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O CRESCIMENTO DA IGREJA DA REFORMA


AO SÉCULO 19
Gênesis 12.3 – Apocalipse 7.9

Introdução
Olhando para alguns dos nossos antepassados espirituais do período pós-reforma,
descobrimos que o zelo missionário que trouxe à Igreja um dos seus períodos mais
ricos, teve como base alimentadora a fidelidade à sã doutrina.

Grandes gigantes da fé que viveram aquela fase histórica do cristianismo, plantaram


sementes da obra missionária protestante que ainda frutificam.

Para a Igreja de hoje não será diferente; o zelo missionário e o ardor evangelístico só
podem ser verdadeiros e duradouros se estiverem alicerçados na visão correta das
Escrituras Sagradas com preservação da pureza e saúde do Evangelho.

Por outro lado, vários movimentos missionários correm o risco de se perder se


negligenciarem este sólido caminho.

Uma atividade missionária bíblica revela a vitalidade da Igreja e reflete crescimento


natural.

1 – MOVIMENTO HISTÓRICO DE GRANDE FERVOR E ZELO


MISSIONÁRIO
Entusiasmo e zelo evangelístico são elementos que podiam ser encontrados em
muitos dos reformadores. Calvino, Reformador em Genebra, movido por uma aguda
consciência missionária e estimulado pela sua visão da soberania de Deus, não só
enviou dezenas de missionários à França, sua pátria, como também enviou os
Huguenotes ao Brasil acompanhados de vários pastores que se tornaram os primeiros
missionários protestantes em terras brasileiras. Estes selaram com sangue a sua
fidelidade a Cristo plantando com sacrifício sementes da obra missionária que como
exemplo haveriam de frutificar ao longo dos séculos.

Salmos 69:7-9

Porque por amor de ti tenho suportado afrontas; a confusão cobriu o meu rosto.
Tenho-me tornado um estranho para com meus irmãos, e um desconhecido para com os
filhos de minha mãe.
Pois o zelo da tua casa me devorou, e as afrontas dos que te afrontam caíram sobre
mim.

1 Timóteo 4:14-16

Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das
mãos do presbitério.
Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a
todos.
Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto,
te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.
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Na Inglaterra, no ano de 1643, nasceu o sólido e bíblico corpo doutrinário conhecido


como Confissão de Fé de Westminster, que ainda hoje é adotado pela Igreja
Presbiteriana do Brasil. Este padrão de doutrina tornou-se a base de lançamento dos
mais nobres movimentos missionários e de reavivamento que se tornaram
responsáveis pelo crescimento da Igreja no período pós-reforma.

Essa visão teológica estava presente e influenciadora quando em 1649 se formava na


Inglaterra a Ia Sociedade Missionária, que foi chamada de Sociedade para a
Propagação do Evangelho na Nova Inglaterra. Esta nova e primeira Sociedade, com
propósitos evangelísticos, era uma resposta ao desejo de crescimento e
evangelização demonstrados pela Igreja que já se estruturava no continente
americano do norte.

2 – CHEGANDO AO PERÍODO MODERNO


No final do século XVIII nasce na Inglaterra o movimento Missionário Moderno, o qual
se torna bastante vigoroso no século seguinte.
O período anterior a esse grande despertamento, detectava uma Igreja sem vitalidade.
O racionalismo na Inglaterra e na Holanda parecia haver detido o abençoado avanço
da Reforma. Na Inglaterra a Igreja oficial era atacada pelo vírus do indiferentismo
ariano.

Um falso calvinismo antinomiano (graça contra a lei) imperava entre denominações


não anglicanas. A Escócia Presbiteriana unida à Inglaterra recebia a influência
religiosa dos "Moderates".

A boa doutrina calvinista da Graça e o vigor da pregação evangélica apenas


sobreviviam através da presença das comunidades pietistas que se expressavam em
grupos de boa teologia reformada, como acontecia com os puritanos.

As bases do ressurgimento missionário estava no Reavivamento Evangélico. Foi ele


como que o resultado da intercessão de cristãos como John Ryland que escreveu: "O
grande objetivo da oração é que o Espírito Santo possa ser derramado sobre os
nossos ministros e Igrejas, que os pecadores possam ser convertidos e o nome de
Deus glorificado; deixar que a missão divina do Redentor seja amorosamente
lembrada e que permita a expansão do Evangelho pelas mais longínquas terras
habitadas no globo".

O exemplo missionário dos morávios a partir de 1732 na figura do Conde Zinzendorf,


teve grande influência. Os novos descobrimentos no Pacífico pelas viagens de James
Cook provocaram o zelo e convicção missionária do ousado William Carey, o artesão
que chegou a ser considerado o pai das missões modernas.

Após o ano de 1850 já se podia ver a presença missionária protestante no Japão,


China e África, num crescente desenvolvimento e formação de mais Sociedades
Missionárias.

Esta operação Missões, já havia chegado na Escócia como fruto do seu grande
despertamento religioso e estava destinada a se fortificar cada vez mais.

Nesse luminoso século XIX o Cristianismo teve um crescimento abençoado e


vertiginoso. Não foi excedido ainda em nenhuma fase de sua história. É o período que
se denominou a "era protestante".
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3 – A IMPORTÂNCIA DA DOUTRINA PARA A OBRA


MISSIONÁRIA EVANGELÍSTICA
O grande evangelista do século passado, Charles Spurgeon, sempre enfatizou a
importância da doutrina no trabalho evangelístico. Ele, como os reformadores e
puritanos e os grandes pregadores e missionários do passado, pregavam todo o
conselho de Deus.

Spurgeon dizia que não se devia deixar de lado as doutrinas do evangelho, quando se
estivesse evangelizando, "pois é justamente quando mais deverão proclamar as
doutrinas da graça".

Hoje se pensa que pregar as doutrinas fundamentais da fé cristã não converterá o


incrédulo, e sim o afastará. Mas não foi assim durante 1800 anos. Paulo pregou em
Éfeso todo o conselho de Deus e a Igreja cresceu pregando as verdades doutrinárias
de Jesus e dos apóstolos

Conclusão
E nós na Igreja de hoje? Que pontos bíblicos teremos para uma correta
evangelização?

A Bíblia e a História nos ensinam que o entusiasmo evangelístico, zelo e amor por
missões, o desejo de crescimento real e constante da Igreja, só são verdadeiros e
duradouros se por base estiver o nosso conhecimento das Escrituras Sagradas, e
fidelidade as suas doutrinas cujo legado está em nossas mãos.

Com este alicerce a Igreja poderá de fato crescer exercendo sempre um papel
transformador e despoluente na sociedade. Seria isto um crescimento em latitude e
em profundidade.
"Mas, infelizmente, hoje o evangelho é apresentado de uma forma em que o homem
pecador é considerado capaz de responder positivamente ao convite do Evangelho
por seu livre arbítrio (como se ainda o tivesse (Jo 6.44- 65) — os puritanos chamavam
de "o grande ídolo do livre-arbítrio"), por suas próprias capacidades que estão apenas
adormecidas. O que se trava, então, é uma luta entre o pecador e o pregador.

Se este usar técnicas especiais, habilidosas, poderá despertar estas capacidades


"adormecidas" e não só conseguir a conversão do pecador, mas até um avivamento.
Estes eram os pensamentos de Finney.

Isso gerou um evangelismo pragmático onde homens inteligentes, usando técnicas


habilidosas, podem persuadir as pessoas a virem a Cristo — produzem os resultados.
Isso gera resultados temporários, com um descompasso entre o ato de se ir à frente
atendendo ao apelo e o número dos que ficam na Igreja".

Aplicação individual
Na sua avaliação, tem faltado em você esse zelo missionário que tanto mobilizou
aqueles homens do passado? Qual seria o motivo? Que tal ler Gênesis 12.3
novamente e conversar com Deus: "Obrigado, Senhor, porque também sou filho de
Abraão em Jesus Cristo. Obrigado, Senhor, pelo privilégio e oportunidade, tal qual
Abraão teve, de ser uma bênção para as pessoas ao redor anunciando a tua Palavra"
E agora, vamos achar alguns cananeus e falar-lhe do Evangelho.
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O PURITANISMO
O Puritanismo foi um movimento de reforma, não organizado, que surgiu durante a
Reforma Inglesa do século XVII com o intuito de "purificar" a Igreja da Inglaterra. O
Dr. Douglas Kelly, do Reformed Seminary, U.S.A., diz que o Puritanismo foi a
"Reforma da Reforma" na Inglaterra. Não há uma data exata de quando o
movimento teve início, mas remonta até a Estrela D’AIva da Reforma, o pré-
reformador John Wycliffe, os Lolardos (seus seguidores) e o mártir William Tyndale.
Foi durante o período do reinado da Rainha Elizabeth que o movimento se tornou
mais organizado. A rainha que a antecedera, sua irmã Maria Tudor, chamada de a
Rainha Sanguinária, por ser católica, perseguiu e sacrificou vários puritanos.
Quando a Rainha Elizabeth subiu ao trono, muitos dos exilados voltaram com
desejos e esperanças de mudanças na Igreja. Lutaram por Liturgia Pura, Governo
da Igreja Puro (eram contra o Sistema Episcopal), Doutrina Pura, Igreja Pura e
Vidas Puras. Por isso foram chamados pejorativamente de "Os Puritanos". Estes
puritanos, por perseguição e por ideais, emigraram para a América fundando várias
colônias (Nova Inglaterra).

Suas convicções: 1) A salvação vinha inteiramente de Deus; 2) A Bíblia era o guia


indispensável para a vida pois fizeram a maior tentativa de que se tem
conhecimento, de moldar suas vidas com base na instrução bíblica; 3) A Igreja
deveria refletir o ensino específico das Escrituras. Eram essencialmente calvinistas
na sua doutrina. Enfatizavam três coisas: a) Predestinação; b) Esperança; c)
Vocação.

Seu Legado:

1) Redigiram a Confissão de Fé de Westminster e os Catecismos — a expressão da


teologia puritana.
2) Escreveram a mais extensa biblioteca de teologia sacra e prática do mundo
protestante.
3) Do movimento surgiram as denominações Presbiterianas, Congregacionais e
Batistas.
4) Foram os criadores da estrutura cristã familiar como se tem hoje.
5) Deram ênfase na guarda do dia do Senhor.
6) Criaram o culto doméstico — a espiritualização do lar.
7) São chamados de os fundadores da filantropia na Inglaterra e América —
elevação da moral da classe pobre.
8) Defenderam a liberdade de pensamento.
9) Fundaram Universidades (Harvard, Yale, Princeton — ênfase na educação).
10) Foram os criadores das raízes da ciência moderna. 11) Foram os puritanos
calvinistas que levaram as colônias a tomarem posição e ganharem a liberdade dos
Estados Unidos.
12) São o exemplo de equilíbrio entre ortodoxia e ortopraxia.

Os Puritanos estavam conscientes da importância da doutrina da predestinação,


pois somente Deus pode tornar a salvação certa para alguns homens. A doutrina da
predestinação foi o âmago do Movimento Puritano. Muitos pensam que, se você crê
na doutrina da predestinação, será uma pessoa inativa. Mas a história prova o
contrário. O motivo pelo qual os puritanos foram tão ativos, foi a consciência que
tinham de que eram eleitos de Deus.

Eles estavam baseados no pensamento de Calvino que dizia que é por meio das
obras realizadas através da graça que os eleitos "fortalecem seu chamado e, a
exemplo das árvores, são julgados por seus frutos [...]. Não sonhamos com uma fé
destituída de boas obras, nem de uma justificativa que poderá subsistir sem elas".
Manoel Canuto

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