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Parte 1:
A crise do ocidentalismo e a emergência do pensamento liminar
- O autor inicia o capítulo fazendo uma retomada sobre a expressão “Razão
pós-colonial” que seria utilizada em uma anterior versão do texto. Entretanto, ele
apresenta que tanto a crítica quanto a teoria “pós-colonial” é empregada em grande
parte por homens críticos e intelectuais que escrevem na língua inglesa e nos domínios
do Império Britânico e suas antigas colônias, como a Austrália, Nova Zelândia e Índia.
Dessa forma, as duas Américas, a África do Norte e a subsaariana ficam deixadas de
lado, excluídas.
- Portanto, a expressão “Razão pós-ocidental” - nome do capítulo - parece mais
adequada para o autor, uma vez que abarca o cenário geoistórico que ele pretende
articular, “um cenário que se estende do Império Espanhol após o século 16 até a
emergência dos EUA como novo poder colonial no final do século 19” (MIGNOLO,
p. 133). Pois é nesse momento que o sistema mundial colonial/moderno sai do
imaginário das “Indias Occidentales” (nomeado assim pela coroa espanhola) e passa a
ser “Hemisfério Ocidental” (introduzido pelos EUA) para que as Américas sejam
inseridas dentro do espectro de um sistema colonial/moderno, regido pelas potências
coloniais europeias até o século 19.
- Além disso, Walter também expõe que o objetivo dele nessa parte é promover um
“diálogo entre o pensamento liminar e a pós-colonialidade através da diferença
colonial” (MIGNOLO, p. 134). Posto isso, o autor cita o entrecruzamento entre os
“pós” de “pós-moderno” e de “pós-colonial”. Inicialmente, o “pós” de ambas palavras
significam a mesma coisa, uma vez que possuem a mesma configuração geoistórica.
Sendo assim, a própria ideia de “pós” remete-se à lógica do lado moderno, do
progresso, da cronologia e do avanço de um estágio anterior. Entretanto, há outro
desenvolvimento do termo “pós-colonialidade”, que embora seja utilizado em menor
frequência, se faz muito necessário. Esse emprego irá se referir às "novas formas” de
colonialidade, ou seja, nesse aspecto, ao utilizar a expressão “pós-colonialidade” não
significa que a colonialidade, de fato, acabou (igualmente, o uso de “pós” em
“pós-modernidade” não indica o fim da era moderna), esse uso servirá apenas para
reorganizar os alicerces de modernidade e colonialidade.
- Além disso, o autor difere “pós-colonialidade” de “pós-ocidentalismo”. Nesse prisma,
a semelhança entres esses termos “é a diferença colonial em todas as suas
historicidades espaciais no mundo colonial/moderno)” (MIGNOLO, p. 135). Ao falar
de pós-colonialidade, o autor refere-se a “todas as diversas modalidades de discurso
crítico sobre o imaginário do sistema mundial colonial/moderno e da colonialidade do
poder” (MIGNOLO, p. 135). Já quando se usa “-ismos”, no geral, Walter refere-se "à
particularidade dos discursos críticos no interior de histórias locais específicas''.
(MIGNOLO, p. 135). Nessa perspectiva, “pós-ocidentalismo” está interligado com a
história local das Américas.
Parte 2:
Parte 3:
Respostas vindas das margens externas do ocidente.
Parte 4:
Uma perspectiva cubana do pós-ocidentalismo
Parte 7:
O gênero e a colonialidade do poder
- O autor inicia o sétimo e último tópico abrindo a discussão aos domínios emergentes
da pesquisa subalterna metateórica e da crítica à dimensão patriarcal da colonialidade
do poder.
- Mignolo retrata que, uma das motivações da teorização pós-colonial é a localização
geoistórica da produção e distribuição do conhecimento. Ademais, segundo o autor,
"[...] a produção de conhecimento e a necessidade de teorias já não são animadas por
uma vontade abstrata de dizer a verdade, mas também (talvez principalmente) por
preocupações éticas e políticas com a estrutura de dominação e da emancipação
humana. [...]" (MIGNOLO, pg. 178).
- Nos é relembrado que, a produção de conhecimento como emancipação humana já foi
reivindicada por projetos tanto da Renascença quanto do Iluminismo. Entretanto, o
autor destaca que, nas teorias pós-coloniais, essa emancipação trata-se de uma
"libertação tanto social quanto epistêmica", e que deve ocorrer como uma via de mão
dupla. Ou seja, essa emancipação como libertação não pode se limitar apenas aos
oprimidos, mas também ao colonizador, aqueles que vivem e atuam dentro das crenças
da modernidade e do colonialismo. Pois, segundo Magnolo, a emancipação como
libertação só ocorrerá com o reconhecimento dos subalternos e com a erradicação da
estrutura de poder que mantém a hegemonia e a subalternidade.
- Por fim, temos que a força da teorização pós-colonial reside em sua capacidade para a
transformação epistemológica social e cultural, levando, portanto, segundo o autor [...]
as ciências humanas e as culturas acadêmicas a transcender o âmbito da modernidade
e sua cumplicidade com os estados nacionais e imperiais [...]" (MAGNOLO, pg. 180).