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Os já citados Maria Fernanda Bicalho, João Fragoso e Maria de Fátima Gouvêa, como
organizadores do livro Antigo regime nos trópicos (2001), enfrentaram duas críticas. Primeiro, há
uma falta de clareza no uso de conceitos como "economia de interesse público" e "economia
política do privilégio", que os autores podem atribuir à própria imprecisão da Hespania em usar o
conceito de "economia da dádiva". , que transformou a análise de Marcel Mauss sobre o mundo
desmonetizado e a lançou em uma época em que o capitalismo estava tomando forma. Em segundo
lugar, o plano do autor é “livrar-se das visões dualistas e contraditórias das relações metrópole-
coloniais” porque, segundo Laura de Mello Souza, “a contradição, enquanto princípio, define-se
como antítese do dualismo. Em situação colonial, onde as contradições são particularmente
exacerbadas, a convergência ou coincidência de práticas e interesses é não raro antes forma que
conteúdo ” (p. 59). Para Laura, “o entendimento da sociedade de Antigo Regime nos trópicos
beneficia-se quando considerada nas suas relações com o antigo sistema colonial” (p.66).
Este é outro elemento inspirado nos escritos de Fernando Novais: "o sentido que as relações entre as
partes do sistema colonial adquirem no plano específico e no geral, e como se transformam e se
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
Disciplina: América Colonial Portuguesa
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ressignificam " (p.75). O livro que aqui discutimos é o cumprimento desse propósito, Pois reúne as
recentes contribuições de autores portugueses, como por exemplo, Mafalda Soares da Cunha, Nuno
Gonçalo Monteiro e Fernanda Olival, para mostrar que os monarcas são beneficiados, pois são
privilegiados e engajá-los em um diálogo crítico com as tradições intelectuais brasileiras, a exemplo
dos próprios Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jr outros autores classicos. O resultado é um
jogo dialético da parte versus o todo, desmantelando o antagonismo mecânico metrópole versus
colônia, transcendendo as relações Brasil-Portugal e, por fim, buscando compreender a totalidade
do sistema.
Concluímos que a autora joga luz sobre as particularidades da América Colonial Portuguesa, como
a autora diz:
O consórcio entre empiria e teoria deve possibilitar o desenvolvimento de uma
história renovada da política e da administração no Império português em geral
e na América portuguesa em particular, e o escopo comparativo pode ser, neste
sentido, um dos mais interessantes: tanto no interior do Império português-
como fez Boxer- quanto externamente a ele, comparando-se impérios diferentes
os ibéricos, mas também o inglês, o holandês, e o francês. (p.74)