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Currículo II – CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

Prof. Leandro Gabriel

CURRÍCULO II

I. MANIFESTAÇÕES DO CURRÍCULO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

O currículo formal é constituído a partir dos conhecimentos estabelecidos e


recomendados nas orientações gerais apresentadas pelo poder público e todos
os entes federativos (União, estados, distrito federal e municípios). No Brasil,
esse currículo é proposto a partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)
e das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN).
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) são tidas como leis e normas
obrigatórias, diferentemente dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que
servem como ‘norte’, como orientação para conduzir a elaboração das propostas
curriculares de cada sistema estadual e municipal de ensino, porém tomando por
base as indicações obrigatórias das Diretrizes Curriculares Nacionais. A institui-
ção das DCNs não cabe ao MEC, mas ao Conselho Nacional de Educação.
Manifestações do currículo na prática pedagógica:

Os elementos básicos na construção do currículo oficial, ou seja, o currículo que


está diretamente associado às propostas governamentais dos entes federativos, são:
• A fundamentação teórica (que envolve os princípios epistemológicos).
• A concepção pedagógica (que está associada às diferentes correntes e
tendências pedagógicas).
• A apresentação de instrumentos (como estudar, por exemplo, a avaliação, não
apenas da proposta de currículo, como também do processo de ensino e apren-
dizagem que está sendo instaurado em determinada prática pedagógica).
• Os procedimentos de ensino (as estratégias metodológicas que serão ado-
tadas na realização de tudo o que é previsto em uma proposta curricular, ou
seja, os recursos, as técnicas, os instrumentos que serão utilizados no trans-
correr do processo pedagógico, assim como quais são as tendências ou
correntes pedagógicas que embasarão, em conjunto com os princípios epis-
temológicos do currículo, tal proposta pedagógica que será efetivada dentro
dos ambientes escolares e, em particular, dentro de cada sala de aula).
ANOTAÇÕES

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II. MANIFESTAÇÕES DO CURRÍCULO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

O currículo real é observado nas práticas diariamente desenvolvidas pelos sujei-


tos, a partir da dinâmica que se constrói, no caso da sala de aula, entre professores
e alunos. É aquele que se desenvolve dentro da sala de aula e que deve, sobretudo,
atender às expectativas dos estudantes. Ou seja, tomando por base o que está dis-
posto no currículo oficial, há adequações necessárias, e por isso imprescindíveis,
que os professores deverão fazer na condução do trabalho pedagógico, baseadas
na concepção e conhecimento trazidos pelos estudantes para a sala de aula.
O currículo formal, de termo oficial, é aquele definido pela legislação e pelas
diretrizes curriculares nacionais apresentadas pelo governo federal, estadual
ou municipal, nos documentos oficiais e validadas pela cultura escolar. Dessas
orientações oficiais, é preciso que o professor em sala de aula reconstrua um
outro – currículo real – o qual deve adequar-se à realidade dos alunos.
Outro termo técnico conceitual é o currículo oculto, que é o currículo que
inclui conteúdos não ditos, valores morais, explicitados nos olhares e gestos,
apreciações e repreensões de condutas, aproximações e repulsas de afetos,
legitimações e indiferenças em relação a atitudes, escolhas e preferências. Por-
tanto, pode-se dizer que o currículo oculto compreende toda a bagagem cultural,
que inclui vivências, experiências e conhecimentos que cada estudante adquire
em sua trajetória de vida e que traz para dentro da sala de aula, gerando obvia-
mente certas expectativas, as quais o currículo real busca estar atento. Esses
três conceitos de currículos se encontram então integrados.
Manifestações do currículo na prática pedagógica:
ANOTAÇÕES

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As manifestações do currículo nas práticas educativas são as relações que


ocorrem entre esses três currículos, portanto, não se pode afirmar que tais mani-
festações do currículo nas práticas educativas de âmbito escolar sejam essen-
cialmente de cunho formal, pois elas apresentam um cunho formal, cunho real e
ao mesmo tempo um cunho oculto.

III. A ALTERIDADE NAS PRÁTICAS CURRICULARES

O desejo de práticas curriculares que contribuam para uma educação crítica


e libertadora implica considerar o elemento da alteridade (característica de ser do
outro, aquilo que ele tem de peculiar e que precisa ser reconhecido e aceito por
aqueles de sua convivência). Somente assim é possível garantir a compreensão
das diferenças, a aceitação do outro e a reflexão pedagógica daquilo que ele possui
de mais singular. A alteridade então é a responsável por gerar aspectos multicultu-
ralistas, uma vez que cada ser humano possui as suas origens, sua singularidade,
seus comportamentos, suas peculiaridades, ou seja, cada ser humano é único.
Logo, a alteridade no currículo permeia a aceitação do outro e seus compor-
tamentos e características típicas, e o respeito à diversidade cultural que existe
em todo e qualquer espaço escolar. Assim como o indivíduo, cada escola possui
sua singularidade, pois esta é composta por diferentes sujeitos, elementos e
ideologias. A questão da alteridade e sua relação conceitual com o princípio do
multiculturalismo, da diversidade étnica, religiosa e cultural e o currículo estão
diretamente, portanto, interligados.

IV. HIERARQUIA

Quando se fala do currículo escolar, é necessário primeiro enfatizar alguns


princípios legais que medeiam toda proposta de currículo. Toda proposta parte
de alguns preceitos descritos na Carta Maior, que é a Constituição Federal de
1988, uma vez que nenhuma legislação pode se sobrepor a Constituição Fede-
ral, que é a lei máxima do país.
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Partindo da Constituição Federal está a LDB vigente, a Lei de Diretrizes e


Bases da Educação Nacional – Lei 9.394/96, que é considerada a lei maior da
educação no país atualmente. A partir da LDB partem as Diretrizes Curriculares
Nacionais (DCN), que são normas obrigatórias instituídas pelo Conselho Nacio-
nal de Educação. A partir das Diretrizes Curriculares Nacionais estão os Parâme-
tros Curriculares Nacionais (PCN).

 Obs.: É importante ressaltar que quando se fala de níveis, etapas e modalida-


des são utilizadas as Diretrizes Curriculares Nacionais, e não os Parâme-
tros Curriculares Nacionais. Por exemplo:

• Diretrizes Curriculares Nacionais para ensino fundamental de nove anos.


(E não – Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino fundamental de
nove anos) – Etapa.
• Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação básica – Nível.
• Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação de jovens e adultos –
Modalidade.
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Já os Parâmetros Curriculares Nacionais, que não são obrigatórios, são seg-


mentados por área ou componente disciplinar. Por exemplo: Parâmetros Curri-
culares Nacionais do Ensino da Língua Portuguesa.
A partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais está o Currículo da Educação
Básica das escolas, ou seja, as chamadas propostas curriculares que serão apresen-
tadas pelos estados, assim como pelos municípios. No caso do Distrito Federal, existe
enquanto proposta curricular o chamado Currículo em Movimento do Distrito Federal.
Posteriormente está o Projeto Pedagógico de cada escola ou entidade não
escolar, que compreende também o Projeto Político Pedagógico (PPP), que é
um importante documento norteador das ações administrativas e pedagógicas
que serão empreendidas pela escola durante o ano letivo. O PPP pode ser ade-
quado e adaptado pela comunidade escolar sempre que se fizer necessário, já
que o PPP tem uma perspectiva emancipadora e democrática que busca a parti-
cipação direta da comunidade e não apenas de um grupo, também chamado de
proposta pedagógica ou plano da escola.
A partir de toda essa bagagem curricular está o currículo escolar. Com base
no Projeto Político Pedagógico, na Proposta Curricular do respectivo sistema de
ensino, nas indicações previstas nos Parâmetros Curriculares Nacionais e nas
determinações previstas nas Diretrizes Curriculares Nacionais tem-se a elabora-
ção do chamado currículo escolar ou proposta curricular da escola. É notável a
importância da relação do currículo escolar com o Projeto Politico Pedagógico.

V. BASE NACIONAL COMUM E BASE DIVERSIFICADA

Há algumas indicações previstas tanto nas Diretrizes Curriculares Nacionais


quanto nos Parâmetros Curriculares Nacionais sobre o conceito de base nacional
curricular comum e a chamada parte diversificada. Então, toda proposta nacio-
nal abrange uma base nacional comum e a parte diversificada. O que significam
esses termos?
A base nacional comum é composta das disciplinas curriculares obrigatórias
e que deverão ser cumpridas e obedecidas em todos os sistemas de ensino do
país, ou seja, todas as unidades da federação deverão oferecer o ensino do por-
tuguês, da matemática, etc. Essa base nacional comum é o que garante uma
uniformidade do currículo que será ministrado em todas as unidades do país.
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A parte diversificada do currículo visa atender ou contemplar as particularida-


des e diferentes realidades regionais referentes às diferentes culturas de cada
região desse diversificado país continental. O currículo precisa atender a essas
diferenças regionais, o que tornará cada proposta curricular singular.
Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional
comum a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento
escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e
locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. Recentemente houve
na LDB a inserção também dos currículos da educação infantil. Então, a base
curricular comum e a parte diversificada atendem as três etapas da educação
básica, a infantil, a fundamental e a média, tendo em vista uma das últimas alte-
rações dentro da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

VI. TEMAS TRANSVERSAIS

Os Temas Transversais previstos nas Diretrizes Curriculares Nacionais da


educação básica, assim com nos Parâmetros Curriculares Nacionais, que devem
ser pontuados são a ética, a pluralidade-cultural, o meio ambiente, a saúde e
a orientação sexual. Os Temas Transversais são temas que se interpenetram
nas diferentes áreas ou componentes curriculares que fazem parte da chamada
base curricular nacional comum. A ética, por exemplo, está inserida em diferen-
tes áreas e pode ser abordada em aulas de português, história, e outras, assim
como o meio ambiente, a saúde, a orientação sexual e a pluralidade cultural.
São temáticas imprescindíveis e interdisciplinares que devem estar, portanto,
em quaisquer propostas de currículo escolar, e não constituem como conteúdos
exclusivos ou disciplinas obrigatórias.

Temas Transversais

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