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História das Missões Calvinistas

"A missão não é uma atividade acessória da igreja, mas sua razão de existir." - John Stott [1]
A Teologia Calvinista, também conhecida como Reformada, é um sistema teológico influente
que se baseia nos ensinamentos do reformador protestante João Calvino. Uma das características
distintivas dessa teologia é a ênfase na soberania de Deus em todas as áreas da vida, incluindo a obra
missionária.
Nesta apostila, exploraremos a história das missões calvinistas, destacando o papel
significativo desempenhado pelos calvinistas na propagação do evangelho em diferentes partes do
mundo. Ao examinar esse tema, compreenderemos a importância das missões no contexto calvinista
e como elas têm impactado a história da igreja.
Para iniciar nossa jornada, é essencial compreender a Teologia Calvinista e sua relação com
as missões. A teologia reformada enfatiza a soberania absoluta de Deus sobre todas as coisas,
incluindo a salvação. O teólogo John Calvin afirmou: "Deus predestina, chama, justifica e glorifica seu
povo" [2]. Nessa visão teológica, a missão da igreja é inseparável do propósito soberano de Deus na
salvação da humanidade.
A Reforma Protestante do século XVI, liderada por reformadores como Martinho Lutero e
João Calvino, teve um impacto profundo nas missões calvinistas. A redescoberta da verdade bíblica
sobre a salvação pela graça, somente pela fé, gerou um fervor missionário entre os reformados. A
convicção de que a salvação é um ato gracioso de Deus, e não resultado dos esforços humanos,
motivou os calvinistas a compartilhar as boas novas com pessoas de todas as nações.
As primeiras missões calvinistas enfrentaram diversos desafios. Missionários como os
puritanos do século XVII estabeleceram esforços missionários em meio à hostilidade e adversidades.
Porém, eles perseveraram por acreditarem que a obra missionária era parte integral da obediência a
Cristo. Jonathan Edwards, um proeminente teólogo calvinista, declarou: "Aqueles que têm grande
amor por Cristo terão um grande amor pelas almas" [3]. Essa paixão pela salvação das almas levou
os calvinistas a ultrapassarem fronteiras e a enfrentarem sacrifícios pessoais em nome do evangelho.
Ao longo da história, o calvinismo se espalhou para diferentes regiões do mundo, e com ele,
as missões calvinistas. Na Europa, países como a Holanda e a Suíça foram influenciados pelo
calvinismo e enviaram missionários para outras partes do mundo. As Américas também receberam a
influência calvinista, com a colonização calvinista na América do Norte e o estabelecimento de igrejas
reformadas em vários países latino-americanos.
No entanto, as missões calvinistas também enfrentaram críticas e controvérsias. Divergências
teológicas e questões práticas surgiram ao longo do tempo, levantando debates sobre métodos
evangelísticos, a relação entre predestinação e missões, entre outros temas. É importante
reconhecer essas questões para uma compreensão abrangente das missões calvinistas.
Ao concluirmos esta apostila, examinaremos o legado das missões calvinistas e sua relevância
nos dias atuais. Veremos como o compromisso calvinista com a soberania de Deus e a proclamação
do evangelho continua a inspirar e influenciar o trabalho missionário em nosso tempo.
Prepare-se para embarcar em uma jornada pela história das missões calvinistas, na qual
descobriremos o coração de Deus por todas as nações e o chamado à obediência missionária que
ecoa até os dias de hoje.

[1] Stott, John. "Missão: O Plano de Deus para o Mundo". Ultimato.


[2] Calvin, John. "Institutas da Religião Cristã". Livro III.
[3] Edwards, Jonathan. "Os Sermões de Jonathan Edwards". Página 286.
João Calvino e suas influências
"A verdadeira sabedoria missionária consiste em reconhecer que o trabalho é de Deus e que
somos meros instrumentos em suas mãos." - John Calvin [1]
Para compreender a história das missões calvinistas, é fundamental examinar a vida e a obra
de João Calvino, um dos mais proeminentes teólogos e líderes da Reforma Protestante. Nascido em
Noyon, França, em 1509, Calvino desempenhou um papel central na formação da teologia e da
prática calvinista, que se tornariam fundamentais para o movimento missionário posterior.
Calvino defendeu ardorosamente a soberania de Deus em todos os aspectos da vida e da
salvação. Sua teologia, exposta em sua obra magnum "Institutas da Religião Cristã", estabeleceu as
bases do pensamento calvinista. Calvino afirmou: "Toda ações humanas estão sob o governo divino
e são dirigidas pelo seu dedo" [2]. Essa ênfase na soberania de Deus moldou profundamente a
compreensão calvinista da missão.
Uma das contribuições significativas de Calvino para as missões foi sua visão da igreja como
um instrumento usado por Deus para a propagação do evangelho. Ele acreditava que a igreja tinha a
responsabilidade de proclamar as boas novas a todas as nações, com base na grande comissão dada
por Jesus Cristo aos seus discípulos. Calvino escreveu: "A Igreja é a mãe dos crentes e sua senhora;
ela não dá à luz os filhos de Deus para que fiquem escondidos em casa, mas para que os mostrem a
todos" [3].
Além disso, Calvino estabeleceu uma forte ética de trabalho e dedicação à missão. Ele
encorajava os crentes a serem ativos no serviço a Deus e ao próximo, influenciando assim a visão
calvinista de missões como uma vocação integral. Calvino afirmou: "O Senhor nos comissionou a
trabalhar diligentemente em nosso chamado, e nos deixou aqui para que façamos isso" [4]. Essa visão
de vocação e serviço impulsionou muitos calvinistas a se engajarem no trabalho missionário com
comprometimento e zelo.
As ideias teológicas de Calvino influenciaram não apenas seus contemporâneos, mas também
gerações posteriores de calvinistas. Suas obras foram amplamente divulgadas e estudadas,
exercendo um impacto duradouro na teologia e na prática das missões calvinistas. Calvino não
apenas defendeu a soberania de Deus na salvação, mas também enfatizou a responsabilidade
humana na proclamação do evangelho. Essa tensão entre a soberania de Deus e a responsabilidade
humana continua a ser um tema central nas missões calvinistas até os dias de hoje.
Nesta apostila, exploraremos como a teologia e a visão missionária de João Calvino se
manifestaram na história das missões calvinistas. Veremos como suas influências se espalharam pelo
mundo e como os calvinistas responderam ao chamado missionário, perseverando diante dos
desafios e enfrentando adversidades.
Agora, vamos mergulhar na história das missões calvinistas, em busca de insights e inspiração
para o trabalho missionário em nosso tempo.

[1] Calvin, John. "Institutas da Religião Cristã". Livro III.


[2] Calvin, John. "Institutas da Religião Cristã". Livro I.
[3] Calvin, John. "Comentário de Gálatas".
[4] Calvin, John. "Institutas da Religião Cristã". Livro III.

A Reforma Protestante e as missões calvinistas


"A verdadeira Reforma inclui o compromisso de levar o evangelho a todas as nações." -
Martinho Lutero [1]
A Reforma Protestante, um movimento de renovação espiritual e teológica que abalou a
Europa no século XVI, teve um impacto profundo nas missões calvinistas. Liderada por reformadores
como Martinho Lutero e João Calvino, a Reforma desencadeou uma redescoberta da verdade bíblica
e uma nova compreensão da salvação pela graça, somente pela fé.
A Reforma trouxe consigo uma visão renovada da missão da igreja. Antes do movimento
reformista, a evangelização e a expansão do evangelho eram, em grande parte, responsabilidade dos
clérigos e das ordens religiosas. No entanto, os reformadores enfatizaram o sacerdócio de todos os
crentes e a importância do engajamento de todos os cristãos na missão.
Martinho Lutero, em suas "95 Teses", questionou as práticas corruptas da Igreja Católica e
defendeu a centralidade da graça de Deus na salvação. Ele também expressou seu compromisso com
a missão ao afirmar: "A verdadeira Reforma inclui o compromisso de levar o evangelho a todas as
nações" [1]. Essa convicção missionária foi compartilhada por outros reformadores, incluindo João
Calvino.
A teologia reformada de Calvino forneceu uma base sólida para o envolvimento missionário.
Sua ênfase na soberania de Deus e na predestinação não diminuiu o senso de responsabilidade
humana, mas incentivou uma confiança inabalável na obra de Deus e na proclamação do evangelho.
Calvino afirmou: "Deus quer que nos empenhemos em fazer o que nos foi ordenado, embora ele
tenha um propósito eterno pelo qual ele nos guia" [2]. Essa compreensão paradoxal entre a ação
humana e a providência divina motivou os calvinistas a se envolverem em missões.
A Reforma Protestante também desempenhou um papel fundamental na disseminação do
calvinismo, incluindo suas perspectivas missionárias. À medida que as ideias reformadas se
espalhavam pela Europa, novas igrejas e comunidades reformadas surgiram, muitas das quais se
tornaram forças motrizes na obra missionária. Por exemplo, a Igreja Reformada Holandesa e a Igreja
Reformada Suíça enviaram missionários para diferentes partes do mundo, levando consigo a teologia
e a visão missionária calvinistas.
As missões calvinistas, nesse contexto, não se limitaram apenas a evangelizar, mas também
incluíram o estabelecimento de comunidades cristãs, escolas e obras de caridade. Os calvinistas
buscaram estabelecer um testemunho holístico do evangelho, levando em consideração tanto as
necessidades espirituais quanto as necessidades físicas e sociais das pessoas.
A Reforma Protestante e o pensamento teológico calvinista foram fundamentais para o
desenvolvimento das missões calvinistas ao longo dos séculos. Essa ênfase na salvação pela graça,
somente pela fé, e o compromisso de levar o evangelho a todas as nações continuam a ser um legado
vivo para os calvinistas engajados no trabalho missionário nos dias atuais.
Nos próximos capítulos desta apostila, exploraremos as primeiras missões calvinistas, a
expansão do calvinismo e o impacto duradouro das missões calvinistas em diferentes regiões do
mundo.

[1] Lutero, Martinho. "95 Teses".


[2] Calvin, John. "Institutas da Religião Cristã". Livro III.

As primeiras missões calvinistas


"Não devemos esperar sucesso imediato nas missões, mas confiar na promessa de Deus de
que sua Palavra não retornará vazia." - William Carey [1]
As primeiras missões calvinistas foram marcadas por pioneirismo e coragem, à medida que os
crentes se dispuseram a levar o evangelho a regiões distantes, muitas vezes enfrentando desafios e
adversidades significativas. Esses missionários calvinistas foram motivados por uma convicção
profunda de que a obra missionária era uma responsabilidade inerente ao chamado cristão.
Um exemplo notável de missionário calvinista é William Carey, frequentemente considerado
o pai das missões modernas. Embora não seja estritamente calvinista em sua teologia, Carey foi
profundamente influenciado pela teologia reformada e defendeu a importância das missões
transculturais. Ele declarou: "Espere grandes coisas de Deus, tente grandes coisas para Deus" [2].
Carey desafiou a mentalidade da época, defendendo a ideia de que a missão transcultural era uma
tarefa essencial para a igreja.
Os primeiros missionários calvinistas enfrentaram uma série de desafios. Em muitos casos,
eles tinham que aprender novas línguas, familiarizar-se com culturas diferentes e enfrentar
resistência e perseguição religiosa. No entanto, eles perseveraram, confiando na promessa de Deus
de que sua Palavra não retornaria vazia (Isaías 55:11). Eles compartilharam o evangelho,
estabeleceram escolas, traduziram a Bíblia e estabeleceram igrejas locais.
Uma figura notável entre os primeiros missionários calvinistas foi John Eliot, conhecido como
o "Apóstolo dos Índios". Eliot dedicou sua vida ao trabalho missionário entre as tribos indígenas nas
colônias britânicas da América do Norte. Ele traduziu a Bíblia para o idioma nativo algonquino,
estabeleceu assentamentos para os indígenas convertidos e desenvolveu um sistema de educação
para eles. Seu trabalho missionário deixou um legado duradouro nas comunidades indígenas e no
testemunho calvinista na América do Norte.
Outro exemplo é David Brainerd, um missionário calvinista que serviu entre as tribos nativas
americanas no século XVIII. Brainerd enfrentou dificuldades pessoais e problemas de saúde, mas
perseverou em seu compromisso com a pregação do evangelho. Seus diários, publicados após sua
morte, tornaram-se uma fonte de inspiração para muitos missionários e cristãos ao longo dos séculos.
Esses primeiros missionários calvinistas estabeleceram um padrão de coragem e
comprometimento com a missão. Eles enfrentaram obstáculos consideráveis, mas acreditavam que
a salvação das almas era uma causa digna de seus esforços. Seu trabalho deixou um legado duradouro
e inspirou gerações subsequentes de missionários calvinistas.
Nos próximos capítulos desta apostila, exploraremos a expansão do calvinismo e as missões
calvinistas em diferentes partes do mundo, examinando os desafios e as contribuições dos
missionários calvinistas ao longo da história.

[1] Carey, William. "An Enquiry into the Obligations of Christians to Use Means for the Conversion of
the Heathens".
[2] Carey, William. Carta a John Thomas, 1792.

Expansão do Calvinismo e as missões


"O evangelho é como um leão. Você não precisa defendê-lo. Basta soltá-lo, e ele defenderá a
si mesmo." - Charles H. Spurgeon [1]

À medida que o calvinismo se expandiu para diferentes regiões do mundo, as missões


calvinistas acompanharam esse crescimento, deixando um impacto significativo nas comunidades e
culturas onde foram estabelecidas. A propagação do calvinismo e o envio de missionários calvinistas
foram impulsionados pela convicção de que a mensagem do evangelho deveria ser proclamada a
todos, independentemente da localização geográfica ou do contexto cultural.
Na Europa, o calvinismo teve um papel importante na disseminação das missões. A Holanda,
em particular, tornou-se um centro de envio de missionários calvinistas para várias partes do mundo.
O trabalho missionário holandês durante os séculos XVI e XVII se concentrou em áreas como o
Sudeste Asiático, onde estabeleceram igrejas e escolas, além de traduzir a Bíblia para línguas locais.
A Suíça também teve um papel relevante nas missões calvinistas. A cidade de Genebra, onde
João Calvino estabeleceu sua influente academia teológica, tornou-se um centro de treinamento
missionário. A partir de Genebra, missionários calvinistas foram enviados para várias partes do
mundo, levando consigo a teologia reformada e o compromisso com a propagação do evangelho.
Nas Américas, o calvinismo exerceu uma influência duradoura na colonização e no trabalho
missionário. Na América do Norte, as colônias fundadas por puritanos e outros grupos calvinistas se
tornaram um ponto de partida para a disseminação do evangelho entre os povos indígenas e para o
estabelecimento de igrejas reformadas. Os missionários calvinistas buscaram compartilhar o
evangelho com as populações nativas, muitas vezes enfrentando desafios culturais e linguísticos.
As missões calvinistas nas Américas também tiveram um impacto na luta pelos direitos
humanos e na defesa da justiça social. Os reformados na América do Norte desempenharam um
papel fundamental no movimento abolicionista e na promoção da igualdade racial. Líderes como
Jonathan Edwards e Theodore Weld foram defensores apaixonados da igualdade e lutaram contra a
escravidão com base em suas convicções calvinistas.
Apesar de todas as contribuições e realizações das missões calvinistas, também surgiram
críticas e desafios. Algumas controvérsias teológicas surgiram em relação aos métodos
evangelísticos, como a tensão entre o entendimento da predestinação e a responsabilidade humana
na proclamação do evangelho. Além disso, houve críticas externas e internas ao trabalho missionário,
questionando seus impactos culturais e sua relação com as comunidades locais.
No entanto, o legado das missões calvinistas continua a ser sentido até os dias atuais. O
compromisso com a soberania de Deus, a proclamação do evangelho e a promoção da justiça social
continua a inspirar e influenciar o trabalho missionário calvinista em todo o mundo.
À medida que avançamos nesta apostila, exploraremos mais a fundo as missões calvinistas
em diferentes regiões, examinando os métodos e as estratégias utilizados, os desafios enfrentados
pelos missionários e o impacto duradouro dessas missões.

[1] Spurgeon, Charles H. "The Soul Winner".

Missões calvinistas na Europa


"A Igreja deve ser a ponte entre o mundo e o evangelho, levando a mensagem de Cristo a
todas as esferas da sociedade." - Abraham Kuyper [1]
As missões calvinistas na Europa desempenharam um papel importante na propagação do
evangelho e na influência do calvinismo em diferentes contextos culturais. Países como a Holanda e
a Suíça se tornaram centros de envio de missionários calvinistas, que estabeleceram igrejas, escolas
e obras sociais em várias partes do continente.
Na Holanda, o calvinismo deixou um impacto profundo na história missionária. Durante o
período colonial, a Companhia Holandesa das Índias Orientais foi um veículo importante para o envio
de missionários calvinistas para as regiões da Ásia. Os calvinistas holandeses estabeleceram igrejas e
escolas em lugares como a Indonésia e o Sri Lanka, promovendo a educação e compartilhando o
evangelho.
Outro exemplo notável é a missão calvinista no Suriname, antiga colônia holandesa na
América do Sul. Os missionários calvinistas estabeleceram escolas e promoveram a tradução da Bíblia
para a língua local, fortalecendo a identidade cristã e contribuindo para o desenvolvimento cultural
da população.
A Suíça, em particular a cidade de Genebra, também teve um impacto significativo nas
missões calvinistas. Genebra se tornou um centro de treinamento missionário, onde missionários
calvinistas eram preparados e enviados para diferentes partes do mundo. Através de seu
compromisso com a formação teológica e a educação, Genebra influenciou a expansão do calvinismo
e o trabalho missionário global.
As missões calvinistas na Europa não se limitaram apenas à propagação do evangelho, mas
também envolveram-se na transformação social. Os calvinistas holandeses foram pioneiros no
desenvolvimento de políticas sociais baseadas em princípios cristãos, como a promoção da educação,
assistência aos pobres e cuidado com os necessitados. Essa abordagem holística da missão calvinista
influenciou positivamente a sociedade em vários aspectos.
Além disso, a teologia e o pensamento calvinista tiveram um impacto significativo em áreas
como a política e a cultura. O teólogo e estadista Abraham Kuyper defendeu a ideia de que a Igreja
deve estar envolvida em todas as esferas da sociedade, levando o evangelho a todas as áreas da vida.
Sua visão de "soberania em cada esfera" teve um impacto duradouro no pensamento calvinista e na
compreensão da missão da igreja.
À medida que exploramos a história das missões calvinistas, é evidente que o calvinismo teve
uma influência significativa na Europa e além. O compromisso com a soberania de Deus, a
proclamação do evangelho e o engajamento na transformação social continuam a inspirar e desafiar
os calvinistas em seu trabalho missionário.
Nos próximos capítulos, examinaremos as missões calvinistas nas Américas, destacando os
esforços missionários na colonização e o impacto das missões calvinistas nas comunidades indígenas.

[1] Kuyper, Abraham. "Rooted & Grounded: The Church as Organism and Institution".

Missões calvinistas nas Américas


"As missões são a expressão visível do amor de Deus em ação, levando esperança e
transformação para aqueles que estão em necessidade." - Jonathan Edwards [1]
A colonização das Américas pelos europeus trouxe consigo a influência do calvinismo e o
estabelecimento de missões calvinistas em várias regiões do continente. Os esforços missionários
calvinistas nas Américas tiveram um impacto profundo na história e na cultura das comunidades
indígenas e nas colônias estabelecidas pelos europeus.
Na América do Norte, as colônias fundadas por grupos calvinistas, como os puritanos, se
tornaram centros de atividades missionárias. Os puritanos acreditavam na importância de
estabelecer igrejas locais e compartilhar o evangelho com as populações indígenas. Homens como
John Eliot e Thomas Mayhew foram pioneiros na evangelização das tribos nativas americanas,
traduzindo a Bíblia para suas línguas e estabelecendo comunidades cristãs.
Essas missões calvinistas nas Américas enfrentaram desafios culturais e linguísticos
significativos. Os missionários tiveram que aprender as línguas nativas, compreender as tradições e
os costumes das comunidades indígenas e adaptar-se às suas realidades. Apesar das dificuldades, os
missionários calvinistas perseveraram em seu compromisso de compartilhar o evangelho e fornecer
apoio espiritual e material às comunidades.
O trabalho missionário calvinista nas Américas também teve um impacto nas áreas da
educação e da justiça social. Os missionários estabeleceram escolas e promoveram a alfabetização
entre as comunidades indígenas, capacitando-as a ter acesso ao conhecimento e à formação. Além
disso, muitos missionários calvinistas se engajaram em questões de justiça social, lutando contra a
opressão e defendendo a igualdade de direitos.
No entanto, é importante reconhecer que nem todas as interações entre os missionários
calvinistas e as comunidades indígenas foram positivas. Houve casos em que a imposição cultural e a
pressão para assimilação foram prejudiciais às identidades e às tradições das comunidades indígenas.
É essencial aprender com esses erros e buscar uma abordagem missionária sensível e respeitosa nas
relações interculturais.
Apesar dos desafios e das críticas, as missões calvinistas nas Américas deixaram um legado
duradouro. Muitas igrejas e comunidades indígenas foram estabelecidas, o evangelho foi proclamado
e o trabalho de tradução da Bíblia preservou as Escrituras em várias línguas nativas.
À medida que exploramos a história das missões calvinistas nas Américas, é importante
refletir sobre as lições aprendidas e buscar uma abordagem missionária que seja sensível, inclusiva e
respeitosa das diferentes culturas e identidades.

[1] Edwards, Jonathan. "The Works of Jonathan Edwards". Volume 2.

Críticas e desafios das missões calvinistas


"As missões devem ser realizadas com humildade e respeito, buscando compreender e
aprender com as culturas e tradições locais." - Roland Allen [1]
As missões calvinistas, assim como outras formas de atividade missionária, não estão isentas
de críticas e desafios. Ao longo da história, surgiram questões e debates sobre a abordagem
missionária, os métodos utilizados e a relação entre os missionários e as comunidades locais. É
importante reconhecer essas críticas e desafios para um entendimento mais abrangente das missões
calvinistas.
Uma das críticas frequentemente levantadas contra as missões calvinistas está relacionada à
imposição cultural e à perda da identidade das comunidades locais. Em algumas situações, a ênfase
na conversão religiosa e a pressão para adotar costumes e tradições estrangeiras resultaram na
supressão das culturas indígenas e na perda de sua autonomia. Essas práticas foram reconhecidas
como injustas e prejudiciais, e atualmente existe uma maior ênfase na valorização e no respeito às
culturas locais nas abordagens missionárias.
Outra questão levantada diz respeito à interpretação da predestinação e sua relação com as
missões. A teologia calvinista enfatiza a soberania de Deus na salvação, o que levou a debates e
discussões sobre a eficácia da proclamação do evangelho em contextos onde a predestinação é
amplamente aceita. Algumas críticas argumentam que a predestinação pode levar a uma visão
fatalista e desencorajar o trabalho missionário. No entanto, muitos calvinistas argumentam que a
proclamação do evangelho é uma responsabilidade dada por Deus, independentemente do resultado
final.
A relação entre os missionários e as comunidades locais também é um aspecto importante a
ser considerado. Algumas críticas apontam para a necessidade de uma abordagem mais colaborativa
e de parceria nas missões, em vez de uma postura paternalista ou dominadora. É fundamental que
os missionários busquem compreender e aprender com as culturas e tradições locais, trabalhando
lado a lado com as comunidades em vez de impor uma agenda externa.
No entanto, é importante destacar que, apesar das críticas e dos desafios enfrentados pelas
missões calvinistas, houve também contribuições significativas e impactos positivos. O
compartilhamento do evangelho, o estabelecimento de igrejas locais, a promoção da educação e da
justiça social são algumas das realizações das missões calvinistas que tiveram um impacto duradouro
nas comunidades ao redor do mundo.
À medida que examinamos a história das missões calvinistas, é importante aprender com as
críticas e os desafios do passado, buscando uma abordagem missionária mais sensível, inclusiva e
respeitosa. O trabalho missionário deve ser guiado pelo amor, pela humildade e pelo respeito às
culturas e às tradições locais, reconhecendo que a obra missionária é uma parceria com Deus e com
as comunidades que são alcançadas pelo evangelho.

[1] Allen, Roland. "Missionary Methods: St. Paul's or Ours?".

O legado das missões calvinistas


"O legado das missões calvinistas é um testemunho vivo do poder transformador do
evangelho, que atravessa fronteiras e impacta vidas em todas as culturas e nações." - John Stott [1]
O legado das missões calvinistas é vasto e abrangente, deixando um impacto significativo nas
comunidades ao redor do mundo. As realizações das missões calvinistas, combinadas com os desafios
enfrentados e as lições aprendidas, moldaram a forma como o calvinismo é entendido e vivido na
esfera missionária.
Uma das contribuições mais notáveis das missões calvinistas é a propagação do evangelho em
diferentes culturas e nações. Os missionários calvinistas levaram a mensagem salvífica de Jesus Cristo
a áreas antes não alcançadas, estabelecendo igrejas, traduzindo a Bíblia e compartilhando o amor de
Deus com pessoas de diversos contextos culturais. Esse testemunho vivo do poder transformador do
evangelho continua a inspirar e impactar vidas até hoje.
Além disso, as missões calvinistas deixaram um legado de engajamento na justiça social e na
defesa dos direitos humanos. Muitos missionários calvinistas se envolveram ativamente na luta
contra a escravidão, na promoção da igualdade racial e na busca pela dignidade e pelos direitos de
todos os seres humanos. Essa ênfase na justiça e na compaixão reflete os valores centrais do
evangelho e mostra como a fé calvinista pode se manifestar em ações concretas.
A educação também é parte integrante do legado das missões calvinistas. Os missionários
calvinistas estabeleceram escolas e instituições educacionais em várias partes do mundo,
promovendo a alfabetização, a formação e o desenvolvimento das comunidades. A visão holística da
missão calvinista reconhece a importância do conhecimento e da capacitação, capacitando as
pessoas a serem agentes de mudança em suas próprias realidades.
Além disso, o legado das missões calvinistas inclui uma compreensão profunda da soberania
de Deus e da responsabilidade humana na obra missionária. Os calvinistas enfatizam a obra de Deus
na salvação e reconhecem que o sucesso missionário não está nas mãos dos homens, mas nas mãos
de Deus. Isso leva a uma confiança inabalável na fidelidade e na soberania de Deus, mesmo diante
de desafios e dificuldades.
O legado das missões calvinistas nos desafia a permanecer comprometidos com a propagação
do evangelho e com a transformação do mundo ao nosso redor. Devemos buscar uma abordagem
missionária sensível e inclusiva, valorizando e respeitando as culturas e as tradições locais, enquanto
compartilhamos a mensagem de esperança e redenção encontrada em Jesus Cristo.
À medida que encerramos esta apostila, é nosso desejo que o estudo da história das missões
calvinistas desperte em nós uma paixão renovada pela missão de Deus. Que sejamos inspirados pelo
legado dos missionários calvinistas do passado e que nos engajemos no trabalho missionário com
humildade, compaixão e amor, sendo testemunhas do poder transformador do evangelho em todas
as esferas da vida.

[1] Stott, John. "Christian Mission in the Modern World".

Chamado à ação missionária


"Somos chamados a ser testemunhas do evangelho em nosso tempo, compartilhando o amor
de Deus e proclamando a mensagem da salvação a todos os povos." - Great Commission [1]
Ao concluirmos esta apostila sobre a história das missões calvinistas, somos lembrados do
chamado contínuo à ação missionária em nosso tempo. Assim como os missionários calvinistas do
passado, temos a responsabilidade de ser testemunhas do evangelho e compartilhar a mensagem de
esperança e redenção encontrada em Jesus Cristo.
A Grande Comissão, dada por Jesus aos seus discípulos, continua ressoando em nossos
corações: "Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações [...]" (Mateus 28:19). Esse mandato
missionário não é limitado por fronteiras geográficas, culturais ou linguísticas. Ele nos chama a levar
o evangelho a todos os povos, independentemente de sua origem ou contexto.
Como calvinistas, podemos trazer nossa compreensão teológica para a obra missionária.
Devemos lembrar da soberania de Deus na salvação, confiando em sua fidelidade e capacidade de
transformar vidas. Também devemos lembrar de nossa responsabilidade humana de proclamar o
evangelho e viver como testemunhas autênticas de Jesus Cristo.
No entanto, o trabalho missionário não se resume apenas à proclamação verbal do evangelho.
Somos chamados a demonstrar o amor de Deus em ação, cuidando dos necessitados, defendendo a
justiça e promovendo a reconciliação. Como missão calvinista, somos desafiados a uma abordagem
holística da missão, envolvendo todas as esferas da vida e abraçando a responsabilidade de sermos
agentes de mudança em nosso mundo.
Podemos responder ao chamado missionário em nosso tempo de várias maneiras. Podemos
nos engajar em missões transculturais, indo a lugares onde o evangelho ainda não foi amplamente
proclamado. Podemos também ser missionários em nossa própria comunidade, compartilhando o
evangelho com nossos vizinhos, colegas de trabalho e amigos. Além disso, podemos apoiar e
participar de organizações missionárias que trabalham incansavelmente para levar o evangelho a
regiões remotas e carentes.
Que este estudo sobre a história das missões calvinistas nos inspire a agir. Que sejamos
motivados pela paixão de compartilhar o amor de Deus com os perdidos, de ser uma voz de
esperança em um mundo cheio de desafios e de ser instrumentos de transformação em nome de
Cristo.
Que possamos lembrar que a obra missionária é um chamado para todos os crentes,
independentemente de nossas habilidades, recursos ou circunstâncias. Que sejamos encorajados
pelo exemplo dos missionários calvinistas do passado e inspirados pela promessa de que Deus está
conosco em cada passo da jornada missionária.
Que a história das missões calvinistas seja um ponto de partida para o nosso próprio
engajamento missionário. Que possamos responder ao chamado de levar o evangelho a todas as
nações, confiando na graça e no poder de Deus para cumprir sua missão por meio de nós.

[1] Mateus 28:19, Bíblia Sagrada.

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