Você está na página 1de 27

O que é cultura popular

Antonio augusto Arantes


Coleção primeiros 36 passos
Editora Brasiliense
Um Aglomerado indigesto
de fragmentos
• 1 - Aspectos da tecnologia e de conhecimento do universo:
Técnicas de trabalho, procedimentos de cura, etc.
• 2 – Formas artísticas de expressão: Literatura oral, música,
teatro, etc.
• Um tende a pensar os eventos no passado como algo que foi
e logo será superado
• O outro pensa-os no futuro, vislumbrando neles indícios de
uma nova ordem social.
• Cultura Popular em contraste ao termo
genérico cultura.
• Idealização romântica da tradição como
perspectiva folclorista ou como modo de
resistência.
• O termo torna-se complexo por alguns
motivos:
• Por ter servido de interesses políticos
populistas e paternalistas.
• Ao fato de que nada de claramente discernível
e demarcável no concreto parece
corresponder aos múltiplos significados que o
termo tem assumido.
• Cultura: Saber, estudo, elegância, esmero. Evocando os domínios da filosofia, das
ciências e das belas artes. ( Pequeno dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. A.
Buarque de Holanda.)
• Nas sociedades em Classes, essas esferas da cultura são atividades com o objetivo de
produção de conhecimento e/ou gosto. Partindo das universidades e academias.
• Nesse sentido ser culto passa a ser um atributo do indivíduo que tem razão, bom
gosto, é informado, tem conhecimento e saber.
• Na sociedade complexa e diferenciada, são muitos os valores e concepções de
mundo. Numa cidade como São Paulo, por exemplo, encontramos interações de
nordestina a japonesa. Partindo dessa reflexão, é sobre essas diferenças que alguns
valores e concepções são IMPLEMENTADOS socialmente.
• ‘’O Brasil é um cadinho democrático de raças.‘’
• Embora nos ensinem a ter um movo de vida refinado, civilizado, eficiente – numa
palavra Culto – muitos objetos e práticas que qualificamos “populares” pontilham o
cotidiano:
• Samba, frevo, maracatú, vatapá, tutu de feijão e cuzcuz. Seresta, repente e folheto
de cordel. Congada, reisado, Bumba meu boi, boneca de pano, talha, marmulengo e
colher de pau. Moriga e peneira. Carnaval e procissão. Benzimento, Quebrante,
simpatia e chá de ervas. Numa região ou noutra. Com sotaque Italiano, Japonês,
alemão ou árabe. Tudo isso conhecemos bem e convivemos com grande
familiaridade.
• Generalizando isso tudo como “do povo”, sinteticamente
“Popular”. Repudiamos, numa sintese teórica, o que
colocamos nessa classificação e como juntas, tudo o que
parece tão heterogêneo.
• Nas sociedades industriais, sobretudo nas capitalistas, o
trabalho manual é pensado como realidade profundamente
distinta do trabalho intelectual.
• Em lugares onde se fala com autoridade na sociedade
capitalista, o que é popular é necessariamente associado ao
fazer, desprovido do saber.
• Eis um paradoxo: Há a expressão da identidade da nação
como um “todo” (povo) ou, quando muito das regiões,
encobrindo a diversidade existentes e seu interior. E são esses
objetos e modos de pensar, simplórios, os que reproduzimos
religiosamente, as “supertições” é que tem fortes
ressonâncias políticas.
• Um grande número de autores pensa a “cultura popular” como Folclore: conjunto
de objetos, práticas e concepções (sobretudo religiosas e estéticas) consideradas
tradicionais.
• Devemos tomar como importante, já que frequentemente estarão em livros
didáticos, museus, e promoções oficiais de arte e cultura.
• Manifestações culturais “tradicionais” como resíduo da cultura culta de outras
épocas. Filtradas ao longo do tempo pelas sucessivas camadas de estratificação
social.
• “O povo, é um clássico que sobrevive.”
• “As orações fortes, os hábitos sociais, as festas da tradição, as conversas, as
superstições, tudo era o passado inarredável, completo, no presente.” – Câmara
Cascudo.
• Por exemplo, numa exposição de cultura popular, expõe-se numa representação os
países como mosaicos de regiões estanques, internamente homogêneas, como se
essas fronteiras causassem a própria diversidade. E é o que acontece.
• Os procedimentos de pesquisa coerentes com essa perspectiva são a listagem e
classificação desses objetos segundo critério de tradição no espaço e tempo. Por
isso a indicação no começo do capitulo.
• Pensar a cultura popular como “folclore” é cada vez mais reafirmar a ideia de que a
“idade do ouro” se deu no passado.
• Em consequência disso as sucessivas modificações que passariam esses objetos não
são compreendidas senão como deturpadoras culturais.
• Cultura popular como totalidade em contraste ao “saber culto
dominante”
• Cultura popular como justaposição de elementos residuais e
fragmentários resistentes a um processo natural de deterioração.
• Procedimentos de recuperação podem ser compreendidos como parte
de uma ginástica mental atrávés da qual se procura resolver um
impasse insolúvel já que na tentativa acaba-se por reproduzir versões
modificadas, esquemáticas, esteriotipadas, dos eventos culturais.
• Eles deixam de ser signos de uma determinada cultura para se
tornarem representações.
• Diz-se Arantes que “o povo não tem cultura” ou “A cultura popular são
as nossas tradições”
• A expressão Cultura Popular implica em visões valorativas (negativas)
dessa categoria social. Se referindo a “povo-massa (contraposição à
Elite), por um lado, e por outro, a preservação das tradições nacionais.
• Arantes: Ambas são concepções que não se sustentam como objetivas.
Por outro lado essas concepções tornam-a passível de cristalização.
• Cultura é um processo dinâmico;
trasformações ocorrem mesmo quando se visa
congelar o tradicional para impedir a sua
deterioração.
• Para que se entenda isso é preciso pensar a
cultura no plural e no presente. E que se parta
de uma concepção dinâmica e normativa.
As culturas aqui e agora. Múltiplas e em
constante transformação
• Significação e valores são da essência da organização da cultura.
• É verdade que o empenho do homem está dirigido para fins, mas esses fins são moldados
pelos valores da cultura. E os valores são sentidos como intrínsecos, não como meios. E os
valores são variáveis e relativos, não predeterminados e eternos, embora certos universais da
biologia e da vida social humanas pareçam ter gerado algumas constantes, ou quase-
constantes, que atravessam as diferenças culturais.
• Lévi Strauss como contribuidor da “significação” nos 30 anos póstumos às pesquisas de
Kroeber e Kluckhohn
• O ponto de partida usual do trabalho do antropólogo é a observação direta de indivíduos se
comportando face a outros indivíduos e em relação à natureza.
• Diversidade como construtora da cultura: pertencer a um grupo social implica basicamente
em compartilhar um modo específico de comportar-se em relação aos outros homens e à
natureza.
• Ser antropólogo implica muito mais em “conversar” do que falar com nativos de um grupo,
por exemplo.
• Significação em torno do paletó e gravata e o macacão como figuras simbólicas de significado
e direção de hierarquias.
• Segundo: Paletó e gravata numa ocasião de cerimônia simbolizando recato e respeito.
• 1 – Os elementos culturais nada significam
individualmente. Não faz parte da essência do paletó e
gravata significarem superioridade, formalidade. Eles
ganham esses significados em decorrência dos contrastes
significativos que construímos enquanto participantes de
um mesmo grupo social (superior/inferior;
formal/informal; etc.) e que sinalizamos por meio de
conjuntos de elementos que convencionamos permutar
em um mesmo contexto.
• 2 – O significado é função do contexto de ocorrência: em
diferentes contextos um mesmo item possui significados
diversos.
• 3 – Um mesmo objeto reúne significados próprios a
diferentes contextos. Agregando 2 ou mais afirmações
pode-se gerar uma terceira.
• De maneira que a) No contexto cerimonial , paletó e
gravata significam respeito. B) No contexto do trabalho
identificam chefes e diretores e c) condensando Paletó e
gravata significam “respeito ao chefe”.
• Os significados implícitos de que estamos tratando não
estão presentes apenas nos objetos. São constiuintes da
esfera da vida social.
• Peguemos por exemplo a Economia: que possui marcos
culturais já que o uso (consumo) é funcão de escolhas
feitas a partir de uma “codificação” que é cultural.
• Interpretar o significado das culturas implica em
reconstituir o modo como os grupos se representam, as
relações sociais que os definem como tal, sua estruturação
interna, e nas suas relações pessoais diversas.
• Linguagem comum – Significados variados: conflito social.
• Uma língua, múltiplas falas.
• “Instituição social” (conceito Malinowskiano):
compreendido como unidade concreta de comportamento
organizado, implicando um sistema de atividades
intencionais, desenvolvidas por grupos de pessoas
organizadas segundo princípio de autoridade, divisão de
atribuições, e distribuição de privilégios e deveres e
baseadas em habilidades, normas e preceitos éticos.
• A instituição como estrutura e unidade concreta de
atividade social. Podendo ser “reconstituída” pelo
observador/antropólogo/etnomusicólogo a partir das
regularidades/irregularidades e funções.
• Bronislaw Malinowski em “Kula”: A mutualidade.
• Kula: É uma forma de troca de caráter intertribal praticadas por comunidades
localizadas num extenso conjunto de ilhas do norte ao leste e extremo oriental da Nova
Guiné.
• A constatação da “troca” que permite integrar um enorme conjunto de atividades,
objetos, regulamentações, cerimônias e corpo de conhecimento.
• E. R. Leach: os detalhes da cultura precisam ser vistos sempre em seu contexto e como
partes interrelacionadas .
• Para Leach as incoerencias e contradições são de fundamental importancia pois se
articulam por e pelos atores sociais.
• Os Kachins contam as suas tradições em ocasiões fixas para acompanhar uma atuação
religiosa. Contar histórias serve para validar o status do individuo que conta, denegrindo
portanto o outro, ou outros, enfim alguém.
• Estabele-se se a tese de que cultura então é construída por sistemas de significados que
são parte integrante da ação social organizada e que em sociedades mesmo
homogêneas/com diferenças visíveis, os sistemas culturais compostam incoerências, e
são essas incoerências e ambiguidades que permitem a articulação geral.
• Por isso não se deve buscar o simples mapeamento social subjacente mas sim
compreensões variadas.
• Deixam de ser objetos de avaliação e passam a ser realizações efetivamente possíveis.
• Diferenciar sociedades propicia a formação de
subgrupos. Por exemplo, as castas indianas ou subgrupos
profissionais que se desenvolvem em sociedades
industriais do trabalho.
• Desde que a sociedade esteja articulada a autonomia do
isolamento, os subgrupos podem desenvolver modos de
vida independentes e suas culturas serem
compreendidas como sistema de ação e representação,
contrastados e interdependentes.
• Exemplo são imigrantes Italianos e Alemães que se
mantiveram no Sul do Brasil embora participassem de
um conjunto de relações complexo.
• A centralização como homogeneizador ( quando um
exerce poder sobre o outro)
• Eunice R. Duham: Na medida que a cultura de massa constitui uma
tendência homogeneizadora que se sobrepõe às diferenças reais,
fundadas numa distribuição desigual do trabalho, da riqueza e do
poder e se processa, portanto, no nível exclusivamente simbólico,
todo o problema da dinâmica cultural se projeta na esfera das
ideologias e tem que levar em soncideração o seu significado
político.
• Tende-se a se criar uma ilusão de homogeneidade sobre um corpo
social que na realidade é diferenciado.
• Insere-se o conceito de ideologia: transformação de ideias da classe
dominante em ideias dominantes para a sociedade como um todo,
de modo que a classe que domina no plano material (econômico,
social e político) também domina o plano espiritual (das ideias). (“o
que é ideologia” – Marilena Chauí).
• A apropriação popular dos espaços “sagrados”: ocupando a seu
modo, os usuários o transformam simbolicamente, redefinindo as
funções dos equipamentos existentes segundo suas próprias
necessidades e concepções.
• 1 – A cultura se constitui de signos e símbolos; ela é convencional,
arbitrária e estruturada.
• 2 – Ela é constitutiva da ação social sendo, portanto, indissociável
dela.
• 3 – O significado é resultante da articulação, em contextos
específicos, e na ação social, de conjuntos de símbolos e signos que
integram sistemas.
• 4 – Em consequência disso, os eventos culturais devem ser pensados
como totalidades, cujos limites são definidos a partir de critérios
internos às situações observadas.
• 5 – Embora os símbolos culturais tenham existência coletiva, eles são
passíveis de manipulação. Articulam-se no interior de uma mesma
cultura, concepções e interesses diferentes ou mesmo conflitantes.
• 6 – Os eventos culturais não são “coisas” (objetos materiais ou não
materiais) mas produtos significantes da atividade social de homens
determinados, cujas condições históricas de produção, reprodução e
transformação devem ser desvendadas.
• 7 – Os eventos culturais articulam-se na esfera
do político, no sentido mais amplo do termo,
ou seja, no espaço das relações entre grupos e
segmentos sociais. Assim sendo, o estudo das
manifestações culturais deve detectar os
constrangimentos que limitam a sua
articulação efetiva e a sua transgressão e
superação em situações concretas.
Na dimensão política do “popular”, a questão
da participação
• A arte(cultura), no início dos anos 60, era considerada alienada.
• Arte “do povo” e Arte “popular”.
• Na arte do povo, o artista não se distingue da massa
consumidora. Integração entre artista e público. É caracterizada
por um tipo de “falta”: vista como desprovida de qualidade
artística, tentativa tosca de expressão.
• Arte popular: feita por um grupo de entendedores/especialistas.
Vista como mais apurada, com grau de técnica elaborativa
superior à primeira. Objetiva-se em distrair ao invés de fomrá-lo,
entretê-lo, despertá-lo para a reflexão. Abre ao homem a porta
para a salvação refugiando-o numa existência utópica.
• Ambas possuem caráter ilusório.
• A arte é revolucionária enquanto é arte autêntica.
• Centro Popular de Cultura.
• CPC’s – UNE -Criado em 1962 por um grupo de
intelectuais ligado à UNE União Nacional de
Estudantes, tinha como propósito a arte
revolucionária, colocando-se ao lado do povo. Sua
produção centrou-se na música e na poesia, no
cinema e no teatro. Extinto violentamente nos
primeiros dias de abril de 1964, foi um dos
movimentos mais inovadores do período, e por
isso mesmo o mais discutido.
• Ferreira Gullar: Quando se fala em cultura popular, acentua-se a necessidade
de pôr a cultura a serviço do povo, isto é, dos interesses efetivos do país.
• Cultura Popular é a consciência de que a cultura tanto pode ser instrumento
de conservação, como de transformação cultural.
• Cultura = Consciência revolucionária.
• Carlos Estevam Martins: O CPC tinha em vista dar uma contribuição para que
o homem do povo pudesse superar (...) as enormes desvantagens que ele
enfrenta para adquirir uma consciência adequada da sua real situação no
mundo em que vive e trabalha.
• A luta pela construção de uma “ilusão necessária” de homogeneidade social,
sobre uma realidade que é heterogênea.
• Na tarefa de conhecer os processos dos quais a sociedade “deglute”,
“digere”, transforma essa unidade ilusória. Repondo o múltiplo, o diverso, o
específico que constitui o núcleo de tensão de sua existência real.
• Marilena Chauí: a suposição de que o povo
fenomênico (da arte ilusória) não é capaz de,
sozinho, seguir a linha correta, precisando de
um “front” cultural, constituído por aqueles
que optarem por ser povo, só que mais povo
do que o povo.
• “O mundo burguês é laico e profano.”
• Racionalidade é o novo nome da providência
divina.
• A ciência é o ópio do povo.
• Nota-se que a grande maioria dos estudos sobre cultura popular versa
sobre atividades artísticas e/ou religiosas.
• Isso se dá na medida em que são instâncias de reflexão e ação
simbólicas por excelência.
• A produção artística de operários em São Paulo:
• São Paulo: 1930 – Chácaras produtoras de frutas e verduras. Produção
de Lenha e carvão. Olaria ( objetos fabricados com barro).
• Rio Tietê: único acesso ao centro da cidade.
• Urbanização e industrialização: mão-de-obra migrante – 1950
• Festas de Santos de Folguedos segundo os moldes (culturais) rurais.
• Polarização dos locais com articulação no plano político composto por
comerciantes e profissionais liberais.
• Por outro lado, manufaturadores (trabalhadores manuais), de origem
migrante: sobretudo mineiros e nordestinos ao qual integraram-se os
remanescentes proletarizados dos antigos moradores caipiras.
• Produção e organização de atividades artísticas e de lazer.
• Disputa/luta de moralidades e construção de mecanismos de
legitimação: política e econômica perante outros, no exercício da
direção intelectual da comunidade.
• Criam-se associações de “seleção”.
• Famílias/negros/categoria alta/categoria baixa.
• Estabelecimento de uma progressiva distinção social no bairro,
criação de um nicho/compartimento a partir de onde fosse
possível articular simbólica e praticamente, a identidade cultural
da comunidade. (segundo a conveniência dos grupos em
ascensão.
• Final dos anos 40/ início dos 50: foram instalados núcleos de
partidos políticos (PSD, UDN, PTB).
• Multiplicaram-se e ganharam força, neste período, movimentos
de reinvidicação em diversas vilas mais afastadas e foram
fundadas diversas sociedades de Amigos de Bairro.
• Surgiram, então, diversos conjuntos musicais,
tanto de inspiração regional quanto pop e rock.
• Um grande número de pessoas dedicava-se à
poesia.
• Criavam-se as raízes da produção teatral.
• Por iniciativa de alguns atores, uns cursados
outros não, todos operários de uma fábrica
instalada no bairro, criou-se o primeiro grupo
leigo de teatro amador.
• “Em 1970, 73, foi o apogeu do teatro por aqui,
havia uns 15 ou 16 grupos na região” – conta um
de seus fundadores.
• Convém dizer sobre a organização desses grupos: ilustram, por um
lado, as relações desses grupos com suas bases sociais e políticas.
Por outro, a produção dessas atividades: particularmente à
atuação das camadas dirigentes, porta-vozes, e guardiãs das
concepções e dos valores oficiais.
• A proximidade social entre grupos teatrais e o seu público ficava
fortalecida pelo fato das peças montadas serem, em sua quase
totalidade, de autoria dos membros dos próprios grupos, em geral
seus diretores, pessoas quase sempre pouco diferenciadas dos
demais participantes e do próprio público, em termos de
concepções de mundo e valores estéticos.
• Se, de um lado, a sua liberdade de expressão é assegurada... Pelo
fato de sua competência cultural ser a mesma de seu público( o
que torna possível o jogo com metáforas, trocadilhos, etc.), por
outro, a sua articulação efetiva é mantida dentro dos limites.
• Esses limites são tanto “internos”. Como regras convencionais
de poética, como gênero literário. Quanto “externos”: como a
manipulação autoritária de taxas e impostos por fiscais nas
feiras, a apreensão de folhetos e prisão de folheteiros acusados
de transgredirem a moral, os bons costumes e as concepções
políticas dos poderosos locais, etc.
• É uma luta constante, muitas vezes explícita, pela constituição
da identidade social, num processo que é dinâmico e que passa
pelas artes assim como pelas outras esferas da vida social.
• Nesse sentido fazer teatro, música, poesia, ou qualquer outra
modalidade de arte é construir, com cacos, e fragmentos, um
espelho onde transparece, com suas roupagens identificadoras
particulares, o que é mais abstrato e geral num grupo humano,
ou seja, sua organização, que é condição e modo de sua
participação na produção da sociedade.

Você também pode gostar