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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO

FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ CAMPUS


CASTANHAL

CURSO DE LICENCIATURA EM INFORMÁTICA

ANA LUCIA FERREIRA PIRES

RESENHA DO LIVRO:

FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

CASTANHAL
2023
ANA LUCIA FERREIRA PIRES

RESENHA DO LIVRO:
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Resumo apresentado ao Curso de Licenciatura em


Informática, do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Pará, Campus Castanhal,
como requisito de avaliação, referente ao 2º BI, da
Disciplina de Pressupostos Filosóficos. Orientador:
Prof. Ms. James Jesuíno de Souza.

CASTANHAL
2023
PORTO, LEONARDO SARTORI. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO. Editora Zahar,2016,
Rio de Janeiro.

Leonardo Sartori Porto é autor da obra filosofia da educação, doutor em filosofia


moral e política.

O autor começa a introdução afirmando que a educação é um tema que vem


desde a Grécia clássica citando alguns dos mais importantes filósofos da história. O
livro é dividido em duas partes a primeira onde há uma separação em três concepções
epistemológicas do ensino: a idealista, a empirista e a transcendental, a segunda trata
da educação e a política.

Na concepção Idealista é apresentada os principais autores e suas concepções


começando com Platão que é fundador do idealismo que influenciará outro filósofo
teólogo Santo Agostinho a concepção empirista traz um grupo de filósofos ingleses
como Francis Bacon, Hobbes Locke, Berkeley e Hume, mas somente é discorrido
sobre o Locke que foi o único que escreveu um livro sobre a educação. A concepção
transcendental traz um principal pensador, o filósofo São Tomás de Aquino, que é
influenciado pelos pensamentos de Aristóteles, o transcendental vem da filosofia
Kantiana. Na segunda parte o autor trás duas vertentes de direções específicas: a
reformista onde se encaixam Platão e Rousseau, e a outra chamada de
aperfeiçoadores tendo os pensadores da escola de Frankfurt como defensores desses
pensamentos.

A concepção Idealista

O idealismo é uma concepção composta por ideias, não está baseado na


experiência sensível. Platão sendo o principal fundador do idealismo tem suas teses
sustentadas por sólidos argumentos a respeito da educação, defendia que educar é
rememorar usando como argumentação o paradoxo da investigação.

O autor cita o livro Mênon, onde é apresentado o paradoxo que questiona como
alguém pode investigar algo se já sabe ou algo que não sabe?, são apresentadas as
quatros possibilidades do conhecimento onde no primeiro não é preciso haver a
investigação visto que eu "já sei o que eu vou aprender" e o último caso é de total
desconhecimentos, sendo assim não há motivo para aprender visto que eu nem sei
que não sei algo, porém alguém pode me dizer de algo que eu não sei chegando
assim no segundo caso. O paradoxo da investigação é o paradoxo da aprendizagem
onde teremos o professor que pode elucidar o que preciso aprender, porém é preciso
haver o interesse do aluno em adquirir novidade, assim a aprendizagem é uma
investigação. Na terceira possibilidade diz que "eu não sei que sei isso" levando a
conclusão que toda aprendizagem consiste na rememoração de algo que não
lembramos, resolvendo o paradoxo encontramos um problema pois se para
aprendermos só precisamos rememorar isso só poderia ter acontecido antes de
nascermos, a partir daí começamos a falar da Metafísica Platônica, que segundo
Platão, a alma humana é imortal e carrega consigo as verdades eternas e imutáveis
que são chamadas de ideias. O professor tem o papel de conduzir o aluno para
relembrar essas ideias assim como uma parteira conduzindo para o nascimento
dessas verdades.

Nos princípios da Igreja Católica surgem Agostinho, teólogo e filósofo, que se


inspirou na filosofia platônica escreveu um livro sobre educação De Magistro, que
aborda a linguagem como sinais e questiona como aprendemos a essência destes
sinais. Podemos fazer isso dando nome a um objeto e dizendo o seu nome, só
podemos mostrar o significado de um sinal usando outros sinais. Portanto uma palavra
para ser palavra precisa se conhecer seu significado, senão teremos apenas ruídos e
traços no papel. Agostinho defende que nossa mente já possui o significado das
palavras, sendo o Cristo que habita no homem quem fornece essas verdades.

Platão e Agostinho tem um impasse similar, porém com resoluções diferentes,


o primeiro é baseado na rememoração, e quanto ao segundo defende a inspiração
divina, porém ambos acreditam que o professor é quem conduz o aluno para a
evidenciação do conhecimento que está já presente no seu interior.

A Concepção empirista

O empirismo se opõe ao idealismo que defende o teste da experiência sensível


e que todo o conhecimento vem dessa experiência, o autor cita vários livros, porém
descreverá sobre Locke que sustenta o pensamento de que não há ideias nem
princípios inatos, defendendo as duas teses onde uma diz que não existem ideais e
nem princípios inatos, e a outra que diz que todas as nossas ideias e os princípios do
entendimento são derivados da experiência sensível. A filosofia de Locke defende que
grande parte do nosso conhecimento é produzido pela mente quando trabalha com
dados aprovisionados pelos sentidos, diferentes de Platão e Agostinho, Locke julgava
que a tarefa da educação era abrir a mente dos alunos para que fossem capazes de
se aperfeiçoarem em qualquer ciência que se dedicassem.

A elaboração de um método é defendida por Locke como uma maneira de o


aluno através das investigações intelectuais adquirir o conhecimento, para ele as
crianças assim que aprendiam a falar já podiam raciocinar. No empirismo o trabalhar
dos métodos permitem diferentes tipos de conhecimentos.

A concepção transcendental

A concepção transcendental pega do empirismo a evidência dos sentidos, mas


estabelecendo condições a priori requeridas pela experiência, sendo transcendental
um termo que vem da filosofia kantiana e de São Tomás de Aquino. O filósofo e teólogo
mais importante da escolástica(renovação do pensamento católico) é São Tomás de
Aquino, que encontra um caminho entre o platonismo e o empirismo, caminho esse
apontado por Aristóteles que defendia que podemos captar o conhecimento no próprio
mundo em que vivemos através do ato de conhecer. A visibilidade é uma característica
essencial para o conhecimento, os objetos precisam ter algumas qualidades
necessárias para que possamos conhecê-los.

Existem dois princípios do conhecimento, “as verdades autoevidentes” e “as


noções simples”, Aquino não se opunha à Agostinho, aceitava a teoria da inspiração
divina, mas acreditava que o conhecimento é resultado da atividade humana, que
através da “descoberta pessoal” e por um “princípio exterior” adquiria este
conhecimento

A função do professor é “conduzir o discípulo através do seu conhecimento ao


que ignora”, o filósofo mostra o método para pôr em prática essa tarefa usando os
“princípios universais” e o que ele já sabe para resolver os problemas.

Distante de Aristóteles e Aquino, Kant defende que o entendimento exerce uma


assimilação racional para conhecer, desta forma a razão é ativa e não apenas
receptiva, possui estruturas que ordenam os conhecimentos de modo que eles se
tornem inteligíveis e tenham significado, portanto todo o conhecimento se inicia com
a experiência ou seja para conhecer é preciso a junção da razão com seus
instrumentos.
Segundo Kant, cabe ao educador exercitar o estudante ao uso das regras de
entendimento corretamente, sendo o ensino prático e reflexivo, onde o aluno irá refletir
sobre o tema estudado, apesar de defender o autodidatismo recomenda que o mestre
guie o aluno em exercícios, aplicando as regras do entendimento.

Filosofia contemporânea

a filosofia platônica permanece no pensamento ocidental mesmo com a


concepção empirista e transcendental sendo desenvolvidas para contestá-la.

Alfred norte Whitehead é uma influência da concepção empirista, que defende


o tipo de ensino onde o aluno usa a experiência e a lógica para instruir-se a aprovar
as ideais, onde é preciso mais desenvolver as habilidades do que a aquisição de
informação, para realizar esse objetivo ele mostra “o ritmo da educação” que são
três etapas lógicas que devem ser executadas sempre que for adquirir um novo
conhecimento.

A primeira etapa a curiosidade do aluno deve ser aguçada, na segunda etapa


o aluno deve aprender a gramática da linguagem e a gramática da ciência, e a última
etapa é a volta da primeira etapa juntamente com as habilidades adquiridas na
segunda, o “êxito final”.

Gilbert Ryle rejeitou a educação livresca e lembrando Platão e Agostinho iniciou


o ensaio “Ensino e Treinamento” com um dilema: como podemos ensinar o indivíduo
a fazer coisas que não aprendeu previamente? É preciso distinguir entre ensinar que,
e ensinar como, permitindo ao aluno desenvolver habilidades que permitem
descobertas por si mesmo. Daí surgem questionamentos como é possível
desenvolver essas habilidades em alguém, segundo o filósofo norte-americano Israel
Scheffer ensinar é como ensinar regras, porém não são ensinadas? Conforme Max
Black não se pode explicar as regras e somente através de exemplos ensiná-las.

Ludwig Withgenstein afirma que aprendemos as regras através da interação ou


imitação de outros indivíduos.

Os livros a lógica da educação e a linguagem da educação tem em comum a


análise dos conceitos empregados na educação e argumentos usados para suster os
princípios educacionais, ambos os livros cuidam das metas da educação e dos
métodos usados para alcançá-lo, implicando uma análise crítica mais além surgirá a
pedagogia crítica junção do marxismo com a pedagogia do oprimido.

Na década de 1990 com o declínio do marxismo surgiram os filósofos pós


estruturalistas e pós-modernismo, o feminismo, multiculturalismo, questões étnicas e
raciais são inseridos nesse pós-estruturalista, assim como os diferentes relativismos
no pós-modernismo, porém quando falamos de teorias educacionais não há uma
definição franca com relação a essas duas correntes intelectuais. Na teoria
educacional pós-moderna o conhecimento está relacionado com relações de poder
na sociedade. Assim Usher e o Edwards afirmam que o professor precisa guiar os
alunos por pacotes de aprendizagem e provê-los habilidades para assimilarem por
meio de um método, pensamento defendido por vários filósofos do passado e
presente.

Reformistas

O diálogo “a República” de Platão, a obra “Emílio” de Rousseau e a filosofia


contemporânea são três concepções distantes no tempo, mas que tem em comum a
crítica quanto à organização dos estados e que como a educação pode estruturar a
sociedade.

O primeiro filósofo que pensou em construir uma sociedade fundamentada na


educação foi Platão, principal tema de sua obra, a República, ele inicia mostrando os
motivos da deterioração do estado. Inicialmente a sociedade é para suprir as
necessidades dos indivíduos, porém com o crescimento surgem as sociedades de
luxo, que inventam novas necessidades com as quais vem a corrupção da sociedade

Três classes são categorizadas na hierarquia de Platão: os agricultores e


artesãos, os guardiões e os reis filósofos, todos selecionados pelas suas qualidades.
O governante do estado ficará a cargo dos filósofos, sendo escolhidos sobre a
avaliação de suas aptidões intelectuais e morais, desenvolvidas na educação dos
guardiões. A educação grega é tanto da mente quanto do corpo, Platão rejeitava a
poesia porque para ele o ensino a partir de mentiras era perigoso, sendo a música a
melhor para a função de educar, contudo o maior conhecimento é o que cuida das
verdades eternas e imutáveis, como a matemática. Assim a educação prepara os
indivíduos para cumprir seu papel nas três classes e construir um estado ideal.
A obra Emílio, de Rousseau vêm visar a educação privada, que é aquela feita
pelos pais que preparam o indivíduo para conviver na sociedade. O indivíduo procura
novas necessidades artificiais com o único intuito de satisfazer o jogo de aparências,
buscando poços sem necessidade servindo apenas para comparação com os outros.
Assim Rousseau defende educar o indivíduo para levar uma vida autêntica na vida
natural, em sociedade precisa expandir o senso crítico, assim conseguindo diferenciar
as necessidades naturais daquelas vindas da ostentação social.

Theodor W Adorno foi o único filósofo a pensar na filosofia da educação


seguindo do evento dos campos de concentrações nazista, Principal texto de Adorno
foi o artigo “Educação após Auschwitz”, onde é norteado num fato histórico: “a
exigência de que Auschwitz não se repita é a primeira de todas para a educação”.

Para Adorno o homem precisa dominar sua natureza, para que não seja
dominado pelo impulso e com ele venha a barbárie. O filósofo não mostra uma
metodologia de ensino, mas traça alguns caminhos para alcançar a educação crítica,
o fortalecimento da personalidade, para discorrer no indivíduo a capacidade de
obstruir seu pensamento da ideologia dominante.

A pedagogia crítica foi inspirada para a sua criação por Adorno, Paulo Freire e
filósofos da escola de Frankfurt que criticavam a razão científica por essa ser pouco
reflexiva e sobrepondo a ela a razão dialética.

Aperfeiçoadores

Os reformistas buscam uma reforma radical na sociedade, enquanto os


aperfeiçoadores buscam educar a sociedade conforme sua forma de governo. Com
diferenças filosóficas e políticas Adorno que é marxista, e John Dewey que é um
aperfeiçoador, corroboram com que a educação deve formar indivíduos para viver na
sociedade com responsabilidade.

Aristóteles acha que o cidadão tem que ser educado para se encaixar na forma
de governo da qual está inserido, buscando a manutenção dos estados existentes,
crítica os gregos por não estruturar seus governos, segundo Aristóteles a educação
do governo e dos governados deviam ser iguais pois assim antes de governar aprende
a obedecer. A finalidade do indivíduo é a felicidade que será dividida em dois tipos:
corpórea e racional, a racionalidade se divide em moral e intelectual, sendo a segunda
onde a educação seria aplicada sendo o estado responsável por essa educação. Na
teoria aristotélica o governo precisa arrumar a educação que mais se adequa ao
indivíduo, para que ele tenha êxito em suas atividades e alcance a felicidade.

No início do século XX Dewey foi um dos personagens do pragmatismo, que


é caracterizado pela interpretação do pensamento como um processo vital para o ser
humano, sendo o pensamento o resultado do processo evolutivo do ser humano. A
evolução intelectual se dá pela educação, tendo a finalidade de suprir e evoluir a
sociedade, Dewey defende um sistema democrático onde se tem um controle social,
que não se encontre desigualdades sociais entre os indivíduos que seria feito através
da educação.

Para Dewey a educação é a chave em toda a filosofia política. A proposta do


filósofo se parece com a de Locke ao procurar o desenvolvimento da autonomia do
aluno, sendo tarefa da escola trazer a pesquisa que corresponda aos interesses dos
alunos e que tragam novos desafios, preparando-os para viver em uma sociedade
democrática.

O processo educacional busca obtenção do conhecimento, desenvolvendo a


capacidade intelectual e harmonizando as relações entre os seres humanos. O que
há de comum em todas as teorias filosóficas é que a educação prepara pessoas para
estar sob o tipo de Estado que nasceram, buscando sempre melhores condições para
o ser humano.

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