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Breve reflexão sobre as teorias do

currículo e o Currículo da Cidade para


Língua Inglesa

PROF.ME. FÁBIO BOUÇAS


Currículo

 Curriculum, do latim “scurrere” refere-se a correr, a percorrer


uma trajetória, um caminho e até mesmo carro de corrida:
Por “currículo” entendemos, (...) o curso aparente ou oficial de
estudos, caracteristicamente constituídos em nossa era por uma
série de documentos que cobrem variados assuntos e diversos
níveis, junto com a formulação de tudo- "metas e objetivos",
conjuntos e roteiros- que, por assim dizer, constitui as normas,
regulamentos e princípios que orientam o que deve ser
lecionado. (TOLKINS apud GOODSON, 1995, p.117)
Das teorias tradicionais às teorias críticas

Aprioristicamente Currículo é sempre resultado de uma seleção de


conhecimento, de conteúdo a ser ensinado, esta seleção é feita a
partir do ideal de um sujeito a ser formado em uma determinada
sociedade. (SILVA,2002)
Currículo

[...]o conhecimento agora presente nas escolas já é uma


escolha feita a partir de um universo muito maior de
conhecimento e princípios sociais disponíveis. É uma forma
de capital cultural que vem de alguma parte que
frequentemente reflete as perspectivas e crenças de
segmentos poderosos de nossa coletividade social. Em sua
própria produção e disseminação como mercadoria pública e
Econômica- livros, filmes, materiais, etc.-, é repetidamente
filtrado por meio de comprometimentos ideológicos e
econômicos. (APPLE, 2006, p.42)
Currículo

[...] o currículo foi basicamente inventado como um conceito


para dirigir e controlar o credenciamento dos professores e
sua potencial liberdade nas salas de aula. Ao longo dos anos,
a aliança entre prescrição e poder foi cuidadosamente
fomentada, de forma que o currículo se tornou um
mecanismo de reprodução das relações de poder existentes
na sociedade. (GOODSON, 2007, p.243)
Currículo

As disciplinas escolares não são definidas de uma forma


acadêmica desinteressada, mas sim em uma relação estreita
com o poder e os interesses de grupos sociais. Quanto mais
poderoso é o grupo social, mais provável que ele vá exercer
poder sobre o conhecimento escolar. (GOODSON, 2014,
p.244)
Currículo

E qual o interesse destes grupos poderosos de terem controle


sobre o currículo? Para fabricar um consenso, naturalizar os
arranjos sociais e manter o status quo. Apple (2006) destaca o
papel da escolarização neste processo:
A escolarização atua como uma distribuidora de uma forma de
racionalidade que, quando internalizada pelo aluno, o capacita
a funcionar de acordo com "as instituições ocupacionais e
políticas que contribuem para a estabilidade de uma sociedade
industrial", frequentemente aceitando-as. (2006, p.130)
Currículo

As pressões sobre a escola e professores na disputa pelo que


é considerado conhecimento legítimo são amplamente
conhecidas. No entanto, não se pode desprezar a potência dos
docentes nas “trincheiras”, que “selecionam parte deste
currículo prescrito e que por meio das tarefas escolares
constroem a prática real, ou seja, o currículo em ação”.
(SACRISTÁN, 2000)
Currículo

[...] Precisamos localizar e contextualizar o conhecimento


que ensinamos, as relações sociais que dominam as salas de
aula, a escola como mecanismo de preservação e distribuição
cultural e econômica e, finalmente, nós mesmos como
pessoas que trabalham nessas instituições. Tudo isso está
sujeito a uma interpretação de seus respectivos lugares em
uma sociedade complexa, estratificada e desigual. (APPLE,
2006, p.37)
Das teorias tradicionais às teorias críticas

Bobbitt: Representa o conservadorismo, seguindo os princípios


Tayloristas, concebia que a escola deveria funcionar como uma
empresa, vertente que dominou a educação americana no restante
do século XX, foi amplamente aceita porque dava à educação um
caráter científico, neutro. A vida profissional e as exigências da
vida adulta definem o que deve ser ensinado, a palavra chave é
eficiência. (SILVA, 2002)
Das teorias tradicionais às teorias críticas

As teorias críticas desconfiam do status quo, culpam-no pelas


desigualdades, questionam e propõe uma transformação radical, já
as tradicionais tem no status quo o modelo desejável, ideal.
(SILVA, 2002)
Das teorias tradicionais às teorias críticas

Louis Althusser : centra-se na ideia de que a escola é um


aparelho ideológico do Estado, que desempenha o papel de
convencer as pessoas da bondade e desejabilidade das estruturas
capitalistas e arranjos sociais existentes. Ele enfatiza a
importância da escola devido ao tempo que as pessoas passam
nela e sua ampla influência, afirmando que as classes
subordinadas são moldadas para a obediência, enquanto as
dominantes aprendem a comandar.(SILVA, 2002)
Das teorias tradicionais às teorias críticas

Baudelot e Stablet: Desenvolvem a tese de Althusser em "A


Escola capitalista Francesa", detalhando como os aparelhos
ideológicos garantem a manutenção do status quo na sociedade
capitalista..(SILVA, 2002)
Das teorias tradicionais às teorias críticas

Bowles e Gintis: Deslocam o foco do conteúdo para as atitudes


aprendidas na escola, argumentando que a escola prepara os
indivíduos para se tornarem bons trabalhadores, ensinando
competências atitudinais como obediência, pontualidade e
confiabilidade, de acordo com as necessidades da sociedade
capitalista.(SILVA, 2002)
Das teorias tradicionais às teorias críticas

Bourdieu e Passeron: Baseiam-se na economia, introduzindo o


conceito de "capital cultural" como cultura valorizada que leva a
vantagens materiais e simbólicas. Eles exploram como a cultura
das classes dominantes é imposta sutilmente, levando à
naturalização das estruturas e à ocultação das verdadeiras fontes
de poder. Defendem uma imersão das classes dominadas na
cultura das dominantes para equilibrar o poder na escola e
alcançar justiça social.(SILVA, 2002)
Das teorias tradicionais às teorias críticas

Demerval Saviani: ( Pedagogia histórico-crítica ou Pedagogia crítico


social dos conteúdos desenvolvidos):
Em oposição Paulo Freire, faz uma nítida separação entre educação e
política.
A pedagogia crítica deve transmitir os conhecimentos universais que são
patrimônios da humanidade não de grupos sociais que dele se
apropriaram;
É um crítico tanto das pedagogias ativas liberais quanto da pedagogia da
libertação freireana. Enfatiza a aquisição do conhecimento, diferentes das
teorias que crítica centradas nos métodos de aquisição.(SILVA, 2002)
Das teorias tradicionais às teorias críticas

Demerval Saviani: ( Pedagogia histórico-crítica ou Pedagogia crítico


social dos conteúdos desenvolvidos):
Em oposição Paulo Freire, faz uma nítida separação entre educação e
política.
A pedagogia crítica deve transmitir os conhecimentos universais que são
patrimônios da humanidade não de grupos sociais que dele se
apropriaram;
É um crítico tanto das pedagogias ativas liberais quanto da pedagogia da
libertação freireana. Enfatiza a aquisição do conhecimento, diferentes das
teorias que crítica centradas nos métodos de aquisição.(SILVA, 2002)
Das teorias tradicionais às teorias críticas

Cada um desses pensadores contribui para a compreensão das


dinâmicas ideológicas, econômicas e culturais envolvidas na
educação e na reprodução das estruturas sociais capitalistas.
Fases de objetivação do Currículo

Currículo prescrito: São as legislações que prescrevem,


orientando muitas vezes de maneira geral (como a BNCC) o que
deve ser ensinado, servindo como base para a elaboração de
legislações complementares estaduais e municipais, bem como de
materiais e livros didáticos de um determinado sistema escolar;
Currículo apresentado aos professores: São “traduções” da
prescrição para os professores, seja por meio (no caso da
Secretaria da Educação de São Paulo) de instruções normativas,
formação ofertadas pelas diretorias regionais de educação,
materiais e livros didáticos;
Fases de objetivação do Currículo

Currículo moldado pelos professores: Valendo-se das


prescrições, instruções normativas, dos livros didáticos e outros
materiais, o professor (individual ou coletivamente) seleciona e
faz a sua própria versão do currículo (que veremos mais
adiante na análise das entrevistas);
Currículo em ação: Essa “versão” do currículo moldada e
depurada pelo professor se traduz em tarefas escolares e
constitui a prática que “ultrapassa os propósitos do currículo,
devido ao complexo tráfico de influências, às interações, etc.
que se produzem na prática” (SACRISTÁN,2000, p.104).
Fases de objetivação do Currículo

Currículo moldado pelos professores: Valendo-se das


prescrições, instruções normativas, dos livros didáticos e outros
materiais, o professor (individual ou coletivamente) seleciona e
faz a sua própria versão do currículo (que veremos mais
adiante na análise das entrevistas);
Currículo em ação: Essa “versão” do currículo moldada e
depurada pelo professor se traduz em tarefas escolares e
constitui a prática que “ultrapassa os propósitos do currículo,
devido ao complexo tráfico de influências, às interações, etc.
que se produzem na prática” (SACRISTÁN,2000, p.104).
Fases de objetivação do Currículo

Currículo realizado: Se reflete nas aprendizagens dos


estudantes, naqueles conhecimentos construídos e trabalhados no
ambiente escolar, que também provoca efeitos nos professores se
projetando no ambiente social, familiar, entre outros.
Currículo avaliado: Enfatiza a relação entre o currículo e os
procedimentos avaliativos, ou seja, é o currículo elaborado para
atender as expectativas avaliativas externas e até mesmos dos
responsáveis dos estudantes.
Currículo da Cidade: Língua Inglesa

CONCEPÇÃO DE CURRÍCULO :
 Currículos são plurais: O currículo envolve os diferentes saberes, culturas,
conhecimentos e relações que existem no universo de uma rede de educação.
 Currículos são orientadores: O currículo “é também uma forma concreta de
olhar para o conhecimento e para as aprendizagens construídas no contexto de
uma organização de formação” (PACHECO, 2005, p. 36)
Currículo da Cidade: Língua Inglesa

CONCEPÇÃO DE CURRÍCULO :
 Currículos são processos permanentes e não um produto acabado: O
“currículo é o centro da atividade educacional e assume o papel normativo de
exigências acadêmicas, mas não deve estar totalmente previsível e calculado”
(PACHECO, 2001, p. 15).
 Professores são protagonistas do currículo: O professor é o sujeito principal
para a elaboração e implementação de um currículo, uma vez que tem a função de
contextualizar e dar sentido aos aprendizados, tanto por meio dos seus
conhecimentos e práticas, quanto pela relação que estabelece com seus estudantes.
Currículo da Cidade: Língua Inglesa

CONCEPÇÃO DE CURRÍCULO :
 Currículos devem ser centrados nos estudantes: O propósito
fundamental de um currículo é dar condições e assegurar a
aprendizagem e o desenvolvimento pleno de cada um dos
estudantes, conforme determinam os marcos legais brasileiros.
Currículo da Cidade: Língua Inglesa

A partir destas reflexões, como podemos


garantir uma aprendizagem efetiva e
significativa dos nossos estudantes,
independente da área do conhecimento no
qual atuamos?
Referências

APPLE, M. W. Ideologia e Currículo. 3. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

BOURDIEU, P. Compreender. In: BOURDIEU, P. (coord.); ACCARDO, A.; BALAZS, G.; BEAUD, S.;
BOURDIEU, E.; BOURGOIS, P.; BROCCDICHI, S.; CHAMPAGNE, P,; CHRISTIN, R.; FAGNER, J.-P.;
GARCIA, S.; LENOIR,R.; OEUVRARD, F.; PIALOUX, M.;PINTO, L.; SAYAD, A.; SOULIÉ, C.; WACQUANT,
L. 1998. A miséria do mundo. Petrópolis, Vozes, p.693- 703.
GOODSON, I. Currículo: teoria e história. Petrópolis: Editora Vozes, 1995.

___________. Currículo, narrativa e o futuro social. In: Revista Brasileira de Educação. Campinas: autores
associados. Maio/Ago. 2007 v. 12 n.35.

SACRISTÁN, J. Gimeno. O Currículo: Uma reflexão sobre a prática. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica
Editora, 1999.

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