a fazer amigos: é o que revela
uma experiência da universidade
britânica de Warwick. Os participan-
tes passearam em um bairro da ci-
dade, alguns deles acompanhados
por um cão, outros sozinhos. Os
cientistas constataram que as pes-
soas vinham mais facilmente ao en-
contro dos primeiros para falar ou
fazer graça. Os animais domésticos
desempenham, assim, um papel de
catalisadores sociais.
aumentar seus níveis de empatia é se
unir a outras pessoas para tomar ati-
tudes em questões a ela relacionadas
que são importantes para você – seja
a pobreza infantil ou o destino das ge-
rações futuras cujas vidas serão afeta-
das pelo nosso vício em estilos de vida
com alto teor de carbono. Até mesmo
participar do seu coral local ou jogar
futsal são maneiras de se envolver em
atividades comunitárias que derrubam
as barreiras entre as pessoas e promo-
vem um mundo mais empático.
É mais provável que a empatia flo-
resça em escala coletiva se suas se-
mentes forem plantadas em nossos
filhos. É por isso que as PAEs apoiam
esforços como o pioneiro Roots of
Empathy (Raízes da Empatia), do Ca-
nadá, que beneficiou mais de meio
milhão de crianças em idade escolar.
Seu currículo ímpar se concentra em
uma única criança, cujo desenvolvi-
mento as demais observam ao longo
do tempo para aprender inteligên-
cia emocional – e seus resultados
incluem declínios significativos no
bullying no playground e níveis mais
altos de desempenho acadêmico.
Agora que você tem algumas ideias
para aumentar sua empatia, vou lhe
deixar uma pergunta. Com quem em
sua vida você precisa desenvolver
mais empatia – e como você pode se
empenhar para isso?
Roman Krznaric é escritor e pensador
cultural australiano. É membro fundador
da The School of Life, em Londres.
edição especial 55
 A felicidade é o que acontece de bom – seja algo
relacionado a eventos concretos ou à percepção de
instantes felizes, plenos de sentidos e de significado

Uma
alquimia sutil
A
felicidade é uma aptidão da
qual os seres inteligentes são
dotados. Essa predisposição
ou capacidade para ser feliz é facil-
mente reconhecida nas pessoas que
mantêm o sorriso em qualquer cir-
cunstância, enquanto as outras fazem
cara triste ou acumulam frustrações e
queixas por motivos às vezes sem im-
portância. Essa natureza feliz parece
repousar em alguns traços de perso-
nalidade potencialmente ligados à
genética.
Estudos revelaram que gêmeos cos-
tumam sentir graus similares de feli-
cidade, mesmo quando são educados
separadamente. Como eles possuem
o mesmo patrimônio genético, pare-
cem gozar da mesma aptidão para a
felicidade. Em que medida as diferen-
ças de bem-estar subjetivo são impu-
táveis aos genes? O que os psicólogos
constataram é que as pessoas mais
felizes apresentam um perfil psico-
lógico particular: são mais extro-
vertidas, emocionalmente estáveis,
socialmente amáveis e consciencio-
sas. Esses traços de personalidade,
com exceção do último, são em parte
associados a fatores biológicos, em
particular ao funcionamento de dois
neurotransmissores, a dopamina e a
serotonina.
A existência de uma predisposição
para a felicidade parece plausível
quando observamos os dois extre-
mos, representados pelas pessoas de-
primidas e inconsoláveis, e pelos

56 edição especial
edição especial 57
superdotados de felicidade. Entre
os dois, cada indivíduo pode refletir
sobre o sentido de sua existência e O PENSAMENTO
decidir, senão ser feliz, pelo menos POSITIVO
não dar uma importância exagerada
àquilo que não tenha significado. É aí No fim do século 19, o psicólogo
que entra a inteligência emocional. americano Martin Seligman ela-
borou um sistema estruturado e
racional em torno do que ele
As condições chamou “pensamento positivo”.
para uma vida De acordo com ele, a maior parte
feliz da pesquisa em psicologia havia
se concentrado nas doenças
A primeira lição dos estudos de psico- mentais e nas disfunções das
logia consagrados à felicidade revela emoções e dos modos de pensa-
que ela só é atingida quando a per- mento. Era hora então de devol-
cebemos como aquilo que sentimos ver à psicologia seu papel nobre,
ao alcançar objetivos predefinidos. que consiste em dar às pessoas a
Baseando-se em estatísticas, um psi- capacidade de ser mais felizes,
cólogo da Universidade da Carolina criativas e talentosas. Foi esse o
do Sul concluiu que nem o sonho de ponto de partida da psicologia
um amor intenso nem o do sucesso cognitiva, que repousa em
profissional abrem a porta para o grande parte num método volun-
sentimento ou o estado de felici- tarista, supondo que o indivíduo
se assuma em suas ações. A pri-
dade. Além disso, parece que a busca
meira mensagem da psicologia
desses objetivos suscita uma grande
cognitiva é: cada um de nós é
expectativa, sempre frustrada pela responsável por sua vida.
realidade, ou resulta na fixação de
objetivos superiores aos precedentes.
Se sua realização provoca um bem-
-estar intenso, semelhante ao prazer,
este último se esgota rapidamente,
no ponto no qual o bem-estar subje-
tivo retorna a seu nível anterior. Foi
o que mostrou um estudo referente
aos ganhadores da loteria: após um
momento de exaltação, a maioria de-
les retorna a um nível de felicidade
interno idêntico àquele que sentiam
antes de ganhar.

58 edição especial
A felicidade é contagiante
A felicidade obedece a certa lógica
de contaminação, como ilustrou um
amplo estudo conduzido pela Univer-
sidade da Califórnia, com 4.739 pes-
soas. Com a ajuda de questionários,
psicólogos constataram, ao longo dos
anos, que as pessoas cercadas por in-
divíduos felizes se tornavam, por sua
vez, mais felizes, e que o inverso ocor-
ria no caso de estarem cercadas por
indivíduos tristes. Esses números dão
razão ao filósofo francês Alain (1868-
1951), famoso por estas palavras sobre
a felicidade: “O que podemos fazer de
melhor por aqueles que nos amam é
sermos felizes.”
Saber viver no presente
Como encontrar então a felicidade?
A palavra de ordem parece ser con-
centração. De acordo com psicó-
logos americanos, as pessoas mais
felizes são aquelas que se dedicam
totalmente a alguma ocupação, quer
se trate de bricolagem, bordado, lei-
tura ou pescaria. A focalização da
mente num objeto de reflexão ou
de ação acarreta uma espécie de es-
quecimento de si e, principalmente,
uma exclusão da dimensão temporal
da existência. Não mais pensamos
no futuro e no passado, mas unica-
mente no que se passa aqui e agora.
A felicidade, no entanto, permanece
sendo um conceito difícil de definir.
O risco que isso comporta é torná-la
uma condição de vida, um impera-
tivo ou um objetivo a ser atingido.
Mas todas as pesquisas em psicologia
mostram que a felicidade não é en-
contrada quando é alvo de uma busca
sistemática.
O riso e o senso de humor
Existe algo mais libertador, mais con-
tagiante e mais tranquilizador que rir?
O ato de rir é um fator de conciliação
que desarma as tensões, nos torna feli-
zes, contagia e nos faz sentir confiança.
Mas por que o riso nos alegra e exalta
tanto? E o que se passa em nosso cé-
rebro quando rimos?
Uma questão de natureza
Em 1998, durante uma intervenção ci-
rúrgica, um neurobiólogo californiano
se surpreendeu ao ver sua paciente
começar a rir sem razão no momento
em que lhe implantavam eletrodos
numa região cerebral chamada área
motora suplementar. É ela que re-
gula os movimentos do riso, que são
a contração dos músculos da boca,
da laringe e da caixa torácica. Mas a
origem profunda do riso encontra-se
localizada no tronco cerebral, no in-
terior de uma estrutura que tem um
papel de centro de coordenação, ao
ativar os impulsos nervosos que vão
conduzir à expulsão rítmica do ar e à
ação das cordas vocais.
Um terceiro componente leva em
conta a dimensão cognitiva do riso,
edição especial 59
Frédérique Teisseire, presidente do
Clube do Riso de Grenoble (França) – uma
escola de ioga do riso –, e os membros da
associação executam o “riso do tigre”.
quer se trate de uma situação absurda
ou de uma brincadeira. É o lobo cen-
tral do hemisfério direito que julga o
caráter risível de um ato ou de uma
história e que dá ao centro de coorde-
nação o sinal para um eventual desen-
cadeamento da hilaridade.
60 edição especial
A comédia humana
O lobo frontal direito é a sede do hu-
mor e possui um modo de funcio-
namento particular. Ele antecipa o
desenrolar provável de uma ação – um
homem caminha numa calçada, por
exemplo, e, a princípio, vai continuar
sua trajetória. Mas ele escorrega numa
casca de banana e essa mudança de
roteiro provoca uma inversão súbita
da atividade elétrica que desperta o
centro desencadeador do riso. O me-
canismo do senso de humor reside
assim num ato inesperado, ou na
inversão do sentido de uma palavra,
como no caso dos trocadilhos.
É preciso rir!
Um estudo realizado em 2007, nos Es-
tados Unidos, mostrou que, quando
rimos, o cérebro libera o principal
neurotransmissor do prazer, a dopa-
mina, implicada em todas as percep-
ções hedonistas. Essa ação parece,
além disso, ter efeitos concretos na
saúde. Um psicólogo da Universidade
de Kentucky estudou 179 textos sobre
a vida de religiosas que moravam num
convento e constatou que as mais ale-
gres viviam em média dez anos a mais
que as outras. Essa constatação pode
ser explicada pela inibição que a ale-
gria opera na liberação do cortisol,
um hormônio do estresse que com o
tempo pode provocar hipertensão e
problemas cardíacos.
O riso também ajudaria a pensar.
Uma experiência realizada por uma
equipe de psicólogos da Universida-
de de Washington revelou que, após
ter visto filmes cômicos, as pessoas
submetidas a testes tinham uma
visão mais global dos problemas, da-
vam provas de maior criatividade e
obtinham melhores resultados em
exercícios de memória. Assim, foi
constatado que seu córtex pré-
-frontal, uma região do cérebro envolvi-
da na atenção e na memória de trabalho,
apresentava uma forte atividade.

Conclusão precipitada
Tínhamos acabado de nos mudar para um bairro
adorável e sossegado, mas meu marido e eu ficamos um
pouco preocupados ao descobrir que os vizinhos pareciam
todos idosos. Não sabíamos como reagiriam ao nosso bebê,
e também ao enorme e barulhento cão pastor que tínhamos.
Meus temores aumentaram quando, uma tarde,
fui atender à porta e dei com uma senhora
de aspecto frágil, apoiada em uma bengala.
Certa de que ela vinha se queixar
sobre o choro do meu filho, comecei
logo a gaguejar uma desculpa. Então ela levantou
a mão para me deter e disse:
– Olhe, só vim saber se seu cachorro pode sair para brincar.
NaNcy Swerdlow, eUa

edição especial 61
 CLÁSSICO SELEÇÕES

QUAL É SEU Q.I.

EMOCIONAL?
Por Daniel Goleman
Publicado originalmente na edição de agosto de 1996

E
ra uma tarde abafada na ci-
dade de Nova York, daquelas
que fazem as pessoas ficarem
mal-humoradas. Voltando para
o hotel, entrei num ônibus e
fui cumprimentado pelo motorista,
um homem de meia-idade com um
sorriso caloroso. “Olá! Como vai?”, me
disse ele. Repetia isso com todos os
passageiros.
Enquanto o ônibus seguia vagaro-
samente em meio ao trânsito pesado
para a zona residencial da cidade, o
motorista ia fazendo aqui e ali algum
comentário animado: que havia pro-
moções ótimas em determinada loja,
uma magnífica exposição naquele
museu, se tínhamos ouvido falar
do filme que acabara de estrear no
fim daquele quarteirão... Quando as
pessoas desciam, já tinham se livrado
de sua carapaça de más vibrações.
E ao se despedir de cada passageiro,
ele dizia “Adeus, passe bem o dia!”,
e retribuíamos com uma resposta
risonha.
Essa recordação me acompanha há
quase 20 anos. Considero aquele mo-
torista um homem verdadeiramente
bem-sucedido no que fazia na vida.
Comparem-no agora com Jason, um
estudante da Flórida que tirava sem-
pre as melhores notas e cuja fixação
era entrar para a Faculdade de Medi-
cina de Harvard. Quando um profes-
sor de Física lhe deu a nota 80 num
exame oral, ele achou que seu sonho
estava correndo risco. Levou então um
facão para a escola e atacou o profes-
sor, apunhalando-o na clavícula.

62 edição especial
edição especial 63
 Como é que alguém manifesta-
mente inteligente pode fazer algo tão
irracional? A resposta é que o Q.I. não
prevê necessariamente quem vai ter
sucesso na vida. Os psicólogos con-
cordam que esse quociente contribui
apenas com cerca de 20% dos fatores
que determinam o sucesso. Os res-
tantes 80% provêm de outras coisas,
entre as quais aquilo a que chamo a
inteligência emocional.
Eis algumas das principais qualida-
des que compõem essa inteligência e
como você pode desenvolvê-las:
AUTOCONHECIMENTO. A capacidade
de reconhecer uma emoção quando
ela ocorre é a chave da inteligência
das emoções. As pessoas que domi-
nam mais suas emoções governam
melhor suas vidas.
Desenvolver o autoconhecimento
requer uma sintonia com aquilo a
que o neurologista português Anto-
nio Damásio, em seu livro O Erro de
Descartes, chama de “qualificado-
res somáticos” – literalmente, emo-
ções viscerais. Tais emoções podem
ocorrer sem que um indivíduo delas
se aperceba conscientemente. Por
exemplo, quando uma pessoa que
não gosta de cobras vê a fotografia
de uma delas, sensores colocados
em sua pele são capazes de detectar
o aparecimento de suor, um sinal de
ansiedade, apesar de elas afirmarem
que não estão sentindo medo. O suor
aparece mesmo quando a fotografia
é mostrada tão rapidamente que a
64 edição especial
pessoa não se dá conta consciente de
ter visto a cobra.
Através de um esforço deliberado,
podemos nos tornar mais conscien-
tes desse tipo de emoção. Tome como
exemplo alguém que se sinta de mau
humor por causa de um encontro de-
sagradável horas depois de este ter
ocorrido. Ele pode já se ter esquecido
da experiência e até ficar surpreso se
alguém o lembrar. Mas reavaliando
sua emoção, ele pode alterá-la.
A autoconsciência das emoções é o
alicerce do seguinte princípio funda-
mental da inteligência das emoções:
a capacidade de se livrar do mau
humor.
ADMINISTRANDO OS HUMORES. A boa
disposição de espírito, tal como a má,
condimenta a vida e constrói o caráter.
A chave é o equilíbrio.
Geralmente temos pouco controle
quando somos arrastados pela emo-
ção, mas podemos intervir de algum
modo na quantidade de tempo que a
emoção irá durar. A psicóloga Dianne
Tice, da Universidade de Case Wes-
tern Reserve, no estado americano de
Ohio, inquiriu mais de 400 homens e
mulheres sobre suas estratégias para
fugir a uma disposição de espírito
negativa. Sua pesquisa, somada a de
outros psicólogos, nos fornece infor-
mações preciosas sobre como vencer
o mau humor.
De todos os estados de espírito de
que as pessoas gostariam de fugir, a
raiva parece ser a mais difícil de lidar.
Quando alguém em outro carro nos
fecha na estrada, nosso pensamento
instintivo pode ser: “Que animal! Po-
dia ter batido em mim! Isso não pode
ficar assim!” Quanto mais se pensa na
coisa, mais enraivecido se fica, o que
gera hipertensão, e a pessoa passa a
dirigir de modo afoito.
O que fazer para aliviar a raiva? Um
mito é que dar livre curso a essa emo-
ção faz você se sentir melhor. Pois os
pesquisadores descobriram que essa
é uma das piores estratégias. Os aces-
SAIR SOZINHO PARA SE ACALMAR É TAMBÉM UM
MODO EFICAZ DE APLACAR A RAIVA.
sos de raiva alimentam o sistema de
estimulação do cérebro, aumentando
a fúria e não aplacando-a.
Uma técnica mais eficaz é a de
reenquadrar-se, vale dizer, reinter-
pretar conscientemente a situação de
forma mais positiva. No caso do mo-
torista que o ultrapassa, você poderia
pensar: “Talvez ele tivesse alguma
urgência.” Dianne Tice descobriu que
esse é dos modos mais eficazes de
abrandar a raiva.
Sair sozinho para se acalmar é
também um modo eficaz de aplacá-
-la, especialmente se não estamos
conseguindo pensar com clareza.
Dianne descobr iu que há uma
grande proporção de homens que
se acalmam dando voltas de carro
– uma descoberta que a fez passar
a dirigir de maneira mais cautelosa.
Uma alternativa mais segura é praticar
algum exercício – por exemplo, dar
um longo passeio a pé. Seja o que for
que você faça, não perca tempo dei-
xando-se arrastar pela avalanche de
pensamentos de fúria. Seu objetivo
deverá ser o de se distrair.
As técnicas de reenquadramento e
distração podem aliviar a depressão
e a ansiedade, tal como a irritação.
Acrescente-lhes técnicas de relaxa-
mento, como respirar profundamente,
e a meditação, e terá um arsenal de
armas contra o mau humor. “Rezar”,
acrescenta Dianne Tice, “funciona
para todos os estados de espírito”.
AUTOMOTIVAÇÃO. Uma motivação
positiva – reunir sentimentos de en-
tusiasmo, garra e confiança – é de
importância vital para conquistar
objetivos. Estudos feitos com atletas
olímpicos, músicos famosos e cam-
peões de xadrez demonstram que sua
peculiaridade comum é a habilidade
de se automotivarem para prosseguir
em rotinas rígidas de treinamento.
Para você se motivar visando a
qualquer empreendimento são ne-
cessárias metas claras e uma atitude
otimista. O psicólogo Martin Selig-
man, da Universidade da Pensilvânia,
edição especial 65
aconselhou a companhia de seguros
MetLife a contratar um grupo espe-
cial de candidatos que obtiveram uma
pontuação alta em otimismo, apesar
de terem falhado no teste normal de
aptidão. Comparado com os vende-
dores que passaram nesse teste, mas
obtiveram pontuação alta de pessi-
mismo, esse grupo fez mais de 21%
de vendas em seu primeiro ano e mais
57% no segundo.
Os pessimistas tendem a interpre-
tar a rejeição da seguinte maneira:
ENTENDER COMO OUTRA PESSOA SE SENTE É
IMPORTANTE EM TODAS AS SITUAÇÕES.
“Sou um fracassado. Não vou jamais
conseguir fazer uma venda.” Os oti-
mistas, por sua vez, dizem para si
mesmos: “É que estou usando a téc-
nica de abordagem errada” ou “Este
cliente estava de mau humor”. Atri-
buindo a culpa do fracasso à situa-
ção, e não a si mesmos, os otimistas
se sentem motivados a dar seu telefo-
nema seguinte.
Sua predisposição para uma pers-
pectiva positiva ou negativa poderá ser
inata, mas, com esforço e praticando,
os pessimistas podem aprender a pen-
sar de forma mais esperançosa. Os
psicólogos já comprovaram que, se
conseguirmos identificar os pensamen-
tos negativos e derrotistas quando eles
ocorrem, podemos reenquadrar a si-
tuação em termos menos catastróficos.
66 edição especial
CONTROLE O IMPULSO. A essência
do autocontrole emocional é a capa-
cidade de adiar o impulso a serviço
de um objetivo. A importância dessa
característica para o sucesso foi de-
monstrada numa experiência reini-
ciada dos anos 1960 pelo psicólogo
Walter Mischel, numa pré-escola si-
tuada nos terrenos da Universidade
de Stanford.
Foi dito às crianças que elas pode-
riam ganhar um presente, por exem-
plo um doce, naquele momento. Mas
se esperassem, enquanto a pessoa
que estava realizando a experiência
dava um recado, poderiam receber
dois. Algumas pegaram seu doce
imediatamente, mas houve outras
que conseguiram esperar o que lhes
deve ter parecido uma eternidade –
20 minutos. Para aguentarem a prova,
taparam os olhos para não verem a
tentação, descansaram a cabeça nos
braços, falaram sozinhas ou canta-
ram; algumas tentaram até dormir.
Estas ganharam dois doces como
recompensa.
A parte interessante da experiência
veio depois. As crianças que, com 4
anos de idade, tinham conseguido es-
perar pelos dois doces continuaram a
ser, quando adolescentes, capazes de
adiar uma gratificação para alcançar
seus objetivos. Eram mais sociáveis,
opinativas e capazes de enfrentar as
frustrações da vida. Em comparação,
os que pegaram logo seu presente,
tinham, quando adolescentes, mais
tendência para a teimosia, a indecisão
e o estresse.
A capacidade de resistir aos im-
pulsos pode ser desenvolvida através
da prática. Quando você se defrontar
com uma tentação imediata, lembre-
-se de seus objetivos de longo prazo
– sejam eles perder peso ou formar-se
em medicina. Descobrirá então que
é mais fácil não se deixar levar pelo
doce único.
SOCIABILIDADE. A capacidade de en-
tender como outra pessoa se sente é
importante no trabalho, na família e
nas relações amorosas e de amizade.
Transmitimos e captamos estados de
espírito entre uns e outros num nível
sutil, quase imperceptível. A forma
como alguém agradece, por exemplo,
pode nos levar a perceber se estamos
sendo marginalizados, tratados com
condescendência ou genuinamente
apreciados. Quanto mais capazes for-
mos de discernir os sentimentos por
trás dos sinais das outras pessoas,
melhor controlaremos os que nós
próprios emitimos.
Sem despertador
Todo emprego é o emprego dos sonhos quando a gente dorme nas reuniões.
@somaddysmith
A importância de uma boa capa-
cidade de relacionamento foi de-
monstrada pelos psicólogos Robert
Kelley, da Universidade Carnegie-
-Mellon, e Janet Caplan, num estudo
nos Laboratórios Bell, em Naperville,
Illinois. O pessoal dos laboratórios é
constituído por engenheiros e cien-
tistas com Q.I. elevado em testes
acadêmicos. Mas enquanto alguns
continuavam a se destacar, outros
mergulhavam na sombra.
Qual o fator determinante dessa di-
ferença? Os que se destacavam tinham
grande número de contatos pessoais.
Quando alguém que “não era estrela”
deparava com um problema técnico,
observou Kelley, “telefonava a vários
gurus técnicos e depois esperava,
perdendo tempo enquanto suas cha-
madas não eram respondidas. As
‘estrelas’ raramente enfrentavam si-
tuações desse tipo porque construí-
ram redes de contatos sólidas antes
de precisarem delas. Assim, quando
telefonavam a alguém, quase sempre
obtinham uma solução mais rápida”.
O que estava em jogo não era seu
Q.I. Uma vez mais era a inteligência
das emoções que destacava da média
os que brilhavam mais.
condensado de “inteligência emocional”, © 1995
daniel goleman, Publicado no brasil Pela editora
objetiva, rio de janeiro.
edição especial 67
 © istock

68 edição especial
 Leia ficção
e seja uma
pessoa melhor
Como a literatura pode aumentar
a sua inteligência emocional
Por Brandon Specktor

edição especial 69
Q
uem lê conhece a sen-
sação doce e amarga de
terminar um bom livro. É
como se um amigo querido
fizesse as malas de repente
e fosse embora, a contracapa se
fechando como a porta do táxi. Adeus,
amigo. A gente se vê na estante.
Se você já se sentiu esquisito por ver
como amigos os personagens de fic-
ção ou por sentir que lugares fictícios
eram seu lar, a ciência diz que isso
não tem nada de anormal. Um novo
conjunto de pesquisas explica por que
os livros têm tanto poder emocional
sobre nós, e a resposta mais atual é
surpreendente: quando entramos
num mundo ficcional, tratamos as
experiências como se fossem reais.
E à lista interminável de benefícios
da leitura, acrescente: ler ficção faz a
gente ter literalmente mais empatia na
vida real.
Mas nem toda ficção é igual, e ler
um único capítulo de Harry Potter
não vai aumentar sua emoção instan-
taneamente. Eis algumas ressalvas dos
cientistas nerds que tentam descobrir
por que a leitura é o máximo.
REGRA N-º 1
A história tem de levar a gente
“para algum lugar”.
Quantas vezes você já ouviu alguém
dizer que um bom livro nos “trans-
porta”? É exatamente esse poder de
imersão – que permite aos leitores
passar horas habitando alegremente
70 edição especial
outras pessoas, outros lugares e outros
pontos de vista – que uma equipe de
pesquisadores dos Países Baixos res-
ponsabiliza pelo resultado de um es-
tudo, de 2013, no qual os alunos que
tiveram de ler um romance policial
de Arthur Conan Doyle apresenta-
ram um aumento marcante da em-
patia uma semana depois, enquanto
outros designados para ler uma sele-
ção de notícias mostraram declínio.
O interessante é que vários leitores
de ficção que disseram não se sentir
“muito transportados” pelo texto tam-
bém mostraram declínio da empatia
depois. A lição: “para mudar com a
leitura, o leitor tem de ser totalmente
transportado para dentro da histó-
ria”, escreveu a equipe. “Quando os
leitores se dissociam do que leem, é
possível que se tornem mais egoístas
e autocentrados para proteger a noção
do eu em relação aos outros.”
Em outras palavras, você tem de
gostar do que lê para colher benefí-
cios sociais. Caso contrário, só vai fi-
car de mau humor.
REGRA N-º 2
Um capítulo só não basta.
Não se constrói inteligência emo-
cional da noite para o dia. Isso ficou
bem visível recentemente quando
pesquisadores tentaram reproduzir
um estudo de leitura e empatia se-
melhante ao citado acima e não con-
seguiram. (O título do relatório era,
grosseiramente: “Ler um único trecho
 VOCÊ TEM DE GOSTAR
DO QUE LÊ PARA
COLHER BENEFÍCIOS
SOCIAIS. CASO
CONTRÁRIO,
SÓ VAI FICAR DE
MAU HUMOR.
de ficção literária realmente melhora
a teoria da mente? Uma tentativa de
reprodução.”)
Na tentativa de reproduzir um co-
nhecido estudo de 2013 sobre em-
patia, os pesquisadores mandaram
alunos lerem um trecho curto de
ficção literária ou de não ficção e fa-
zerem um teste de empatia logo de-
pois. Embora a diferença imediata da
empatia ficasse visível, o novo artigo
não encontrou nenhuma prova con-
clusiva de que a ficção levava à inte-
ligência emocional, a não ser por um
fator fundamental: se participantes
que liam muito entravam no estudo.
No começo do experimento, para
testar nos alunos o amor aos livros,
© istock
cada um deles fez um teste de reco-
nhecimento de escritores – medida
comum de exposição à literatura mais
conhecida em estudos como esse. Eis
o que os pesquisadores descobriram:
“O teste de reconhecimento de escri-
tores, que mede a exposição à ficção
durante a vida, permitiu prever de
forma coerente a pontuação [no teste
de empatia]”, diz o artigo. “O vínculo
mais plausível entre a leitura de ficção
e a teoria da mente é que indivíduos
com teoria da mente forte se sentem
atraídos pela ficção e/ou que uma
vida inteira de leitura fortalece aos
poucos a teoria da mente.”
Pelo menos por enquanto, a ciên-
cia diz que quanto mais lemos, mais
nossa empatia aumenta e mais ama-
mos a leitura. Não sei você, mas esse
me parece o melhor “círculo vicioso”
que existe.
edição especial 71
 TRABALHO E CARREIRA

Autopercepção, autorregulação,
motivação, empatia e habilidade social são
a receita de relacionamentos melhores

AS 5 COISAS DE QUE
VOCÊ PRECISA PARA TER
INTELIGÊNCIA
EMOCIONAL
Por Marissa Laliberte

A inteligência emocional é a capaci- numa só coisa agora faz parte de uma

dade de reconhecer e raciocinar sobre
suas emoções e as dos outros. A expres-
são foi popularizada por Daniel Gole-
man (leia um artigo dele na página 62),
que indica cinco componentes da in-
teligência emocional: autopercepção,
autorregulação, motivação, empatia
e habilidade social. Com o aumento
da globalização e dos locais de traba-
lho colaborativos, o Q.E. (quociente
emocional) é mais importante do que
nunca. “O especialista que tinha um
Q.I. elevado ou era muito brilhante
equipe”, diz Jen Shirkani, autora de Ego
vs. EQ: How Top Leaders Beat 8 Ego
Traps With Emotional Intelligence (Ego
versus Q.E.: como os maiores líderes
superam oito armadilhas do ego com
inteligência emocional). “O trabalho
exige funcionários mais equilibrados
do que no passado.”
1. Autopercepção
A autopercepção tem duas partes:
uma emocional, outra social, diz Shi-
rkani. Autopercepção emocional é

72 edição especial
edição especial 73
reconhecer os próprios pontos fortes e
fracos, as características da personali-
dade, o estilo de comunicação etc. “É
relativamente fácil obter autopercep-
ção emocional porque é possível fazer
testes de personalidade ou autorrefle-
xão”, diz Shirkani. “Depois que apren-
demos, é algo que levamos conosco.” A
autopercepção social, porém, envolve
saber como os outros nos veem; é mais
complicada, porque essa percepção
pode mudar e ser difícil de ler.
Como melhorar minha
autopercepção?
Obter a opinião dos outros é importante
para ter mais autopercepção, principal-
mente no caso da autopercepção social.
“Um dos desafios para isso é que nem
sempre conhecemos nossos pontos ce-
gos”, diz Bill Benjamin, palestrante so-
bre inteligência emocional e sócio do
Instituto de Saúde e Potencial Humano.
Ele recomenda se inscrever numa ava-
liação 360°, sistema em que colegas,
gerentes e até amigos e parentes lhe
dão um feedback anônimo. Mas, se es-
tiver com dúvidas sobre determinada
característica, você também pode soli-
citar uma crítica mais específica, como
diz Shirkani. Por exemplo, pode pedir
a um colega que observe sua capaci-
dade de escutar durante uma reunião
para ver se você parece distraído ou se
interrompe muito os outros. “Se soube-
rem especificamente o que você pro-
cura, eles podem lhe dar um feedback
melhor”, diz ela. “E lhes dar permissão
74 edição especial
antecipada para avisá-lo caso percebam
alguma coisa também vai ajudar.”
2. Autorregulação
A boa autorregulação envolve controlar
seus impulsos para assegurar que você
aja de forma adequada em cada situa-
ção. Quando as emoções são intensas,
talvez você tenha vontade de enviar
uma mensagem maldosa ou chorar no
meio de uma reunião. Mas canalizar
esses sentimentos para um projeto ou
uma caminhada demonstra inteligên-
cia emocional. Só tome o cuidado de
não suprimir as emoções enquanto se
esforça para controlá-las. Fazer cara de
paisagem quando alguém lhe conta por
que está aborrecido, por exemplo, faz
parecer que você não se importa com o
que o outro diz. “Sem querer, você irrita
a pessoa e eleva o nível em vez de bai-
xá-lo”, diz Shirkani.
Como melhorar minha
autorregulação?
Parte da complexidade de controlar
os ímpetos é que, quando disparada,
a parte do cérebro responsável pelas
emoções libera substâncias químicas
que dificultam pensar com clareza, diz
Benjamin. Quando se sentir irritado,
basta respirar fundo para alimentar o
cérebro com oxigênio, minimizar esse
efeito e recuperar a calma. “De re-
pente, você não fica mais tão defensivo
e perde parte do comportamento de
luta ou fuga, e assim é possível intervir
com mais habilidade”, diz ele.
3. Motivação
As pessoas com inteligência emo-
cional se mantêm motivadas mesmo
quando a situação não é favorável.
“São as pessoas que superam reve-
ses e se mantêm tenazes diante de
alvos ou metas perdidos”, diz Benja-
min. “Estão ligadas a seu propósito.”
Tipicamente, as pessoas motivadas
sentem que dão alguma contribuição
ao mundo ou têm um emprego que
aproveita seus pontos fortes.
Como melhorar minha
motivação?
Quando perder o fôlego, procure um
mentor que se preocupe com seu
desenvolvimento e não o julgue en-
quanto você fala do que está por trás
desse desânimo, diz Benjamin. Por
outro lado, saiba que as pessoas muito
ambiciosas não têm, necessariamente,
inteligência emocional, como avisa
Shirkani. Atropelar os outros para
atingir suas próprias metas, por exem-
plo, só vai funcionar contra você e sua
equipe. “A ambição cega parece boa
porque a pessoa realiza coisas e vê pro-
gresso”, diz ela. “O que não se vê é até
que ponto os outros estão ficando des-
gastados.” Se as pessoas à sua volta se
exaurem muito depressa, talvez você
precise baixar o fogo.
4. Empatia
Empatia não é só sentir a dor dos ou-
tros nas dificuldades; é entender seus
pontos de vista, desafios e pontos
fortes. Não é preciso concordar com
esses pontos de vista, mas eles aju-
darão a perceber por que as pessoas
agem daquele jeito. Aquelas con-
versas fofas sobre como os outros se
sentem parecem um desperdício de
tempo, mas na verdade elas aumen-
tam a produtividade, diz Benjamin.
“Quem não se conecta com os outros
quando há emoções e frustrações não
enfrentadas nem resolvidas acaba
gastando tempo demais com essas
coisas”, diz ele.
Como aumentar minha
empatia?
Aumentar a empatia é tão fácil quanto
aproveitar a curiosidade. “Cada um
é construído de um jeito diferente,
e fazendo mais perguntas podemos
entender por que a pessoa se sente
daquela maneira”, observa Shirkani.
“Supomos que os outros são iguais a
nós e, quando dizem ou fazem alguma
coisa, que sua motivação é a mesma
que a nossa.” Admitir as emoções dos
outros também aumenta a empatia
porque lhes dá validade, afirma ela.
5. Habilidade social
A habilidade social ajuda quem tem
inteligência emocional a conquistar
os outros rapidamente. “É a habilidade
do papo furado, de construir um rela-
cionamento com rapidez e de estar à
vontade em ambientes naturalmente
sociais onde talvez você não conheça
ninguém”, explica Shirkani.
edição especial 75
 Muitos psicólogos acreditam que a
inteligência emocional é mais importante
do que o Q.I. – em todos os aspectos da vida

Escolha o
caminho
do sucesso
por Susannah Hickling

GLENN HINDS ESTAVA ANSIOSO enquanto se

preparava para jogar a primeira rodada do campeo-
nato de golfe de seu clube. Mas, em vez de ignorar o
nervosismo e continuar mesmo assim, como sem-
pre fizera, o assessor de treinamento de 50 anos, de
Derry, na Irlanda do Norte, aplicou algumas lições
que tinha aprendido num curso do trabalho.
Ele entrou no carro e parou conscientemente
por um momento para observar como estava se
sentindo. Isso provocou uma série de pequenas
percepções. “Em primeiro lugar, era só um jogo
de golfe”, diz Glenn. “Em segundo lugar, eu que-
ria vencer, mas podia perder. E, em terceiro, era
bem provável que eu fosse criticado pelos cole-
gas. Mas, no geral, tudo daria certo.”

76 edição especial fotos de thomas barwick/getty images

edição especial 77
 Glenn sentiu-se outro homem.
“Meu medo sumiu e fui jogar rela-
xado.” Ele ganhou não apenas aquela
partida, como também os seis jogos
seguintes, tornando-se campeão do
clube em 2016.
Glenn aproveitou seu treinamento
em inteligência emocional, a capa-
cidade de perceber e administrar
emoções em si e nos outros. A inte-
ligência emocional, ou quociente
emocional (Q.E.), é um ramo relati-
vamente novo da psicologia, definido
pelos pesquisadores americanos Peter
Salovey e John Mayer na década de
1990 e popularizado pelo jornalista
e psicólogo Daniel Goleman em seu
livro Inteligência emocional: a teoria
revolucionária que redefine o que é ser
inteligente.
Goleman identifica várias caracte-
rísticas básicas da inteligência emo-
cional: autoconsciência (compreensão
de nossas próprias emoções); autor-
regulação (controle das emoções);
motivação (disciplina pessoal); em-
patia (percepção e compreensão dos
sentimentos dos outros); e habilidade
social (capacidade de lidar com confli-
tos). Veja o quadro na página 83.
Talvez de forma surpreendente,
o Q.E. não tem muito a ver com de-
monstrar sentimentos nem com ca-
racterísticas nacionais. “A inteligência
emocional está relacionada à capa-
cidade de perceber o que acontece
no rosto de um colega e entender o
que você sente em dado momento”,
explica o Dr. Edgar Bresó, psicólogo
78 edição especial
social da Universidade Jaime I, em
Castellón, Espanha.
É comum supor que as mulheres,
que costumam ser ternas e compassi-
vas, sejam emocionalmente mais in-
teligentes do que os homens, mas não
é tão simples assim. “As mulheres são
mais fortes em empatia; já os homens,
em navegar pelas emoções”, diz Maria
Olsson, diretora de network regional
europeia da Six Seconds, uma enti-
dade sem fins lucrativos dedicada à
inteligência emocional.
A EDUCAÇÃO EMOCIONAL é muito va-
lorizada no local de trabalho. Hoje,
considera-se que é o Q.E., e não o
Q.I., que determina o sucesso, com a
capacidade intelectual respondendo
por apenas 10% a 25% da variação
do desempenho profissional. “O co-
nhecimento não é suficiente para ser
competente no mundo de hoje”, ex-
plica o Dr. Bresó. “Celulares e compu-
tadores oferecem mais conhecimento
do que somos capazes de aprender
durante a vida inteira. Somos mais
competentes em determinadas tare-
fas intelectuais se formos mais com-
petentes com nossas emoções, pois,
quando temos uma ideia clara do que
sentimos, é mais fácil tomar decisões.
As emoções são muito mais importan-
tes do que os dados.”
Estudos mostram que trabalhado-
res com Q.E. elevado tendem a ser
mais produtivos, a permanecer mais
tempo no emprego e a ter salários
mais altos do que os colegas emocio-
nalmente menos inteligentes.
Pessoas com boa inteligência
emocional também têm mais
probabilidade de ser promo-
vidas, porque conseguem
identificar as emoções dos
superiores e se adaptam aos
outros o tempo todo.

EMBORA A INTELIGÊNCIA
emocional seja considerada
inata, especialistas acreditam
que possa ser melhorada. “É pos-
sível treinar as pessoas de forma que
tenham mais consciência emocional”,
diz o psicólogo organizacional e pro-
fessor Sir Cary Cooper, da Manches-
ter Business School, no Reino Unido.
“Não é uma questão de ter ou não ter.
É um continuum.”
O banco holandês ING ofereceu
treinamento de Q.E. a seus corretores
do mercado financeiro para aumentar
a confiança e contrabalançar o tipo de
ganância e medo que pode provocar
reações impulsivas na Bolsa de Valo-
res. O resultado: o engajamento dos
funcionários aumentou e a receita das
vendas cresceu mais depressa do que
a média do setor.
A inteligência emocional também
é útil nas profissões ligadas à saúde e
à ajuda pessoal. “Médicos, assisten-
tes sociais, enfermeiros e psicólogos
clínicos precisam ter um nível alto de
Q.E. para fazer o trabalho com eficiên-
cia”, explica Cooper. Pesquisas feitas
na Noruega, por exemplo, indicam
que treinar o pessoal de saúde para
levar as emoções mais a sério ajuda a
prevenir depressão em mulheres que
acabaram de se tornar mães.
MAS O Q.E. TAMBÉM É IMPORTANTE
no cotidiano. “A inteligência emo-
cional nos deixa mais felizes e sa-
tisfeitos, além de nos proteger de
problemas psicológicos como ansie-
dade e depressão”, relata Moïra Miko-
lajczak, professora de psicologia da
emoção e da saúde da Universidade
Católica de Louvain, na Bélgica.
Ela compara esse efeito protetor
com o ato de segurar uma bandeja.
“Quando o braço é forte, ou seja,
quando temos boa inteligência emo-
cional, conseguimos pôr muitos copos
na bandeja antes de o braço ceder.
Quando o nível de inteligência emo-
cional é baixo, o menor desequilíbrio

edição especial 79

é um problema – um copo, tudo bem,
mas, se forem dois, tudo cai!”
Se não reconhecemos os primei-
ros sintomas do estresse, fica muito
mais difícil regular as emoções uma
vez que elas atinjam níveis perigo-
sos. Acabamos reagindo com exagero
quando o parceiro ou o filho diz ou
faz algo sem importância e depois
nos arrependemos. Se um padrão as-
sim se desenvolve, é a receita para o
desastre.
O Q.E. também afeta a saúde. Moïra
Mikolajczak realizou pesquisas sobre
o efeito do Q.E. para uma grande or-
ganização de saúde belga. “Quanto
mais alto o nível de inteligência
emocional, menos medicamentos os
indivíduos tomavam, menos iam ao
médico e menos eram internados”,
explica ela.
80 edição especial
Embora um Q.E. elevado
não possa garantir que você
não adoeça, é muito mais
provável que a falta de in-
teligência emocional pro-
voque problemas de saúde,
principalmente os digestivos
e cardiovasculares resultan-
tes do estresse.
A inteligência emocional
realmente causa um impacto
nos relacionamentos. “O Q.E.
pode ser um atributo muito posi-
tivo na interação com amigos, vizi-
nhos, conhecidos, onde quer que você
esteja”, diz Cooper. “Quando você de-
cide derrubar a árvore que fica na di-
visa do seu terreno com o do vizinho,
se tiver bom Q.E., vai preferir ir até lá
conversar. O vizinho pode gostar da-
quela árvore. É tudo uma questão de
empatia. Você pode precisar daquele
vizinho em algum momento impor-
tante da vida.”
E não vamos nos esquecer do su-
cesso no amor. “Casais em que os dois
parceiros têm inteligência emocional
ficam juntos por mais tempo”, con-
firma Moïra Mikolajczak.
SER EMOCIONALMENTE inteligente
também nos ajuda a criar filhos mais
felizes que se tornarão adultos bem-
-sucedidos.
Nomeda Maraziene, médica e psi-
cóloga de Vilnius, na Lituânia, tra-
balha para aumentar a inteligência
emocional dos jovens em um país
cujas taxas de suicídio são das mais
altas do mundo e que tem, de acordo
com um relatório de 2013 do Unicef,
um número elevado de crianças infe-
lizes. Ela inicia o treinamento de Q.E.
com pais, professores e outros adul-
tos que servem de modelo para essas
crianças. “O trabalho com o Q.E. co-
meça com os adultos, para aumentar a
consciência, o otimismo e a motivação
interior, pois somos responsáveis pelo
conteúdo emocional que propaga-
mos”, conta ela. “Temos a responsabi-
lidade de ser a melhor versão possível
de nós mesmos em termos de atitudes,
crenças e expectativas.”
Caso contrário, teme Maraziene,
talvez haja um preço a pagar. O
comportamento egocêntrico é um
resultado possível. “Se não desen-
volvermos a empatia nas crianças,
isso pode provocar isolamento e uma
abordagem individualista que torna o
trabalho em equipe impossível.”
Ela enfatiza a importância do traba-
lho em equipe e da comunidade. “O
respeito incondicional é o principal
ingrediente. Todos têm direito à pró-
pria opinião, e depois podemos discu-
ti-la e concordar ou discordar.”
Recentemente, Maraziene traba-
lhou num centro de adoção para au-
mentar a autoestima das crianças que
sofreram rejeição e tiveram lesões fí-
sicas e psicológicas. Para desenvolver
sua empatia e senso de responsabi-
lidade, os jovens foram ajudar um
centro de resgate de cães, levando-os
para passear e cuidando deles.
Essas e outras atividades deram
frutos. Por exemplo, duas meninas
muito fechadas se abriram. “Elas co-
meçaram a debater, não só falando,
mas exprimindo sua opinião e expan-
dindo-a.”
E COMO PODEMOS PROMOVER nossa
inteligência emocional? “O mais im-
portante é ser capaz de perceber as
próprias emoções”, diz o Dr. Edgar
Bresó. “Portanto, antes de uma reu-
nião, antes de vender um carro, antes
de começar uma tarefa, reserve um
instante para pensar: ‘Onde estou? Es-
tou numa boa posição? Estou negativo
ou positivo demais?’”
Também podemos desenvolver téc-
nicas para regular nossas emoções.
“Quando perceber que vai brigar
com seu parceiro, diga a si mesmo:
‘Tudo bem, vou sair da sala e respi-
rar fundo’”, sugere Moïra Mikolajczak.
“Então saia e não faça nada durante
dois minutos.” Segundo ela, uma boa
estratégia para pessoas que tenham
cargos estressantes é tirar folgas em
intervalos frequentes – por exemplo,
uma semana a cada dois meses.
Desenvolver a inteligência emocio-
nal não acontece da noite para o dia.
“Exige tempo e prática”, diz o golfista
Glenn Hinds. Mas não há dúvida de
que, no mundo atual tão veloz e tec-
nológico, talvez devêssemos nos preo-
cupar menos com o Q.I. e prestar mais
atenção ao Q.E. para ter uma vida
mais feliz e saudável.
Confira sua inteligência emocional
com o teste a seguir.
edição especial 81
 Você tem inteligência emocio

te
Avalie cada afirmação e responda como você real-

en

zes
ram
mente é, e não como acha que deveria ser. Depois,

a
nc

ve
some os pontos.

Nu

Ra

Às
1 Consigo reconhecer minhas emoções
enquanto as vivencio.
2 Perco a calma quando me sinto frustrado.
3 Já me disseram que sou bom ouvinte.
4 Consigo me acalmar quando fico ansioso
ou chateado.
5 Gosto de organizar grupos.
6 Acho difícil me concentrar em alguma
coisa a longo prazo.
7 Acho difícil seguir em frente quando me
sinto frustrado ou infeliz.
8 Conheço meus pontos fortes e fracos.
9 Evito conflitos e negociações.
10 Sinto que não gosto de meu trabalho.
11 Peço a opinião dos outros sobre o que
costumo fazer bem e como posso melhorar.
12 Estabeleço metas de longo prazo e avalio
meu progresso regularmente.
13 Acho difícil ler as emoções dos outros.
14 Tenho dificuldade de construir uma relação
com os outros.
15 Uso a habilidade de escuta ativa quando
falam comigo.

PONTUAÇÃO RESULTADO
15-34 Você precisa exercitar sua
vezes, 2 para Com frequência, 1 para Sempre. inteligência emocional.
conte 5 pontos para Nunca, 4 para Raramente, 3 para Às 35–55 Nada mau, mas você ainda
quência, 5 para Sempre. Nas questões 2, 6, 7, 9, 10, 13, 14, pode estimular sua consciência.
56–75 Ótimo! Você tem alto nível de
Nunca, 2 para Raramente, 3 para Às vezes, 4 para Com fre-
Nas questões 1, 3, 4, 5, 8, 11, 12, 15, conte 1 ponto para
inteligência emocional.

82 edição especial W W W. M I N DTO O L S.C O M / PA G E S / A R T I C L E / E I - Q U I Z . H T M

nal? uê
nc
ia
COMO MELHORAR SUA
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
O psicólogo Daniel Goleman identifica
req
re
5 elementos que formam a inteligência emocional.
mp
mf
Co
Se
AUTOCONSCIÊNCIA
As pessoas com alto nível de
autoconsciência, segundo
Goleman, “têm compreen-
são de seu estado de espírito
na hora em que o vivenciam”.
Concentre-se no presente,
inclusive no modo como está
se sentindo. E mantenha um
diário para analisar seus pon-
tos fortes e fracos em termos
emocionais. Peça feedback
para seu chefe, seus amigos e
colegas de confiança.
AUTORREGULAÇÃO
Autorregulação significa
manter-se no controle. Para
desenvolver essa habili-
dade, aprenda a gerenciar
suas emoções com eficácia.
Caso fique zangado com fre-
quência, anote os gatilhos.
Use técnicas como respira-
ção profunda para se acal-
mar e faça uma pausa antes
de responder a e-mails ou
pedidos, para não se arre-
pender depois.
MOTIVAÇÃO
Quando suas emoções o dis-
traem, talvez você ache difí-
RepRoduzido com peRmissão cil cumprir tarefas. Aumente
de mindTools.com
seu nível de motivação de-
senvolvendo a disciplina e
comemorando pequenas vi-
tórias que tragam um senti-
mento de realização.
Também estabeleça metas
de prazo mais longo. Pode
ser altamente motivador
concentrar-se no que de fato
é importante para você.
EMPATIA
Coloque-se no lugar dos ou-
tros. Imagine como podem
estar se sentindo e escute
quando desabafarem com
você. Tente não interromper.
Observe a linguagem corpo-
ral deles. Quem observa e
escuta os outros logo
aprende a perceber como
eles se sentem.
HABILIDADE SOCIAL
Mesmo que você não seja
exatamente sociável, é possí-
vel melhorar essa habilidade.
Aprenda a lidar com conflitos
e outras situações negativas.
Faça um esforço para aumen-
tar a autoconfiança. Comece
devagar e busque oportuni-
dades de praticar sua habili-
dade com grupos maiores.
edição especial 83
 Dinheiro

84 edição especial
importa
A inteligência emocional
é um fator importante
também no gerenciamento
das suas finanças

edição especial 85
A
s questões financeiras afetam quase todos nós e
são causas comuns de conflitos entre o casal. Para
aliviar o estresse, o planejamento do dinheiro deve
fazer parte constante do relacionamento. Sejam
francos sobre rendimentos, contas e dívidas.

Para tornar mais tranquilo o lado fi-
nanceiro da vida, trate essa questão
com inteligência emocional. Experi-
mente as sugestões a seguir:
✦ É bom ter uma conta conjunta para
pagar as despesas domésticas e os pro-
gramas em família, como jantar fora ou
ir ao cinema. A contribuição deve ser
proporcional ao que cada um ganha.
✦ Se for viável, mantenham contas indi-
viduais, para ter liberdade e privaci-
dade. Combinem que cada um pode
gastar ou poupar o próprio dinheiro
sem revelar detalhes, desde que se
mantenham dentro de seus recursos.
✦ Decidam quem tem mais condições
de assumir a responsabilidade pelo
pagamento de contas e quem fará as
tomadas de preços.
✦ Planejem como pagar férias, refor-
mas, móveis novos, consertos do carro
e outras despesas maiores para que
não haja discussões desnecessárias.
CUIDEM DA SAÚDE
FINANCEIRA
✦ Caso as finanças se descontrolem, o
estresse e a preocupação com o equilí-
brio das contas para manter a casa
funcionando podem provocar senti-
mentos de inadequação e desespero,
medo das consequências do endivida-
mento, pessimismo quanto ao futuro e
conflitos familiares. Portanto, planeje
bem as despesas e os gastos e mante-
nha sempre o controle.
✦ Confira os extratos bancários regu-
larmente. Numa pesquisa, 40% das
pessoas admitiram verificar o extrato
menos de uma vez por mês, apesar de
70% acharem importante se manter a
par da situação financeira.
✦ Pague o total da conta do cartão de
crédito a cada mês. Se só fizer o paga-
mento mínimo, você acabará gas-
tando uma fortuna em juros.
✦ Deixe as contas importantes no dé-
bito automático. Calcule-as com an-
tecedência no orçamento para saber
quanto sobrará no fim do mês. Exem-
plos: aluguel ou prestações da casa
própria; luz, água e gás; seguros, im-
postos e taxas, contas de telefone e
internet.
✦ Tente poupar um pouco a cada mês,
de preferência numa poupança pro-
gramada, mesmo que a quantia seja
pequena. Para despesas grandes e pre-
visíveis, como férias e festas de fim de
ano, calcule a média do custo e divida

86 edição especial
 O ESTRESSE DAS DÍVIDAS
É natural se sentir estressado quando você percebe que está perdendo o con-
trole das finanças. Se as dívidas se acumularem e você não souber como agir,
não finja que está tudo bem.

SIM NÃO NÃO

discuta o problema com faça empréstimos para faça empréstimos com
a instituição financeira pagar dívidas. cartão de crédito; esse
ou a administradora do costuma ser o crédito
cartão de crédito. Mui- NÃO mais caro.
tas podem ajudar. pare de pagar as dívi-
das sem antes conver- NÃO
SIM sar com os credores. use financeiras que
procure um orientador consolidem suas dívi-
financeiro. NÃO das em prestações
gaste com supérfluos mensais; as taxas são
NÃO antes de pagar suas altas e a sua situação
ignore contas. dívidas. pode piorar.

por 12. Tente poupar essa quantia todo
mês numa conta separada.
✦ Se não conseguir pagar uma conta
no vencimento, converse com a em-
presa. Às vezes é possível parcelar e
até reduzir futuras despesas. Veja bem
se as prestações propostas cabem em
seu orçamento; caso contrário,
renegocie.
ORIENTAÇÃO
FINANCEIRA
Se seu orçamento já estiver compro-
metido com dívidas, especialmente
se estas forem com um banco, é im-
portante conversar com o gerente
para renegociar e para que ele possa
orientar você. Também não deixe de:
✦ organizar as informações financei-
ras, elaborar um orçamento pessoal e
sugerir estratégias para melhorar a
sua situação;
✦ verificar se você está obtendo todos
os descontos e benefícios a que tem
direito;
✦ calcular quanto você pode oferecer
aos credores;
✦ falar com os credores em seu nome
e negociar o pagamento das dívidas
em prestações acessíveis.

edição especial 87
 FAMÍLIA

As famílias são compostas por indivíduos com

personalidade e opiniões próprias e desejos e
necessidades variados. Portanto, os conflitos – e o
estresse decorrente – são inevitáveis na vida familiar.

Família e
relacionamentos
H
á muitos tipos de famí-
lia além da unidade tra-
dicional e estereotipada
em que o pai trabalha
fora e a mãe fica em casa
cuidando dos filhos.
As separações conjugais e os divór-
cios aumentaram nas últimas décadas,
e a tendência de as pessoas se casa-
rem mais de uma vez vem crescendo
constantemente. Às vezes, maridos
e mulheres separados formam famí-
lias “binucleares” nas quais os filhos
dividem seu tempo entre as casas. A
vida familiar se complica ainda mais
quando um ou ambos os cônjuges di-
ou uma madrasta e talvez até meios-
-irmãos e meias-irmãs. Também são
bem mais numerosos os filhos de mães
solteiras e as famílias com apenas um
dos genitores, em sua maioria, mulhe-
res. Cada tipo de família tem estresses
e alegrias próprios.
REDUZA O
CONFLITO E
O ESTRESSE
Entre os conflitos estressantes da uni-
dade familiar estão a rivalidade entre
irmãos, os desafios da vida a dois e da
© istock

vorciados voltam a se casar, levando criação dos filhos, as discussões entre

para a vida dos filhos um padrasto os cônjuges e o choque de gerações.

88 edição especial
edição especial 89
 Muitas vezes tais conflitos não se
resolvem e provocam tensões na vida
doméstica e nas reuniões de família.
Mas, com inteligência emocional e
consciência das necessidades de to-
dos, esse estresse familiar pode ser
minimizado.
BOA COMUNICAÇÃO A comunicação
franca é fundamental para o bom re-
lacionamento, mas, quando há proble-
mas, ela é que sofre primeiro. Manter
abertos os canais de comunicação é
difícil quando estamos irritados com
ações ou palavras de um parente, côn-
juge ou amigo. Conversar sobre certos
problemas pode resolver divergências
e curar mágoas. Mas, nos momentos
de conflito, os canais de comunicação
tendem a ficar bloqueados. As emoções
intensas afetam os processos de pensa-
mento, e a irritação dificulta falar com
os outros de maneira calma e racional.
ESCUTAR É necessário fazer um es-
forço para dar aos outros, inclusive
aos filhos, tempo suficiente de escuta
a fim de que expliquem seus senti-
mentos e pontos de vista – e levá-los a
sério. Ou seja, todos precisam se com-
prometer com o bom relacionamento,
em vez de fazer apenas o que querem.
O ideal é que todos se disponham a
EM TEMPOS DE CRISE, OS RELACIONAMENTOS
FORTES SÃO A FONTE MAIS CONFIÁVEL DE
CONSOLO E SEGURANÇA.
90 edição especial
fazer concessões e vejam a situação
pelos olhos do outro.
RESPEITO Quando escutamos e
compreendemos o que o outro diz,
demonstramos respeito por seus
pensamentos e sentimentos, algo que
é comum se perder nos conflitos pes-
soais. Isso é ainda mais importante
na relação entre pessoas de gerações
diferentes.
Todos têm direito a seu ponto de
vista, mesmo que não concordemos
com ele, e mostrar consideração pelas
opiniões alheias indica que você os
valoriza e aprecia. Os pais costumam
exigir respeito dos filhos, mas nem
sempre retribuem essa atitude, respei-
tando-os também. Eles se esquecem
de que o respeito precisa ser mútuo
para que os laços se fortaleçam.
CONSTRUA BOAS
RELAÇÕES
Relacionamentos sólidos nos sus-
tentam em tempos de estresse, mas
romper a amizade com pessoas que-
ridas, além de nos privar desse apoio
quando mais precisamos, pode ser
uma fonte constante de grande tensão
que sabota a capacidade de resistir.
 Muitos não dão tanta importância
aos relacionamentos, principalmente
aos mais íntimos, supondo que irão O PLANO
prosperar sem muito esforço e criati-
vidade. Mas eles precisam de atenção
para se manterem fortes e saudáveis. 1 Deixe o trabalho na empresa.
Não leve as preocupações
para casa nem as desconte na fa-
NÃO FIQUE SOZINHO Quando nos sen- mília.
timos muito estressados, é comum
nos isolarmos, em geral porque não
sabemos como agir. Isso se torna um
2 Divida as tarefas domésticas.
Isso previne conflitos e es-
tresses futuros.
círculo vicioso: quanto mais nos isola-
mos, mais isolados e menos amistosos
ainda nos sentimos. Mas com isso nos
3 Façam as refeições juntos e
conversem. Na refeição da
noite, é ótimo contar as novida-
privamos do que os outros poderiam des do dia.
nos oferecer.

UM AMIGO NECESSITADO Quando es- 4 Passem tempo juntos. Pro-

tiver sob pressão, amigos e familiares
poderão lhe dar uma ideia melhor
quanto ao problema que você en-
frenta e convencê-lo a agir com calma
ou conversar sobre suas preocupa-
ções. Podem lhe dar apoio e conse-
lhos em épocas estressantes, como no
nascimento de filhos ou em momen-
tos de luto e pesar. Quando sentir que
as coisas estão se acumulando, pense
em seus relacionamentos como recur-
sos a serem aproveitados.
E TEM MAIS Além de oferecer felici-
dade e valiosíssimo apoio emocional,
os relacionamentos sólidos fazem
muito bem à saúde: reduzem o nú-
mero de resfriados e baixam a pressão
arterial. Os pesquisadores verificaram
que quem tem fortes vínculos e bons
sistemas de apoio pessoal sucumbe
gramem atividades desporti-
vas e de lazer para toda a família
nas rotinas semanal e mensal.
5 Observe, pergunte e escute.
Você conhece seu cônjuge e
seus filhos. Caso pareçam esqui-
sitos e distantes, pergunte o que
aconteceu. Mostre que está à dis-
posição para escutar e conversar.
6 É comum conflitos não resol-
vidos virem à tona em reu-
niões de família, como no Natal.
O planejamento e a organização
minimizam esse risco.
com menos frequência ao estresse e
às doenças a ele ligadas em compa-
ração a quem se sente isolado e sem
apoio. O que importa não é o número
de pessoas em nossa vida – é a quali-
dade de nossos relacionamentos.

edição especial 91

BOAS RELAÇÕES PROVOCAM
✔ sensação de pertencimento
✔ confiança
✔ apoio
✔ mais resistência ao estresse
✔ segurança emocional
✔ incentivo
✔ autoestima
✔ estímulo
✔ alegria e contentamento
✔ um lugar para poder exprimir
emoções
✔ diversão
✔ recreação e relaxamento.
MÁS RELAÇÕES PROVOCAM
✘ depressão
✘ ansiedade
✘ isolamento social
✘ diminuição da confiança
✘ menos resistência ao estresse
✘ privação emocional
✘ sensação de desestímulo
✘ menos autoestima
✘ introspecção negativa
✘ tensão e infelicidade
✘ solidão
✘ inveja dos outros.
CONFLITO
DE CASAIS
Discutir de vez em quando faz parte
da relação de um casal. As discus-
sões e conversas acaloradas fazem
com que o cônjuge saiba o que é im-
portante para você, sendo possível
92 edição especial
extravasar ressentimentos acumula-
dos. Mas os conflitos não resolvidos
retornam em discussões irritadas, não
trazem benefícios e são fonte de um
estresse crônico.
Manter as emoções sob controle
em momentos de fúria exige muita
determinação. Mas, se é para resolver
o conflito, será necessário escutar o
parceiro e mostrar que você entende
sua posição. Depois, precisa haver
esforço e inteligência emocional para
chegar ao entendimento em vez de
pensar em contra-ataque.
O ESTRESSE DO DIVÓRCIO
O fim de um casamento ou relação
prolongada é um dos maiores traumas
da vida. Em caso de separação, é nor-
mal haver uma mistura de emoções:
solidão, medo, pesar, raiva, ciúme e
culpa. Pode haver falta de autocon-
fiança, sensação de perda do controle
e de fracasso, e ainda alívio. Morar
sozinho também afeta as finanças e o
estilo de vida.
FILHOS
Quando há filhos envolvidos, os pro-
blemas se multiplicam. As crianças
costumam ter os mesmos sentimen-
tos dos adultos. Além disso, é provável
que se sintam inseguras, com medo
de que algum dos cônjuges também
as abandone. Ainda podem se sentir
responsáveis pela separação; é neces-
sário deixar claro que a culpa não é
delas. Geralmente elas reagem mal,
com isolamento ou agressão. É estres-
sante para todos. Embora a comuni-
cação eficaz possa parecer impossível
quando todos estão emocionados, é
fundamental que os pais se esforcem
para ter calma e tranquilidade ao re-
solver as várias questões para que o
processo seja suportável a todos os
envolvidos. Em alguns casos, é bom
recorrer a um terapeuta profissional.
SEU FILHO SOFRE ESTRESSE?
Crianças precisam de ajuda extra
para desenvolver as ferramentas de
que precisarão para lidar com os
problemas comuns, e os adultos são
os melhores professores para tal. As
pressões que as crianças enfrentam
variam muito de intensidade. Po-
dem ser pequenas – a frustração do
bebê com a falta de controle motor,
o ciúme quando nasce um irmão, a
ansiedade da escola e das provas e a
tristeza das amizades rompidas – ou
devastadoras, como abuso sexual,
separações na família e luto. Todas
provocarão reações e possíveis trau-
mas. A criança que ficar agressiva,
isolada ou “difícil” está sofrendo es-
tresse e necessita de atenção ime-
diata. Portanto, é fundamental que
pais e professores fiquem atentos ao
surgimento de qualquer sintoma ou
da mudança de comportamento.
PERCEBA OS SINAIS Qualquer um
destes sinais indica o estresse de seu
filho, ainda mais quando o comporta-
mento se prolonga:
DESESTRESSE
A RIVALIDADE
O ciúme entre irmãos faz parte
da infância, mas a rivalidade,
quando dura até a idade adulta,
provoca estresse para os envolvi-
dos e o restante da família. As se-
guintes táticas podem ajudar.
✦ Evite mais competição. Aceite
que a relação com seus pais é só
sua; valorize-a e a mantenha se-
parada de suas relações com os
irmãos.
✦ Pense naquilo de que você
gosta em seu irmão. Concentre-
-se no lado positivo, e não no
negativo, da infância de vocês.
Isso ajudará a melhorar o relacio-
namento.
✦ Tome uma atitude para que-
brar o gelo: um telefonema, um
oferecimento de ajuda com as
crianças, um convite para uma
festa de aniversário.
✦ Se nada der certo, concentre-
-se em sua família ou em seu rela-
cionamento e busque consolo ali.
✦ atitude regressiva, como urinar na
cama, querer mamadeira, ter crises de
manha
✦ sintomas físicos, como dor de bar-
riga constante sem causa conhecida
✦ não querer dormir ou ter pesadelos
✦ ser agressivo, malcriado, desobedi-
ente ou destrutivo
edição especial 93

ACEITAR UM
NOVO IRMÃO
A chegada de um novo bebê é
um motivo de alegria, mas os fi-
lhos mais velhos podem se sentir
ameaçados. Experimente as se-
guintes dicas:
✦ Antes do parto, matricule o fi-
lho mais velho numa creche, que
é coisa de “criança grande”.
✦ Quando o bebê nascer, dê ao
filho mais velho um presente em
nome do bebê, algo que seja
adequado a meninos e meninas
grandes.
✦ Peça a um parente que dê
atenção especial ao filho mais ve-
lho para substituir a perda tem-
porária de atenção da mãe.
✦ Permita que o filho mais velho
tenha o máximo contato com o
novo bebê.
94 edição especial
✦ recusar-se a comer
✦ mentir ou furtar
✦ ficar chorão, medroso ou querendo
atenção
✦ não querer ir à escola ou matar
aula.
É possível ajudar tentando fa-
zer a cr iança falar s obre s eus
sentimentos. Se, apesar disso, o com-
portamento inaceitável continuar,
consulte o médico ou busque auxílio
profissional.
BULLYING
O bullying é mais do que brigas e
discussões. É a implicância e a per-
seguição de um grupo de pessoas
a alguém. É um comportamento
agressivo constante de um grupo ou
indivíduo contra alguém menos con-
fiante ou poderoso com a intenção de
intimidar, importunar e humilhar. O
bullying pode ser frente a frente (xin-
gamentos e empurrões, por exemplo),
a distância (com boatos) ou nas mí-
dias sociais (cyberbullying).
As crianças que sofrem bullying
perdem a autoconfiança e a sensação
de segurança. Para muitas, é difícil
admitir a situação, por vergonha ou
medo de aumentar as agressões, e o
fardo que carregam pode provocar
mudanças persistentes do comporta-
mento e da personalidade bem depois
© shutterstock
do fim do bullying.
CYBERBULLYING O bullying sem-
pre existiu, mas as mídias sociais
 O BULLYING É CAUSA DE ESTRESSE
PREJUDICIAL, COM EFEITOS POTENCIALMENTE
PROFUNDOS NA SAÚDE FÍSICA E MENTAL.
acrescentaram uma nova modalidade:
o cyberbullying, comum entre ado-
lescentes, que envolve o envio de
mensagens e e-mails ameaçadores e
humilhantes e postagens nas mídias
sociais. Pode ser muito estressante por
ser público: as mensagens postadas
não são vistas apenas pela pessoa agre-
dida, mas também por seus amigos.
SINAIS IMPORTANTES A vítima de
bullying fica mais introvertida, menos
confiante, dorme mal e se isola, passa
ndo mais tempo sozinha. O bullying
© shutterstock
nunca deveria ser tolerado como
parte normal da infância. A criança
agredida sofre estresse, assim como
os riscos associados ao seu bem-estar
QUANDO DÁ ERRADO
✦ Se seus relacionamentos são
angustiantes e você não sabe
lidar com eles, converse com um
terapeuta familiar.
✦ Se você sofre violência ou
abuso emocional em casa,
é importante buscar ajuda.
Pergunte ao médico se há
serviços locais de apoio
duradouro.
✦ Quando houver perigo
imediato, chame a polícia.
edição especial 95

O PLANO
Os pais que lidam com o estresse
de modo pouco saudável passam
os maus hábitos para os filhos.
Converse Quando seus filhos fi-
carem ansiosos ou estressados,
descubra o que os preocupa e,
juntos, busquem uma solução.
A boa comunicação entre pais
e filhos ensina a tomar boas
decisões.
Examine o estilo de vida Se
você reage ao estresse comendo,
fumando ou bebendo demais,
tente melhorar seu modo de lidar
com a situação.
Examine seu comportamento
Seja um bom exemplo de com-
portamento e linguagem ade-
quados nos relacionamentos.
Crie ambientes relaxantes
A bagunça exacerba o estresse,
e limpar e arrumar o ambiente
doméstico é algo que você pode
controlar. Isso também ensina
uma boa técnica de lidar com
o problema.
físico e mental, e tem tendência a se
transformar em um adulto com
problemas de saúde.
O bullying não se limita ao pátio da
escola e é muito comum no local de
trabalho (assédio moral).
96 edição especial
AJUDE A VENCER O BULLYING Eis alguns
passos para ajudar a criança vítima de
perseguição.
✦ Tente iniciar uma conversa sobre
bullying em geral. Enfatize que ele é
totalmente inaceitável e nunca deve
ser tolerado. Experimente diminuir o
poder dos agressores ressaltando que,
em geral, quem faz isso é covarde,
ainda mais quando se esconde atrás
da tecnologia e manda mensagens de
texto ou e-mails. Deixe bem claro que
a culpa não é da criança vítima da
perseguição.
✦ Incentive a criança a procurar al-
guém de confiança para conversar so-
bre o problema. Pode ser um familiar
ou professor.
✦ O bullying não deve ficar impune.
Acione as autoridades competentes
para resolver o problema assim que ele
for detectado. Pode ser a diretoria da
escola ou até mesmo a polícia especia-
lizada; geralmente há uma página de
denúncias nas mídias sociais. A maio-
ria das escolas tem políticas para evitar
qualquer forma de bullying. As empre-
sas têm a mesma responsabilidade de
proteger seus funcionários, em caso
de assédio moral.
✦ Bloqueie imediatamente os e-mails
e as mensagens dos agressores.
✦ Promova a autoestima de seu filho
incentivando a prática de hobbies e
atividades extracurriculares que apro-
veitem seus talentos. Essa pode ser
uma oportunidade de desenvolver re-
lacionamentos saudáveis entre crian-
ças com interesses semelhantes e de
 TERAPIA EM FAMÍLIA
O terapeuta de família é um profissional treinado para cuidar da família
como um todo, com o objetivo de resolver conflitos entre seus membros,
melhorar a comunicação e fortalecer o relacionamento.

Serviço O papel do te- encaminhamento mente é suficiente para

rapeuta não é julgar, Peça recomendações o terapeuta iniciar a
mas assegurar que to- ao seu médico. Ele tem discussão e cada um
dos consigam dizer o mais condições de sa- falar, mas não chega a
que pensam, guiar a fa- ber quem é mais ade- deixar os participantes
mília para abordar te- quado para cada caso. emocionalmente
mas problemáticos e Pergunte também exaustos. É bom esta-
controlar a situação como serão as sessões belecer objetivos na
caso ela fique emocio- e qual o custo delas. primeira sessão e vol-
nalmente tensa. O tera- Primeira conSulta tar a eles nas sessões
peuta tentará ajudar a Pode ser com a família seguintes, para a famí-
família a buscar solu- inteira ou só com as lia ter uma ideia clara
ções, chegar a conclu- pessoas que podem do trabalho.
sões próprias, fazer ou querem participar. acomPanhamento
concessões quando ne- Cada uma terá a opor- Uma sessão pode ser
cessário e dar apoio à tunidade de explicar suficiente para iniciar
decisão encontrada. seu ponto de vista li- a discussão de temas
Qualificação Em ge- vremente ao terapeuta que eram tabus. Pro-
ral, os terapeutas fami- diante do restante da blemas mais crônicos
liares são psicólogos ou família. Em geral, isso talvez demorem mais.
assistentes sociais. Pro- não é possível em casa, As sessões podem ser
cure um terapeuta com onde só a pessoa mais dolorosas, mas é im-
formação universitária assertiva é ouvida. As portante persistir. Vá
numa dessas áreas e sessões costumam du- a pelo menos quatro
pós-graduação rar de 45 a 50 minutos. delas antes de avaliar
apropriada. Esse tempo geral- sua eficácia.

aumentar a confiança no longo prazo. quando e onde ocorreram as agres-

Algumas opções: esportes coletivos, sões. Não apague e-mails e mensa-
dança, grupos de música e teatro, au- gens intimidadoras e capture as telas
las de culinária ou pintura. das postagens para usar como
✦ Retaliar nunca é bom, mas anote evidência.

edição especial 97
 SOBREVIVER
TENTE ESTAS ÀS PROVAS
SUBSTITUIÇÕES
Poucos fatos na adolescência são mais
Levar preocupações estressantes do que as provas finais:
para casa parece que todo o seu futuro depende
por da nota (só que não!). Eis algumas
sugestões para enfrentar com positi-
respirar fundo para
desestressar, antes vidade esse desafio.
de abrir a porta ✦ Faça um cronograma do que
e quando estudar. Divida-o em
Conflito em reuniões períodos viáveis, com pausas na ativi-
de família dade, e siga-o, mantendo o ritmo
por
planejado.
✦ Realizar por algum tempo algo de
bom planejamento que você gosta propicia descanso e
para evitar velhas mantém por mais tempo a disposição
discussões e a atenção, e você aprenderá mais.
Melhor ainda, faça um intervalo de
Comer diante da TV, meia hora e pratique exercícios físi-
sozinhos ou em cos. Uma caminhada, por exemplos.
horários diferentes
✦ Não fique tempo demais parado es-
por tudando ou olhando a tela do com-
comer juntos com putador. Faça algum movimento a
hora marcada e conversar cada duas horas; caminhe durante
alguns minutos, alongue-se, boceje ou
Conviver com a bagunça até mesmo saia para respirar um
por pouco de ar fresco.
✦ Respire calma e profundamente.
dividir as tarefas Inspire com o centro do corpo,
domésticas num
sentindo as costelas se abrirem en-
ambiente sem estresse
quanto os pulmões se enchem de ar.
Depois, solte o ar devagar, num sus-
Discussões financeiras
piro longo e lento. Não dá para se
por sentir ansioso e respirar calmamente
orçamento e ao mesmo tempo. Praticar essa téc-
planejamento nica de respiração é ótimo para
acalmar os nervos.

98 edição especial
 ✦ Não perca o sono estudando até
muito tarde. A privação do sono pode
fazer tudo parecer mais difícl e tam-
bém prejudica o desempenho nas
provas.
✦ Coma bem para alimentar o corpo
e o cérebro. Não pule refeições; a
b a i x a g l i c e m i a p o d e p rov o c a r
ansiedade. Esforce-se para tomar um
bom café da manhã nos dias de prova.
✦ Beba bastante líquido (mas evite a
cafeína em excesso). A desidratação
pode prejudicar a memória.
✦ Seja bom consigo mesmo. Não
fique se atormentando pelo que não
conseguiu fazer.

Bem explicadinho
Certo dia, numa loja de tecidos, minha mãe, para explicar
melhor a cor do tecido que desejava, disse ao atendente:
– Queria um tecido da cor de café com leite.
O rapaz respondeu:
© istock

– Com muito ou pouco leite?

Marta GaMa Pestana, PortuGal

edição especial 99
 laboratório do
AMOR
Por que tenho
de pedir ajuda?
Um estUdo de caso de John M.
Gottman e Julie Schwartz Gottman
F
oi fácil para os Scotts se apaixo-
narem. Debra achou seu marido
“sexy, engraçado e inteligente”.
Dan, que aos 32 anos nunca fora ca-
sado, achou-a “quente” e “passional”.
Nove anos depois, vivem mergulha-
dos em conflitos. As tarefas domés-
ticas são um dos problemas. Debra
se sente sobrecarregada e despresti-
giada. Trabalha meio expediente e,
por isso, acaba ficando com a maior
parte das tarefas, além de cuidar da
filha de 7 anos. Com a atual vida agi-
tada, muitos casamentos enfrentam
tensões relacionadas aos cuidados
com a casa. Debra fica zangada por-
que Dan não se oferece para ajudá-la.
Ela se ressente de ter de pedir. Dan,
com sua longa jornada como moto-
rista de uma empresa de entregas e o
trabalho no sindicato, acha que Debra
espera que ele leia sua mente.
100 edição especial
Pedimos a Dan, 42 anos, e Debra,
48, que nos contassem uma discussão
recente. Debra mencionou uma cô-
moda que precisava ser levada para o
segundo andar da casa. Ela esperou
que Dan se oferecesse para ajudá-la a
carregar o móvel. Por fim, teve de lhe
pedir. Mas Dan estava ao computador.
Debra: Você disse que estava
ocupado, então carreguei a cômoda
sozinha. Depois vi que você estava
atualizando os placares do campeo-
nato de beisebol!
Dan: Esse é o problema: a diferença
entre “Preciso que você faça isso” e
“Preciso que você faça isso agora”.
Debra: Quando você diz “Estou
ocupado, vou ajudá-la mais tarde”, é
como se eu não tivesse importância.
Dan: Mas você é importante. E eu
© istock
quero ajudar. Por isso tento saber se
precisa de ajuda naquele instante.
 Debra: Dá para partir do princípio
de que eu sempre quero dizer agora?
Se estou pedindo... (Existe um mo-
tivo por que Dan não foi ajudá-la de
imediato: não gosta de ser tratado
asperamente.)
Dan: Você compreende que exis-
tem prioridades na minha vida? Nem
tudo que você precisa fazer tem de
ser feito agora. Talvez fosse melhor
se você me desse mais informações.
A agitação do casal é registrada
pelos monitores cardíacos do nosso
laboratório. O ritmo cardíaco de
Debra chega a 130 por minuto e o
de Dan, a 97. Ambos são altos, e isso
pode bloquear a capacidade do casal
de escutar um ao outro.
Mas esse não é o único obstáculo.
O tom crítico e duro de Debra está
pondo Dan na defensiva. Pedimos
aos dois que recomecem. Use uma
abordagem suave, pedimos a Debra.
Evite afirmações acusatórias do tipo
“você nunca” ou “você sempre”.
A Dan sugerimos que mostre
a Debra que ele pode ser levado a
mudar de ideia. “Muitos homens
temem parecer fracos ao se deixar
influenciar pelas mulheres”, diz John
a Dan. “Mas nossa pesquisa mostra
que aceitar a influência dela lhe dá
força. Quanto mais você a ouvir, mais
ela se abrirá para suas ideias.”
Finalmente, dizemos a Debra que
não faça pouco-caso quando Dan
diz que ela é importante para ele.
“Aceite e agradeça.” Descobrimos
que essa dificuldade de Debra está
ligada a críticas na infância, que hoje
a fazem sentir-se pouco merecedora
de elogios ou da ajuda do marido. Se
conseguir acreditar nas afirmações
carinhosas de Dan, talvez ela se sinta
mais amada e menos irritada.
Então tentam outra vez.
Debra: O que preciso fazer para
que você me ajude sem eu ter a
sensação de estarmos brigando? Po-
demos organizar uma lista de tarefas
para cada um? (Foi uma grande mu-
dança. O tom de Debra não é mais
de provocação.)
Dan: Acho a lista uma boa ideia.
Debra: (sorrindo) Obrigada.
Dan: (retribuindo o sorriso) E se a
lista não funcionar, lembre-me dela.
Você tem o direito de me pedir ajuda.
Eu reconheço tudo que você faz e
acho impressionante.
Praticando o que lhes ensinamos,
Dan e Debra sorriem mais. É bom
ouvir a admiração que um sente pelo
outro. Eles provavelmente vão desco-
brir que seu casamento vai prosperar
se continuarem a tratar os desenten-
dimentos conjugais com esse tipo de
inteligência emocional. Sem ela, as
questões não resolvidas se acumulam
e acabam sufocando o afeto.
—relatado por Joan Declaire
John M. Gottman, Ph.D., é professor de
psicologia da Universidade de Washington e
autor de O que faz o amor durar. Ele e a
mulher, Julie Schwartz Gottman, Ph.D.,
fundaram e dirigem o Instituto Gottman
(www.gottman.com), que oferece consultas
a casais e forma terapeutas.
edição especial 101
 8 sinais de que
você está criando
filhos com inteligência
emocional
por Mary Sauer
U
ma das coisas mais im-
portantes que você pode
fazer por seus filhos é
ajudá-los a administrar as
emoções. Mas isso não é
coisa fácil de ensinar. Aqui, especialis-
tas dão suas melhores dicas para criar
filhos com inteligência emocional.
1. Ensine seu filho
a fazer uma pausa
“As crianças são impulsivas por natu-
reza e, sem controle, podem se tornar
adultos impulsivos”, explica Aleasa
Word, coach formada em inteligência
emocional. “A impulsividade reduz
a inteligência emocional, e é bom
ensinar as crianças a parar antes de
agir e pensar em como se sentem.”
102 edição especial
Ela sugere dicas visuais, como uma
pulseira especial ou palavras-gati-
lhos que ajudem as crianças a apren-
der a fazer uma pausa. Explique a
elas a importância de esperar cinco
segundos para reagir a qualquer
coisa, a menos que seja uma emer-
gência. “Meus filhos têm uma rotina
de olhar para cima, para baixo, para
a esquerda e para a direita antes de
responder, o que os força a fazer uma
pausa e pensar”, conta ela.
2. Estimule a conversa
“Tenha horários de conversa obri-
gatória na família”, aconselha Tom
Kersting, psicoterapeuta e autor do
livro Disconnected: How to Recon-
nect Our Digitally Distracted Kids
edição especial 103
(Desconectado: como reconectar
nossos filhos digitalmente distraídos).
“Em média, um pai ou mãe passa três
minutos e meio por semana em con-
versas significativas com os filhos.
Crie para a família a regra de se sen-
tarem juntos à noite, por uns 15 minu-
tos pelo menos, para conversar.”
3. Aceite e incentive as
emoções dos filhos
“Os sentimentos não estão certos
nem errados, eles simplesmente exis-
tem, e todo mundo tem direito a seus
sentimentos, inclusive seu filho”, diz
Harvey Deutschendorf, autor de The
Other Kind of Smart, Simple Ways to
Boost Your Emotional Intelligence for
Greater Personal Effectiveness and
Success (O outro tipo de meios simples
e sagazes de aumentar sua inteligên-
cia emocional para ter mais sucesso
e eficácia pessoal). “Sempre use per-
guntas para incentivá-lo a exprimir
seus sentimentos. Por exemplo, se a
criança estiver cabisbaixa ou aborre-
cida e não falar nada, pergunte: ‘Você
parece triste hoje; aconteceu alguma
coisa?’ Nunca faça julgamentos nem
duvide do que sentem. Para eles, seus
sentimentos são reais e autênticos.”
4. Ajude seu filho a classificar
os sentimentos
Em qualquer idade, a criança pode
ter dificuldade de pôr em palavras
as emoções que sente. “Você pode
ajudar sugerindo, mas nunca lhe di-
zendo, o que talvez esteja sentindo”,
104 edição especial
observa Deutschendorf. “Diga, por
exemplo: ‘Se meu melhor amigo não
quisesse falar comigo, provavelmente
eu me sentiria abandonado ou inde-
sejado... é mais ou menos isso?’ Você
pode explicar os sentimentos que te-
ria se passasse por uma situação pare-
cida, incentivando assim seu filho a se
abrir e lhe confiar o que sente.”
5. Sirva de modelo de
inteligência emocional
para seus filhos
Quando se ensina inteligência emocio-
nal a crianças, um aspecto importante
é servir de modelo sempre que você
vivenciar seus próprios sentimentos
no cotidiano. As crianças observam
os pais com atenção e apreendem ha-
bilidades, tanto saudáveis quanto in-
salubres, com base no que observam.
“Conte aos filhos as emoções que teve
durante o dia”, sugere Deutschendorf.
“Por exemplo, se ficou zangado por-
que alguém o fechou no trânsito, diga
como lidou com isso de maneira po-
sitiva. Também conte como foi bom
quando seu chefe o cumprimentou
por um serviço bem-feito.”
6. Ensine-lhes empatia por
meio da percepção de como
os outros se sentem
Passar algum tempo conversando
frente a frente com os filhos sobre
as emoções dos outros é uma ótima
maneira de lançar os alicerces da
empatia, que tem papel importante
na inteligência emocional (leia mais
sobre empatia na página 48). “Por
exemplo, quando seu filho contar al-
guma coisa que aconteceu na escola
com outra pessoa, peça que imagine
como a pessoa se sentiu”, diz Deuts-
chendorf. Se algo acontecer com al-
guém que você conhece, demonstre
empatia quando falar sobre isso na
frente dos filhos.
7. Estabeleça limites a
comportamentos,
não a emoções
Dê aos filhos limites que sirvam de
guia quando eles viverem e classi-
ficarem suas emoções. Nunca diga
como deveriam ou não se sentir,
mas interfira caso se comportem de
forma inadequada. Por exemplo, se
ficarem com raiva e partirem para a
agressão física, impeça que batam em
alguém. “Separe os comportamentos
do seu filho”, diz Nechama Finkelstein,
assistente social. “Seu filho deve re-
ceber sempre a mensagem de que é
amado do jeito que é, mesmo quando
precisa modificar comportamentos
específicos.”
8. Elogie os filhos quando
mantiverem o controle
Criar filhos com inteligência emocio-
nal é um processo lento e constante,
e é importante que você reconheça e
comemore o progresso. “Demonstre
perceber as situações em que seu filho
poderia ter deixado as emoções cor-
rerem livres mas manteve o controle.
Então o elogie”, sugere Deutschendorf.
“Diga: ‘Gostei que você não tenha se
irritado quando seu irmão menor fi-
cou atrapalhando a brincadeira. Per-
cebi que você ficou calmo e arranjou
outra coisa divertida para ele fazer. Foi
um jeito ótimo de lidar com ele. Como
se sente?’”

Pequeno susto
Meu falecido tio Savério, pedreiro de profissão,
tinha fama de brincalhão na família.
Certa ocasião, no velório de um primo, nos encontramos após
dez anos sem nos ver. Ao perguntar como ele estava passando,
tio Savério respondeu muito sério:
– Agora estou bem, graças a Deus. Mas, ano passado,
caí de uma escada de vinte e quatro degraus.
Penalizada, preocupei-me em saber se ele havia
se machucado muito.
Abrindo um largo sorriso, ele disse:
– Que nada! Eu caí do primeiro degrau!
ana maria pereira, ribeirão pires (sp)

edição especial 105

 O relaxamento – uma das melhores maneiras de lidar
com o estresse físico e emocional – é uma estratégia
eficaz adotada por quem usa a inteligência emocional

Aprenda a
RELAXAR
N
ão importa o que o estressa:
é preciso aliviar essa pres-
são, e uma das coisas mais
eficazes que você pode fazer
é aprender a relaxar. No en-
tanto, relaxar é mais do que pôr os pés
para cima e assistir à TV. Na verdade,
relaxar é um modo de se desligar
conscientemente das preocupações
da vida. É muito terapêutico e bené-
fico para a mente e o corpo.
MODOS DIFERENTES
DE RELAXAR
O relaxamento é tão subjetivo quanto o
estresse. Assim como muitos estresso-
res provocam reações diferentes, há
também várias maneiras de relaxar
que, dependendo da constituição e da
personalidade de cada um de nós, são
mais ou menos eficazes. Algumas es-
tratégias fazem mais efeito.
No entanto, tudo que o ajude a se
acalmar pode servir como método de
relaxamento.
Se você só precisa afastar a mente
dos problemas, experimente ativi-
dades tranquilas como ouvir música,
dar um passeio, dedicar-se a um
hobby ou, simplesmente, sentar-se em
silêncio e esvaziar a mente.
Para um relaxamento mais pro-
fundo, quando se sentir muito
estressado, tente um método mais di-
reto, com efeito calmante quase ime-
diato sobre a mente e o corpo. Podem
ser exercícios simples de respiração,
aromaterapia, rotinas de relaxamento
muscular, massagens, meditação e
abordagens mais avançadas como

106 edição especial ©Istock

edição especial 107

tai chi chuan e ioga, que exigem certo
treinamento e prática.
RESPIRE FUNDO
Ser capaz de desligar a resposta ao
estresse é importante para manter a
calma e a saúde, e o segredo é apren-
der a relaxar completamente. A respi-
ração profunda é uma estratégia que
pode ajudar. Quando se sentir estres-
sado no trabalho, em casa ou no carro,
experimente este exercício:
✦ Conte mentalmente num ritmo
constante: 1-2-3 ao inspirar, 1-2-3 ao
expirar.
✦ Depois, prolongue um pouco a res-
piração (conte até 4) ou experimente
parar um segundo após cada expira-
ção a fim de aprofundar o efeito
relaxante.
108 edição especial
PELO MENOS
UMA VEZ POR
DIA, DESLIGUE
A PRESSÃO
E RELAXE.
EFEITO FÍSICO DO
RELAXAMENTO
Quando você relaxa, o ritmo cardíaco
e a pressão arterial diminuem, a ten-
são muscular melhora e o fluxo san-
guíneo na pele e nos órgãos aumenta.
Esses efeitos aliviam as tensões físicas
que se acumularam durante o dia,
ajudam o corpo a se reparar e aumen-
tam a resistência ao estresse.
A mente se beneficia porque a ati-
vidade elétrica do cérebro desace-
lera, dando uma sensação de calma
e autocontrole. Muita gente acha que
a memória e a concentração melho-
ram quando a mente se sente menos
exigida. Quando conseguimos nos
distanciar dos problemas, é possível
©Istock
abordar as situações de um ponto de
vista novo e mais racional.
 O CORPO AO RELAXAR
AS ONDAS CEREBRAIS
mudam quando o cérebro se acalma,
trazendo uma sensação positiva
de bem-estar.

A PRODUÇÃO DE SALIVA
aumenta e estimula o sistema
digestivo, imobilizado pela reação
de “luta, fuga ou paralisia”.

O RITMO CARDÍACO
diminui e faz a pressão arterial cair.

ESTÔMAGO
O suprimento de sangue desviado
para órgãos não vitais volta ao
normal.

A TENSÃO MUSCULAR
se esvai e a temperatura da pele
sobe quando o fluxo sanguíneo
volta ao normal.

Quando o corpo relaxa,

ocorrem várias mudanças
físicas que aliviam o estresse
acumulado, ajudam o corpo a
se reparar e aumentam as
resistências física e mental à
pressão cotidiana.

edição especial 109

 SOLTE-SE, ACALME-SE
Eis alguns movimentos que relaxam e desfazem a tensão e podem ser pratica-
dos diariamente ou quando houver necessidade de restaurar a calma. Faça-os
enquanto espera a água ferver ou o elevador chegar, à mesa de trabalho ou
entre as tarefas domésticas. A maioria deles pode ser realizada no metrô ou
no engarrafamento. Os exercícios de pernas e tornozelos são muito úteis em
viagens de avião para manter o sangue circulando livremente e reduzir o risco
de trombose, além de aliviar a tensão muscular. Não tensione nem force o
corpo além do confortável. Você não deve sentir dor.

SOLTAR OS BRAÇOS
Alongue os braços para os lados, em ângulo reto com o corpo.
Depois, dobre os punhos, puxando as mãos para trás. Isso libera a
tensão de ficar com braços e mãos estáticos durante muito tempo,
usando o teclado ou segurando o volante por horas a fio. Além dos
músculos, isso alonga todas as fibras nervosas.

ROTAÇÃO DOS OMBROS

Faça círculos com os ombros para
mantê-los flexíveis e relaxados.
Gire 6 vezes para trás e depois 6
vezes para a frente. Termine com
alguns giros para trás, para deixar
os ombros na posição correta.

GIRAR OS TORNOZELOS
Gire os tornozelos e faça círculos
com os pés, 10 vezes em um
sentido, depois no outro. Isso
melhora a circulação sanguínea
nas pernas depois de ficarem
algum tempo paradas.

110 edição especial

ROTAÇÃO DOS BRAÇOS
Estique os braços para
os lados do corpo e gire-os
8 vezes para trás e, em
seguida, 8 vezes para a frente.
Esse movimento amplo e
vigoroso ajuda você a respirar
mais profundamente, como se a
respiração se soltasse da tensão que
aperta o meio do corpo. O exercício
libera os músculos do alto das costas e
previne a curvatura da coluna provocada
pela má postura.

ALONGAMENTO DAS PERNAS

Sentado e segurando os lados da cadeira
para se apoiar, estenda as pernas retas
à frente até ficarm paralelas ao chão.
Afaste os calcanhares do corpo e sinta o
alongamento liberador da panturrilha.
Então aponte os dedos dos pés para baixo e
alongue os músculos da canela (caso sinta
cãibra, não fique muito tempo nessa
posição). Faça isso depois de sentar-se
imóvel por longos períodos.

BALANÇO DO CORPO
Gire os ombros várias vezes para a direita
e depois para a esquerda, deixando os
braços balançarem soltos em torno do
corpo. Não faça esforço para balançar os
braços; deixe-os moles e soltos, como se
fossem fitas penduradas na articulação.
Esse movimento despreocupado é
excelente para liberar a tensão.

edição especial 111

 COMIDA À PROVA
DE ESTRESSE
Os alimentos podem influenciar o humor e nos deixar
tristes e irritados ou calmos e positivos. Escolher
aqueles que nos influenciam positivamente
também é sinal de inteligência emocional.

U
ma alimentação saudável
e equilibrada nutrirá o cére-
bro e ajudará a mantê-lo em
excelente estado. Ela também forne-
cerá aminoácidos, encontrados em
peixes, carnes, ovos, leguminosas e
outros alimentos proteicos. Os ami-
noácidos compõem as substâncias
mensageiras do cérebro (os neuro-
transmissores), como a serotonina
e a dopamina – os hormônios que
causam o bem-estar. Uma alimenta-
ção saudável também fornece
as vitaminas e os sais minerais
para as reações enzimáticas que
convertem os aminoácidos em
neurotransmissores.
Além disso, a alimentação saudá-
vel contrabalança o impacto negativo
do estresse, pois fortalece o sistema
imunológico e influencia o humor
de modo positivo, estabilizando a

O DESEJO POR GULOSEIMAS RICAS

EM AÇÚCAR, GORDURA SATURADA E
CARBOIDRATOS REFINADOS É UMA
RESPOSTA PRÉ-PROGRAMADA AO
ESTRESSE CRÔNICO.
© shutterstock

112 edição especial

glicemia e ajudando a reduzir a pres-
são arterial.
Os maus hábitos alimentares pri-
vam o cérebro desses nutrientes, com
efeito negativo sobre o humor. A má
alimentação está ligada a depressão,
ansiedade e transtorno de hiperativi-
dade com déficit de atenção (THDA)
em crianças. A glicemia baixa tam-
bém produz transtorno psicológico.
COMIDA E HUMOR
Será que existem alimentos com po-
der de melhorar ou piorar o humor?
Embora o vínculo exato de causa e
efeito entre alimentos e humor ainda
não tenha sido cientificamente confir-
mado, parece que a resposta é “sim”.
Uma pesquisa publicada em 2010
pela revista American Journal of
Psychiatry verificou ser mais prová-
vel, para quem segue a alimentação
ocidental típica, rica em frituras e
industrializados, cereais refinados,
doces e cerveja, ter ansiedade, de-
pressão e outros problemas do hu-
mor. Já quem come alimentos não
industrializados – legumes, verduras,
frutas, carne, peixe, cereais integrais
– tem mais saúde mental.
POUCO RECONFORTANTES Em tempos
de estresse, é tentador recorrer a co-
mida e bebida para se sentir melhor.
Infelizmente, os “alimentos reconfor-
tantes” são muito ricos em açúcar e
gordura saturada, exatamente o que
devemos evitar quando estressados.
SUA RECEITA ALIMENTAR
alimentos que ajudam
F carne magra F frango F leite
F ovos F sementes de abóbora
F banana F amora F nozes
F salmão F atum F verduras
F aveia F cereais integrais
F germe de trigo F chá de camo-
mila F chá-verde
alimentos a evitar
F café F refrigerante F energéti-
cos F doces F alimentos ricos em
gordura saturada F carboidratos
refinados F fast-food F álcool
Batata frita, doces, frituras, sorvete,
biscoitos, bolos: esses alimentos tão
desejados estimulam o centro do
prazer no cérebro e nos sentimos
momentaneamente felizes. Mas esse
“barato” tem vida curta e costuma ser
seguido pela “ressaca” dos sentimen-
tos de depressão. Petiscos gordurosos
podem dar náuseas; açúcar demais
nos deixa irritados e, depois, moles. O
resultado é ficarmos ainda mais instá-
veis e irritados do que antes.
NÃO SEJA DERROTADO PELO ESTRESSE O
estresse crônico está ligado a esse
tipo de alimentação insalubre. O cor-
tisol, hormônio liberado em resposta
ao estresse, aumenta o apetite para
gerar mais energia e lidar com o fator
estressante. Mas a obesidade que
resulta da má alimentação associada
edição especial 113

NÃO DISCUTA
Mantenha a calma à mesa. Discu-
tir durante as refeições é péssimo
para o apetite e a digestão. A agi-
tação provoca a resposta do
corpo ao estresse, que, por sua
vez, paralisa total ou parcialmente
o sistema digestivo, resultando
em perda de apetite e indigestão.
As crianças, especificamente, de-
vem manter a calma durante as
refeições, senão recusarão a co-
mida, porque sabem, por ins-
tinto, que o corpo não está em
condições de receber alimentos.
ao estresse também o aumenta, pio-
rando ainda mais a alimentação.
COMA E REDUZA
O ESTRESSE
Em situações de pressão em que
você se sinta tenso, comer os ali-
mentos certos lhe dará a energia
extra necessária. Acredita-se que os
alimentos a seguir ajudem o corpo a
controlar melhor o estresse.
BUSQUE O VERDE O chá-verde tem
menos cafeína do que os outros chás,
ou seja, é possível tomar as 5 xícaras
por dia que diminuíram o estresse
psicológico num estudo recente da
Universidade Tohoku, no Japão. Os
114 edição especial
pesquisadores não identificaram o
ingrediente calmante específico, mas
estudos em animais indicam que um
composto, a epigalocatequina-3-ga-
lato (EGCG), tem efeitos sedativos e
hipnóticos que reduzem a produção
dos hormônios do estresse.
ONDE ESTá A LISINA? O atum enlatado
é rico em lisina, aminoácido essen-
cial que é um dos componentes dos
neurotransmissores. Num estudo
de 2004, homens com alto nível de
ansiedade começaram a se sentir
melhor quando sua alimentação
foi enriquecida com lisina. Carne,
frango, peixe e feijão são ricos em
lisina. Em outro estudo de 2007 feito
no Japão, a quantidade diária de
lisina que reduziu a ansiedade e os
hormônios do estresse de um grupo
de voluntários saudáveis correspon-
dia a 110 g de frango.
ABRA UMA LATA e sinta a tranquili-
dade. Prepare um sanduíche de atum
ou uma salada de salmão. Ou coma
um punhado de nozes. Há indícios
de que os ácidos graxos ômega-3,
abundantes em peixes gordurosos,
nozes e linhaça, aliviem os sintomas
da ansiedade e reduzam o nível de
adrenalina e cortisol no organismo.
Em uma pesquisa israelense, os estu-
dantes que receberam óleo de peixe
tiveram menos ansiedade, medida
por hábitos alimentares, sono, nível
de cortisol e estado mental.
UM PUNHADO DE AMÊNDOAS Ou
 8 MODOS DE COMER E TER BOM HUMOR

1 BUSQUE O EQUILí-
BRIO Uma alimen-
tação saudável e
com torradas integrais e
uma fruta ou um prato
de granola com frutas.
7 SÃO SETE POR DIA
Sete porções de fru-
tas e legumes fornecem

4
equilibrada assegura a COMA REgULAR- as vitaminas e os sais mi-
obtenção de todos os MENTE Isso é funda- nerais essenciais para as
nutrientes necessários mental para evitar as reações enzimáticas que
para a saúde mental. quedas de glicemia, promovem os processos

2 COMA CEREAIS INTE- que pioram o humor. químicos cerebrais.

5
gRAIS Alimentos
8
PROTEíNA EM TODAS EVITE ALIMENTOS IN-
como arroz, cuscuz e AS REFEIçõES A pro- DUSTRIALIzADOS
macarrão integrais, tri- teína – carne, peixe, len- As gorduras trans (tam-
go-sarraceno e aveia tilha, feijão, tofu – nos bém chamadas de gor-
dão ao cérebro um su- fornece os componen- duras hidrogenadas ou
primento constante de tes dos neurotransmis- parcialmente hidroge-
glicose, seu principal sores, os mensageiros nadas) existentes em
combustível. Os cereais do cérebro que afetam o biscoitos, bolos e refei-
integrais também con- humor. ções prontas interferem
têm vitaminas B, liga-
das ao bom humor.
6 COMA MAIS PEIxE
Os ácidos graxos
na absorção cerebral
das gorduras mais sau-
3 NÃO PULE O CAFé DA
MANHÃ Um desje-
jum nutritivo dará ao
ômega-3 dos peixes gor-
durosos (como salmão,
dáveis. Os industrializa-
dos também são ricos
sardinha e cavala), das em açúcar, fazem
cérebro nutrientes e gli- nozes e da linhaça são a glicemia flutuar e dei-
cose para a manhã in- importantíssimos para a xam o humor numa
teira. Experimente ovos saúde do cérebro. montanha-russa.

qualquer alimento rico em magnésio, em magnésio (como sementes de

como amendoim, feijão ou uvas-pas-
sas. Um estudo com universitários
constatou que a ansiedade das provas
os fazia perder magnésio, mineral que
relaxa os músculos. Em outros estu-
dos, quando o nível de magnésio caiu
os sintomas de estresse pioraram.
Evite isso comendo alimentos ricos
abóbora e girassol, linhaça, castanha-
-do-pará, castanha de caju, pinhão e
noz-pecã) em todas as refeições.
VERDURAS NO JANTAR O espinafre e
as outras hortaliças verde-escuras
são ricos em folato, que promove a
produção de serotonina e dopamina,

edição especial 115

 neurotransmissores que regulam o
ONDE ACHAR humor.
TRIPTOFANO gERME DE TRIgO Além de rico em
magnésio, o germe de trigo con-
Inclua em sua alimentação cotidiana
tém octacosanol, fitonutriente que
dois ou três dos seguintes alimentos:
melhora a capacidade do corpo de
F Banana
suportar o estresse. Ponha algumas
F Queijo colheradas no iogurte.
F Ovo
F Peixe UM PRATO DE AVEIA Este alimento é
F Carne (bovina, suína, de cordeiro, tão conhecido que um site britânico
de frango, de peru) de orientação profissional incentiva
F Leite (um copo de leite antes de
os mais nervosos a comer mingau
se deitar ajuda a dormir bem) de aveia para manter a calma nas
entrevistas de emprego. A aveia con-
F Oleaginosas (todas: avelã,
tém gramina, composto com leve
amendoim, nozes, castanha de caju,
castanha-do-pará) propriedade sedativa. Também é rica
em carboidratos complexos, que au-
F Ervilha
mentam a quantidade de serotonina
F Batata no cérebro. Evite o tipo instantâ-
F Semente de abóbora neo, cheio de açúcar e ingredientes
F Arroz (branco ou integral) artificiais.
F Gergelim
VITAMINA C Consumir alimentos ricos
F Soja
em vitamina C, como laranja e ou-
F Espinafre tras frutas cítricas, reduz a pressão
F Espirulina (alga microscópica arterial e o nível de cortisol, um hor-
de água doce e salgada, à venda mônio do estresse. Esses alimentos
em lojas de produtos naturais) também estimulam o sistema imu-
F Sementes de girassol nológico, que sofre em tempos de
F Tofu estresse.
fotos: © reader’s digest

F Farinha de trigo
TORNE OS SEUS CARBOIDRATOS COM-
F Iogurte PLExOS O baixo nível de serotonina
está ligado aos transtornos do
humor. A serotonina influencia: o
cansaço, o sono, o humor e a fadiga
mental. Quando há deficiência de

116 edição especial

serotonina, refeições ricas em car-
boidratos complexos, existentes em
cereais integrais, frutas e legumes,
ajudam a subir o nível.
CASTANHA DE CAJU Boa fonte de zinco.
A falta de zinco está ligada à an-
siedade e à depressão. Ele também
ajuda a manter saudável o sistema
imunológico. Como o corpo não
armazena zinco, é importante
ingeri-lo todo dia. Ponha castanha
de caju no refogado de frango ou
coma-a no lanche. Outras boas
fontes incluem frutos do mar, aves
e cereais integrais.
TROQUE PELO MEL Em um estudo na
Nova Zelândia, ratos que receberam
mel rico em antioxidantes (como
o mel integral) tiveram menos an-
siedade do que os que ingeriram
sacarose.
ExPERIMENTE O TRIPTOFANO, UM
CALMANTE NATURAL O sentimento
depressivo pode ser decorrente de
deficiências alimentares. Os alimen-
tos com triptofano fazem bem ao
humor. Este aminoácido essencial
não é produzido pelo corpo e precisa
ser incluído nas refeições. O corpo
utiliza o triptofano a fim de produzir
niacina (vitamina B3) e serotonina,
que promovem o bom sono e o hu-
mor estável. Uma alimentação com
baixo teor de triptofano pode dimi-
nuir o nível de serotonina, o que, por
sua vez, pode acarretar depressão,
Quem usa antidepressivos deve
consultar o médico antes de au-
mentar o teor de triptofano na ali-
mentação ou tomar suplementos
de triptofano, porque pode haver
interações prejudiciais com
alguns medicamentos.
sono e concentração ruins e ganho
de peso.
O nível de serotonina sobe quando
consumimos alimentos ricos em
triptofano, que pode ser útil no trata-
mento de ansiedade, depressão e in-
sônia. Combinar alimentos ricos em
triptofano com carboidratos de baixo
índice glicêmico ajuda a convertê-lo
na calmante serotonina.
MAU HUMOR
Como vimos anteriormente, uma
alimentação rica em alimentos in-
dustrializados e frituras, cereais refi-
nados, doces e cerveja contribui para
a depressão, a ansiedade e outros
problemas do humor.
Além disso, há alimentos com
efeito negativo imediato sobre o hu-
mor e o estresse que deveriam ser
consumidos com menor frequência
ou evitados, principalmente em si-
tuações estressantes.
As substâncias que devem ser
edição especial 117

CHALEIRA NO FOGO
Mantenha a calma e tome um cha-
zinho – com amigos. Embora o chá
contenha cafeína, há ocasiões em
que ele acalma em vez de excitar
os nervos. O ritual de fazer e tomar
chá se tornou uma reação quase
automática em tempos de es-
tresse. De acordo com pesquisa-
dores da City University, de
Londres, parece que dá certo. Mas
o efeito calmante não tem nada a
ver com a química. Os pesquisa-
dores acreditam que é o próprio ri-
tual, com seus aspectos sociais,
que faz do chazinho com as ami-
gas um tranquilizante natural.
evitadas e seus respectivos alimentos
incluem:
F Cafeína Café, chá, energéticos e al-
guns refrigerantes contêm significa-
tivo teor de cafeína. Ela estimula o
sistema nervoso central e pode per-
manecer até 6 horas na corrente san-
guínea. Embora um pouco de cafeína
nos dê alegria, estímulo e até uma
118 edição especial
sensação de alerta, seu excesso pode
causar taquicardia e elevar a pressão
arterial, aumentar o nervosismo e a
insônia e também provocar crises de
ansiedade. A maioria das pessoas
consegue consumir sem problemas
até 300 mg de cafeína (contidos em
3 xícaras de café ou 5 xícaras de chá;
cappuccinos e expressos têm mais
cafeína). Se sua ingestão de cafeína
for maior, reduza uma xícara por
dia e veja se a ansiedade diminui.
Ou prefira beber café descafeinado,
suco de frutas ou água.
F Álcool Parece uma boa ideia,
afinal beber alguns drinques pode
relaxar; mas a bebida alcoólica
também aumenta a produção de
hormônios do estresse pelas suprar-
renais e interfere na capacidade de
ter um sono profundo e restaurador.
O álcool também aumenta a
depressão.
F Açúcar e carboidratos refinados
Presentes em bolos, biscoitos, pães e
arroz branco e em muitos alimentos
industrializados, o açúcar e os car-
boidratos refinados fazem o nível de
glicose no sangue disparar e depois
cair de repente. Esses picos e quedas
súbitos de glicemia acarretam humor
instável, irritabilidade, fadiga, ton-
tura, insônia, falta de concentração
e pouca memória. Como o cérebro
depende do suprimento constante
de glicose para funcionar, não
surpreende que o açúcar tenha
© istock
sido relacionado à ansiedade,
à depressão e à fadiga.
 Comer bem estressa menos
As receitas a seguir incluem alimentos
que produzem substâncias calmantes,
como serotonina e dopamina. Os laticínios,
eficazes na produção de dopamina,
também são alimentos bem reconfortantes.

café da manhã
IOGURTE BATIDO COM
BANANA E CANELA
Ponha 4 damascos secos, 4 pêssegos
secos, 4 peras secas e 1/4 de xícara (30 g)
de passas brancas numa vasilha pequena
e cubra com água. Tampe e deixe de mo-
lho na geladeira durante a noite.
Pulverize 4 cm de canela em pau ou
2 colheres (chá) de canela em pó e
2 colheres (sopa) de germe de trigo
no processador ou liquidificador.
Acrescente 2 bananas grandes e
2 colheres (sopa) de mel e bata bem.
Misture 200 g (3/4 de xícara) de
iogurte natural desnatado à banana e
às frutas.
Coloque 3 1/2 colheres (sopa) ou 50 ml de Divida a mistura de iogurte em quatro
água numa vasilha refratária grande e pol- taças ou tigelinhas. Deixe na geladeira
vilhe 1 colher (chá) de gelatina sem sabor durante a noite.
© reader’s digest

em pó. Aqueça a mistura no micro-ondas Remova as frutas secas do molho e distri-

ou em banho-maria até a gelatina se dis-
solver totalmente. Despeje devagar a
mistura de iogurte e banana sobre a
gelatina, misturando bem.
bua-as nas quatro taças de iogurte.
CADA PORçÃO CONTéM 235 kcal, 7 g de proteína,
< 1 g de gordura (< 1 g saturada), 52 g de
carboidrato (45 g de açúcar), 6 g de fibra, 48 mg
de sódio SERVE 4 porções

edição especial 119

OVOS À FIORENTINA
Pegue 4 ovos e quebre cada um numa
tigelinha. Leve ao fogo uma panela
grande com água.
Limpe 1 maço de espinafre, cerca de
300 g. Ponha as folhas numa vasilha
refratária e cubra com água fervente.
Reserve até o espinafre murchar por
completo.
Baixe o fogo da panela e deixe a água
ferver. Com cuidado, deite cada ovo na
água, evitando respingar ou espalhar a
clara. Deixe firmar por uns 3 a 5 minutos.
Faça 4 torradas de pão integral e ponha
cada uma num prato aquecido.
Escorra o espinafre e, quando esfriar o
suficiente, esprema bem com as mãos
para tirar o máximo de líquido possível.
Pique o espinafre e divida em 4 porções.
Coloque cada uma sobre uma torrada,
formando um ninho para o ovo pochê.
Retire os ovos da água com a escuma-
deira e coloque-os em cima do espinafre.
Tempere com pimenta-do-reino moída
na hora e sirva.
CADA PORçÃO CONTéM 158 kcal, 12 g de proteína, 7 g
de gordura (2 g saturada), 9 g de carboidrato (1 g
de açúcar), 6 g fibra, 166 mg sódio SERVE 4 porções

MINGAU DE FRUTAS E NOZES

Ponha numa panelinha 1/2 xícara (50 g)
de aveia em flocos, 1/2 xícara (125 ml) de
leite desnatado e 1/2 xícara (125 ml) de
água. Leve ao fogo brando até ferver.
Mexa sem parar durante 4 a 8 minutos,
até a mistura engrossar.
Pique 1 colher (sopa) de avelãs, toste
rapidamente numa frigideira seca e
reserve. Misture 1 colher (sopa) de
farinha de amêndoas ao mingau e
ponha no prato.
Polvilhe o mingau com as avelãs, 2 co-
lheres (chá) de germe de trigo e 1/2 xícara
(90 g) de uvas cortadas ao meio.
CADA PORçÃO CONTéM 414 kcal, 16 g de proteína,
15 g de gordura (2 g saturada), 53 g de carboidrato
© reader’s digest

(23 g de açúcar), 7 g de fibra SERVE 1 porção

UM CAFÉ DA MANHÃ RICO EM VITAMINAS

AJUDA A COMEÇAR O DIA COM BOM HUMOR
120 edição especial

MEXA & MISTURE
Cada uma destas ideias rápidas
começa com 3/4 de xícara (200 g) de
iogurte grego desnatado e consti-
tui uma porção. Além de perfeitas
no café da manhã, também servem
de sobremesa. Numa vasilha pe-
quena e bem fechada, podem ser
levadas ao trabalho ou à escola
como um nutritivo café da manhã
para viagem.
Banana, canela e chocolate
amargo Misture ao iogurte 1/2 co-
lher (chá) de canela em pó, uma
banana pequena picada, nozes
picadas e chocolate amargo (70%
de cacau) ralado.
Romã, pistache e menta Misture
ao iogurte as sementes de meia
romã, esmagando-as para soltar o
suco. Polvilhe com 1/4 de xícara de
pistache picado e 1 colher (chá) de
folhinhas frescas de menta.
Frutas e nozes Misture ao iogurte
© reader’s digest
2 ou 3 morangos cortados em
quatro, 1 colher (sopa) de amoras
ou framboesas e 1 colher (sopa) de
nozes picadas.
almoço
SALADA DE BETERRABA,
QUEIJO E NOZES
Aqueça o forno a 200°C. Embrulhe separa-
damente 6 beterrabas pequenas (400 g no
total) em papel-alumínio e leve para assar
por 1 hora ou até amaciar.
Toste 1/2 xícara (50 g) de nozes numa pa-
nela seca, mexendo sem parar, até muda-
rem de cor. Ponha num prato e reserve.
Corte em fatias 100 g de cebolas peque-
nas (umas 4). Leve a panela ao fogo com
1 colher (sopa) de azeite e refogue as ce-
bolas em fogo baixo, durante uns 15 mi-
nutos, mexendo de vez em quando até
escurecerem e caramelizarem.
Junte 1/4 de xícara (60 ml) de vinagre bal-
sâmico e uma colher (sopa) de açúcar
mascavo e deixe ferver. Acrescente as no-
zes e mexa até cobri-las com a calda.
Descasque a beterraba fria (a casca sairá
facilmente) e corte ao meio ou em quatro.
Misture a beterraba às cebolas com nozes.
Ponha numa travessa 2 xícaras (cerca
de 80 g) de verduras para salada e cubra
com a mistura de beterraba. Regue com
o líquido que restou na panela. Cubra
com 1/2 xícara (80 g) de queijo feta
esfarelado e tempere com pimenta-
-do-reino moída na hora.
CADA PORçÃO CONTéM 262 kcal, 11 g de proteína,
17 g de gordura (4 g saturada), 16 g de carboidrato
(16 g de açúcar), 4 g de fibra, 360 mg de sódio
SERVE 4 porções como acompanhamento
edição especial 121

FRITADA DE ACELGA,
AMÊNDOA E RICOTA
Toste numa frigideira seca em fogo
médio, mexendo sempre por 2 minutos,
1/4 de xícara (30 g) de amêndoas lamina-
das. Deixe esfriar num prato.
Apare a haste branca de 900 g de acelga.
Lave, seque e rasgue as folhas. Ponha em
um refratário e cubra com água fervente
para murchar. Escorra, deixe esfriar e es-
prema o máximo possível de líquido.
Passe para uma vasilha grande.
Aqueça 2 colheres (chá) de azeite numa
frigideira não aderente de 18 cm. Pique
bem fininho 1 cebola pequena e deixe 5
minutos em fogo médio até amaciar.
Acrescente 2 dentes de alho esmagados.
Refogue por 1 minuto. Ponha na vasilha
da acelga e deixe esfriar um pouco.
Esfarele 1/2 xícara (125 g) de ricota e
ponha na vasilha, junto com 1 colher
122 edição especial
© istock
(sopa) de endro fresco picado, 1 colher
(chá) de raspas de limão e as amêndoas
tostadas. Misture todos os ingredientes
com as mãos.
Lave e seque a frigideira. Pincele com
2 colheres (chá) de azeite e acrescente a
mistura de acelga. Bata rapidamente
5 ovos e despeje por cima. Com o garfo,
distribua e espalhe a mistura de ovos na
frigideira. Leve ao fogo médio por 3 a 4
minutos até firmar a parte de baixo e as
bordas da fritada.
Aqueça o forno em nível médio. Deixe a
fritada 4 minutos na grade mais alta do
forno até firmar (teste com o garfo; a
superfície deve estar cozida, o ovo
embaixo, mole).
Deixe descansar 5 minutos. Em seguida,
passe a fritada para uma tábua e corte em
triângulos.
cada porção contém 273 kcal, 18 g de proteína, 20 g
de gordura (5 g saturada), 4 g de carboidrato (4 g
de açúcar), 5 g de fibra, 637 mg sódio serve 4
porções
 PETISCOS CALMANTES
FRUTAS FATIADAS COM IOGURTE
Corte 2 maçãs vermelhas (ou nectarinas
ou a fruta que preferir) em fatias grossas.
Sirva com uma tigelinha de iogurte grego
desnatado e outra de granola ou flocos de
cereais. Mergulhe as frutas no iogurte e
depois na granola.
SERVE 2 a 4 porções como lanche
BARQUETES DE AIPO E NOZES
Misture 1/2 xícara (80 g) de manteiga de
amendoim ou de amêndoas e 50 g de
ricota. Corte 4 talos de aipo em pedaços
de 10 cm. Ponha a mistura de ricota e
manteiga de amendoim na parte oca
do aipo e cubra com 1 colher (sopa) de
passas e 1 colher (sopa) de sementes
de girassol.
SERVE 2 a 4 porções como lanche
BISCOITOS COM OVO E TOMATE
Cozinhe 4 ovos em meia panela com
água. Deixe a água ferver por 7 minutos
ou até os ovos estarem bem cozidos. Es-
corra, esfrie, descasque e fatie ou pique
os ovos. Passe 2 colheres (sopa) de pesto
em 8 biscoitos integrais grandes. Fatie 2
© reader’s digest
tomates maduros. Cubra os biscoitos com
os ovos e o tomate e tempere com pimen-
ta-do-reino moída na hora e folhinhas de
manjericão fresco rasgadas.
SERVE 2 a 4 porções como lanche
NOZES E GRÃO-DE-BICO ASSADOS
Ponha 1 xícara (220 g) de grão-de-bico
cru numa vasilha grande e cubra com
bastante água fria. Deixe 8 horas de molho.
Escorra o grão-de-bico e leve ao fogo numa
panela grande com água; cozinhe durante
1 hora até amaciar. Escorra e esfrie.
Aqueça o forno a 200°C.
Forre um tabuleiro grande com papel-
-manteiga. Transfira o grão-de-bico
cozido para o tabuleiro e asse por 30 mi-
nutos. Retire do forno e acrescente 1/2 xí-
cara (80 g) de amêndoas cruas, 1/2 xícara
(80 g) de castanha-do-pará crua e 1/2 xí-
cara (80 g) de castanha de caju crua.
Borrife com azeite, polvilhe com 1/2 colher
(chá) de cominho moído, 1/2 colher (chá)
de coentro em grão moído e 1/4 de colher
(chá) de pimenta-caiena. Misture bem.
Leve ao forno por mais 15 minutos e deixe
esfriar no tabuleiro. Guarde até 2 sema-
nas em recipiente hermético.
RENDE 3 1/2 xícaras (14 porções de 1/4 de xícara)
edição especial 123

jantar
SALMÃO GRELHADO COM
VERDURA REFOGADA
Aqueça a grelha em fogo médio. Pincele
quatro filés de 150 g de salmão sem espi-
nha com 2 colheres (chá) de azeite e deixe
3 minutos na grelha. Vire e grelhe mais
2 minutos, sem deixar passar do ponto.
Reserve em um prato.
Aqueça 1 colher (sopa) de azeite numa
panela grande. Acrescente 2 dentes de
alho esmagados. Refogue 30 segundos
em fogo médio até cheirar. Pique bem fino
150 g de repolho, 200 g de couve sem os
talos e 250 g de acelga sem os talos. Po-
nha na panela e refogue durante 3 minu-
tos, até murchar e amaciar.
Divida as verduras em quatro pratos,
cubra com o salmão e polvilhe 2 colheres
(chá) de gergelim tostado. Sirva com
fatias de limão para temperar na hora.
CADA PORçÃO CONTéM 324 kcal, 33 g de proteína,
19 g de gordura (4 g saturada), 7 g de carboidrato
(2 g de açúcar), 4 g de fibra, 222 mg de sódio
SERVE 4 porções
124 edição especial
ASSADO DE BATATA,
QUEIJO E ESPINAFRE
Aqueça o forno a 180°C.
Esquente 2 colheres (sopa) de azeite ou de
óleo de canola numa frigideira pequena em
fogo baixo. Refogue 1 cebola picadinha por
5 minutos, até ficar transparente. Acres-
cente 4 dentes de alho esmagados e deixe
mais 3 minutos. Despeje na frigideira 11/2 xí-
cara de leite desnatado evaporado. Reserve.
Fatie 500 g de batatas com casca e dispo-
nha metade dos pedaços numa assadeira
de 2 litros. Pique 100 g de queijo cheddar
desnatado e use metade para cobrir o prato.
Pique bem fino 1 maço de espinafre, cerca
de 300 g, e espalhe na assadeira. Despeje
por cima a mistura de leite e cebola.
© reader’s digest
Faça mais uma camada de fatias de queijo
e cubra com o restante das batatas. Cubra
a assadeira com papel-alumínio e leve ao
forno por 30 minutos. Destampe e deixe
mais 30 a 40 minutos no forno, até a batata
amaciar e não haver mais líquido no fundo
da assadeira.
CADA PORçÃO CONTéM 340 kcal, 20 g de proteína,
16 g de gordura (5 g saturada), 29 g de carboidrato
(13 g de açúcar), 5 g de fibra, 300 mg de sódio
SERVE 4 porções
Transforme uma sopa simples
em algo especial. Uma colherada
de iogurte grego e espesso mistu-
rada à sopa logo antes de servir dá
sabor e melhora o visual, além de
ajudar a produzir a relaxante dopa-
mina. Polvilhe por cima ervas
frescas picadas. À sopa de tomate
ou de frutos do mar, acrescente
uma colherada da mistura
de salsinha picada, raspa de
limão-siciliano e alho picadinho.
 FRANGO À MILANESA
COM AMÊNDOAS
Aqueça o forno a 200°C. Forre um tabu-
leiro com papel-manteiga.
Corte ao meio, na horizontal, 2 peitos
de frango sem osso nem pele, cerca de
500 g no total. Ponha cada pedaço de
frango entre duas folhas de filme plástico
e use o rolo para deixá-los com 1 cm de
espessura.
Misture 1 1/2 xícara (150 g) de farinha de
amêndoas, 2 colheres (sopa) de semen-
tes de abóbora picadas, 2 colheres (sopa)
de parmesão ralado fino e 2 colheres
(sopa) de orégano fresco. Ponha em vasi-
lhas rasas separadas 1/4 de xícara (30 g) de
fubá e 2 ovos batidos de leve.
© reader’s digest
Cubra de fubá os peitos de frango, sacu-
dindo para tirar o excesso, e mergulhe no
ovo. Passe na mistura de amêndoas até
cobrir bem os dois lados.
Arrume o frango no tabuleiro, borrife de
leve com azeite e leve ao forno por 15 mi-
nutos, até dourar e amaciar.
Remova o talo de 350 g de couve e pique
as folhas grosseiramente. Corte ao meio
250 g de brócolis ao comprido. Ponha a
couve e o brócolis numa peneira de metal
sobre uma panela com água fervente.
A peneira não deve tocar a água. Cubra
e deixe cozinhar por 5 minutos no vapor,
até as verduras começarem a amaciar.
Sirva o frango com couve, brócolis e uma
fatia de limão.
CADA PORçÃO CONTéM 583 kcal, 46 g de proteína, 36 g
de gordura (6 g saturada), 22 g de carboidrato (3 g de
açúcar), 7 g de fibra, 216 mg de sódio SERVE 4 porções
edição especial 125
REFOGADO DE
CARNE E LEGUMES
Corte 300 g de alcatra magra em tiras
bem fininhas no sentido das fibras.
Ponha em uma vasilha com 2 dentes
de alho esmagados, 1 colher (sopa)
de gengibre fresco ralado e 3 colheres
(chá) de óleo de canola. Misture bem
e reserve.
Corte 400 g de brócolis em pequenos
ramos e pique o talo em fatias finas.
Aqueça uma wok ou frigideira grande em
fogo alto. Refogue um terço da carne por
2 minutos, até dourar. Passe para um
prato aquecido. Refogue o restante da
126 edição especial
carne em duas porções, sempre reaque-
cendo a panela.
Pique 1 pimentão vermelho em tirinhas e
1 cebola roxa em meias-luas finas. Aqueça
3 colheres (chá) de óleo de canola na frigi-
deira. Acrescente os legumes e refogue em
fogo médio-alto por 4 a 5 minutos, até come-
çar a amaciar. Devolva a carne à panela,
acrescente 11/2 colher (sopa) de kecap manis
(molho de soja doce indonésio) e 11/2 colher
(sopa) de suco de limão e misture bem.
Polvilhe com 2 colheres (sopa) de amên-
doas laminadas tostadas e sirva imediata-
mente com arroz integral.
CADA PORçÃO CONTéM 238 kcal, 23 g de proteína,
13 g de gordura (2 g saturada), 9 g de carboidrato
(7 g de açúcar), 5 g de fibra, 395 mg de sódio
SERVE 4 porções
© reader’s digest
 sobremesa
SALADA DE TÂMARA
E LARANJA
Leve ao fogo médio 1⁄2 xícara (125 ml) de
água, uma pitada de fios de açafrão verda-
deiro, 3 cardamomos amassados, uma tira
fina de 3 cm de casca de limão e 1 colher
(sopa) de mel. Mexa até levantar fervura.
Baixe o fogo e deixe cozinhar por 4 a 5 mi-
nutos ou até engrossar um pouco. Retire e
descarte a casca de limão. Misture 1 colher
(sopa) de água de rosas e deixe esfriar.
© reader’s digest
Descasque e corte em fatias grossas
3 laranjas grandes. Tire os caroços e corte
8 tâmaras frescas em quartos. Misture
laranjas e tâmaras numa vasilha. Regue
com o xarope de água de rosas, tampe e
leve à geladeira por 1 hora.
Pique 2 colheres (sopa) de pistache e
toste numa frigideira seca com 2 colheres
(sopa) de amêndoas laminadas.
Cubra a salada com os pistaches e as
amêndoas e sirva.
CADA PORçÃO CONTéM 185 kcal, 4 g de proteína, 5 g de
gordura (< 1 g saturada), 32 g de carboidrato (30 g de
açúcar), 6 g de fibra, 9 mg de sódio SERVE 4 porções
edição especial 127

SORVETE DE IOGURTE,
BANANA E FRAMBOESA
Corte 3 bananas grandes e maduras,
cerca de 500 g no total, em fatias de
2 cm e ponha num saco plástico com
fecho hermético. Tire o ar e feche. Leve
ao congelador por 6 horas, até firmar.
Forre uma peneira com um pano fino
sobre uma vasilha. A peneira não deve
encostar no fundo da vasilha.
Despeje no pano 1 xícara (250 g) de
iogurte grego desnatado; junte as pontas
e torça para fechar. Ponha sobre o pano
um pires com 2 latas de 400 g para fazer
BOLO DE LARANJA
Aqueça o forno a 180°C. Unte com azeite
uma assadeira quadrada de 20 cm. Forre a
base e as laterais com papel-manteiga.
Bata 3 ovos, 1 xícara (230 g) de açúcar de
confeiteiro e as raspas de 1 laranja na ba-
tedeira, até ficar cremoso. Passe para uma
vasilha grande.
Peneire juntas 1 1⁄4 xícara (185 g) de fari-
nha de trigo com fermento e 1 xícara (150
g) de farinha de trigo integral. Bata 1⁄2 xí-
cara (125 ml) de azeite, 1⁄4 de xícara
(60 ml) de suco de laranja e 1⁄4 de xícara
(60 ml) de leitelho. Misture bem aos ovos
batidos metade dos ingredientes secos e
metade da mistura de azeite. Repita com
as outras metades até a mistura ficar ho-
mogênea. Despeje na assadeira.
Asse durante 50 minutos ou até um palito
inserido no centro sair limpo.
128 edição especial
peso. Deixe escorrer umas 4 horas na
geladeira.
Bata no processador as fatias congeladas
de bananas, 200 g de framboesas congela-
das, o iogurte escorrido e uma colher (chá)
de essência de baunilha até ficar homogê-
neo. Às vezes, desligue e raspe as laterais
com uma espátula de borracha.
Transfira a mistura de iogurte para um reci-
piente hermético e deixe por 6 horas no
congelador, até firmar. Retire do congelador
10 minutos antes de servir, para amolecer.
Também é possível congelar a mistura em
oito forminhas de picolé de 100 ml.
CADA PORçÃO CONTéM 238 kcal, 14 g de proteína,
5 g de gordura (4 g saturada), 34 g de carboidrato
(25 g de açúcar), 3 g de fibra, 236 mg de sódio
SERVE 8 porções
Deixe o bolo esfriar 10 minutos na assa-
deira antes de virar na grade para esfriar
completamente.
Polvilhe açúcar de confeiteiro antes de
servir. Cubra com fatias de laranja (opcional).
CADA PORçÃO CONTéM 280 kcal, 5 g de proteína,
11 g de gordura (2 g saturada), 40 g de carboidrato
(21 g de açúcar), 2 g de fibra, 127 mg de sódio
SERVE 12 porções
© reader’s digest
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02013 >

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