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Intelectuais Mediadores: práticas culturais e ação política

Book · January 2016

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Patricia Santos Hansen


Universidade NOVA de Lisboa
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[Orgs.] Angela de Castro Gomes e Patricia Santos Hansen
Intelectuais mediadores
Diz-se que, ao eleger-se algo con- Rejeitando hierarquizações e dualis-
Os 14 artigos que integram o livro Intelectuais mediadores propõem uma
temporâneo como objeto de pesquisa, mos, este livro se filia à Nova História
nova acepção de “intelectual”, diferente daquela tradicional, que relacio-
anuncia-se sua morte como realidade Cultural e Política, edificada pelas mais
na a categoria a pessoas que cultivam desinteressadamente a universa-
viva. De fato, talvez a visão romântica do recentes teorias e sociologias históricas
lidade do espírito. Entendido de forma mais ampla, “intelectual” é defi-
gênio insulado esteja a definhar. Mas, sobre os bens culturais. Por isso, valo-
nido como sujeito da produção de conhecimentos e da comunicação de
se o intelectual polemizou contra a so- riza as dinâmicas sociais e os meios,
ideias, direta ou indiretamente vinculado à intervenção político-social. É
ciedade, esse combate atravessou sem- as redes e os lugares que condicionam
também tratado como ator estratégico nas áreas da cultura e da política
pre o interior do seu próprio campo e, tanto a produção como a preservação,
e que ocupa posição de reconhecimento na vida social. Assim, editores,
hoje, são igualmente intelectuais os que a circulação e a apropriação de discur-
tradutores, escritores, professores, autores de obras para o público infan-
decretam a morte do “intelectual”, esse sos, ideias e representações, ouvidos,
til, entre outros, passam a integrar a categoria.
continuador oitocentista de uma tipo- vistos, ensinados e lidos em vários me-
logia outrora encarnada pela figura do dia e contextos de recepção.
Nosso objetivo, ao enfocar as relações entre intelectuais
teólogo e do filósofo. E, felizmente, as Ao convocar o conceito de intelec-
e mediação cultural, é contribuir para o alargamento dos
boas histórias sobre eles não escondem tual mediador como passeur, aquele que
limites que costumam circunscrever as reflexões sobre a
a importância do seu legado quando – conduz por uma travessia, o livro não
categoria intelectual, além de desenvolver e testar as po-
como é o caso em apreço – conseguem afasta o papel criativo ou recriador das
tencialidades das categorias de intelectual mediador e de
abrir novos domínios de investigação suas práticas e mediações que fazem
mediação cultural para a historiografia, ao serem confron-
e suscitar reflexões críticas acerca das os públicos que também as produzem,
tadas com diferentes problemas e fontes de pesquisa.
metamorfoses que vão ocorrendo na num processo que aposta, sobremanei-
hodierna luta pela hegemonia no cam- ra, na rotinização dos bens culturais,
po das representações sociais. Ana Paula Sampaio Caldeira • Angela de Castro Gomes • Eliana Dutra • alheio às competições geracionais entre
Francisco Palomanes Martinho • Gabriela Pellegrino Soares • Giovane José tradição e vanguarda, típicas da “alta
Fernando Catroga, professor catedrático da Silva • Giselle Martins Venâncio • Joaquim Pintassilgo • Kaori Kodama • cultura” desde o Oitocentos.
da Faculdade de Letras da Universidade Libânia Nacif Xavier • Luciano Mendes de Faria Filho • Mara Cristina de Matos Da mesma forma que a tradução, que
de Coimbra Rodrigues • Patricia Santos Hansen • Patricia Tavares Raffaini parte de inevitáveis pré-compreensões
do mundo, também as práticas de me-
diação são dialógicas. Se traduzir é ato de
transferir ou de conduzir além, mediar,
como prática sociocultural, será sempre
inter-mediar, inter-cambiar e miscigenar
– ótica historiograficamente rica, como a
unificadora introdução deste livro ex-
celentemente fundamenta e os estudos
de caso aqui reunidos bem comprovam.

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