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Perspectivas, São Paulo

5:5-14, 1982

IDEOLOGIA E C U L T U R A NO BRASIL: SUGESTÕES


PARA U M A ANÁLISE DO NOSSO PROCESSO
CULTURAL, À L U Z D A TEORIA CRÍTICA DA SOCIEDADE.*

Dulce C . A . W H I T A K E R * *

RESUMO: A ideologia da cultura no Brasil, abordada do ponto de vista de uma cultura mais e
mais administrada e burocratizada. Os problemas decorrentes da falta de integração cultural do país —
integração esta obstaculizada a nível da ideologia — e a necessidade de se formular uma teoria que dê
conta dos mecanismos ideológicos engendrados nesse processo, e que atuem a nível do cotidiano, des-
truindo as possibilidades integradoras do processo cultural.
UNITERMOS: Ideologia; cultura; indústria cultural; Escola de Frankfurt; colonialismo cultural;
imperalismo; desintegração cultural; cultura de Mosaico.

" A cultura cria a ilusão de uma destes pensadores, conforme se pode ob-
sociedade digna do homem, ao passo servar em Adorno, por exemplo:
que não existe tal sociedade" (20) "Ninguna teoria escapa ya al merca-
A proposta deste artigo é a de estabe- do: cada una de ellas es puesta a la
lecer algumas relações entre certas práti- venta como possible entre las diver-
cas culturais e algumas ideologias. N ã o se sas opiniones que se hacen la compe-
tem aqui, evidentemente, a pretensão de tência; todas son expostas para que
equacionar definitivamente um problema elijamos entre ellas, todas son devo-
de tal complexidade. Pretende-se, t ã o - radas" (1)
somente, levantar alguns aspectos concer-
nentes ao fato de que a cultura, tal como é O que resulta (para nossas mentes)
"dissecada" em alguns ensaios escritos após a leitura de alguns ensaios desses au-
por intelectuais da Escola de Frankfurt, tores? A convicção, talvez, de que é preci-
pode ser desmascarada em seus aspectos so aprender a raciocinar como eles para
ideológicos, tanto no nível da cultura glo- compreender os dilemas e os impasses da
bal, vista pelo ângulo da Antropologia co- nossa cultura. Tendo vivenciado uma
mo no da cultura intelectualizada ou eru- época histórica em que se aguçaram as
dita (principalmente quando esta se de- contradições entre os ideais forjados pela
grada em Indústria Cultural). burguesia em sua ascensão e a irracionali-
Com efeito, a cultura científica ou f i - dade de sociedades que se fundamenta-
losófica não escapou às penetrantes e vam nas mesmas bases burguesas que pro-
atormentadas reflexões críticas de alguns duziram tais ideais, tais pensadores, víti-

• Este artigo foi escrito a partir do trabalho de avaliação preparado para o curso "Processo Ideológico e Processo de
Desenvolvimento" ministrado a nível de Pós-Graduação pelo Prof. Dr. Gabriel Cohn na Universidade de São Paulo.
** Departamento de Ciências Sociais e Filosofia — Instituto de Letras, Ciências Sociais e Educação — U N E S P —
14.800 — Araraquara — SP.

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W H I T A K E R , D . C . A . — Ideologia e cultura no B r a s i l : sugestões para uma análise do nosso processo cultu-
ral, à luz da T e o r i a C r í t i c a da Sociedade. Perspectivas, S ã o P a u l o , 5: 5-14, 1982.

mas eles próprios de tais irracionalidades, mais dissimuladoras dos fenômenos so-
alargaram extraordinariamente a capaci- ciais. Exercícios mentais, que, quando
dade crítica que lhes era dada pelo ra- apreendidos, permitem uma análise do so-
ciocínio dialético. T a l capacidade se exa- cial, em que a transparência em relação a
cerbou em relação à sociedade burguesa e propósitos e intenções subjacentes se
à voracidade com que essa sociedade de- acentua grandemente. Este artigo sugere a
vora seus m e l h o r e s ideais, necessidade de se construir, nos países de-
transformando-os ora em mercadorias, pendentes, uma teoria crítica da sociedade
ora em "amortecedores" destinados a e da cultura, a exemplo do que fizeram
neutralizar qualquer forma de criativida- principalmente A d o r n o e Horkheimer em
de que possa gerar transformações estru- relação à cultura "administrada" dos
turais legítimas na direção dos objetivos países a v a n ç a d o s *. Evidentemente
que ela própria formulou durante os colocam-se aqui apenas sugestões para
períodos de luta contra o pensamento feu- uma primeira reflexão, o que se fará em
dal. Veja-se, por exemplo, a reflexão pro- três níveis, a saber:
funda e apaixonada que faz A d o r n o em I. Os múltiplos enfoques da Cultura
"Meditaciones sobre la Metafísica", sua II. Controvérsias a respeito do conceito
amargura diante da prova irrefutável do de Ideologia e opção de Horkhei-
"fracasso da cultura" dada por Aushwitz mer.
e seu espanto de que esses fatos tenham III. Os dilemas da cultura à luz desse
podido ocorrer em meio " a uma tradição
conceito de Ideologia.
filosófica, artística e científico-
ilustradora" (1). Igualmente, o doloroso
diagnóstico que faz junto com Horkhei- I. A C U L T U R A E S E U S M Ú L T I P L O S
mer, a respeito da constelação de fatores ENFOQUES
que atuam na p r o d u ç ã o e m a n u t e n ç ã o do O conceito de cultura em suas defini-
anti-semitismo (2). ções antropológicas n ã o é facilmente apli-
cável às sociedades de classes, j á que nes-
Pensadores enciclopédicos, esquadri- tas, tanto as práticas ditas materiais como
nharam com os instrumentos de uma teo- as crenças e os conhecimentos variam
ria crítica da Sociedade, todos os campos consideravelmente em função das desi-
do saber, desde a visão crítica do Ilumi- gualdades sociais. Mais difícil ainda se
nismo, até o que se poderia chamar uma torna a aplicação do referido conceito,
psicologia das profundezas, passando pe- quando se pensa em países do chamado
lo campo da política e da estética, onde al- 3.° mundo, onde às formações históricas
guns como A d o r n o e Benjamim se permi- específicas correspondem culturas es-
tiram interpretações políticas a respeito de pecíficas (hoje em graus variáveis de de-
aspectos tão abstratos quanto as composi- sintegração, após a imposição de valores
ções musicais (20). dados como absolutos pela cultura oci-
dental que chega a esses países sob a for-
Para tanto, desenvolveram esquemas
ma da dominação dada pelo Imperialis-
de raciocínio dialético que permitem atin-
mo).
gir os níveis mais profundos dos fenôme-
nos humanos, apreendendo-lhes as essên- Já o conceito de cultura encontrável
cias em todas as suas contradições. T a l na obra de Weber, sob o rótulo de cultura
modo de raciocinar, principalmente em ocidental, refere-se muito mais àquela
Adorno e Hprkheimer, penetra as formas parte das práticas, técnicas e conhecimen-

* Para estes autores, teria havido nesses países, uma dialética negativa através da qual a racionalidade histórica do Ilu-
minismo produziu a irracionalidade burocrática de uma cultura a serviço do poder, capaz de justificar todas as distorções
produzidas pelo capitalismo.

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tos obtidos a partir da intelectualizacão de sucessíveis ondas de d o m i n a ç ã o , com as-


uma parte da sociedade, e que atende ao pectos marcadamente desintegradores, o
qualificativo de " R a c i o n a l " . que impediu sempre uma evolução har-
Tal conceito de cultura se choca com moniosa das práticas, das técnicas e das
conceito antropológico, porque produz a crenças que ela formava***. Reduzida aos
impressão de que cultura é apanágio ape- fragmentos folclóricos, obscurecida pela
nas das classes privilegiadas urbanas das História asséptica das elites brancas, tal
sociedades industriais (e realmente quan- substância cultural vem sendo cada vez
do tomada nesse sentido ela o é). mais destruída pelo poderio eletrônico e
E a cultura das outras camadas so- tecnológico da indústria cultural.
ciais (classes subalternas), como fica? O
impasse pode ser resolvido pela utilização Em nosso país, portanto, a cultura
do conceito de subcultura, o qual, segun- aparece como síntese das várias subcultu-
do Ruth Cardoso, tem a "capacidade de ras, com a predominância de uma cultura
descrever a ambigüidade dos grupos so- dada como legítima, da qual se irradiam
ciais a que se aplica, os quais, por suas as orientações que devem ser dadas no
particularidades culturais se distanciam tratamento do problema cultural. Tais
do modo de vida dominante, mas não so- orientações evidentemente se situam em
brevivem, ou melhor, sequer definem seus esferas onde o conceito de cultura perde
limites, senão com relação à sociedade sua conotação antropológica e se aproxi-
mais ampla" (6). Esta autora chama a ma muito mais da idéia do refinamento
atenção para o caráter conflitivo e dinâ- espiritual. Este aliás é um conceito encon-
mico de toda cultura. Daí a formação, trável em pensadores de origens e forma-
principalmente na vida urbana, de várias ções tão diversas como Bordieu ( A Eco-
subculturas que se articulam, com rela- nomia das Trocas Simbólicas), A d o r n o &
ções de dependência*. É possível deduzir Horkheimer, o j á citado Weber e até o
que a articulação entre as várias classes próprio Gramsci, embora em muitos mo-
sociais significa em última instância a arti- mentos tão preocupado com o problema
culação entre as várias subculturas (A cul- das classes populares (10).
tura intelectualizada aparece então como Estas colocações, que forçosamente
cultura dominante (cultura propriamente resultaram fragmentárias (resultado da
dita, no sentido da erudição). Embora tal fragmentação do p r ó p r i o objeto sobre o
nível cultural erudito seja uma síntese das qual se discorre), se n ã o ajudam a resolver
várias subculturas, possui muito poucos o impasse teórico entre a cultura dos do-
elementos culturais oriundos dos grupos minantes e a cultura dos dominados, aca-
dominados.) /Ocorre então o paradoxo bam colocando a seguinte questão: O que
fundamental da escola brasileira, que é o é realmente cultura? Seu caráter multifa-
de se tentar impor às crianças das cama- cetado, dado pela divisão da sociedade em
das subalternas, as resultantes culturais classes e acentuado cada vez mais pela di-
para cuja produção pouco ou nada fize- nâmica histórica mundial torna cada vez
ram seus representantes. Daí o maior grau mais difícil a sua definição. Acrescente-
de violência simbólica ligada à ação peda- se, ainda, que os fenômenos da domina-
gógica em nosso país**. ção dão as diretrizes através das quais cer-
É preciso lembrar que nossa História tos critérios tornam-se definidores da vali-
Cultural está marcada pelo rural e revela dade das obras culturais. Paralelamente,

* Veja-se a respeito - Whitaker, 1980


** Para o conceito de A ç ã o Pedagógica dotada de violência simbólica, veja-se Bourdieu & Passeron - 1975.
*** Para discussão mais ampla desse problema veja-se Whitaker-1981 em que se discute implicações entre subcultu-
ras e o processo educacional.

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a degradação da cultura burguesa em in- ra racional, abandonando as fundamenta-


dústria cultural, o que, segundo as análi- ções místicas.
ses dos autores da Escola de Frankfurt,
O senso de racionalidade dos gregos
ocorreu após o seu apogeu, torna a cultu-
submergiu após as vicissitudes históricas
ra instrumento de fácil manipulação pelas
que deram à Igreja e ao clero, na Idade
ideologias, já que segundo esses mesmos
Média, novamente o m o n o p ó l i o do saber,
autores, a existência da arte como força
através do qual o mundo voltou a ser ex-
social crítica é bastante precária.
plicado a partir do sagrado. Somente no
N a parte final deste trabalho voltare- final da Baixa Idade Média começa a se
mos a este ponto. Antes, p o r é m , é preciso romper tal m o n o p ó l i o , que os clérigos
situar o conceito de ideologia em que se tentavam ainda manter firmemente em
apoiam estas reflexões. suas mãos. A Renascença assiste à emer-
gência de intelectuais não-clérigos e a edu-
II. O C O N C E I T O D E I D E O L O G I A : A S cação passa lentamente para as mãos dos
CONTROVÉRSIAS A RESPEITO E humanistas. Intensifica-se o comércio, e o
O CONCEITO DE IDEOLOGIA E A contato com o Oriente ajuda a relativizar
OPÇÃO D E H O R K H E I M E R o pensamento, que agora conta ainda com
A história é testemunha de que sem- os recursos da experimentação. A Teoria
pre existiram ideologias destinadas a dos Idola de Bacon, a partir do Iluminis-
"conter" a análise da existência dentro mo, a descoberta do papel das " p a i x õ e s "
dos limites suportáveis por cada organiza- na percepção, a idéia de que as paixões
ção social. N a Antigüidade e até a A l t a podem ser canalizadas frutiferamente pe-
Idade Média, as gigantescas racionaliza- lo conhecimento, a descoberta pelos sen-
ções coletivas eram produzidas por reli- sualistas da influência das funções senso-
gões, nas quais o arranjo entre as mitolo- riais sobre o pensamento, as contribuições
gias e a natureza propiciavam as explica- de Freud e Pareto constituem alguns dos
ções e as justificativas necessárias a san- passos gigantes dados pelo desenvolvi-
cionar dominações e desigualdades. Basta mento intelectual da humanidade no sen-
citar, como exemplo, a a d e q u a ç ã o perfei- tido da descoberta da maneira como os
ta, quase simétrica, entre o sistema social homens pensam. N ã o é tarefa para este
de casta da índia e o bramanismo. Nas trabalho citar todas as contribuições fei-
épocas em que uma religião totalizadora tas através da História, na direção dessas
permeou realmente todo o sistema cultu- descobertas, o que fugiria aos propósitos
ral, não foi fácil perceber o caráter misti- do mesmo. A o criticarem o materialismo
ficador e ideológico das crenças e valores mecanicista que situava o sujeito como
a partir dos quais se plasmava a socieda- determinado passivamente pelo ambiente,
de. Se tal ocorresse, seria a nível de algum descobriram, equacionaram e recons-
indivíduo, o qual forçosamente se torna- truíram em todas as suas dimensões os
ria " m a l d i t o " pela sociedade. mecanismos formadores das Ideologias.
Conforme Milic (17).
Talvez pudéssemos destacar como
excessão a Grécia Antiga, onde a religião " S i se considera que los análisis críti-
nunca teve (ou perdeu em determinado cos de Marx — en particular cuando
momento da evolução cultural da cidade- el los ha elaborado y no aparecen co-
estado) o caráter de m o n o p ó l i o da expli- mo simples notas marginales — no
cação dos fenômenos da natureza. P o r is- determinan solo la posición histórico
so foi possível aquilo que os historiadores socialmente condicionada de una
entendem como " O Milagre G r e g o " — idea, sino que dilucidan en profundi-
um conjunto de tentativas de explicar os dad su contenido y su estructura con-
fenômenos da natrueza e outros de manei- ceptual, y a menudo hasta intentan

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aclarar su gênesis psicológicas, se onde Adorno usa o mesmo procedimento


compreenderá que inagotable fuente em relação a Karen Horney.) (3).
constituye su obra para la sociologia
Em Ideologia y Acción, Horkheimer
del conocimiento" (17).
situa as perplexidades que assaltam o inte-
Partindo da obra de M a r x , M a n - lectual diante do "esvaziamento" do con-
nhein estudou a vinculação entre diferen- ceito de Ideologia e preconiza que tal con-
tes formas de pensamento e o momento ceito seja preservado em suas origens his-
histórico em que foram produzidas, e de- tóricas, isto é, que seja reservado para
monstrou a impossibilidade da existência aquilo que é antitético com respeito à ver-
de um intelecto puro, trabalhando na dade, e ao saber que é inconsciente da sua
apreensão do real, dada a inexistência de dependência (11).
uma verdade absoluta numa realidade em
mudança que necessariamente gera for- É sobre esse conceito de Ideologia
mas de pensamento cambiantes (14). que se baseiam as propostas deste traba-
lho.
A literatura a respeito do conceito de
Ideologia é rica. Sobre ele trabalharam
não só filósofos e sociólogos como tam- III. OS D I L E M A S D A C U L T U R A À
bém psicólogos, historiadores, cientistas L U Z DESSE C O N C E I T O D E I D E O L O -
políticos, etc. Para o que está aqui pro- GIA
posto, no entanto, é suficiente observar A primeira parte deste trabalho, si-
como alguns pensadores da Escola de tuou o caráter multifacetado da cultura
Frankfurt enfrentaram o problema. Espe- nas sociedades de classe, caráter esse que
cificamente, levam-se em conta aqui as por circunstâncias históricas se agrava nos
críticas feitas por Horkheimer ao conceito países do 3.° mundo, onde, como no caso
de Ideologia Total de Mannhein, tal como do Brasil, sucessivas ondas de d o m i n a ç ã o
está exposto em Ideologia e Utopia (14). econômica parecem desencadear proces-
Horkheimer critica em Mannhein, o sos desintegrativos sucessivos, ao nível da
que se poderia chamar sua " t r a i ç ã o " ao cultura. A s descaracterizações e as desin-
pensamento marxista, cujo materialismo tegrações culturais que ocorrem no 3.°
sempre ressaltou o aspecto do ser (existên- mundo e que foram denunciadas nas
cia real terrena) como verdadeiro, en- obras de pensadores que sofreram direta-
quanto a Sociologia do Conhecimento de mente suas ações como Fannon e M e m m i
Mannhein significa um retorno à filosofia estão também teorizados por intelectuais
idealista clássica (11). críticos brasileiros como Otácio Ianni e
Darcy Ribeiro. Transparecem, ainda, na
Tanto Horkheimer como A d o r n o , ao
ótica de intelectuais europeus como Ches-
criticarem a Sociologia do Conhecimento
neaux que descreve a contradição intensa
tal como a expressa Mannhein, d ã o mais
que se forma ao longo da história (após a
uma amostra da capacidade que desenvol-
integração mundial operada pelo capita-
veram no sentido de detectar a maneira
lismo) entre a realidade de cada povo e a
como as idéias mais revolucionárias são
"tendência à interdependência planetária
"assimiladas" pela ordem intelectual do
de t o d o s os g r u p o s humanos"
capitalismo, e como um aparente avanço
(Chesneaux-1976)*.
das ciências do comportamento pode sig-
nificar uma tentativa de "apaziguamen- Quando se pensa na realidade p r ó -
to" de teorias que foram, na sua origem, pria de cada povo é preciso reter o concei-
muito mais revolucionárias. (Veja-se por to de cultura em seu significado antropo-
exemplo — L a revisón del psicoanálisis, lógico, significado este que tem muito que

• Veja-se Whitaker — 1980 — obra citada.

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ver com prática de vida dos grupos huma- gem e tardio que enfrentamos, constrói si-
nos. Isto nos remete ao fato incontestável tuações muito semelhantes àquelas descri-
de que, em qualquer nação onde tenha tas por Slater, em relação à Alemanha dos
ocorrido um desenvolvimento científico e anos 20 e 30, época em que floresceu a
intelectual integrados, os fundamentos e Teoria Crítica da Sociedade.
anteparos desse desenvolvimento estavam
Embora se tenha que levar em conta
numa cultura material harmoniosamente
acentuadas diferenças históricas concretas
desenvolvida. Dessa esfera material, dia-
entre a evolução da A . Latina e a evolu-
leticamente influindo sobre ela, emana-
ção da Europa — além da diversidade de
ram os conceitos a partir dos quais se or-
cada país europeu e de cada país latino-
ganizou a sofisticação tecnológica e o bri-
americano — não há como fugir ao fato
lho espiritual que formam a esfera da cul-
de que a submissão de uma sociedade às
tura chamada erudita. T a l harmonia é cla-
injunções de grandes corporações oligo-
ra, por exemplo, na evolução do pensa-
polistas ou monopolistas (bem como as
mento europeu a partir da Renascença,
ingerências do Imperialismo) engendram,
quando o comércio material dos homens
no plano político, mecanismos totalitários
intensificou o seu comércio espiritual, co-
destinados a facilitar as tarefas da explo-
mo diriam Marx e Engels.
ração. Atente-se, por exemplo, para este
A Revolução Industrial é a explosão trecho, em que Slater descreve as condi-
natural de tão notável estimulação históri- ções de exploração a que esteve sujeita a
ca e não sem razão ocorrem, paralelamen- nação alemã, e conseqüentemente sua
te, na Europa, uma revolução intelectual classe operária, durante a Repúbjica de
(o Iluminismo) e uma revolução política Weimar.
(a Revolução Francesa). " C o m o caos econômico que se se-
Para os povos que viveram tais revo- guiu à I Guerra Mundial — o estabeleci-
luções de maneira reflexa, as transforma- mento da República de Weimar e o impe-
ções sociais e culturais foram muito mais rialista Tratado de Versalhes — vastos
difíceis e em alguns casos nem ocorreram, capitais foram acumulados com moeda
porque os empréstimos culturais traziam sem valor e grandes empresas compraram
em seu bojo as ideologias necessárias à outras menores por preços ridiculamente
manutenção da d o m i n a ç ã o — j á que nada baixos. Desse modo o crescimento do mo-
alterava o fato de que esses povos estavam nopólio avançava de vento em popa. Mas
destinados a produzir o excedente econô- não havia capital realmente operante, as-
mico que a Europa (e seus sucessores) ne- sim como qualquer garantia para a base
cessitavam para sustentar o brilhante capitalista da República. O capital neces-
edifício intelectual que construíam. Por sário para estabilizar essa República veio
isso a organização da cultura nos países dos Estados Unidos, que considerava a
colonizados exibe, ainda mais do que nas Alemanha derrotada, com sua alta capa-
suas metrópoles, o caráter de "cultura ad- cidade de p r o d u ç ã o , um investimento lu-
ministrada", que A d o r n o e Horkheimer crativo. A o Plano Dawes, de agosto de
detectaram nas sociedades onde avançava 1924, seguiu-se o maciço E m p r é s t i m o D a -
o capitalismo monopolista (3). Aliás, os wes e inúmeros empréstimos individuais.
esquemas de raciocínio construídos e utili- A produção em massa sobre uma base
zados pelos ensaístas e pesquisadores da monopolista foi retomada com fervor.
Escola de Frankfurt são extraordinaria- A Alemanha deveria recuperar-se
mente funcionais para análise da realida- economicamente a fim de poder pagar,
de desses países, principalmente no que se com fantásticas reparações, uma fatia
refere ao momento brasileiro. Talvez isso adicional de sua riqueza nacional, em for-
se dê porque o tipo de capitalismo selva- ma de juros aos americanos. Portanto, os

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lucros que o capitalismo monopolista ale- pretende-se apenas situar alguns dos prin-
mão tinha que gerar eram fenomenais, as- cipais pontos que devem ser equacionados
sim como o eram os encargos concomi- para elaboração dessa crítica, e do instru-
tantes a serem lançados sobre a classe mental teórico que ela exige.
operária do país" (20).
Talvez o primeiro ponto a lembrar
Este autor destaca ainda a transfe-
seja o fato de que no Brasil n ã o existe
rência de técnicas de p r o d u ç ã o americana
uma cultura integrada. Conforme j á se
para as fábricas alemãs com aumento da
demonstrou, as diversas subculturas bra-
intensidade do trabalho, e o crescimento
sileiras formam um conglomerado sub-
significativo no índice de acidentes de tra-
misso à cultura dominante — esta cada
balho. Com alguns retoques, suas obser-
vez mais administrada. O caráter burocrá-
vações são aplicáveis ao momento brasi-
tico dessa cultura administrada tem sido
leiro.
denunciado por todos aqueles que sofrem
É de se pensar portanto que guarda- seus efeitos, desde aqueles que trabalham
das as devidas diferenças resultantes das no campo artístico até aqueles que mili-
diferentes evoluções históricas, circuns- tam no campo educacional, cada vez mais
tâncias semelhantes entre as angústias ale- controlados pelo Estado. A indústria cul-
mãs da década de 20 e o momento históri- tural desempenha com eficácia seu papel
co brasileiro tornam atualíssima a manei- de amortecedor cultural, principalmente
ra crítica como os pensadores da escola de através da T V , que destila sutilmente os
Frankfurt analisaram a sociedade de seu anestésicos necessários à m a n u t e n ç ã o da
tempo, esquadrinhando todos os setores dominação, enquanto coloridas revistas
culturais, dissecando-os quase impiedosa- semanais "informativas" ajudam a cons-
mente, e descobrindo seus aspectos mais truir uma espécie de "cultura de mosai-
dissimulados, num verdadeiro processo co" (formada de fragmentos distorcidos
de desmascaramento. Daí os caminhos de notícias superficiais sobre os aconteci-
tortuosos dos raciocínios utilizados, prin- mentos mundiais e nacionais). A folclori-
cipalmente por A d o r n o e Horkheimer. zação da cultura popular conforme de-
Difíceis de serem acompanhados, a monstrou Otávio Ianni corresponde aos
princípio, quanto mais neles nos aprofun- desígnios da d o m i n a ç ã o . (Os conhecimen-
damos melhor percebemos as vantagens tos das classes dominantes são científicos
dessa maneira crítica de pensar. ou intelectuais, enquanto o do povo é fol-
clore.) (12). N o campo educacional é cada
A digressão acima, um pouco longa, vez mais aguda a separação entre as clas-
tornou-se necessária, no sentido de se jus- ses sociais. À medida que os filhos das
a
tificar o tipo de crítica que este trabalho classes subalternas a v a n ç a m até a 8. série
propõe em relação à cultura no Brasil. ou chegam a fazer o 2.° Grau, torna-se
Evidentemente, é preciso criar uma cons- mais intensa a fuga das elites para as esco-
telação teórica que permita um desmasca- las particulares, cujas mensalidades
ramento tão completo como aquele que tornam-se cada vez mais caras — algo que
foi forjado a partir da escola de Frank- sempre existiu como tendência, mas que
furt. Em relação aos aspectos econômicos hoje se está cristalizando cada vez mais
da dominação imperialista j á se pode con- com nitidez. Quando o p r ó p r i o Estado
tar com toda uma teoria. A crítica da através da distribuição da sua rede física
ideologia também j á foi iniciada. E l a ain- determina que seus alunos frequentem es-
da não foi suficientemente desenvolvida, colas nos bairros onde residem, fica pa-
no entanto, para permitir o desmascara- tente a intenção de reforçar a estratifica-
mento total da maneira como estamos ção e segregação entre os vários estratos
sendo colonizados. C o m este trabalho sociais. (Consequentemente, segregam-se

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subculturas. É preciso portanto exercer ticamente, o aparato teórico necessário à


uma crítica tão aguda e implacável como reflexão crítica sobre a ideologia da domi-
aquela que desenvolveram A d o r n o e nação.
Horkheimer em relação à sua época, no Numa sociedade como a nossa, po-
sentido de p ô r a nu o constante trabalho rém, onde existem diferentes espaços cul-
ideológico que se faz no sentido de evitar turais, os vários níveis de cultura apenas
a integração da cultura no Brasil. N u m submissos e articulados, raramente inte-
primeiro exame é possível perceber como grados, e onde a maior parte da popula-
fazem parte dessa ideologia, por exemplo: ção nem freqüenta escolas, ou o faz em
as doutrinas sobre a nossa capacidade pa- condições precárias durante muito pouco
ra produzir tecnologia, sobre as influên- tempo, a ação ideológica n ã o encontra
cias do trópico ou da latinidade sobre nos- barreiras significativas à disseminação de
so caráter cultural; preconceitos de cor e seus conteúdos, a n ã o ser em setores mui-
de raça que podem ser detectados até em to específicos da sociedade, que se encon-
obras de autores progressistas como Jorge tram de certa forma " d i v o r c i a d o s " do sis-
Amado*; um certo anti-semitismo que tema global.
tem sido usado politicamente contra cien-
tistas e intelectuais até mesmo por órgãos A incipiente integração cultural que
ligados ao governo; a destruição do patri- nos caracteriza, e a fragilidade cultural
mônio histórico em geral, mas principal- como decorrência, permitem que se insta-
mente a parte da nossa m e m ó r i a que se re- le nos " v a z i o s " que separam as várias
fere às classes dominadas ou aos setores subculturas, conteúdos ideológicos colo-
mais contestadores da sociedade (caso da nialistas, frente aos quais os agentes hu-
demolição do prédio da U N E , por exem- manos abandonam práticas culturais cuja
plo). utilidade nunca havia sido contestada an-
teriormente.
É preciso chamar atenção ainda para Costuma-se dizer que no Brasil só so-
certos setores da indústria cultural onde a brevive a memória da classe dominante,
manipulação do consumidor é mais facil- porque a nossa Historiografia retrata nos-
mente desmascarável e onde se joga real- sa evolução do ponto de vista dessa classe,
mente com todos os trunfos da domina- ignorando todos os fatos que possam so-
ção, desde o poderio econômico até as lapar o mito das tradições pacíficas e de
mais modernas técnicas de "marketing". harmonia com que se teriam dado todos
É evidente que fatos do tipo acima os nossos eventos históricos. É preciso ob-
ocorrem em qualquer sociedade industrial servar, no entanto, que a destruição do
(Veja-se por exemplo, Lowenthal — nosso patrimônio histórico em vários mo-
1971). Quando tais "artimanhas" ideoló- mentos deixou de respeitar os próprios
gicas são realizadas, p o r é m , no quadro de conteúdos culturais da classe dominante,
uma cultura integrada, cuja evolução his- os quais, em nome do progresso foram
tórica não sofreu as várias formas de do- ora destruídos, ora relegados ao abando-
minação engendradas pelo Imperialismo, no e à deterioração pelos poderes públi-
há algumas probabilidades de que seus cos. Tais descasos, que caracterizaram e
efeitos maléficos sejam neutralizados, ou caracterizam ainda as próprias burocra-
pelo menos minimizados, através de me- cias nomeadas e sustentadas pela domina-
canismos que a própria cultura engendra ção, só adquirem sentido quando se ob-
na forma de contra ideologias. A própria serva a cultura à luz dos conteúdos ideoló-
educação escolarizada, em que pese o seu gicos que a informam. Tais conteúdos,
caráter domesticador, deve fornecer diale- forjados por influência externa, devem

* A esse respeito veja-se — Nascimento, Abdias— 1978.

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W H I T A K E R , D . C . A . — Ideologia e cultura no Brasil: sugestões para uma análise do nosso processo cultu-
ral, à luz da Teoria Crítica da Sociedade. Perspectivas, S ã o P a u l o , 5: 5-14, 1982.

ser detectados. Para tanto nossa cultura dor aparato policíaco y de propagan-
deve ser dissecada, utilizando-se para isso da dirigido a la d o m i n a c i ó n ; se extir-
esquemas de raciocínio semelhante àque- pan la apatia y la fragilidad de los in-
les que foram usados pelos ensaístas de divíduos; todos tienen que aplicarse a
Frankfurt. si mismo la poderosa disciplina, y
quien no sea capaz de ello tiene que
Não são suficientes o equacionamen-
desaparecer. A la vista del império
to da nossa dependência econômica e a
jamás imaginado de los poderes
denúncia do caráter imperialista dos pro-
mundiales, las masas nativas sienten
gramas assistenciais e o auxílio com os
su pobreza como una ignomínia; el
quais temos sido "brindados" (Já tem si-
nuevo orgullo nacional es la fúria -
do denunciado, t a m b é m , o funcionamen-
transformada - por su miséria y a la
to da máquina propagandística que nos
vez por los grilletes que les encadenan
sufoca). É preciso ir além, descobrindo os
a sus señores a u t ó c t o n o s ? las elites y
mecanismos ideológicos mais sutis: aque-
los astutos caudillos de los pueblos
les que, ao nível da própria cultura do co-
afroasiáticos sacan sus fuerzas de la
tidiano, preparam as bases que têm sus-
indomable voluntad de tener sus p r ó -
tentado um colonialismo cultural dia a dia
prios milagros econômicos, y las ma-
mais vigoroso.
sas marchan entusiasticamente a su
A propósito, veja-se o que a tal res- lado por lo mismo. Se odia cuanto ha
peito escreveu Horkheimer: precedido, se reniega abstractamente
de ello y se rompe y deriba barbara-
" H o y , en los países antes coloniales,
mente; a lo sumo, una história extin-
se alcanza la transición rapidamente,
guida de ha mucho, aderezada a su
sin contemplaciones, de un modo ra-
gusto con todas las glórias, sirva co-
dical. E n ellos, los nativos se exigen
mo símbolo propagandístico de la re-
en la actualidad a si mismos, bajo sus
novación nacional. Tales procesos,
dictadores, no menos de lo que les
en los que se liquida el verdadero pa-
habian exigido los imperialistas del
sado en lugar de asumirlo y llevarlo
siglo X I X ; y la parsimonia, la falta
más alia, están ligados de fijo con la
de adaptación, ya no se toman hoy
exterminación de grupos humanos
como indolência, sino como traición
enteros, y la maldición dei terror or-
a la comunidad popular. Y a Hitler y
ganizado durante la transición ha de-
Stalin querian dar alcance a viva
sempeñado siempre un papel en el in-
fuerza a un funcionamiento de la in-
terior mismo de la nueva forma de la
dustria, en los países m á s adelanta-
sociedad que debe su ser a a q u é l " .
dos, que no se ve estorbado por nin-
Horkheimer - L a Filosofia como
gún residuo (...) el nacionalismo exa-
crítica de la cultura. In: A d o r n o y
cerbado de los países atradados cor-
Horkheimer. 1970.
responde actualmente al mismo im-
pulso hacia una industrialización ra- Indiscutivelmente, à teoria crítica da
biosa, hacia la producción de bienes sociedade, tal como foi manejada por
de consumo para el pueblo y de Horkheimer, nada escapou: nem os pre-
artículos de lujo de prestigio, hacia el tensiosos "milagres e c o n ô m i c o s " da peri-
armamento y hacia el metamorfosea- feria do capitalismo mundial...

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W H I T A K E R , D . C . A . — Ideologia e cultura no Brasil: sugestões para uma análise do nosso processo cultu-
ral, à luz da Teoria Crítica da Sociedade. Perspectivas, S ã o Paulo, 5: 5-14, 1982.

W H I T A K E R , D . C . A . — Ideology and culture in Brazil: suggestions for an analysis of the cultural pro-
cess, from the perspective of the society criticai theory. Perspectivas, São Paulo, 5: 5-14, 1982.

ABSTRACT: The ideology of culture in Brazil is approached from the point ofview of a more and
more administered and bureaucratic culture. The problems which originate from the lack of the country
cultural integration — integration which may have ideológica! obstacles — and the necessity to built up
a theory which is able to explain the ideological mechanisms engendered in this process, destroying the
cultural process integrative possibilities, sistematically.
KEY—WORDS: Ideology; culture; cultural industry; Frankfurt Group; cultural colonialism; im-
perialism; culturaldesintegration; "mosaico"culture.

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