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Currículo V– CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online

CURRÍCULO V

Abordaremos os princípios epistemológicos do currículo versando as teorias tra-


dicionais, que possuem a pretensão de serem neutras, ou seja, as teorias tradicio-
nais acreditam que uma determinada proposta curricular não sofre interferências
ou influências culturais, políticas, sociais e econômicas na sua elaboração. Para as
teorias tradicionais, o currículo deve estar protegido de quaisquer influências e ser
neutro, não apresentando, portanto, relações de poder em sua composição.

 Obs.: As raízes teóricas do currículo, especificamente no Brasil, recebem influ-


ência muito forte tanto das teorizações norte-americanas de Franklin Bob-
bitt como também de Halph Tyler. Portanto, as raízes teóricas do pensa-
mento brasileiro não são nativas, mas estrangeiras.

I. ESCOLA TRADICIONAL x ESCOLA MODERNA

• Teorias tradicionais (escola tradicional): pretendem ser neutras, científicas:


aceitam mais facilmente o status quo referente à manutenção da organização
social, os conhecimentos e os saberes dominantes. As escolas tradicionais
prezam pela não relação de poder dentro do currículo e enfatizam a importân-
cia dos conteúdos científicos de aprendizagem dentro da perspectiva curricular.
• Teorias críticas e pós-críticas (escola moderna): argumentam que nenhuma
teoria é neutra, mas que está implicada em relações de poder. Na visão crí-
tica e pós-crítica, o currículo não é neutro, portanto, há relações de poder
que permeiam sua elaboração.

II. BOBBITT

As teorias tradicionais de currículo têm como principal representante Bobbitt,


cujo pensamento educacional é orientado para a perspectiva da conservação e
da manutenção de uma organização social baseada na estratificação de classes
sociais, e não da transformação social. A base marxista defende uma sociedade
que seja modificada e com desigualdades sociais diminuídas, não havendo, por-
tanto, relação entre esta corrente e as teorias tradicionais de Bobbitt e Tyler, que
estão vinculadas à concepção funcionalista do currículo, defendida por pensado-
res como Émile Durkheim, Talcott Parsons e Herbert Spencer.
ANOTAÇÕES

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Em Bobbitt, o currículo é visto como um processo de racionalização de


resultados educacionais, cuidadosa e rigorosamente especificados e medidos.
Tal racionalização é um dos princípios administrativos relacionados ao modo
de pensar e fazer industrial implantado em escolas, trazendo assim princípios
administrativos para as instituições escolares em um processo de racionalização
de resultados educacionais. O modelo institucional dessa concepção de currí-
culo é a fábrica, e sua inspiração teórica é a “administração científica” de Taylor,
também chamada de Taylorismo. Neste modelo, os estudantes devem ser pro-
cessados como um produto fabril, ou seja, a escola, através do currículo, contri-
bui para moldar os indivíduos para que vivam harmonicamente em sociedade,
como também defende E. Durkhein.

 Obs.: Os princípios epistemológicos do currículo são influenciados por corren-


tes e teorias da sociologia da educação, como a gestão educacional e a
temática da sociologia da educação, e pensadores como Émile Durkheim,
o Fordismo, as teorias tradicionais de Bobbitt e suas relações são temas
fundamentais e extensamente abordados pelas bancas, como o Cespe.

Na teorização de Bobbitt, o modelo educacional é voltado para a economia e


para a eficiência produtiva no processo de ensino e aprendizagem, que é também
um princípio administrativo que reforça a ideia e o modo de pensar e fazer indus-
trial aplicado na escola.
A elaboração de currículos implica definir conhecimentos, habilidades, atitu-
des e hábitos necessários ao desenvolvimento da personalidade das pessoas
adultas. Para tanto, deve primar pela definição clara de objetivos educacionais
e formas precisas que permitam medir seu alcance, com ênfase na eficiência
e na padronização. A padronização (seja de currículos, de conteúdos curricu-
lares, de estratégias metodológicas ou de critérios avaliativos), é um princípio
muito vinculado à educação de premissa tradicional dentro da pedagogia.
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III. RALPH TYLER

Também é importante considerar que a direção burocrática do currículo tem sua


consolidação com as contribuições de outro teórico – Ralph Tyler. Em essência, esse
pensador, assim como Bobbitt, defendia a necessidade da definição de objetivos
claros e definidos, assim como Bobbitt, que permitissem ao currículo “centrar-se em
questões de organização e desenvolvimento”. A grande contribuição de Tyler, por-
tanto, diz respeito a como fazer o currículo em uma concepção técnica (tecnicismo).
Ele desenvolveu um suporte teórico para compreender o currículo como um instru-
mento eficiente no processo educativo, com foco na prescrição técnica da forma
como os currículos devem ser elaborados, obedecendo a quatro pontos básicos:
• Seleção de objetivos educacionais;
• Identificação de experiências de aprendizagem (conteúdos) visando o
alcance desses objetivos;
• Organização (como organizar tais conteúdos);
• E avaliação das mesmas experiências (como avaliar efetivamente tais
conteúdos).

O currículo, então, não pode ser considerado apenas como uma relação de
conteúdos programáticos, pois os conteúdos de aprendizagem são apenas um
dos componentes que estruturam determinada proposta de currículo.

IV. TEORIAS TRADICIONAIS DO CURRÍCULO: A ILUSÃO DA NEUTRALI-


DADE PEDAGÓGICA

As teorias tradicionais de currículo limitam-se à dimensão cognitiva dos conhe-


cimentos, defendendo sua mera reprodução, que se dá principalmente através
de memorizações e repetições. Ao fazer isso, desconsideram que os saberes
são de diferentes naturezas e manifestações pelos indivíduos. Assim, elas não
levam em conta também a diversidade presente na vida cultural dos indivíduos,
pois se preocupam em padronizar todas as estratégias metodológicas que per-
meiam o processo de ensino e aprendizagem, bem como a proposta curricular.
Essas teorias tradicionais estão relacionadas à tendência da pedagogia liberal
tradicional e à tendência pedagógica liberal tecnicista.
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As teorias tradicionais do currículo revelam pouca preocupação com ques-


tões referentes aos aspectos individuais ou sociais das pessoas. Por isso, elas
têm como principais características a fragmentação, a descontextualização (não
relação entre conteúdo e prática) e a transmissão de conhecimentos abstratos
considerados como “verdades absolutas”. Nessa teoria, o professor é o agente
transmissor das informações e o aluno é apenas o receptor passivo de informa-
ções, e os conteúdos curriculares não estão integrados e contextualizados, mas
fragmentados, encontrando-se então na perspectiva multidisciplinar.
As teorias tradicionais do currículo revelam, portanto, uma racionalidade téc-
nica que, quando aplicada às práticas da escola, contribui para aproximar esta
instituição da ideologia empresarial/industrial. Isso acontece à medida que enfati-
zam, entre outros, princípios como a eficiência e a produtividade.

Obs.: Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos
Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor
Leandro Gabriel.
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