Tendências Pedagógicas I – CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

Prof. Leandro Gabriel

TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS I

Nesta aula, iniciar-se-á as tendências pedagógicas, abordando a pedagogia

liberal e suas quatro tendências respectivas e, logo após, as três tendências
associadas à pedagogia progressista. Observe-as abaixo.

Pedagogia Liberal Pedagogia Progressista

Tradicional Libertadora
Renovada Progressista, Progressivista ou
Libertária
Pragmática
Renovada Não Diretiva Crítico-Social dos Conteúdos
Tecnicista -

A classificação acima é apresentada por Demerval Saviani, José Caros Libâ-

neo e Cipriano Carlos Luckesi.
De maneira geral, tem-se duas pedagogias: Liberal e Progressista.
A pedagogia progressista é também chamada de pedagogia crítica. A princi-
pal diferença que se pode pontuar entre a pedagogia liberal e a progressista é
que aquela não entra num contraponto crítico a um modelo capitalista e esta tem
uma base marxista, portanto, critica o modelo de produção capitalista.
Como já dizia Karl Marx e Friedrich Engels: quando fizeram uma análise da
relação entre economia, política e sociedade dentro de um determinado estado
eles chegaram à conclusão de que o modo de produção capitalista é o agente
causador das desigualdades sociais e das desigualdades entre as classes sociais,
ou seja, o agente causador da separação entre a classe rica e a classe pobre.
Os ricos detêm os meios de produção e os pobres vendem a sua força de tra-
balho em troca de um salário ao final ou ao início de cada mês, ou seja, a classe
assalariada ou proletariada.
Então, as tendências da pedagogia liberal não entram em um discussão crí-
tica ao modelo capitalista, ao contrário, algumas inclusive defendem tal sistema
e se sentem parte dele com uma ótica da pedagogia tecnicista.
ANOTAÇÕES

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Já a pedagogia progressista tem um embasamento marxista e faz contrapon-

tos teóricos reflexivos acerca dos males causados pelo modo de produção capi-
talista. Esta não é só uma diferença cronológica, pois as tendências progressis-
tas surgiram a partir da década de 60 e o tecnicismo teve influência nas décadas
de 60, 70 e 80 (em pleno regime militar).
Durante essas décadas, o tecnicismo foi o principal modelo pedagógico, mas
não se pode classificá-lo como progressista pelo fato de que o tecnicismo não
entra na contraposição ao modo capitalista. Ao contrário, ele faz parte da ótica
capitalista de produção.
Na pedagogia liberal, tem-se quatro tendências. Agora, será feita uma abor-
dagem geral sobre elas.
A tendência liberal tradicional é a mais antiga, ela teve origem no século XVI
com a chegada dos jesuítas (por volta do ano de 1516).
A tendência renovada é assim chamada por que faz uma contraposição à
ótica tradicional. Ela está num processo de questionar diretamente essa pers-
pectiva tradicional. Um dos questionamentos que se pode ressaltar por parte da
pedagogia renovada, no que diz respeito às ideias da pedagogia tradicional, é
com relação a quem é o centro do processo pedagógico.
Dentro da pedagogia renovada, o aluno é o centro, o sujeito ativo do processo
pedagógico, diferente da ótica tradicional em que o aluno é um mero receptor
passivo das informações prestadas pelo professor.

IMPORTANTE
Caso apareça na prova a palavra progressista sem a antecedente renovada,
não está se referindo à tendência renovada progressista, que também é
conhecida como progressivista, pragmática, escola nova ou escola ativa.

A terceira tendência dentro da pedagogia liberal que se pode citar é a reno-

vada não diretiva, que tem como principal expoente Carl Rogers e, por fim, a
tendência tecnicista.
ANOTAÇÕES

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Já a pedagogia progressista e suas três tendências surgiram a partir dos

anos 60. São elas: pedagogia progressista libertadora; pedagogia progressista
libertária; e pedagogia crítico-social dos conteúdos, pedagogia histórico-crítica
ou pedagogia histórico-social.
Visto o quadro associado às pedagogias liberal e progressista, agora, abordar-se-á
as principais características de cada uma delas mais cobradas em prova.

PEDAGOGIA LIBERAL:

1 – TRADICIONAL

• Preparação intelectual e moral dos alunos.

Quando se fala de uma pedagogia que prima pelos conteúdos e pela inte-
lectualidade, ou seja, uma educação de base moral com ênfase nos conteúdos,
predomina a pedagogia liberal tradicional.

• Predomina a palavra do professor.

O professor é visto como o centro do processo pedagógico, o agente trans-

missor dos conteúdos. Enquanto o aluno é um mero receptor passivo dessas
informações.

receptor Jhon tábula

Aluno
passivo Locke rasa

Jhon Locke chamou essa premissa de tábula rasa do conhecimento em que

o aprendiz depende de um sujeito adulto para dotá-lo de conhecimento.

• Ênfase nos conteúdos.

• Exposição, repetição, memorização.
ANOTAÇÕES

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A exposição significa ênfase nas aulas expositivas, centradas na figura

docente, baseada na repetição e na memorização dos conteúdos.

• Aprendizagem mecânica, avaliação punitiva e classificatória.

Sobre a aprendizagem mecânica, Ausubel desenvolveu a teoria da aprendi-

zagem significativa a qual se contrapõe à ótica da aprendizagem repetitiva.
A avaliação é punitiva, classificatória, somatória, somativa ou meritocrática e
não formativa.

• Herbart, Locke, Comenius.

A pedagogia liberal tradicional recebeu influência dos jesuítas (século XVI) os

quais propuseram um modelo curricular da Romana Antiga chamado Ratio Stu-
diorum que se subdivide em sete componentes curriculares: trivium e quadrivium.
Outra influência importante a ser ressaltada é com relação ao positivismo que
defendia, dentre várias questões, a de que quem detém o conhecimento deter-
mina como deve ser a prática, ou seja, o professor.
Logo, é uma pedagogia centrada nos conhecimentos e na importância da
ciência, ou seja, na cientificidade e isso reflete nos conteúdos de aprendizagem.
Há, portanto, dois princípios defendidos pelos positivistas que estão diretamente
associados à pedagogia liberal tradicional.

2 – RENOVADA PROGRESSIVISTA

Também chamada de escola nova, teve origem na Europa, no século XIX,

porém, no Brasil, ela se manifestou na década de 32 com o manifesto dos pionei-
ros, tendo alguns expoentes importantes: Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Fer-
nando de Azevedo.
O manifesto dos pioneiros e a escola nova foram movimentos que romperam
com a pedagogia liberal tradicional. Esse manifesto foi o primeiro movimento de
ruptura com a filosofia e com as premissas trazidas pela ótica tradicional.
ANOTAÇÕES

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• Valoriza-se mais os processos cognitivos do que o conteúdo.

• É baseada na motivação e na estimulação de problemas.
• Valoriza-se o trabalho em grupo.
• Montessori, Dewey, Piaget, Decroly.

Piaget é um teórico de linha construtivista e cognitivista o qual prega que a

aprendizagem parte do eu para o meio e esse “eu” possui influências genéticas,
por isso a teoria piagetiana é chamada de psicogênese ou psicogenética.
Ele classifica os estágios de desenvolvimento do ser humano, principalmente
nos primeiros anos de vida, em quatro estágios, assim, na medida em que o indi-
víduo perpassa por esses estágios, ele vai maturando os aspectos cognitivos e
influenciando diretamente o meio.

• O aluno só aprende fazendo.

• A escola deve adequar as necessidades individuais ao meio social.

Outro ponto importante da pedagogia renova progressivista é a democra-

tização do acesso ao conhecimento com o lema “educação para todos”. Jhon
Dewey é o principal precursor do movimento escola novista no mundo o qual
dizia: a escola educa para a vida.

3 – RENOVADA NÃO DIRETIVA

• Carl Rogers.

Carl Rogers desenvolveu dentro da linha da psicologia da aprendizagem uma

base teórica chamada humanismo em que se fala da importância do desenvolvi-
mento pessoal e das relações que nós indivíduos temos com os outros elemen-
tos da sociedade, ou seja, com os outros seres humanos.

• Desenvolvimento pessoal e relações interpessoais.

• Formação de atitudes.
ANOTAÇÕES

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• A escola tem o papel de formadora de atitudes, preocupando-se mais com

a parte psicológica do que com a social ou pedagógica.
• Educação centrada no aluno.

Carl Rogers considera que professores e alunos deverão estar num mesmo
patamar.
A pedagogia renovada não diretiva também se contrapôs à ótica da pedago-
gia liberal, principalmente pelo fato de a pedagogia liberal estar voltada ao pro-
fessor e não ao aluno.

4 – LIBERAL TECNICISTA

• Preparação de mão-de-obra.

Compreende a importância de se preparar a mão de obra para o mercado

de trabalho, portanto é uma educação técnica que enfatiza o processo didá-
tico-pedagógico.

• O essencial não é o conteúdo, mas as técnicas.

• A educação é um recurso tecnológico.

O uso de recursos tecnológicos refere-se às NTIC’s (novas tecnologias de infor-

mação e comunicação). Esse conceito surgiu com o advento da internet nos anos 90.

• Aprendizagem baseada no desempenho.

A eficiência, a eficácia, a efetividade no processo pedagógico e a racionali-

zação do trabalho pedagógico estão relacionados à pedagogia liberal tecnicista.
A educação técnica é o modo de pensar e fazer da indústria na escola, voltada
para a formação de mão de obra técnica para o trabalho.
ANOTAÇÕES

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A pedagogia liberal tecnicista fala da importância de se modelar o comporta-

mento do estudante e esse modelamento está atrelado à corrente comportamen-
talista, também chamada de behaviorista ou ambientalista, as quais têm como
principal expoente Skinner.

IMPORTANTE
Em prova, muitas vezes relaciona-se questões de tendências com as teorias
da aprendizagem. Portanto é necessário compreender as relações entre:
• O behaviorismo e a pedagogia liberal tecnicista, já que ambos defendem o
modelamento do comportamento, assim modela-se o comportamento através
de estímulos, visando respostas.
• A liberal tecnicista e a Lei n. 5692 (segunda LDB) promulgada no ano de
1971 em pleno regime militar. Esta lei reflete também um acordo assinado
entre Brasil e Estados Unidos (denominado MEC-USAID) o qual aborda essa
primazia da implantação e do uso do modelo tecnicista no Brasil.
ANOTAÇÕES

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