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Grupo: Catarine Beffart, Eduardo Lourenço, Lara Ojeda, Larissa Amélio, Luis Coene, Maria

Eduarda Benites, e Thays Silva.

Resumo topicalizado: Texto A razão pós-ocidental

MIGNOLO. Walter. D. A razão pós-ocidental. IN: MIGNOLO. Histórias locais/Projetos


globais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.

Parte 1:
A crise do ocidentalismo e a emergência do pensamento liminar
- O autor inicia o capítulo fazendo uma retomada sobre a expressão “Razão
pós-colonial” que seria utilizada em uma anterior versão do texto. Entretanto, ele
apresenta que tanto a crítica quanto a teoria “pós-colonial” é empregada em grande
parte por homens críticos e intelectuais que escrevem na língua inglesa e nos domínios
do Império Britânico e suas antigas colônias, como a Austrália, Nova Zelândia e Índia.
Dessa forma, as duas Américas, a África do Norte e a subsaariana ficam deixadas de
lado, excluídas.
- Portanto, a expressão “Razão pós-ocidental” - nome do capítulo - parece mais
adequada para o autor, uma vez que abarca o cenário geoistórico que ele pretende
articular, “um cenário que se estende do Império Espanhol após o século 16 até a
emergência dos EUA como novo poder colonial no final do século 19” (MIGNOLO,
p. 133). Pois é nesse momento que o sistema mundial colonial/moderno sai do
imaginário das “Indias Occidentales” (nomeado assim pela coroa espanhola) e passa a
ser “Hemisfério Ocidental” (introduzido pelos EUA) para que as Américas sejam
inseridas dentro do espectro de um sistema colonial/moderno, regido pelas potências
coloniais europeias até o século 19.
- Além disso, Walter também expõe que o objetivo dele nessa parte é promover um
“diálogo entre o pensamento liminar e a pós-colonialidade através da diferença
colonial” (MIGNOLO, p. 134). Posto isso, o autor cita o entrecruzamento entre os
“pós” de “pós-moderno” e de “pós-colonial”. Inicialmente, o “pós” de ambas palavras
significam a mesma coisa, uma vez que possuem a mesma configuração geoistórica.
Sendo assim, a própria ideia de “pós” remete-se à lógica do lado moderno, do
progresso, da cronologia e do avanço de um estágio anterior. Entretanto, há outro
desenvolvimento do termo “pós-colonialidade”, que embora seja utilizado em menor
frequência, se faz muito necessário. Esse emprego irá se referir às "novas formas” de
colonialidade, ou seja, nesse aspecto, ao utilizar a expressão “pós-colonialidade” não
significa que a colonialidade, de fato, acabou (igualmente, o uso de “pós” em
“pós-modernidade” não indica o fim da era moderna), esse uso servirá apenas para
reorganizar os alicerces de modernidade e colonialidade.
- Além disso, o autor difere “pós-colonialidade” de “pós-ocidentalismo”. Nesse prisma,
a semelhança entres esses termos “é a diferença colonial em todas as suas
historicidades espaciais no mundo colonial/moderno)” (MIGNOLO, p. 135). Ao falar
de pós-colonialidade, o autor refere-se a “todas as diversas modalidades de discurso
crítico sobre o imaginário do sistema mundial colonial/moderno e da colonialidade do
poder” (MIGNOLO, p. 135). Já quando se usa “-ismos”, no geral, Walter refere-se "à
particularidade dos discursos críticos no interior de histórias locais específicas''.
(MIGNOLO, p. 135). Nessa perspectiva, “pós-ocidentalismo” está interligado com a
história local das Américas.

Parte 2:

O ocidentalismo no horizonte colonial da modernidade

- O autor propõe uma reflexão acerca do que é o pós-colonialismo e como se deu


historicamente a partir de cada país.
- O pós-colonial/ ocidentalismo torna-se problemático quando é utilizado para definir
práticas sociais dos séculos 19 e 20 na América Latina.
- O ocidentalismo preocupou os letrados da época e a coroa portuguesa, pois
possibilitou o pensamento crítico dos povos colonizados, logo, subalternizados.
- Segundo Mignolo, o pós-colonial não é um novo paradigma, mas deve ser entendido
como algo a partir e além das disciplinas e geopolítica.
- "Às vezes parece que o pós colonial veio para substituir o Terceiro Mundo”
(MIGNOLO, p. 141).
- “A razão subalterna é aquilo que surge como resposta à necessidade de repensar e
reconceitualizar as histórias narradas e a conceituação apresentada para dividir o
mundo entre regiões e povos cristãos e pagãos, civilizados e bárbaros, moderno e
pré-modernos e desenvolvidos e subdesenvolvidos, todos eles mapeando a diferença
colonial.”(MIGNOLO, p. 143).
- De maneira geral, o autor propões a análise sobre a recepção do pensamento
descolonial de acordo com cada país, sendo assim, o pós-colonial é discurso que
emerge das colônias que sofreram o processo colonial e assim uniram-se para mostrar
o outro lado da história. Há ainda a ideia de repartir em três acerca dos legados
coloniais. Além disso, pode-se considerar o começo do pós-colonial quando há uma
grande corrente debatendo sobre o processo de colonização e as marcas herdadas pela
sociedade. Isso gera uma garantia da liberdade desses povos colonizados, bem como
de suas culturas.

Parte 3:
Respostas vindas das margens externas do ocidente.

- Em países da América Latina, após a Revolução Russa, surgiu um interesse em


questões pós-coloniais, enquanto ainda discutia-se sobre a questão neocolonial.
- O autor discorre sobre o livro de Zea, “America en la historia” (1958), e como ele se
preocupava com a relação que existia entre os intelectuais hispanico-americanos do
séc. XIX e a tradição ocidental da Europa e dos Estados Unidos da América.
- O autor Zea destaca ainda a condição de marginalidade da Espanha e da Rússia
mediante ao ocidente. Ele aponta que isso é refletido no má modernização desses
países no séc. XVIII e XIX, embora tivessem uma relação de semelhança com o
“eurocentrismo”. Isso porque, como destaca Zea, “as heranças históricas e as
implementações revolucionárias [...] não se ligam [...] à herança colonial e ao
pensamento pós-colonial” (MIGNOLO, p. 147).
- O autor destaca a discussão teórica do escritor O’Gorman (1958) sobre o fato de que
as Américas não foram descobertas por Colombo, pois nessa terra já havia habitantes e
para eles não havia nada a ser descoberto, desmontando todo o discurso colonial
perdurou na sociedade desde o séc. XVI.
- Após isso, o autor destaca a concepção de “Américas” de Jorge Klor de Alva (1992),
pois, na visão do teórico, elas seriam puramente hispanicas e anglo-americanas, tendo
suas identidades nacionais constituídas a partir da visão dos povos nativos, mestiçados
com os europeus, e que lutaram por sua independência colonial. A partir disso, o autor
discorre sobre o conceito de “colonização” como a expansão eurocêntrica e
ocidentalista, sem perder de vista os conflitos coloniais internos, que ocorreram fora
do cenário das guerras de independências coloniais.
- O autor destaca sua contrariedade com o argumento de Alva sobre o pós-imperalismo
da Espanha, pois o teórico tenta amenizar, segundo o autor, a dominação colonialista
desse país.
- A partir disso, o autor discorre sobre a questão do colonialismo na epistemologia. Isso,
porque, pelo fato das línguas ocidentais serem as que tem uma maior predominância
na produção e exportação de conhecimento, essas culturas recebem maior destaque na
mercantilização do saber, e outras produções do conhecimento não recebem destaque
por conta da língua em que elas são formuladas.
- Então, o autor passa a discutir o conceito de “colonialismo interno” – de Casanova e
Stavenhagen (1965), muito criticado na sociologia de orientação científica. Entretanto,
o autor destaca a importância do conceito como um mapeamento da configuração
social da construção de nações em ex-colonias (espanholas, nesse caso), mas se
caracteriza ainda por ser constituída por teóricos de países subalternos para explicar
sua própria realidade social. Sobre esse conceito, Mignolo destaca que se trata do
“beco sem saída que o Estado nacional após a independência; por um lado, aplicar a
política colonial às comunidades indígenas, e, por outro, estabelecer alianças com os
poderes coloniais metropolitanos” (MIGNOLO, p. 151). Além disso, essa teoria se
destaca pelo fato de compreender as tradições, ascendências, organização
socioeconômica e idiomas herdados dentro dessa nação. Na concepção do autor, esse
conceito “ajuda a estabelecer um equilibrio entre classe e etnicidade” (MIGNOLO, p.
152).

Parte 4:
Uma perspectiva cubana do pós-ocidentalismo

- No início do tópico o autor apresenta a concepção de Ocidentalismo conforme a


proposta de Coronil. Assim, afirma que o conceito de ocidentalismo “[...] implica
deslocar a nossa atenção da problemática do “orientalismo”, que enfoca as
deficiências das representações ocidentais do Oriente, para a do “Ocidentalismo”, que
se refere às concepções do Ocidente que animam essas representações. Implica
relacionar os observados aos observadores, os produtos à produção, o conhecimento a
seus locais de formação. (CORONIL apud MIGNOLO, p. 152);
- Ao apresentar outro ponto de vista, destaca que: quando o ocidentalismo é relacionado
à modernização, pode ser visto como um modelo ou como algo ruim, que deve ser
extraído;
- O ocidentalismo foi criado desde o princípio como uma extensão da europa, não como
uma alteridade (MIGNOLO, p. 153)
Américas → “Extremo Ocidente”.

- Para Fernandez Retamar os “ameríndios e negros”, estavam longe de serem corpos


estranhos da América, pois por não serem ocidentais, pertencem e tem pleno direito,
muito mais do que os “outros designados de uma “missão civilizadora”;

➔ Como apresenta Mignolo, Retamar estabelece uma relação entre a observação


e o marxismo. Para ele, o marxismo já não é uma ideologia ocidental, mas
pós-colonial. Assim, a partir de sua experiência cubana, como trata Magnolo, o
marxismo permite que se vá além do imaginário ocidental.

- O cruzamento do capitalismo e colonialismo na América Latina permite a Retamar


propor o pós-ocidentalismo “[...] como uma categoria marxista, embora incorporado à
história colonial da exploração ameríndia e do tráfico de escravos africanos.”
(MIGNOLO, p. 154)
- Mignolo explora a distribuição geoistórica colonial e científica localizada nas
metrópoles, acabaram por desvalorizar os saberes populares e históricos locais,
reduzindo muitos a crenças e mitos;
- A consciência crítica a respeito do colonialismo e do neocolonialismo que criaram
condições para a teorização subalterna;
- Pós-ocidentalismo/colonialismo e pós-modernismo: movimentos antimodernos que
respondem a diferentes tipos de legados coloniais e aos Estados neocoloniais, os quais
tem em comum o processo de expansão cidental identificado como
modernidade/colonialidade/ocidentalismo.
- A modernidade é ao mesmo tempo a consolidação do império e das nações-impérios
da Europa, um discurso que vai construindo a ideia de ocidentalismo, a subjugação
dos povos, culturas, contradiscursos e movimentos sociais que resistem ao
expansionismo euro-americano. (MIGNOLO, p. 155)
- Por esses motivos, a modernidade se consolida tanto na história européia quanto nas
vozes das colônias periféricas silenciadas;
- Mignolo afirma que a teorização do pós-ocidentalismo/colonialismo permite uma
descentramento das práticas teóricas em termos da política dos locais geoistóricos
(MIGNOLO apud MIGNOLO, p. 155), e a diferença entre os discursos e as teorias
pós-coloniais e pós-ocidentais se torna difícil de rastrear;
- Mignolo trabalha a questão da teorização, assim ele trata da “teoria crítica” e da razão
subalterna. Assim, por meio do teórico da Escola Frankfurt (CALHOUN apud
MIGNOLO, p. 156) , compara a “teoria crítica" como uma espécie de teoria
pós-ocidental/colonial, sendo “uma espécie de teorização bárbara” (MIGNOLO, p.
157).
- Colhoun encontra um elo entre a teoria e etnia: assemelha-se à consciência do “ser
filosófico” do “Terceiro mundo”, como o caso de Leopoldo Zea ou O’Gorman , que
tem que escrever a partir da “marginalização e da barbárie". (MIGNOLO, p.
157);
- Mignolo apresenta que Zea e O’Gorman contribuíram para a valorização do
pensamento a partir da marginalidade e da barbárie. Assim, eles ajudaram a mostrar
“[...] os limites da civilização e a ascensão da teorização “bárbara” (judaica, marginal,
pós-colonial, feminina, afro-europeia ou americana, ameríndia, homossexual e etc.).”
(MIGNOLO, p. 158);
- Ainda estabelecendo uma discussão sobre o conceito de teoria, o teórico aborda o
conceito de Mary John (1996). A teórica estuda a posição do sujeito em “fazer teoria”
na década de 60 na França, assim como pesquisa a “transformação radical de se fazer
teoria a partir do final da década de 70” (MIGNOLO, p. 158)
➔ Tal transformação radical se dá pelo fato da consciência predominante
existente de que a teoria está onde se pode encontrá-la.
- “[...] A consciência da inscrição do feminismo e da pós-colonialidade no conceito de
John de “fazer teoria” equivalem à consciência que Calhoun tem do judaísmo na
“teoria crítica” da Escola de Frankfurt. Mais ainda: é também uma consciência de que
o próprio conceito de teoria, ligado à razão moderna, não pode ser aceito, repetido e
aplicado às razões feministas e aos temas pós-coloniais.” (MIGNOLO, p. 158);
- Assim, Mignolo afirma “[...] O que estou argumentando neste capítulo e nos resto do
livro é que deveríamos desvincular o conceito de teoria e sua versão epistemológica
moderna (explicando ou fazendo sentido a partir de fatos ou dados isolados), ou de sua
versão pós-moderna, a desconstrução de redes conceituais reificadas.” (MIGNOLO,
158);
- Mignolo defende, em uma das versões da teorização, a ideia de pensarmos a partir da
fronteira e sob a perspectiva da subalternidade. (MIGNOLO, p. 159);
- “Se a pós-colonialidade não consegue romper com a epistemologia moderna, torna-se
apenas outra versão dela, com um tema diferente.” (MIGNOLO, p. 159);
- Ao final do tópico, o autor destaca que “Pensar a partir de experiências subalternas
deve contribuir tanto para a autocompreensão quanto para as políticas públicas, que
criam condições para transformar (e estigmatizar) as relações de subalternidade.”
(MIGNOLO, p. 160).
Parte 5:
Os estudos de área e distribuição ocidental do conhecimento e das culturas.
- Neste tópico o autor faz um insight a Carl Pletsch (1981) com a divisão do trabalho
científico entre Primeiro, Segundo e Terceiro mundo iniciando em 1950 até 1975
evidenciando o discurso colonial que estão situadas nas teorias atuais dos estudos
pós-coloniais, onde Pletsch releva conexões da descolonização e o período da Guerra
Fria, o qual retoma a União Soviética como uma potência de Segundo Mundo em
meio de uma modernidade ocidental.
- Em sequência, tem se os resultados desse novo sistema mundial do qual dividiu-se em:
a) países democraticamente organizados nas questões tecnológicas e econômicas; b)
países com base em suas ideologias para desenvolver a tecnologia e economia; c)
países com tecnologias e economia subdesenvolvidas. Assim, caracterizando-se pelo
lugar de sua enunciação, sendo este localizado no Primeiro Mundo, da mesma forma,
desenvolvendo, também, países capitalistas. Assim, segundo o autor "[...] A crítica
pós-colonial luta para deslocar do Primeiro para o Terceiro Mundo o lócus da
enunciação teórica, reivindicando a legitimidade da "localização filosófica". [...]"
(MIGNOLO, pg. 162).
- Mignolo continua, então, uma análise que diz respeito a distinção entre as sociedades
modernas e tradicionais, as mesmas sendo redistribuição ao passo que o mundo
moderno foi novamente dividido em: a) Primeiro Mundo de tecnologia avançada, de
ideologia livre, nomeado como natural. Em contrapartida, o Segundo Mundo
semelhante em tecnologia avançada apresenta uma ideologia atravanca que limita o
livre acesso à ciência. Agora, com uma tecnologia e economia tradicional
subdesenvolvidos, o Terceiro Mundo apresenta estes fatores de maneira quase
inexistente.
- De outra maneira, Mignolo também trás a relação de Jameson (1191), a qual "[...] O
lócus das teorias pós-modernas localiza-se no Primeiro Mundo, embora em oposição à
configuração epistemológica das ciências sociais analisadas por Pletsch. [...]"
(MIGNOLO, pg. 164) possível considerar, assim, que todas as teorias pós-modernas
vivem em um não-lugar, com uma análise em que é possível se comparar as
igualdades existentes entre Primeiro, Segundo e Terceiro Mundos "[...] A devolução
da sensibilidade e da localização à teorização pós-colonial confere poder àqueles que
foram eliminados ou marginalizadas produção do saber e do entendimento. [...]"
(MIGNOLO, pg. 165)
- Da mesma forma, o autor parte para uma análise sobre a Literatura, não a cultura, teve
sua influência partindo de Mundo de tecnologias e economias destacadas de maneira
avançado em direção a um Mundo de características subdesenvolvidas "[...] O fato de
que esse impacto ocorreu no domínio literário reforça o esquema de distribuição do
conhecimento construído por Pletsh. [...]" (MIGNOLO, pg. 165). Sendo assim, a
relação de Primeiro Mundo influencia a respeito de questões tecnológicas e culturais,
no que tange a literatura torna-se uma marca de países com heranças coloniais de
maioria do Terceiro Mundo "[...] Entretanto, enquanto a criação literária pode ser
facilmente atribuída à produção cultural do Terceiro Mundo, a teoria é mais difícil de
justificar porque o lócus da produção teórica é o Primeiro, não o Terceiro Mundo. [...]"
(MIGNOLO, pg. 165).
- Por fim, fator importante apontado pelo próprio autor é a questão em que essas
características condizentes a lócus de enunciação são encenados, onde não quer
dizer que o sujeito dentro de determinado Mundo possa fazer uma literatura com
características apenas do Terceiro Mundo, por exemplo "[...] Estou sugerindo que
aqueles para quem as heranças coloniais são reais são mais inclinados que outros a
teorizar o passado em termos da colonialidade. [...]" (MIGNOLO, pg. 166)
Parte 6:
A relação entre o conhecimento e sua localização geoistórica

- O autor inicia o sexto subtópico apontando a sua intenção de elencar casos da


contramodernidade a aos locis diferenciais da enunciação;
- A modernidade surge quando a Europa se afirma como o “centro” de uma história
universal que ela inaugura;
- A ideia de que a modernidade foi causada pela expansão da europa durou quinhentos
anos, mas ela foi forjada.
- “Diferencial significa aqui um deslocamento do conceito e da prática das noções de
conhecimento, ciência, teoria e compreensão articuladas no decorrer do período
moderno” (MIGNOLO, pg. 167).
- Teorização → Tarefa de raciocínio.
- A Teorização não se liga apenas às necessidades políticas imediatas da descolonização
(na Ásia, África e no Caribe), mas também à releituras do paradigma da razão
moderna (MIGNOLO, pg. 167).
- Horkheimer e Ardonor + pensadores pós modernos → Crítica a razão
- Dussel → Critica aos momentos irracionais do iluminismo.
- Dussel resenha o mapa da modernidade, incluindo em sua geografia a expansão dos
impérios espanhol e português, após 1500, e revista a narrativa do Iluminismo,
introduzindo o fantasma das histórias coloniais (MIGNOLO, pg. 169).
- Temos também a explicação do que Dussel (1993) chama de transmodernidade, que
refere-se a co-realização do que o modernismo não conseguiu fazer sozinho, ou seja,
inclusão de homens e mulheres, centros e periferias, civilização e natureza, além das
culturas do Terceiro Mundo - na qual refere-se a analéptica.
- “[...] a contribuição de Bhabha para a articulação da razão pós-colonial reside no fato
de os loci de enunciação assumirem precedência ética e política sobre a rearticulação
do enunciado” (MIGNOLO, pg. 169).
- Racionalidade mínima → “A racionalidade mínima, como a atividade de articulação,
encarada na metáfora da língua, transforma o sujeito de cultura de função
epistemológica em prática discursiva” (MIGNOLO, pg. 170).
- A cultura como enunciação tem como prioridade os significados e a
institucionalização.
- “O conceito de Bhabha de uma defasagem temporal reforça sua ênfase na ação mais
do que na representação [...] A defasagem temporal é o relevante conceito de Bhabha
para explorar a epistemologia descentrada da razão pós-colonial" (MIGNOLO, pg.
171).
- Os loci coloniais de enunciação foram dissolvidos ou absorvidos pelo discurso
colonial, incluindo a produção e distribuição de conhecimento, por carecerem de
contemporaneidade: colônias como o Terceiro Mundo produzem cultura, enquanto os
centros metropolitanos produziam discursos intelectuais, interpretando a produção
cultural colonial e se reescrevendo como único locus de enunciação (MIGNOLO, pg.
172).
- A epistemologia moderna, que conseguiu subalternizar outras formas de
conhecimento, construiu-se presumindo uma perspectiva universal de observação e
um locus privilegiado de enunciação (155) (MIGNOLO, pg. 175).

Parte 7:
O gênero e a colonialidade do poder

- O autor inicia o sétimo e último tópico abrindo a discussão aos domínios emergentes
da pesquisa subalterna metateórica e da crítica à dimensão patriarcal da colonialidade
do poder.
- Mignolo retrata que, uma das motivações da teorização pós-colonial é a localização
geoistórica da produção e distribuição do conhecimento. Ademais, segundo o autor,
"[...] a produção de conhecimento e a necessidade de teorias já não são animadas por
uma vontade abstrata de dizer a verdade, mas também (talvez principalmente) por
preocupações éticas e políticas com a estrutura de dominação e da emancipação
humana. [...]" (MIGNOLO, pg. 178).
- Nos é relembrado que, a produção de conhecimento como emancipação humana já foi
reivindicada por projetos tanto da Renascença quanto do Iluminismo. Entretanto, o
autor destaca que, nas teorias pós-coloniais, essa emancipação trata-se de uma
"libertação tanto social quanto epistêmica", e que deve ocorrer como uma via de mão
dupla. Ou seja, essa emancipação como libertação não pode se limitar apenas aos
oprimidos, mas também ao colonizador, aqueles que vivem e atuam dentro das crenças
da modernidade e do colonialismo. Pois, segundo Magnolo, a emancipação como
libertação só ocorrerá com o reconhecimento dos subalternos e com a erradicação da
estrutura de poder que mantém a hegemonia e a subalternidade.
- Por fim, temos que a força da teorização pós-colonial reside em sua capacidade para a
transformação epistemológica social e cultural, levando, portanto, segundo o autor [...]
as ciências humanas e as culturas acadêmicas a transcender o âmbito da modernidade
e sua cumplicidade com os estados nacionais e imperiais [...]" (MAGNOLO, pg. 180).

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