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Currículo III – CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

Prof.
Produção: Equipe Pedagógica GranLeandro
CursosGabriel
Online

CURRÍCULO III

Abordaremos as manifestações do currículo nas práticas pedagógicas, bem


como as problematizações referentes à sua implementação. Algumas dessas difi-
culdades devem ser ressaltadas a respeito da implementação do currículo.

I. DIFICULDADES NA IMPLEMENTAÇÃO DO CURRÍCULO

Por causa das relações de poder que perpassam o currículo, os alunos das
classes menos favorecidas tendem a ser tratados com mais frieza pela escola
do que aqueles que pertencem a grupos sociais privilegiados, fator que pode
interferir diretamente nos níveis de evasão, repetência e o consequente fracasso
escolar. Essas relações de poder dizem respeito a possíveis interferências políti-
cas, econômicas e culturais na elaboração de determinado currículo, logo, pode-
-se dizer que o currículo não é neutro, pois há relações de poder através de
todas essas interferências.
Os saberes que os indivíduos trazem consigo nem sempre são devidamente
reconhecidos pela escola e pelos professores, ainda que se mostrem bastante
válidos para resolver problemas da vida cotidiana. Este problema está direta-
mente relacionado à dificuldade que a escola tem de unir os saberes formais
aos saberes informais. Paulo Freire muito abordava a importância dessa junção
dos saberes formais, aqueles que devem ser aprendidos na escola, aos saberes
informais, que são as vivências e bagagens culturais que os alunos carregam
para dentro da sala de aula, que podem ser consideradas como currículo oculto.
Em decorrência da não valorização de suas experiências de vida pelas práti-
cas curriculares, muitos indivíduos tendem a permanecer em silêncio na escola,
o que pode prejudicar o seu pleno desenvolvimento. Essa não valorização torna
esses indivíduos passivos em relação ao processo de ensino e aprendizagem,
não se tornando então sujeitos do seu próprio processo de transformação e for-
mação social e política.
ANOTAÇÕES

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À medida que percebem as dificuldades da escola de promover a articulação


entre os saberes do currículo formal (eleitos como “ideais”) e aqueles do currí-
culo real, os indivíduos tendem a se calar, por medo de errar. Essa articulação
do currículo oficial, dito formal, com o currículo real (aquele que será trabalhado
efetivamente em sala de aula por professores e alunos), tomando por base as
experiências dos estudantes, é determinante dentro do processo de ensino e
aprendizagem.

II. PERSPECTIVAS DE PENSAMENTO CURRICULAR

Este tópico abordará os conceitos de multidisciplinaridade, pluridisciplinari-


dade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade.
• Multidisciplinaridade: atuação simultânea de várias disciplinas que se encontram
em diferentes níveis hierárquicos. Possuem múltiplos objetivos e apresentam
cooperação entre si, contudo, essa cooperação não é organizada no sentido da
articulação das disciplinas. É um conjunto de disciplinas que estão em modo de
fragmentação, com possibilidade de cooperação entre elas, mas sem organiza-
ção no sentido de promover essa articulação entre as disciplinas. Logo, quando
a abordagem for referente à fragmentação ou separação entre as diferentes
disciplinas, relaciona-se à perspectiva de pensamento multidisciplinar. É possí-
vel então afirmar que algumas disciplinas receberão prioridade ou carga horária
maior em vista de outras, uma vez que há a compreensão de diferentes níveis
hierárquicos que embasam a organização disciplinar.
• Pluridisciplinaridade: justaposição de um conjunto de disciplinas que se
encontram alinhadas no mesmo nível hierárquico, oportunizando o apare-
cimento de determinadas relações entre si. Na pluridisciplinaridade, todas
as disciplinas estão separadas, mas há uma organização e coordenação
prévia no sentido de as disciplinas estarem articuladas, e se encontrarem
no mesmo nível de prioridade. Seria, então, o início de uma articulação que
migra da perspectiva pluridisciplinar para uma perspectiva que vai além
dessa fragmentação e que promove a integração dos conteúdos curricula-
res, que é a perspectiva interdisciplinar.
ANOTAÇÕES

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Interdisciplinaridade: interação e diálogo entre duas ou mais disciplinas na


abordagem de um tema, seja ele de natureza social, político, cultural ou ligado
às ciências físico-matemáticas. Como exemplo se encontra o caso da junção
de dois componentes curriculares importantes, a biologia e a ética, a bioética,
demonstrando a interação e o diálogo entre duas áreas do conhecimento cien-
tífico na abordagem de determinada temática que seja referente às duas áreas
de conhecimento postas.
Transdisciplinaridade: abordagem do conhecimento baseada no compartilha-
mento de vários campos do saber, pressupondo a coordenação de todas as
áreas disciplinares e interdisciplinares. A transdisciplinaridade é mais ampla do
que a interdisciplinaridade, pois na transdisciplinaridade se observa a não exis-
tência de disciplinas, uma vez que a perspectiva vigente é que estas deixem de
existir para serem análises temáticas em uma única ótica integrada. A perspec-
tiva da transdiciplinaridade permeia a terceira concepção ou geração epistemo-
lógica do conhecimento, pois ela vai além das perspectivas multidisciplinares,
pluridisciplinares e interdisciplinares.

 Obs.: Pode-se considerar a multidisciplinaridade como a primeira geração epis-


temológica do conhecimento; a interdisciplinaridade como a segunda con-
cepção epistemológica do conhecimento; e a transdisciplinaridade como
a terceira geração epistemológica do conhecimento.
ANOTAÇÕES

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QUESTÃO DE CONCURSO

Exercício 1

A letra A está relacionada à transdisciplinaridade.


A letra B está relacionada à multidisciplinaridade.
A letra C está relacionada à interdisciplinaridade.

Exercício 2

Julgue os itens a seguir, no que se refere ao currículo e às práticas avaliativas.

1. A depender de suas características, é correto afirmar que as práticas avalia-


tivas podem corroborar práticas de preconceito, exclusão e injustiça social.

2. Currículo e avaliação devem ser definidos separadamente.

3. O uso de um currículo crítico e transformador possibilita uma prática avaliati-


va classificatória e autoritária.

4. Sendo parte integrante do projeto político-pedagógico da escola, o currículo


possibilita o desenvolvimento de práticas pedagógicas cidadãs e democráticas.

5. O currículo fundamentado na avaliação formativa sustenta-se na defesa da


subjetividade.
ANOTAÇÕES

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 COMEN T ÁRI
1. Esta é uma questão típica que aborda a integração do currículo e a ava-
liação. As práticas avaliativas que podem corroborar práticas de preconceito,
exclusão e injustiça social, podem ser práticas somatórias ou classificatórias
(pontual) correspondentes à avaliação tradicional, que se contrapõe à visão
da avaliação formativa (processual). A avaliação formativa não é punitiva e
excludente, pois busca favorecer elementos democráticos e de emancipação
que prezam pela aprendizagem juntamente com a formação, ao contrário das
práticas avaliativas que favorecem a desigualdade, exclusão social e precon-
ceito. A afirmação 1 está correta.
2. O currículo e a avaliação não devem ser definidos separadamente, uma vez
que ambos estão intimamente relacionados, pois a avaliação é um dos compo-
nentes do currículo. Além dos conteúdos e das estratégias metodológicas, há
também, no currículo, as questões relacionadas aos instrumentos, técnicas e
critérios avaliativos que serão adotados no currículo. A afirmação 2 está errada.
3. Um currículo crítico e transformador está relacionado a práticas formativas
e diagnósticas de avaliação, questionando as práticas avaliativas classificató-
rias e autoritárias. A afirmação 3 está errada.
4. É de extrema importância o currículo escolar estar intimamente relacionado
ao projeto político-pedagógico da escola para a necessária integração e possi-
bilidade do desenvolvimento de práticas pedagógicas cidadãs e democráticas.
A afirmação 4 está correta.
5. A subjetividade no currículo escolar está intimamente relacionada aos inte-
resses, ideias e diferentes compreensões que os indivíduos possuem de forma
única. Ou seja, cada estudante tem um conjunto de ideias e experiências que
são trazidas para dentro da sala de aula, e as práticas escolares, assim como
as práticas avaliativas formativas, devem favorecer o desenvolvimento não
apenas da identidade, como também o desenvolvimento subjetivo do ser
humano, para que ele saiba se posicionar e articular suas ideias em diálogos
permanentes na sala de aula, assim como os professores devem ocupar um
importante papel de mediação que promova esse tipo de diálogo que propor-
ciona o desenvolvimento de cada sujeito e da sua subjetividade.

Obs.: Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos
Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor
Leandro Gabriel.

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