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5:5-14, 1982
Dulce C . A . W H I T A K E R * *
RESUMO: A ideologia da cultura no Brasil, abordada do ponto de vista de uma cultura mais e
mais administrada e burocratizada. Os problemas decorrentes da falta de integração cultural do país —
integração esta obstaculizada a nível da ideologia — e a necessidade de se formular uma teoria que dê
conta dos mecanismos ideológicos engendrados nesse processo, e que atuem a nível do cotidiano, des-
truindo as possibilidades integradoras do processo cultural.
UNITERMOS: Ideologia; cultura; indústria cultural; Escola de Frankfurt; colonialismo cultural;
imperalismo; desintegração cultural; cultura de Mosaico.
" A cultura cria a ilusão de uma destes pensadores, conforme se pode ob-
sociedade digna do homem, ao passo servar em Adorno, por exemplo:
que não existe tal sociedade" (20) "Ninguna teoria escapa ya al merca-
A proposta deste artigo é a de estabe- do: cada una de ellas es puesta a la
lecer algumas relações entre certas práti- venta como possible entre las diver-
cas culturais e algumas ideologias. N ã o se sas opiniones que se hacen la compe-
tem aqui, evidentemente, a pretensão de tência; todas son expostas para que
equacionar definitivamente um problema elijamos entre ellas, todas son devo-
de tal complexidade. Pretende-se, t ã o - radas" (1)
somente, levantar alguns aspectos concer-
nentes ao fato de que a cultura, tal como é O que resulta (para nossas mentes)
"dissecada" em alguns ensaios escritos após a leitura de alguns ensaios desses au-
por intelectuais da Escola de Frankfurt, tores? A convicção, talvez, de que é preci-
pode ser desmascarada em seus aspectos so aprender a raciocinar como eles para
ideológicos, tanto no nível da cultura glo- compreender os dilemas e os impasses da
bal, vista pelo ângulo da Antropologia co- nossa cultura. Tendo vivenciado uma
mo no da cultura intelectualizada ou eru- época histórica em que se aguçaram as
dita (principalmente quando esta se de- contradições entre os ideais forjados pela
grada em Indústria Cultural). burguesia em sua ascensão e a irracionali-
Com efeito, a cultura científica ou f i - dade de sociedades que se fundamenta-
losófica não escapou às penetrantes e vam nas mesmas bases burguesas que pro-
atormentadas reflexões críticas de alguns duziram tais ideais, tais pensadores, víti-
• Este artigo foi escrito a partir do trabalho de avaliação preparado para o curso "Processo Ideológico e Processo de
Desenvolvimento" ministrado a nível de Pós-Graduação pelo Prof. Dr. Gabriel Cohn na Universidade de São Paulo.
** Departamento de Ciências Sociais e Filosofia — Instituto de Letras, Ciências Sociais e Educação — U N E S P —
14.800 — Araraquara — SP.
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W H I T A K E R , D . C . A . — Ideologia e cultura no B r a s i l : sugestões para uma análise do nosso processo cultu-
ral, à luz da T e o r i a C r í t i c a da Sociedade. Perspectivas, S ã o P a u l o , 5: 5-14, 1982.
mas eles próprios de tais irracionalidades, mais dissimuladoras dos fenômenos so-
alargaram extraordinariamente a capaci- ciais. Exercícios mentais, que, quando
dade crítica que lhes era dada pelo ra- apreendidos, permitem uma análise do so-
ciocínio dialético. T a l capacidade se exa- cial, em que a transparência em relação a
cerbou em relação à sociedade burguesa e propósitos e intenções subjacentes se
à voracidade com que essa sociedade de- acentua grandemente. Este artigo sugere a
vora seus m e l h o r e s ideais, necessidade de se construir, nos países de-
transformando-os ora em mercadorias, pendentes, uma teoria crítica da sociedade
ora em "amortecedores" destinados a e da cultura, a exemplo do que fizeram
neutralizar qualquer forma de criativida- principalmente A d o r n o e Horkheimer em
de que possa gerar transformações estru- relação à cultura "administrada" dos
turais legítimas na direção dos objetivos países a v a n ç a d o s *. Evidentemente
que ela própria formulou durante os colocam-se aqui apenas sugestões para
períodos de luta contra o pensamento feu- uma primeira reflexão, o que se fará em
dal. Veja-se, por exemplo, a reflexão pro- três níveis, a saber:
funda e apaixonada que faz A d o r n o em I. Os múltiplos enfoques da Cultura
"Meditaciones sobre la Metafísica", sua II. Controvérsias a respeito do conceito
amargura diante da prova irrefutável do de Ideologia e opção de Horkhei-
"fracasso da cultura" dada por Aushwitz mer.
e seu espanto de que esses fatos tenham III. Os dilemas da cultura à luz desse
podido ocorrer em meio " a uma tradição
conceito de Ideologia.
filosófica, artística e científico-
ilustradora" (1). Igualmente, o doloroso
diagnóstico que faz junto com Horkhei- I. A C U L T U R A E S E U S M Ú L T I P L O S
mer, a respeito da constelação de fatores ENFOQUES
que atuam na p r o d u ç ã o e m a n u t e n ç ã o do O conceito de cultura em suas defini-
anti-semitismo (2). ções antropológicas n ã o é facilmente apli-
cável às sociedades de classes, j á que nes-
Pensadores enciclopédicos, esquadri- tas, tanto as práticas ditas materiais como
nharam com os instrumentos de uma teo- as crenças e os conhecimentos variam
ria crítica da Sociedade, todos os campos consideravelmente em função das desi-
do saber, desde a visão crítica do Ilumi- gualdades sociais. Mais difícil ainda se
nismo, até o que se poderia chamar uma torna a aplicação do referido conceito,
psicologia das profundezas, passando pe- quando se pensa em países do chamado
lo campo da política e da estética, onde al- 3.° mundo, onde às formações históricas
guns como A d o r n o e Benjamim se permi- específicas correspondem culturas es-
tiram interpretações políticas a respeito de pecíficas (hoje em graus variáveis de de-
aspectos tão abstratos quanto as composi- sintegração, após a imposição de valores
ções musicais (20). dados como absolutos pela cultura oci-
dental que chega a esses países sob a for-
Para tanto, desenvolveram esquemas
ma da dominação dada pelo Imperialis-
de raciocínio dialético que permitem atin-
mo).
gir os níveis mais profundos dos fenôme-
nos humanos, apreendendo-lhes as essên- Já o conceito de cultura encontrável
cias em todas as suas contradições. T a l na obra de Weber, sob o rótulo de cultura
modo de raciocinar, principalmente em ocidental, refere-se muito mais àquela
Adorno e Hprkheimer, penetra as formas parte das práticas, técnicas e conhecimen-
* Para estes autores, teria havido nesses países, uma dialética negativa através da qual a racionalidade histórica do Ilu-
minismo produziu a irracionalidade burocrática de uma cultura a serviço do poder, capaz de justificar todas as distorções
produzidas pelo capitalismo.
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ver com prática de vida dos grupos huma- gem e tardio que enfrentamos, constrói si-
nos. Isto nos remete ao fato incontestável tuações muito semelhantes àquelas descri-
de que, em qualquer nação onde tenha tas por Slater, em relação à Alemanha dos
ocorrido um desenvolvimento científico e anos 20 e 30, época em que floresceu a
intelectual integrados, os fundamentos e Teoria Crítica da Sociedade.
anteparos desse desenvolvimento estavam
Embora se tenha que levar em conta
numa cultura material harmoniosamente
acentuadas diferenças históricas concretas
desenvolvida. Dessa esfera material, dia-
entre a evolução da A . Latina e a evolu-
leticamente influindo sobre ela, emana-
ção da Europa — além da diversidade de
ram os conceitos a partir dos quais se or-
cada país europeu e de cada país latino-
ganizou a sofisticação tecnológica e o bri-
americano — não há como fugir ao fato
lho espiritual que formam a esfera da cul-
de que a submissão de uma sociedade às
tura chamada erudita. T a l harmonia é cla-
injunções de grandes corporações oligo-
ra, por exemplo, na evolução do pensa-
polistas ou monopolistas (bem como as
mento europeu a partir da Renascença,
ingerências do Imperialismo) engendram,
quando o comércio material dos homens
no plano político, mecanismos totalitários
intensificou o seu comércio espiritual, co-
destinados a facilitar as tarefas da explo-
mo diriam Marx e Engels.
ração. Atente-se, por exemplo, para este
A Revolução Industrial é a explosão trecho, em que Slater descreve as condi-
natural de tão notável estimulação históri- ções de exploração a que esteve sujeita a
ca e não sem razão ocorrem, paralelamen- nação alemã, e conseqüentemente sua
te, na Europa, uma revolução intelectual classe operária, durante a Repúbjica de
(o Iluminismo) e uma revolução política Weimar.
(a Revolução Francesa). " C o m o caos econômico que se se-
Para os povos que viveram tais revo- guiu à I Guerra Mundial — o estabeleci-
luções de maneira reflexa, as transforma- mento da República de Weimar e o impe-
ções sociais e culturais foram muito mais rialista Tratado de Versalhes — vastos
difíceis e em alguns casos nem ocorreram, capitais foram acumulados com moeda
porque os empréstimos culturais traziam sem valor e grandes empresas compraram
em seu bojo as ideologias necessárias à outras menores por preços ridiculamente
manutenção da d o m i n a ç ã o — j á que nada baixos. Desse modo o crescimento do mo-
alterava o fato de que esses povos estavam nopólio avançava de vento em popa. Mas
destinados a produzir o excedente econô- não havia capital realmente operante, as-
mico que a Europa (e seus sucessores) ne- sim como qualquer garantia para a base
cessitavam para sustentar o brilhante capitalista da República. O capital neces-
edifício intelectual que construíam. Por sário para estabilizar essa República veio
isso a organização da cultura nos países dos Estados Unidos, que considerava a
colonizados exibe, ainda mais do que nas Alemanha derrotada, com sua alta capa-
suas metrópoles, o caráter de "cultura ad- cidade de p r o d u ç ã o , um investimento lu-
ministrada", que A d o r n o e Horkheimer crativo. A o Plano Dawes, de agosto de
detectaram nas sociedades onde avançava 1924, seguiu-se o maciço E m p r é s t i m o D a -
o capitalismo monopolista (3). Aliás, os wes e inúmeros empréstimos individuais.
esquemas de raciocínio construídos e utili- A produção em massa sobre uma base
zados pelos ensaístas e pesquisadores da monopolista foi retomada com fervor.
Escola de Frankfurt são extraordinaria- A Alemanha deveria recuperar-se
mente funcionais para análise da realida- economicamente a fim de poder pagar,
de desses países, principalmente no que se com fantásticas reparações, uma fatia
refere ao momento brasileiro. Talvez isso adicional de sua riqueza nacional, em for-
se dê porque o tipo de capitalismo selva- ma de juros aos americanos. Portanto, os
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lucros que o capitalismo monopolista ale- pretende-se apenas situar alguns dos prin-
mão tinha que gerar eram fenomenais, as- cipais pontos que devem ser equacionados
sim como o eram os encargos concomi- para elaboração dessa crítica, e do instru-
tantes a serem lançados sobre a classe mental teórico que ela exige.
operária do país" (20).
Talvez o primeiro ponto a lembrar
Este autor destaca ainda a transfe-
seja o fato de que no Brasil n ã o existe
rência de técnicas de p r o d u ç ã o americana
uma cultura integrada. Conforme j á se
para as fábricas alemãs com aumento da
demonstrou, as diversas subculturas bra-
intensidade do trabalho, e o crescimento
sileiras formam um conglomerado sub-
significativo no índice de acidentes de tra-
misso à cultura dominante — esta cada
balho. Com alguns retoques, suas obser-
vez mais administrada. O caráter burocrá-
vações são aplicáveis ao momento brasi-
tico dessa cultura administrada tem sido
leiro.
denunciado por todos aqueles que sofrem
É de se pensar portanto que guarda- seus efeitos, desde aqueles que trabalham
das as devidas diferenças resultantes das no campo artístico até aqueles que mili-
diferentes evoluções históricas, circuns- tam no campo educacional, cada vez mais
tâncias semelhantes entre as angústias ale- controlados pelo Estado. A indústria cul-
mãs da década de 20 e o momento históri- tural desempenha com eficácia seu papel
co brasileiro tornam atualíssima a manei- de amortecedor cultural, principalmente
ra crítica como os pensadores da escola de através da T V , que destila sutilmente os
Frankfurt analisaram a sociedade de seu anestésicos necessários à m a n u t e n ç ã o da
tempo, esquadrinhando todos os setores dominação, enquanto coloridas revistas
culturais, dissecando-os quase impiedosa- semanais "informativas" ajudam a cons-
mente, e descobrindo seus aspectos mais truir uma espécie de "cultura de mosai-
dissimulados, num verdadeiro processo co" (formada de fragmentos distorcidos
de desmascaramento. Daí os caminhos de notícias superficiais sobre os aconteci-
tortuosos dos raciocínios utilizados, prin- mentos mundiais e nacionais). A folclori-
cipalmente por A d o r n o e Horkheimer. zação da cultura popular conforme de-
Difíceis de serem acompanhados, a monstrou Otávio Ianni corresponde aos
princípio, quanto mais neles nos aprofun- desígnios da d o m i n a ç ã o . (Os conhecimen-
damos melhor percebemos as vantagens tos das classes dominantes são científicos
dessa maneira crítica de pensar. ou intelectuais, enquanto o do povo é fol-
clore.) (12). N o campo educacional é cada
A digressão acima, um pouco longa, vez mais aguda a separação entre as clas-
tornou-se necessária, no sentido de se jus- ses sociais. À medida que os filhos das
a
tificar o tipo de crítica que este trabalho classes subalternas a v a n ç a m até a 8. série
propõe em relação à cultura no Brasil. ou chegam a fazer o 2.° Grau, torna-se
Evidentemente, é preciso criar uma cons- mais intensa a fuga das elites para as esco-
telação teórica que permita um desmasca- las particulares, cujas mensalidades
ramento tão completo como aquele que tornam-se cada vez mais caras — algo que
foi forjado a partir da escola de Frank- sempre existiu como tendência, mas que
furt. Em relação aos aspectos econômicos hoje se está cristalizando cada vez mais
da dominação imperialista j á se pode con- com nitidez. Quando o p r ó p r i o Estado
tar com toda uma teoria. A crítica da através da distribuição da sua rede física
ideologia também j á foi iniciada. E l a ain- determina que seus alunos frequentem es-
da não foi suficientemente desenvolvida, colas nos bairros onde residem, fica pa-
no entanto, para permitir o desmascara- tente a intenção de reforçar a estratifica-
mento total da maneira como estamos ção e segregação entre os vários estratos
sendo colonizados. C o m este trabalho sociais. (Consequentemente, segregam-se
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ser detectados. Para tanto nossa cultura dor aparato policíaco y de propagan-
deve ser dissecada, utilizando-se para isso da dirigido a la d o m i n a c i ó n ; se extir-
esquemas de raciocínio semelhante àque- pan la apatia y la fragilidad de los in-
les que foram usados pelos ensaístas de divíduos; todos tienen que aplicarse a
Frankfurt. si mismo la poderosa disciplina, y
quien no sea capaz de ello tiene que
Não são suficientes o equacionamen-
desaparecer. A la vista del império
to da nossa dependência econômica e a
jamás imaginado de los poderes
denúncia do caráter imperialista dos pro-
mundiales, las masas nativas sienten
gramas assistenciais e o auxílio com os
su pobreza como una ignomínia; el
quais temos sido "brindados" (Já tem si-
nuevo orgullo nacional es la fúria -
do denunciado, t a m b é m , o funcionamen-
transformada - por su miséria y a la
to da máquina propagandística que nos
vez por los grilletes que les encadenan
sufoca). É preciso ir além, descobrindo os
a sus señores a u t ó c t o n o s ? las elites y
mecanismos ideológicos mais sutis: aque-
los astutos caudillos de los pueblos
les que, ao nível da própria cultura do co-
afroasiáticos sacan sus fuerzas de la
tidiano, preparam as bases que têm sus-
indomable voluntad de tener sus p r ó -
tentado um colonialismo cultural dia a dia
prios milagros econômicos, y las ma-
mais vigoroso.
sas marchan entusiasticamente a su
A propósito, veja-se o que a tal res- lado por lo mismo. Se odia cuanto ha
peito escreveu Horkheimer: precedido, se reniega abstractamente
de ello y se rompe y deriba barbara-
" H o y , en los países antes coloniales,
mente; a lo sumo, una história extin-
se alcanza la transición rapidamente,
guida de ha mucho, aderezada a su
sin contemplaciones, de un modo ra-
gusto con todas las glórias, sirva co-
dical. E n ellos, los nativos se exigen
mo símbolo propagandístico de la re-
en la actualidad a si mismos, bajo sus
novación nacional. Tales procesos,
dictadores, no menos de lo que les
en los que se liquida el verdadero pa-
habian exigido los imperialistas del
sado en lugar de asumirlo y llevarlo
siglo X I X ; y la parsimonia, la falta
más alia, están ligados de fijo con la
de adaptación, ya no se toman hoy
exterminación de grupos humanos
como indolência, sino como traición
enteros, y la maldición dei terror or-
a la comunidad popular. Y a Hitler y
ganizado durante la transición ha de-
Stalin querian dar alcance a viva
sempeñado siempre un papel en el in-
fuerza a un funcionamiento de la in-
terior mismo de la nueva forma de la
dustria, en los países m á s adelanta-
sociedad que debe su ser a a q u é l " .
dos, que no se ve estorbado por nin-
Horkheimer - L a Filosofia como
gún residuo (...) el nacionalismo exa-
crítica de la cultura. In: A d o r n o y
cerbado de los países atradados cor-
Horkheimer. 1970.
responde actualmente al mismo im-
pulso hacia una industrialización ra- Indiscutivelmente, à teoria crítica da
biosa, hacia la producción de bienes sociedade, tal como foi manejada por
de consumo para el pueblo y de Horkheimer, nada escapou: nem os pre-
artículos de lujo de prestigio, hacia el tensiosos "milagres e c o n ô m i c o s " da peri-
armamento y hacia el metamorfosea- feria do capitalismo mundial...
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ral, à luz da Teoria Crítica da Sociedade. Perspectivas, S ã o Paulo, 5: 5-14, 1982.
W H I T A K E R , D . C . A . — Ideology and culture in Brazil: suggestions for an analysis of the cultural pro-
cess, from the perspective of the society criticai theory. Perspectivas, São Paulo, 5: 5-14, 1982.
ABSTRACT: The ideology of culture in Brazil is approached from the point ofview of a more and
more administered and bureaucratic culture. The problems which originate from the lack of the country
cultural integration — integration which may have ideológica! obstacles — and the necessity to built up
a theory which is able to explain the ideological mechanisms engendered in this process, destroying the
cultural process integrative possibilities, sistematically.
KEY—WORDS: Ideology; culture; cultural industry; Frankfurt Group; cultural colonialism; im-
perialism; culturaldesintegration; "mosaico"culture.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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